História Cuide Bem Dela... Por Favor! - A Raiz do Estresse

A aula corria normalmente. Já era a terceira. Natsu e Lisanna tinham acabado de voltar daquela pequena conversa com Cana e agora, estavam sentados em suas determinadas carteiras no fundo da sala. Natsu procurava prestar atenção nas informações que o professor despejava na turma de forma bastante detalhada. O que os fazia se confundirem bastante. Além do mais, quase todo mundo da sala de aula não estava nem aí para àquilo afinal, cartografia não era algo que eles planejassem levar para toda a vida. Quem trabalhava com cartografia hoje em dia? Quase ninguém. Entretanto, alguns alunos em questão ainda procuravam prestar atenção. Era assunto de prova. Natsu procurava prestar atenção mas não dava...

“...” –suspirou-

Lisanna estava ao seu lado. Não sabia se era em virtude da saudade que sentia ou dos sentimentos que estavam aflorando cada vez mais em seu interior mas, ela estava radiante. Estava de olhos fechados e mantinha as duas mãos apoiadas em seu colo enquanto balançava de um lado para outro. Cantarolava baixinho. Ela estava muito feliz. E Natsu tinha certeza de que se ela tivesse a chance de agir livremente ali na escola, ela estaria agora mesmo balançando a cauda enquanto mexia as orelhas de forma empolgada. Sorriu enquanto lembrava. Ela ficava linda quando fazia isso. Natsu sentiu um arrepio ao sentir Lisanna segurar sua mão por baixo da carteira. Suas mãos eram macias. Mais do que ele se lembrava. Podia se deixar aproveitar mais daquele momento enquanto sentia os olhares estranhos de quase toda a sala. Mas já estava acostumado afinal, ser alvo dos olhares esquisitos dos outros já tinha virado uma rotina porém, agora ele tinha um motivo para se orgulhar desses olhares. Enquanto prestava atenção a explicação do professor, ele tomou um leve susto ao ouvir o som alto do sinal tocando. Anunciou o final da terceira aula.

“Liberados para o intervalo” –o professor Gildarts avisou. Natsu suspirou feliz. Queria aproveitar o tempo que tinha com Lisanna antes de voltar a trabalhar. Queria aproveitar o tempo mesmo que fosse apenas para conversar. Claro que ele queria mais que isso, entretanto, ele não queria que ela pensasse que ele queria apenas seu corpo. De uns tempos para cá, isso vinha se tornado uma preocupação maior do que ele imaginava. Ia começar chamando-a para ficar na sombra da sakura na parte de trás da escola. Era onde os casais costumavam ficar em seus minutos de intervalo-

“Lisanna vem...” –ele estava prestes a falar mas foi interrompido-

“Natsu...” –era Erza quem o chamava. Do seu lado estava Levy- “Temos atividade hoje”

“Que merda” –suspirou em desanimo-

“Bom dia. Me chamo Erza” –cumprimentou a albina-

“E eu, Levy” –e baixinha estendeu a mão- “Prazer em conhecê-la”

“Eu me chamo Lisanna” –ela deu um sorriso enquanto notou Natsu mexendo em algo em sua mochila- “Vocês tem atividade hoje?” –ela parecia estar com uma expressão bem confusa ou triste, por que Erza deu uma leve risada. Provavelmente achando que a albina estava com ciúmes ou algo assim-

“Vamos logo” –ele falou e foi rápido em direção à porta. Parecia muito apressado. Lisanna o seguia com os olhos-

“Temos atividade do clube de literatura” –quem respondeu à pergunta de Lisanna, foi Levy-

“É... Embora ele seja um inútil, como os alunos daqui costumam chamar, ele tem uma habilidade quase mágica para escrever”

“É verdade que ele é o mais normal possível na escola, mas se tratando do clube de literatura, ele é basicamente o melhor de toda a escola” –Erza sorria como se algo fosse engraçado- “É como ele mesmo diz... ‘Só tenho habilidade pra escrever. Isso não é importante para nada e nem ninguém’ ”

“Se ele é assim, os alunos daqui deveriam respeita-lo mais” –Lisanna estava com um pouco de raiva na voz-

“Aí é que tá” –ela olhou para a sala- “São apenas os alunos daqui que agem dessa forma com ele. E nós duas sabemos que é por causa daquele imbecil ali” –ela olhou para Gray- “Se pudesse ver as reuniões do clube de literatura...”

“Você se impressionaria” –Levy sorriu- “E logo depois morreria de ciúmes”

“O que? Por quê?” –Perguntou com um ar confuso e as duas sorriram-

“Qualquer dia a gente leva você lá para visitar”

“É, mas hoje não dá” –Levy pareceu pensar por uns segundos- “Temos uma reunião sobre o nosso projeto para essa unidade. Até mais” –ela sorriu e ambas foram em direção à porta-

“Tudo bem” –Lisanna suspirou meio triste-

Queria passar mais um tempo com Natsu mas não estava dando. Não sabia que ele frequentava clube nenhum, mas estava feliz por ele ter pelo menos alguns amigos. Sabia quem era Erza, embora nunca a tivesse visto, reconheceu pela voz. Ela era aquela garota que foi falar com Natsu na manhã do dia seguinte que ele a encontrou na caixa de sapatos. Inflou as bochechas. Estava mais ansiosa para ir à escola e ficar com Natsu do que para estudar em si, mas, como Cana tinha dito, não ia ser fácil. A menos que ela fizesse o que aquela bêbada tinha lhe mandado. Caso fizesse isso, ia ser muito simples. Abriu sua bolsa e tirou um saco de cookies de lá. Começou a comer. Não sabia andar pela escola direito e acima de tudo, Cana tinha lhe proibido de ir ao refeitório sozinha alegando que, ela ia sofrer caso fosse lá sem Natsu. Começou a comer os biscoitos enquanto olhava no quadro um pouco do que o professor tinha escrito. Não estava entendendo nada. Para ela eram um bando de rabiscos. Não que ela não soubesse ler nem nada. Sabia ler sim, mas, aquilo não era o que ela estava acostumada a ler. Nem tanto. Já que Cana tinha lhe ensinado um pouco, pelo menos o básico do que deveria aprender antes de entrar naquela escola.

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Suspirou mais ainda. As aulas tinham acabado e Natsu ainda não tinha voltado. Provavelmente tinha ficado preso naquela reunião. Tirou uma folha do bolso da saia e começou a ler. Eram, literalmente, instruções do que ela deveria fazer em cada situação. Podem achar estranho ela andar com isso, mas, entendam que ela não era muito acostumada a isso. Nas instruções escritas por Cana diziam para ela ir embora para casa caso isso acontecesse. Ir embora ou seguir o “Plano B” que era bem mais interessante. Sorriu de leve. Como se ela fosse para casa. Estava prestes a se levantar quando um punhado de gente veio falar com ela.

“Oi. Tudo bem?”

“De onde veio?”

Os alunos começaram a perguntar. Lisanna achou meio estranho, mas, segundo Cana, aquilo era normal. Bastava responder as perguntas de todos que, eles iriam embora. Contanto que seguisse as instruções dela, ficaria bem. Os alunos, em sua maioria, garotos, continuavam a tentar conversar com ela, mas, por estar nervosa, acabava dando respostas curtas e as vezes ignorando muitos deles. Começou a ficar irritada quando as perguntas foram mudando de uma hora para outra e, do nada, alguém perguntou algo como: “O que você tem com aquele nerd?”. Não conhecia muito bem os termos, mas, pelo tom de voz da pessoa em questão, sabia que ele estava falando de Natsu. Estava prestes a mandar todos embora, mas...

“Seus idiotas” –ela ouviu uma voz masculina. Sentiu um arrepio. Mas, não era um arrepio bom, era, por algum motivo, sentiu um gelo na espinha. Todos os alunos pararam de falar- “Não estão vendo que estão a deixando nervosa? ” –olhou para o aluno em questão e sentiu outro arrepio- “Ela chegou agora então, deixem ela em paz por um tempo. Vamos circulando” –ele falou e pouco a pouco, os alunos começaram a ir embora. Ele realmente tinha influência por ali. Por causa de sua super audição, ela pôde ouvir claramente algumas garotas bufando. Provavelmente por causa de ciúmes-

“Obrigada” –agradeceu sentindo suas orelhas formigarem por baixo do gorro. Pegou sua bolsa e passou o braço direito pela alça-

“Não se preocupe” –ele se sentou na carteira em frente a ela- “Me chamo Gray. Tudo bem?”

“Sim...” –finalmente ela tinha conhecido a raiz do estresse de seu mestre. Resolveu fazer o que Cana lhe dissera e ignorar. Tanto faz. Mesmo que Cana não tivesse lhe dito nada, ela o ignoraria do mesmo jeito. Começou a andar em direção à porta mas ele a segurou pelo pulso-

“Ei, espera” –ele sorria de leve- “Por que não conversamos um pouco?”

“Por que você magoa meu mes...” –ela parou antes que falasse algo que não devia- “Por que você magoa o Natsu?”

“Qual é... O nerd?” –ele sorriu- “Ele sempre foi motivo de piada por aqui. Você gosta dele. Não é? Pelo que fez hoje, é mais que claro” –soltou a mão dela- “Mas ele gosta de você?”

“Claro que sim” –ela falou. Embora não tivesse recebido nenhuma declaração formal da parte dele- “Ele cuida de mim”

“Sim, cuida” –ele foi meio sarcástico- “Cuida tão bem que deixou você aqui e sumiu. Agora você vai para casa sozinha. Isso não é muito legal”

“...” –ela o encarava. Estava com vontade de dar uma “patada” na cara dele para tirar esse sorriso sarcástico que ele tinha-

“Se isso é cuidar de você, até eu posso fazer isso” –ele piscou o olho esquerdo para ela- “E se é que posso dizer algo é que com certeza eu cuidaria bem melhor de você do que ele”

“Com todo o respeito, eu não lhe perguntei isso” –ela olhou a sala e viu que quase todos os alunos tinham ido embora, menos uma loira que estava encostada na porta. Mantinha os braços cruzados como se estivesse com raiva- “Eu vou embora. Acho que você também deveria ir. Aquela garota parece estar lhe esperando” –como se esperasse isso, a loira que estava encostada na porta, saiu-

“Ela não importa” –ele falou de forma simples- “Você parece meio estressada. Desculpe. Acho que começamos com o pé esquerdo. Amanhã nos falamos”

“Não deveríamos ter começado com pé nenhum” –ela falou indo embora. Na verdade, ela não ia embora ainda. Queria falar com seu mestre um pouco antes de ir-

Gray se sentou na carteira e esticou os pés como se estivesse se espreguiçando. Olhou ela passando pela porta. Sorria como se estivesse empolgado.

“Ora novata... Você não é a primeira que me rejeita no começo” –falou para si próprio- “Vamos ver por quanto tempo essa sua pose vai durar”