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História Cunhada. - Efeitos Colaterais De Uma Infância Perdida


Escrita por: hirais

Notas do Autor


OIIIII GENTE

Feliz dia das crianças, bebês. Capítulo novo saindo do forno, tá até quente ainda.

Boa leitura :)

Capítulo 15 - Efeitos Colaterais De Uma Infância Perdida


 Tzuyu não era boba. Nunca foi, na verdade.
  
 Seu passado era um assunto chato e assustador. Tinha medo dos olhares de pena; Tzuyu não era digna de pena! Ela superou tudo aquilo sozinha! Era uma guerreira. 

 A vida da pequena e famosa modelo mirim Chou Tzuyu era incrível, cheia de presentes e festas. Dinheiro para todos os cantos, sorrisos, bebidas e risadas; quer dizer... por um tempo. Dizem que o caos é uma escada, e hoje em dia, Tzuyu até concorda com tal afirmativa. Sua mãe e seu pai faturavam muito á suas custas, a conta bancária com um número e várias filas de zeros. Tzuyu era apenas a geradora de toda a luxuria, vista como uma nota de 100 dólares pelos pais. Nada além disso. 

 Desde que começara a competir, seus pais tinham uma visão muito diferente dos veteranos. Eles haviam ingressado em um concurso local, apenas porque Tzuyu insistira muito. Quando perceberam, estavam na competição do país inteiro, e bem, aí que tudo começou a se desmoronar. O resto da inocência foi arrancado dos Chou, e honestamente, eles praticamente deixaram que a ganância os abraçasse. A pequena Tzuyu era uma criança, esta sim inocente, foi obrigada a conhecer a maldade do mundo cedo demais. 

 Começou com as fotos com maquiagem extravagantes demais e roupas esquisitas. Tzuyu nunca gostou daquilo tudo, na visão da criança, ela gostaria de continuar nos concursos menores. Não gostava das enormes câmeras e jurados esnobes, preferia competir amigavelmente com suas amigas locais. 

 Cientistas costumam falar que alguns cérebros bloqueiam lembranças ruins, sendo assim impossível de se recordar de cada detalhe. É apenas algo vago, como um flash; você sabe que aconteceu, mas não consegue reviver a cena em sua mente. E Tzuyu foi uma pessoa sortuda, pois, com o passar do tempo, não conseguia lembrar dos momentos ruins que fora obrigada a passar.

 Tzuyu era uma criança. Deveria brincar, rir e comer doces até ficar cheia de cáries; não tirar fotos vulgares para sua idade, ou ser obrigada a estar com um homem qualquer. Mas sempre existe uma luz no fim do túnel, certo? E naquela época, existiu. Uma investigação secreta conseguiu prender dezenas de pedófilos ligados a esse tipo de exploração. As notícias saiam em capas de jornais e revistas, vendiam como banana. Tinham todos os detalhes sobre a investigação, nomes das crianças, dos pais e de qualquer um envolvido naquela imundice; menos dos pais de Tzuyu, e ela. 

 O dinheiro foi a salvação. Nem mesmo aqueles que se diziam justiceiros, se negaram. Meio milhão. Tudo isso para livrar os Chou da prisão, para Tzuyu continuar com os pais. Seus pais; seus abusadores. 

 Porém, ela sabia que um dia a história seria descoberta. Que alguém acharia algo na internet, que ligariam uma coisa a outra. Sabia que apenas uma reportagem poderia destruir a nova vida que seus pais construíram na Coreia. Era assim que as coisas funcionavam, a verdade sempre aparecia e tudo voltava à tona. 

 E agora, estava devastada. Trancada em seu quarto, brincando com um isqueiro. Acendendo e apagando, incontáveis vezes. Desde o momento que sentiu os pares redondos de olhos de Jihyo em seu corpo, soube que a morena sabia de tudo. Quer dizer, é fácil reconhecer alguém, apesar de tantos anos. Tzuyu ainda tinha uma cara de bebê, e por escolha própria, seu nome continuou o mesmo. Pelo menos isso seus pais não arrancaram dela, apesar de toda a história terrível, seu nome servia como um troféu. Tzuyu, aquela que superou uma série de abusos. Tzuyu, a antiga ganhadora de dezenas de concursos. Tzuyu, forte e indestrutível. Ou apenas Tzuyu.

 Nem mesmo Chanwoo sabia de seu segredo, e agora, com certeza Chaeyoung saberia, porque Jihyo não sossegaria até encontrar respostas e contaria com a ajuda da baixinha. Logo a irmã de seu namorado, isso era um desastre. Tudo que batalhou para esconder estava sendo revelado pouco a pouco; Chanwoo a acharia nojenta, indigna de amor e eles terminariam. Tzuyu estaria sem seu porto seguro, sem sua âncora. Voltaria a viver solitariamente no meio de milhões de pessoas, e ela não queria isso. 

 Amava Chanwoo. O amou no primeiro momento que o viu, numa festa qualquer. Depois, o destino proporcionou outro encontro: começaram a estudar no mesmo cursinho. O tempo passou tão rápido quanto a velocidade que os dois se aproximaram. Tzuyu começou a depender do sorrisinho bobo que o moreno dava, das suas piadas engraçadas e das histórias sem sentido que ele contava. Tzuyu o ama tanto, que fica com medo de perdê-lo. 

 Quer dizer, talvez não ame tanto quanto no início do relacionamento. Mas amava. Desde quando conheceu Chaeyoung, sua cabeça se embolou; a irmã caçula da família de seu namorado! A prodígio, a incrível Chaeyoung - ela ouviu isso sair da boca de Chanwoo diversas vezes. Mas no momento que botou os pés naquela casa, seu amado havia mudado. Olhava de modo estranho para a irmã, como se sentisse nojo; até o jeito de falar da garota era diferente. 

 Nesse ponto, Tzuyu começou a duvidar secretamente de seu namorado. Como alguém poderia mudar tão rápido de opinião? E quando o perguntou isso, o garoto só respondeu que sua irmã era diferente, e por esse motivo, merecia ser tratada daquela forma. Tzuyu se perguntava se Chanwoo só fazia aquilo na frente de seus pais, para parecer mais másculo... achava isso terrivelmente ridículo. Mas compreendia o rapaz: ela também tinha medo dos próprios pais, de qualquer jeito.

 Porém, Chaeyoung continuava a despertar muito interesse em Tzuyu. Tudo quem Chanwoo falara de bom da garota era verdade. Uma artista incrível, alguém admirável. Sentia algo tão bom quando estava perto da baixinha, até aquele silêncio mútuo era relaxante; parecia até que se conheciam há anos e apenas quisessem ficar quietas por um momento, aproveitando a brisa. Conhecê-la foi uma de suas melhores experiências desse ano, juntamente com Sana e as outras meninas; elas realmente funcionavam como uma família! Uma família saudável, é claro...

 Tzuyu gostava mesmo delas, de todo coração. Portanto, não gostaria de revelar seu segredo. Ela nunca havia contado, e nem contaria... se não fosse por Jihyo e sua curiosidade.

 A curiosidade matou o gato, pensou e logo ouviu a porta abrir. Com cabelos amarrados e a franja cobrindo toda a testa, sua mãe sorri e liga a luz.  

Tzuyu reconheceria aquela silhueta de longe. Apesar da idade, sua mãe continuava linda, com o corpo magro e cheio de curvas, Tzuyu havia puxado a ela. Tinham o mesmo padrão, chegava a ser estranho. Corpos tão iguais, mas mentes tão distintas. 

 "Filha? O que está fazendo?" Tzuyu tentava descobrir como funcionava aquela mente gananciosa. De vez em quando, pegava-se observando a parte de trás da cabeça de sua mãe. Encarava de um modo tão cheio de fúria, que não se surpreenderia se conseguisse perfurar o crânio da mais velha apenas com os olhares. Queria compreender como aquela engenhoca planejava tudo, como conseguia ser calculista até com coisas simples. Queria entender o que sua mãe realmente era. 

 "Estou apenas pensando." respondeu, sem fazer contato visual. "Você atrapalhou minha linha de raciocínio." 

 "Ah, querida! Eu já te disse, não precisa pensar tanto! Por isso está cheia de rugas..." no momento que se sentou ao seu lado, inclinou-se e agarrou o rosto de Tzuyu, observando cada detalhe. "Suas olheiras estão terríveis, se eu fosse Chanwoo, já teria te largado." 

 "Mas você não é." sorriu debochadamente. Não conseguia não sentir aquela raiva. Era inevitável. "Homem algum larga seu amor por beleza exterior. O que vale é o que está aqui dentro." apontou para sua cabeça. 

 A mulher suspirou, e revirou os olhos. Sempre fora muito feminina, e apesar de ser muito independente, gostava de achar que mulheres deveriam ser submissas aos homens. Era antiquado, principalmente para ela: uma exploradora desgraçada. 

 "Tzuyu, acho que deveríamos ir ao salão. Ter um dia de princesas." foi a vez de Tzuyu rolar os olhos e desejar morrer pela segunda vez naquele dia. A primeira fora no momento em que se encontrou com Jihyo.

 "Não, não e não." negou repetidamente. 

 "Por que você é tão chata? Sinto saudades da minha Tzuyu bonequinha, toda emperiquitada. Tão reluzente, fazia os olhos dos jurados brilharem!" sorriu, olhando para o chão. Óbvio que sentia saudades de ganhar dinheiro facilmente.

 "É basicamente sua culpa ela não estar aqui." respondeu, mordendo os lábios. 

 "Não comece com isso, Tzuyu..." iniciou seu discurso. Ela odiava essa conversa, porque tinha aversão a se sentir errada. Ela era louca. 

 "Mamãe, eu só preciso de um tempo sozinha, será que pode fazer isso?" disse, resmungando. 

 "Tá bom, Tzuyu. Se você não deseja minha presença, assim seja! Você é uma ingrata, não consegue entender que eu mudei. Eu te amo, filha! Sua mamãe estava numa época difícil na vida, perdida!" começou a se explicar, mas Tzuyu apenas bufou. 

 "Não quero suas desculpas. Por que não compreende que o que você fez não tem perdão? Você me destruiu." balançou a cabeça negativamente, estava com tanto ódio. "Vocês destruíram nossa família. Todos nos odeiam, e não importa o quanto vocês escondam, uma hora encontrarão toda essa sujeira." 

 "Está me ameaçando? Como ousa me ameaçar dessa forma?" elevou o tom de sua voz. Ótimo, o show estava começando. "Bem, faça o que quiser, só não esqueça que não existem provas para isso. E mesmo que achem, minha querida, você estará perdida. Seu namorado é fino demais pra querer-te! Imagina quando ele souber que você não é tão pura quanto acham..." 

 De repente, um silêncio. Ela tinha razão. Poderiam existir algumas provas soltas, mas nada conseguiria incrimina-los por um crime enorme. Era o crime perfeito, bem arquitetado. Não havia buracos...

 "Se eu cair, você também cai." e com isso, saiu finalmente de seu quarto. Deixando-a sozinha, devaneando mais uma vez. 

 

 

 

 

 

 

 

 

   
  Chaeyoung roía as unhas de uma maneira nunca vista antes. Lia o mesmo artigo pela enésima vez. Estava desacreditada, aquilo era impossível.

 Não conseguia imaginar tamanha barbaridade, principalmente envolvendo Tzuyu. Era tão nojento que seu cérebro a impossibilitava de imaginar as cenas pesadas que aconteceram. Enquanto isso, Jihyo continuava perplexa, olhando para o teto e tentando encontrar uma solução. 

 E existia alguma? 

 Coçou os olhos e se virou para Chaeyoung, suspirando. 

 "A gente não pode falar para ninguém. Nem pro seu irmão." disse, e mordeu a parte interna de sua bochecha. "Chae, eu simplesmente não sei o que fazer."

 "Não olhe para mim como se eu soubesse. Poderíamos conversar com ela, não sei... aconteceu há tanto tempo, é praticamente impossível fazermos algo, Ji. A escassez de provas, e aliás, a maioria dessas devem estar na China." a morena piscou um par de vezes e assentiu. Chaeyoung tinha razão, não havia o que fazer.

 "Isso é horrível. Não consigo entender o que passa na cabeça de certas pessoas." suspirou. 

 "Ninguém realmente entende, Jihyo. E eu não compreendo como isso não teve tanto repercussão." fechou os olhos e pendeu a cabeça para trás. Sua mente estava a matando. 

 "Simples: dinheiro." respondeu. "Dei uma olhada nos outros casos da mesma época, tinha mais gente envolvida nisso, a maioria foi presa, mas por que os pais dela não? É óbvio que pelo dinheiro. Eles podem até ter perdido todo o dinheiro atualmente, mas se safaram da prisão e mantiveram a guarda da filha." deu uma breve respirada. "Tzuyu deve os odiar tanto." 

 Aquilo explicava muita coisa, principalmente o motivo de Tzuyu ser tão misteriosa e nunca falar muito de si mesma. A garota não se sentia a vontade para tal coisa, e com tudo esclarecido, isso tornava-se um comportamento normal. 

 Chaeyoung não sabia o que tinha acontecido nesse período de tempo entre o abuso e o momento atual, mas suas leituras proporcionaram-lhe um pouco de conhecimento. Uma vez vira que pessoas abusadas reagem de formas diferentes, umas chegam até se apaixonar pelo agressor, e outras entram numa depressão profunda. Esse último caso geralmente acarreta ao suicídio, mas quando isso não acontece, a vítima sofre muito e acaba se trancando para todos. A única coisa estranha para Chaeyoung era a paixão de Tzuyu por Chanwoo. Ela realmente deveria gostar dele, pois confiar em alguém dessa maneira é difícil. 

 "Deveríamos esquecer tudo isso e irmos conversar com ela. Dizer que tem alguém para ela desabafar, sabe, passar confiança." Chaeyoung começou a falar. 

 A baixinha sabia muito bem como era passar por momentos difíceis consigo mesma. Conflitos internos eram terríveis, e não importa qual o motivo, todos devem ser ajudado. Quando Chaeyoung está perdida em si mesma, gosta de ter um apoio, alguém apenas para ser uma companhia enquanto ela põe todo o mundo para fora. Imaginava de Tzuyu também não gostaria disso.

 "Não sei, é algo muito mais complexo, Chae. Vítimas de abuso sexual são completamente fechadas e odeiam falar sobre esse assunto, é muito pessoal." respondeu. "Você precisa ter uma intimidade muito grande com a vítima, e sendo honesta, eu não sou próxima a ela." disse, e olhou para Chaeyoung, como se a última soubesse o que deveria fazer. 

 "E agora?" perguntou, totalmente perdida. 
 
 "Você vai falar com Tzuyu. Quer dizer, ela é namorada do teu irmão. Fica mais fácil." visto que Chaeyoung não havia entendido por meio de olhares, foi direto ao ponto.

 A mais baixa sentiu seu coração palpitar rapidamente. Agora estava claro porque Jihyo havia lhe chamado. 

 "Logo eu? Por que não pede para Sana? Elas são grandes amigas." disse, mesmo sabendo que a resposta seria 'não'. 

 "Se eu quisesse que Sana falasse com ela, teria ligado para Sana. Entendeu?" Chaeyoung suspirou. Mas não entendia o motivo pelo qual Jihyo a chamara.

 "Eu não tenho intimidade com ela, Ji! Já conversamos sobre isso, poxa... é um assunto delicado, ela não vai se abrir comigo." rebateu. Tzuyu era agradável com ela, claro que sim! Porém, tudo aquilo foi traumatizante para a Chou, fazê-la desabafar sobre isso era uma missão impossível.

 "Chaeyoung, eu te chamei para isso porque sei que terá mais paciência. E também sei que não espalhará para todo mundo, porque, por Deus, isso não pode vazar. Se tivesse chamado a Sana, ela teria passado mal, ligado para Dahyun e abriria o jogo inteiro num piscar de olhos." 

 Chaeyoung piscou diversas vezes após ouvir Jihyo. É, com certeza Sana desmaiaria. Porém, sentia que não conseguiria falar sobre isso com Tzuyu. 

 "Eu... vou tentar, ok?" suspirou. Apesar de saber que tudo daria errado, não morreria se tentasse. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


  Era uma noite linda e estrelada. Tzuyu gostava muito de observar o céu, ia para outra dimensão no instante que via a brilhante lua iluminar a escuridão. 

 Mantinha um sorriso forçado no meio do jantar com seus sogros. Ria das piadas sem graças do Sr. Son e elogiava a comida da sua sogrinha. Lembrava-se do primeiro dia que fora ali, no momento que se deparou com Chaeyoung. 

 Ah, Chaeyoung.

 Sentia que algo aconteceria, de fato. Sabia que no momento em que subiria as escadas, a baixa e bela Chaeyoung a abordaria com a famosa frase "Podemos conversar?"
 
 Tzuyu tinha muita vergonha. Não gostaria de falar sobre isso com ninguém, era humilhante. E agora, sabia, com toda certeza, que choraria e revelaria a história inteira para Chaeyoung. 

 "Bem, meu amor, eu terei que sair para resolver alguns probleminhas do meu estágio!" Chanwoo estava focado para isso! Gostava de ver o namorado se esforçando para se tornar um ótimo advogado, era tão lindo. "Se importa de esperar um pouco?" perguntou, abrindo um sorriso.

 "Claro que não!" retribuiu o sorriso, usando toda sua felicidade num só sorrisinho. "Devo me agradecer pela ótima refeição. A senhora sabe mesmo como cozinhar perfeitamente!" se levantou, e curvou-se como agradecimento. Seus sogros cochichariam em segredo sobre como Tzuyu era educada e delicada - sabia disso porque tinha o costume de ouvir certas conversas. Talvez não fosse tão educada assim.

 Subiu as escadas ao lado do namorado, que ainda tinha que pegar a chave do carro e outras coisas. Entraram no quarto, e Tzuyu foi diretamente até a cama. 

 O cômodo cheirava ao perfume forte e enjoativo de Chanwoo. Até mesmo o travesseiro tinha aquele odor insuportável que Tzuyu odiava. Afundou sua cabeça e sentiu o peso do olhar do namorado em seu corpo; Chanwoo estava sendo paciente com ela, com toda certeza. Deveria amá-la de verdade, pois caso contrário, já teria terminado o namoro.

 Tzuyu lembra perfeitamente de cada comentário que ouvira sobre Chanwoo; de como ele era cafajeste, machista e nojento. E então, conheceu uma pessoa diferente de tudo que falavam: alguém romântico, compreensivo, protetor. Eles se amavam, isso era óbvio. Porém, na concepção de Tzuyu, talvez ele não aguentaria tanto tempo sem ter a famigerada relação sexual. 

 Era um pouco ridículo ver tal ato como algo necessário. Como um casal, eles deveriam respeitar o tempo do outro, e Chanwoo estava fazendo isso. Quer dizer, às vezes ele conseguia estressar Tzuyu com sua insistência. O pior não era a vergonha ou a falta de interesse da garota, e sim o medo. Aliás, a frase que sua mãe lhe dissera mais cedo, continuou a martelar por sua cabeça durante bastante horas. E se ele sentisse nojo? Tivesse pena? 
 
 Tzuyu tinha medo, acima de tudo. Ela era uma medrosa, poderia afirmar e parecer ser a mais corajosa do mundo, mas por trás de uma cara fechada e lindamente fria, estava uma covarde de primeira. 

 Nem percebeu quando Chanwoo saiu, e no quarto sua presença foi substituída pela de Chaeyoung, com olhos enormes e assustados. Ela também estava com medo. 

 "Oi. Será que poderíamos falar sobre algo muito sério?" perguntou. Nesse momento, Tzuyu teve certeza de todos seus pensamentos anteriores. Jihyo descobriu a verdade e contou para Chaeyoung.

 "Não sei. Se for sobre algo sobre meu passado, não." respondeu, friamente. Não era obrigada a falar nada. Nunca foi. "Caso contrário, podemos conversar!"

 "Tzuyu, por favor, eu só quero saber se aquela loucura é real. Preciso ter certeza que eles não afetam você ou qualquer outra pessoa." insistiu, e a mais alta bufou. "Eu quero te ajudar."

 Silêncio. 

 Por mais que quisesse botar tudo para fora, chorar, dizer tudo que não pôde falar durante anos, Tzuyu não se sentia confortável com isso. O bloqueio vinha, e travava tudo; não conseguia expressar nada. Da sua boca sairiam murmúrios e tremeria de nervoso. Sua ansiedade atacaria, e ela não gostaria de voltar a tratar esse problema que lhe atormentara há bastante tempo. 

 "Eu não preciso de ajuda, Chae. Estou bem, não se preocupe." sorriu forçadamente. Não estava contando nada, apenas esclarecendo, secretamente, que algo acontecera. Ficava subentendido, se Chaeyoung fosse tão esperta quanto parece ser, perceberia na hora. 

 Com um suspiro, a mais baixa se retirou do quarto. Estava arrasada. 

 Talvez só eu precise de ajuda. Vou ficar maluca. 

 

 

 


Notas Finais


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