“...” –o que será que era isso?- “...tsu” –será que tinha alguém lhe chamando? Parecia, mas a voz estava tão baixa que ele sequer podia distinguir quem falava. Deu um suspiro. Iria apenas ignorar. Já que não estava ouvindo, não faria tanta diferença mesmo. Continuou suspirando enquanto sentia o vento frio entrar pela janela aberta- “...Natsu...” –embora ele estivesse tentando ignorar aquilo...- “NATSU...” –ele bateu com força em sua carteira-
“PRESENTE...” –ele falou instintivamente se levantando da cadeira com a mão esquerda levantada- “O que...” –ele parou para observar o local a sua volta e notou que toda a sala começou a dar risada do que tinha acontecido. Ele achou que era a chamada mas foi só o professor Freed que tinha batido com força na sua carteira. Só isso-
“Parece que o nerdezinho está no mundo da lua” –um dos alunos falou-
“Olha só... ele quer responder a essa questão, professor...” –dessa vez tinha sido aquele desgraçado dos cabelos negros- “Por que não deixa ele resolver? Parece tão empolgado” –o professor olhou para Natsu, enquanto suspirava. Natsu entendeu o recado. Saiu andando até o quadro, pegou o marcador e começou a olhar-
Deu um sorriso ao olhar... Aquilo era bem fácil. Para ele, pelo menos. Como tinham falado, ele era o nerdezinho da sala então, ele sabia um pouquinho mais do que os assuntos dados nas aulas. Começou a resolver a questão. Alguns dos alunos, mesmo que o professor os censurasse, continuavam a tirar uma com a cara dele. Não que ele se importasse com isso. A verdade é que sua cabeça estava bem longe dali. Ele continuou a calcular a questão que estava no quadro, até que, como se estivesse esperando ele terminar, o sinal tocou. Ele colocou o marcador em cima da mesa do professor e foi em direção a sua carteira que ficava ao lado da carteira de sua melhor amiga. Lucy Heartfilia. Ou melhor, ex melhor amiga. Para ele, ela tinha sido reduzida a uma colega de classe qualquer quando resolveu se envolver com Gray. Não pensem mau do Natsu, certo? Ele não guardava ressentimentos contra ela, só ficava com raiva por ela ficar correndo atrás de alguém que sequer lhe dava atenção. Era isso que Gray fazia. Nesse momento, ela estava sentada ao lado dele enquanto almoçava e tentava conversar com ele mas, era apenas ignorada. Natsu suspirou sentindo uma leve pena dela mas, resolveu não se meter. Iria deixar que a vida lhe ensinasse uma lição, não ele.
“Vamos lá...” –ele colocou sua mochila nas costas- “Ei, nerd... Vamos embora?” –ele falou para a garota que ficava ao seu lado.
“Não me chame de nerd, seu nerd” –ela sorriu enquanto andava ao lado dele-
“Vou chamar de baixinha, então” –ele sorriu-
A garota com quem ele andava era uma baixinha de cabelos azuis. Como ele, uma nerd e, juntamente com Cana, era sua vizinha naquele bloquinho de apartamentos. Levy McGarden... Ela era uma garota muito legal e, uma das únicas que não menosprezava Natsu por ali. Bem... Natsu já era alvo de bullying desde que era pequeno. Isso em vista do seus cabelos estranhamente rosas. Mas, embora fosse alvo das piadas dos alunos da escola, ele não ligava muito. Ele seguia o que sua “irmãzona” sempre lhe falava. “Tenha amigos... Não precisa de muitos. Contanto que eles sejam verdadeiros” Ele conhecia Levy desde que era uma criança então, sabia que ela era verdadeira em tudo o que fazia. Era ela e Erza. As únicas amigas em quem ele confiava. Eles andavam lado a lado de forma rápida por causa do tempo nublado. Andavam rápido por que tinham feito a proeza de esquecer o guarda chuva no apartamento.
“Ei Natsu...” –Levy o chamou- “Você não tem ouvido nada estranho durante as noites no apartamento?”
“Como assim...?” –ele perguntou como se tentasse se fazer de desentendido mas, Levy o conhecia bem. Ela estreitou os olhos enquanto andava. Minutos depois de caminharem pela calçada, finalmente chegaram em seu pequeno bloco de apartamentos. O de Levy ficava perto do dele-
“Não sei...” –ela pôs o dedo indicador no queixo como se elaborasse algo difícil- “Em alguns momentos parecem miados ou outros barulhos de gatos mas...” –ela parou em frente a porta e começou a encara-lo- “Algumas vezes parecem vozes e gemidos...” –ela falou e Natsu engoliu o seco- “Gemidos bem...” –ela pareceu pensar na palavra certa que iria usar- “Estranhos...”
“E-eu não sei do que está falando...” –gemidos estranhos. Natsu entendeu o verdadeiro significado do que ela queria dizer. Provavelmente eram, “gemidos pervertidos”-
“Tudo bem... sei disso. Sei disso” –ela colocou a chave na fechadura da porta e em seguida deu um suspiro- “Pervertido...”
“Mas hein?” –ele perguntou pasmo. Será que ela sabia o que ele estava pensando?-
“Olha Natsu, vou te dizer uma coisa: Quando estiver olhando seus sites de entretenimento adulto pelo menos abaixe o volume” –ela falou abrindo a porta e se escorando. Natsu mais uma vez ficou sem entender. Ela continuou enquanto mantinha uma expressão sacana no olhar- “Sabe de uma coisa... No dia em que você tomou um fora da Lucy, todo mundo do prédio pôde ouvir uns miados e gemidos vindos do seu quarto”
“Ei... espera ai” –ele balançou as mãos em frente ao corpo- “Isso não é o que está pensando...”
“Não precisa inventar desculpas” –ela sorriu do desespero do rosado- “A propósito, você tem uns fetiches meio estranhos. Gosta de ver mulheres com adereços de gatos. Tarado” –ela sorriu e entrou em casa-
“Não sei do que está falando” –ele falou alto para ela- “E é melhor parar com isso antes que eu diga a todos da sua coleção de livros favoritos” –ele falou e quase que automaticamente, um livro veio voando da porta aberta do apartamento de Levy e o acertou bem no nariz. Ele caiu sentado no chão e ela fechou a porta- “Ela odeia quando eu faço isso...” –ele sorriu pegando o livro- “Depois devolvo”
Ele amava irritar aquela baixinha. Ela, era como uma irmãzinha pra ele. Suspirou entrando no seu apartamento. Jogou sua mochila da escola em um dos cantos da casa, depois pegava. Foi andando até que chegou na sala. Estava tudo arrumado. Tudo do jeito que ele tinha deixado quando saiu de casa exceto por uma coisa... O espaço entre os sofás da sala estava repleto de travesseiros e lençóis. Eles estavam todos distribuídos pelo chão como se fosse um enorme ninho ou cama improvisada. Ela não tinha jeito. Natsu sorriu. Embora parecesse uma bagunça, ele havia averiguado algumas vezes que aquilo era bem confortável. Tinha até dormido por ali algumas vezes e realmente considerava a ideia de dormir por ali a partir de hoje. Mas... o estranho era o fato daquele “ninho” estar vazio.
“Oi...?” –ele chamou enquanto andava pela casa- “Já está querendo brincar?” –ele deu um sorriso-
A casa estava uma paz... Bastante vazia. Ele continuou andando. Foi até a cozinha e viu que a garrafa de leite estava vazia em cima da mesa. Nada fora do normal. Continuou andando. Dessa vez em direção ao banheiro. Abriu a porta e acendeu a luz. Tudo estava lá, em seu devido lugar exceto pelo box do banheiro que estava um pouco molhado e, a toalha que estava pendurada também estava molhada. Pegou a toalha e a prensou contra o seu rosto, sentindo o aroma doce que ela exalava. Continuou andando em direção ao seu quarto e, segundos depois, chegou. Estava tudo arrumado. Sua cama, a cômoda e até mesmo o interior do guarda roupa. Estava tudo na paz. Não... nem tanto. Agora que tinha parado para olhar, percebeu que sua cama -que continuava com as barras de ferro da cabeceira quebradas- estava sem o colchão. Ele continuou andando pela casa, dessa vez em direção a sala. Iria voltar para lá. Ainda estava vestido com a farda e estava de meias por que os sapatos já tinha tirado na entrada. Voltou a sala e, enquanto sorria, se jogou no meio dos lençóis e travesseiros sentindo que o seu colchão estava ali embaixo do ninho.
“Arfs... desisto...” -ele falou deitado com a barriga para baixo e de olhos fechados. Parecia que estava falando sozinho mas, sentiu algo felpudo passar pelos seus pés. Parecia algum tipo de cauda-
“Você sempre desiste tão rápido, metre...” -ela falou fazendo com que ele se deitasse de barriga para cima. Assim que fez isso, ele a viu... Ela estava sentada ao lado dele. Suas orelhas de gata brancas estavam em pé. Sua cauda balançava levemente de um lado para o outro. Ela parecia feliz. Isso era bem fácil de notar. Não apenas por sua cauda mas, por causa do brilho dos seus olhos azuis que podiam ser vistos por baixo da sua franja branca. O sorriso em seus lábios e até mesmo a sua voz esbanjava alegria. Ela era como um animalzinho de verdade, feliz por ter seu dono de volta. Ela se abaixou até que finalmente se deitou ao lado dele no amontoado de lençóis. Natsu continuava a observa-la. Ela, mais uma vez, vestia uma de suas camisas. APENAS aquilo. Ela foi se achegando mais a ele até que se aninhou nos braços dele. Soltou um sorrisinho feliz junto de um som que parecia ser o de um gato ronronando- “Você nunca encontra meus esconderijos...” -ela falou enquanto o abraçava e balançava sua cauda de forma feliz-
“O que posso fazer?” -ele a abraçou, acariciando seus cabelos brancos- “Você se esconde muito bem”
“Senti saudades...” -ela falou e em seguida deu uma leve lambida no rosto dele- “Meu mestre sentiu saudades da sua gatinha?” -ela perguntou meio manhosa-
“Sim... Não imagina o quanto” -ele respondeu sorrindo-
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