História Cuide Bem Dela... Por Favor! - Despertar parte II

“Pronto” –ela falou para si própria- “Não tem nada demais”

Lisanna tinha retirado às faixas do corpo de Natsu -que ainda estava inconsciente- e tinha reparado que não tinha nada demais. Achou estranho. Pelo que aconteceu, ela esperava que tivesse algo no corpo dele. Algum símbolo ou pelo menos um sinal. Mas não tinha nada. Eles ainda estavam na enfermaria e Natsu ainda continuava a dormir. O que era estranho por que Erza tinha lhe dito que ele acordaria na noite do dia anterior. Mas pelo que ela podia ver no seu celular –dado por Cana- já eram quase sete da manhã. Ela estava vestida com uma roupa normal das que usava para ficar em casa. Um short curto e uma blusa. Não precisava se preocupar em manter sua cauda e orelhas pontudas escondidas por que as únicas pessoas que entrariam ali já a conheciam. Isso ela ainda não sabia como, mas conheciam. Pelo menos não  estavam a repudiando por ser o que era. Pegou o celular mais uma vez e olhou a hora. Eram sete em ponto.

“Ela já devia ter chegado” –murmurou-

Ela falava para si própria, obviamente, já que não tinha ninguém por ali e Natsu dormia. Quem ela estava esperando? Levy. A azulada baixinha, amiga de Natsu. Depois de quase ter entrado em desespero por que Natsu não havia acordado no horário previsto, ela fez questão de ligar para Levy e avisar da situação. A azulada disse que era normal e que no dia seguinte antes da aula, ela iria até a enfermaria para explicar o que estava acontecendo ali. Só que em breve as aulas começariam, mas ela ainda não tinha aparecido. Sabia que estava muito preocupada e perturbada com a situação. Nesse momento ela estava com dezenas de dúvidas na cabeça. E dentre todas, a mais frequente era sobre o que aconteceu com seu mestre ser culpa sua e se ele iria querer se afastar dela por causa disso. Ah... eram muitos pensamentos ruins. Ela queria afastar tudo àquilo da cabeça e queria que ele acordasse logo.

“UUUUUUUOOOOOOOOOOAAAAAA”

“QUÊ?” –Lisanna gritou junto-

“EUSONHEICOMUMAGATALOLIDEPELOSAZUISQUEDIZIAQUEEUERAPAIDELAEQUEELAVIRIAMEVISITAREVIVERCOMIGOEMBREVEMASEUNÃOFIZNA...”

“Calma... Calma...” –ela segurou o rosto dele com as duas mãos- “Calma...” –ele estava ofegante- “Eu vou te soltar e quero que você se acalme. Tudo bem?” –ela falou e ele acenou rápido-

“Bem...” –respirou fundo- “Eu sonhei com uma gata loli de pelos azuis. Ela dizia que eu era o pai dela e que viria me visitar para morar comigo em breve” –ele cruzou os braços- “Espera um pouco. Eram duas gatas loli. E uma delas tinha os pelos rosa” –ele coloco as duas mãos na barriga- “A gata azul era calma mas a rosa me acordava de formas mais brutais possíveis. Puxando os lençóis ou pulando em cima da minha barriga. Ah... Essa pirralha me paga. Eu vou fazer cosquinhas nela até ele pedir penico”

“Pffff” –ela tentava conter os risos mas não deu-

Começou a rir. Gargalhar, no caso. Ele sempre tinha sido tão calmo e cheio de compostura que imaginar ele acordando assim era algo sem nexo. Até agora. Continuou rindo enquanto sentia a sua preocupação ir embora e a calma vir. Ele finalmente tinha acordado. E tinha acordado com estilo. Ainda enquanto sorria, ela se inclinou até ele e o abraçou. Natsu não entendeu muito bem aquilo e parecia não se lembrar de nada do que tinha acontecido no dia anterior. Parecia apenas que tinha desmaiado. Provavelmente, ele pensava que tinha desmaiado por cansaço.

“O que foi que aconteceu aqui?” –a porta da enfermaria foi aberta com certa brutalidade. Natsu e Lisanna se viraram rapidamente para ver quem era e ficaram mais calmos quando perceberam que era Levy- “Eu vim correndo por que eu ouvi alguém aqui gritando coisas sem sentido. Ah... Acordou”

“Bem... é...” –ele respondeu e Lisanna se sentou na cadeira ao lado da maca em que ele estava-

“Do que se lembra?” –ela perguntou enquanto fechava a porta e se aproximava da cama-

“Não sei” –ele colocou a mão na cabeça- “Eu lembro de ter visto um brilho azul ou vermelho nas minhas mãos e depois, apaguei. Depois eu sonhei que tinha duas filhas lolis com orelhas de gato”

“Entendi... Então é tarde demais” –Levy se sentou na maca ao lado da dele e ficou balançando os pés como se fosse uma criança-

“Como assim?” –os dois perguntaram-

“Vou ser bem direta... Eu, a Erza e a Flare somos descendentes de uma antiga família de sacerdotes” –ela suspirou- “A Lisanna é uma espécie rara de youkai chamada Nekomata. Essa espécie de ser tem uma densidade espiritual muito mais alta que a dos youkais normais. Por isso que podem atravessar para o plano físico e ainda mais se relacionar intimamente com os humanos sem lhes causar danos. Mas, as vezes, esses nekomatas são tão fortes que acabam passando parte de sua energia para seus parceiros. E foi o que aconteceu”

“...” –os dois, Natsu e Lisanna inclinaram a cabeça em um claro sinal de confusão-

“Quis dizer que por tanto se relacionar com a Lisanna, você, Natsu, está se tornando um hibrido” –ela apontou o indicador direito para ele- “Está tendo seu corpo adaptado para aguentar e usar toda a energia espiritual que a Lisanna possui em seu corpo. Em outras palavras, está se tornando um meio youkai”

“E isso é bom?” –ele perguntou e Lisanna abaixou a cabeça. Ela parecia triste e até mesmo culpada por aquilo estar acontecendo. Era óbvio que ela não podia se relacionar com Natsu sem esperar que nada mudasse nele-

“Sim e não” –respondeu normalmente-

“Defina”

“Sua longevidade, força, velocidade, sentidos. Tudo isso pode aumentar exponencialmente de acordo com a energia espiritual de vocês dois” –ela olhou para Lisanna- “Você pode usar e manipular da forma que quiser a energia espiritual que agora está dentro de você. Mas tem que tomar cuidado para não deixar ela sair do controle”

“Isso é ruim?”

“Você deixou sua energia sair do controle por um minuto e ia matar o Gray no meio da sala de aula”

“Legal...” –ele deu uma risada meio sinistra- “Agora aquele maldito vai me deixar em paz”

“Não. Não é legal” –ela falou séria- “Depois que a energia de vocês começou a ser compartilhada entre ambos, ela acabou aumentando muito”

“E o que é que tem? Isso não me machuca”

“Esqueceu que eu disse que tinha um lado ruim?” –ela suspirou- “Já ouviu falar na expressão ‘Grandes poderes atraem grandes desafios’?” –ela perguntou e Natsu acenou- “Então... Vocês não são os únicos no mundo com uma energia gigantesca dentro de si e a função de nós sacerdotes é cuidar para que vivam uma vida inteira sem causar problemas. Nosso dever é ensinar a vocês a cuidarem e controlarem perfeitamente sua energia. Mas claro que existem sacerdotes que não pensam assim”

“Inimigos padrão de RPGs” –a analogia de Natsu fez Levy bufar. Natsu sorriu e piscou de leve os olhos e assim que percebeu, Levy estava em pé em cima da maca enquanto segurava a cabeça dele com a mão esquerda e com a direita ela apontava um lápis para seu olho. Natsu engoliu o seco. Lisanna também. Nem tinham visto os movimentos dela-

“Sim... Um inimigo com duzentos a trezentos anos de experiência a mais que você e vai lhe caçar como um gato caça um rato” –ela falava com a voz muito gélida. Natsu nem tentava mexer a cabeça por que sabia, de alguma forma sabia que não iria conseguir sair dali- “Ele tem muito mais habilidades que você. Ele é mais rápido que você. Ele é mais forte que você. Mais inteligente que você e se você não aprender a cuidar e esconder  a usar sua energia espiritual, ele vai lhe encontrar e matar os dois. Você e a Lisanna. Gostou do RPG?” –ela falou enquanto olhava para Lisanna- “Isso não é brincadeira, Natsu” –ela falou e num salto, pulou até a outra maca e se sentou de novo. Lisanna e Natsu estavam com um bom nervosismo com aquilo tudo-

“Mas...”

“Antes de mais nada” –ela suspirou- “Você é meu amigo e caso esteja se perguntando se eu estive com você a tanto tempo por causa da sua energia espiritual, isso é mentira” –ela o olhou e deu um sorriso. Natsu suspirou aliviado. Ele realmente iria perguntar isso- “Eu e a Erza sempre fomos suas amigas. Percebemos suas mudanças quando tomou aquele fora da Lucy. Somos de uma família de sacerdotes mas não procuramos trabalho por aí. E mesmo que continuasse como um humano comum iriamos continuar sendo suas amigas” –ela olhou para a janela e nesse momento o sinal tocou- “Oh... Está na hora da aula. Vão se arrumar e não se preocupe. Vai ficar ausente do trabalho por um tempo. A Erza já falou com sua gerente”

“Eu não preciso ficar ausente do trabalho. AU...!” –Natsu reclamou ao sentir um forte peteleco em sua cabeça. Mais uma vez, Levy tinha sumido e o pego de surpresa-

“Se foi atingido por isso, vai morrer se andar sozinho pelo meio da rua de noite. Idiota” –ela sorriu- “Agora vão se arrumar, as aulas começam em alguns minutos”