História Cuide Bem Dela... Por Favor! - Uma Semana Com a Cana - Parte II

“Sério... Não precisa disso” –ele as encarava com uma expressão estranha. Não só ele, mas todo mundo que estava por ali-

O dia já tinha escurecido e se passavam das sete da noite. Estava chovendo e o tempo estava razoavelmente frio, mas para Natsu, que estava acostumado com isso, não se incomodava. Estavam numa parada de ônibus juntamente com algumas outras pessoas. Estava tudo bastante normal para um dia corriqueiro da semana se não fosse por um pequeno detalhe... Lisanna e Cana estavam ali debaixo do mesmo guarda chuva. Cana estava de calça e com uma blusa de botão meio aberta. Uns dois botões mais ou menos, o que a deixava com um decote excessivamente grande. Já Lisanna, estava vestida com roupas antigas de Cana. Uma saia azul um pouco acima do joelho e um moletom cinza com capuz. O capuz, claro, estava cobrindo sua cabeça e Natsu suspeitava que ela estivesse de orelhas abaixadas. Devia estar as escondendo o máximo que podia assim como a cauda que mantinha enrolada na cintura. Ela não estava deixando nenhuma das suas características felinas a mostra, então... por que todos olhavam para ela? Bem... por que ela estava chorando. Mas, não era aquele tipo de choro calmo, ela realmente fungava muito. Parecia que estava em um velório. Ela mexia muito nos dedos das mãos como se estivesse nervosa enquanto Cana a observava. Natsu suspirou. Lisanna era muito exagerada. Estava parecendo que Natsu estava prestes a morrer ou a viajar para outro país para nunca mais voltar. Ele se aproximou dela.

“Sério, Lis... Não precisa disso” –ele parou em frente a ela e a abraçou- “Eu só vou trabalhar por uma semana. Não vou para outro país, só para outra cidade. Pode ir me ver na escola, se quiser” –ele falou e em seguida ouviu Cana fungar. Oh não. Ela também não- “Cana... Não”

“Meu amor vai embora...” –ela abraçou Natsu, que estava abraçado com Lisanna. Ela estava chorando. Sério. Ela estava quase entrando em desespero- “Vai embora e vai deixar suas duas mulheres aqui. Homem mal”

“Oooohh”

“Que garoto ruim”

“Ele não merece essas duas”

Algumas pessoas começaram a murmurar baixinho mas, Natsu, por algum motivo conseguiu ouvir. Isso era mau. Cana estava exagerando. Provavelmente estava bêbada. Ou não. A verdade é que ela nunca foi muito boa em medir as palavras que falava. Principalmente quando era relacionado a Natsu. As pessoas continuaram a murmurar coisas a respeito de Natsu mas, assim que ele se virou para elas, as pessoas olharam para o outro lado. Como se, talvez, elas quisessem disfarçar as coisas que falavam dele. As duas continuaram fazendo drama e, por um milagre, ao invés de Natsu se sentir constrangido, ele se sentiu feliz. Elas estavam demonstrando que iriam ficar com saudades. Mesmo que estivessem demonstrando isso de uma forma bastante exagerada. Ele ouviu o barulho do ônibus se aproximando. Deu um leve sorriso. Estava na hora. Afastou-se um pouco das duas e primeiro olhou para Lisanna. Ela estava com seus olhos azuis um pouco vermelhos e úmidos. Ele se aproximou dela e lhe deu um leve selinho nos lábios.

“Vou indo” –disse ao se separar- “Lis, pode confiar nela. Okay?” –ele falou olhando para Cana- “Ela parece ser meio louca, mas é uma boa pessoa”

“Não sou louca...” –Cana reclamou. Parecia mais estar fingindo estar ofendida-

“Tudo bem” –Lisanna acenou com a cabeça-

“Até mais...” –ele se despediu das duas enquanto subia no ônibus. Que começou a andar segundos depois-

Ele andou um pouco até se sentar na ultima cadeira da fileira da esquerda. Para a sua alegria, mesmo que o ponto de ônibus estivesse com uma quantidade considerável de pessoas, não tinha subido quase ninguém no ônibus. O que deixou o transporte um pouco vazio. Isso era raro de acontecer. Estava chovendo e ele tinha deixado seu guarda chuva pendurado na cadeira da frente. Aproveitou que a janela estava fechada e deitou sua cabeça ali enquanto observava a vista. Bufou de leve. Não queria ter que trabalhar em dois turnos assim mas, pelo menos ganharia uma semana de folga depois. O sacrifício com certeza valeria a pena. Ele estava calmo. Quer dizer, nem tanto. Ainda tinha algo que lhe incomodava, e isso era o fato de deixar Lisanna sozinha com Cana. Esperava que ela não tivesse a ideia de encher Lisanna com coisas inadequadas. Se Cana agia como uma pervertida perto de um homem, com certeza faria isso perto de Lisanna. Suspirou um pouco preocupado.

“Espero que a Cana não coloque besteiras na cabeça da Lisanna” –ele suspirou fechando os olhos-

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Elas tinham acabado de chegar na casa de Cana. Era ali que Lisanna iria ficar durante esse tempo. Estavam em silêncio enquanto Lisanna ainda fungava aos poucos. Cana parecia estar ficando preocupada com Lisanna. Ela parecia estar muito mau.

“Calma garota...” –ela colocou a mão em cima da cabeça dela. Por cima do capuz- “Ele volta depois de uma semana. Quer ir tomar banho primeiro?” –ela perguntou recebendo um aceno de Lisanna-

“Sim, obrigada... Eu vou indo” –ela respondeu tirando os sapatos e os deixando encostados na parede perto da porta-

“Okay...” –ela respondeu encarando Lisanna com um olhar meio estranho. Parecia que estava olhando para alguém suspeita- “O banheiro fica logo ali” –ela apontou para o local- “Levo umas roupas limpas para você. Já, já”

Lisanna tentou ignorar o olhar desconfiado de Cana sobre si. O que era bem estranho já que Natsu falou de Cana como se fosse uma pessoa calma e perfeitamente confiável. Resolveu ignorar isso enquanto ia em direção ao banheiro. Cana era uma pessoa bem legal. Tinha até lhe cedido umas roupas mas, Lisanna não conseguia tirar essa sensação de perigo que sentia. Entrou no banheiro, tirou as roupas e as colocou dentro do cesto de roupas sujas e em seguida, ligou o chuveiro colocando na opção de água quente. Se vocês estão se perguntando o por que dela estar tomando banho se ela é uma gata e não gosta de água, a verdade é que ela só tem essa aversão a água quando está na forma de felina completa. Estando na forma meio humana, não sente esse medo todo de água. Dependendo da situação, se torna até um pouco agradável. Entrou debaixo do chuveiro enquanto sentia um leve arrepio ao sentir o contato da água quente em seu corpo.

“Meu mestre viajou” –ela falou meio tristinha- “Pelo menos tive a sorte de encontrá-lo”

Ela passou as mãos pelo corpo enquanto tirava a sujeira do corpo. Mantinha as orelhas e a cauda abaixadas para que a água escorresse por elas. Deu um sorriso enquanto pensava. Aos poucos, não sabia como, mas estava recuperando suas memórias. Ela não se lembrava da sua vida antes daquela caixa de sapatos mas aos poucos essas informações estavam brotando em sua mente. Ela estava feliz por estar ligada a um mestre tão bom. Já tinha visto casos de seres como ela terem ficado com mestres malvados. Mas também... Algumas das que ela conhecia eram do tipo que não esperavam o tempo passar. Não procuravam e simplesmente se entregavam para qualquer um que acreditavam ser seu mestre. Ela não... Lisanna tinha tomado todos os cuidados para não fazer nenhuma besteira. Tomou todos os cuidados para seguir as dicas de sua falecida irmã. “Se entregue apenas quando tiver certeza absoluta de que é ele. Nem que leve toda uma vida para isso”. Ela tinha certeza disso. Ela tinha visto todo o tipo de pessoa durante esses anos que tinha ficado vagando por ai mas, o único pelo qual seu coração bateu mais forte tinha sido ele. E também... A lua estava lá para ajudar a confirmar quem era seu mestre.

“Eu o encontrei, minha irmã” –ela sorriu enquanto sentia a água quente passar pelo seu corpo- “Nyaaa” –ela soltou um pequeno miado até que viu a porta do banheiro ser aberta com violência. Sendo seguida por um forte flash de luz. Que a deixou atordoada por uns segundos- “Ei... o que é isso?” –ela tapou os olhos enquanto esperava o efeito do flash passar. E quando passou, ela viu Cana parada em sua frente com uma expressão séria-

“Eu sabia...” –ela falou de forma séria fazendo Lisanna sentir um frio na barriga. Lisanna estava com medo. O que será que essa humana faria com ela? Começou a olhar para todos os lados no banheiro a procura de um local pelo qual pudesse fugir caso as coisas se complicassem mas, seu medo. Aquela sensação de perigo que sentia desde que tinha entrado nessa casa tinha sumido. Simplesmente por que Cana começou a sorrir- “Ainda bem...” –ela começou a sorrir mais ainda. Parecia bastante empolgada- “Ainda bem. Estou aliviada”

“O que?” –Lisanna perguntou enquanto se cobria com as mãos-

“O Natsu tinha me contado sobre você e confesso que achei que ele estivesse louco. Uma garota com orelhas e cauda? Qualquer um duvidaria disso” –ela começou a olhar o celular. Provavelmente tinha tirado uma foto de Lisanna pelada enquanto tomava banho- “Achei que teria que internar meu maninho. Mas fico feliz que não. E olha só pra você... COISA MAIS FOFA”

“Hein?” –ela ainda estava meio confusa com aquilo-

“Oh não... não se preocupe” –ela deixou uma muda de roupas ali para Lisanna- “Pode tomar banho a vontade. Não vou mais lhe incomodar. Não ainda...” –ela parecia muito empolgada. Lisanna só não sabia o por que- “Aproveite bem sua estadia por ai, Nekomimi”

“Ah...” –Lisanna ainda estava confusa- “Okay”

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Um alerta soou e Natsu, que ainda estava no ônibus, tirou o celular do bolso para olhar. Olhou a tela e viu que era uma mensagem de Cana.

“Meu Deus...” –ele bateu com a mão na testa- “Ela já começou com o bulliyng”

Era uma foto. Lisanna estava dentro do box do chuveiro enquanto tomava banho. Obviamente, por estar sem roupa alguma, dava para ver todo o corpinho lindo dela. Ela tinha mandado uma foto e as legendas eram assim... “Primeiro dia com a Cana” e logo após isso, tinham diversos emojis. Todos eles eram o mesmo. O emoticon com corações nos olhos.

“Eu não sei se fico feliz pelas fotos que a Cana pretende me mandar” –ele pensou- “Ou se fico triste pelo bulliyng que a Lis vai sofrer” –ele deu um sorriso enquanto se preparava para descer-