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História Cupid - Bonne nuit


Escrita por: Dragon5H

Notas do Autor


Bonne nuit = Boa noite.

Capítulo 9 - Bonne nuit


O quarto de hóspedes era do mesmo tamanho que o quarto da Camila. Tinha uma cama grande no centro e uma cômoda antiga, na qual Sinu colocou algumas roupas para que eu pudesse usar. Na parede oposta estava encostada uma bicicleta ergométrica empoeirada e alguma outra coisa que eu não pude distinguir pois estava coberta por um longo lençol branco.


Ignorei a minha curiosidade para saber o que tinha embaixo do lençol e me concentrei no pequeno papel amassado que eu ainda segurava.


Harry


O nome escrito em uma letra perfeitamente desenhada não me trazia nenhuma lembrança.


Queria saber quem ele era. Se fazia parte da minha família ou se era um amigo.


Era alguém importante, isso eu tinha certeza.


Fiquei pensando no motivo que o levará a se desculpar. Mas nada do que pensei parecia fazer sentido.


Poucas horas depois Sinu me chamou para jantar. Na cozinha encontrei Sofia sentada na mesa, brincando distraída com o garfo. Assim que me viu ela exclamou feliz:


– Lauren! Agora eu sei o seu nome. – A garotinha cantarolou sorrindo.


Por um minuto estranhei a felicidade da pequena. Ela não parecia estar triste pelo que aconteceu mais cedo. Deduzi que Sinu conversou com ela depois que me deixou no quarto de hóspedes e agora tudo estava bem entre elas.


Fiquei muito feliz ao perceber que a garotinha não guardou nenhuma mágoa. Sorrindo largo ela parecia nem se lembrar do que aconteceu.



– Olá Sofia! – respondi no mesmo entusiasmo que ela. – Agora nós duas sabemos. – Pisquei pra ela divertida.

O clima no jantar não poderia ser mais descontraído. Sinu fez lasanha e logo descobri que era o prato favorito de Sofia. A garotinha extremamente animada dominou a conversa do começo ao fim. Contou nos mínimos detalhes como foi sua noite na casa de Lily sua melhor amiga. Em como foi divertido brincar de guerra de travesseiros, em como vencerá no Just Dance porque era A Melhor naquele jogo e que tinha muitos doces lá, mas que ela não comeu muito como tinha prometido pra sua mãe.


Escutei atentamente enquanto Sofia falava, assentindo de vez em quando, mesmo não sabendo o que era um Just Dance ou como brincar de guerra poderia ser divertido.


Sinu revezava sua atenção entre conversar e olhar preocupada em direção a porta e por vezes para o celular.


Camila ainda não tinha chegado.


No fim do jantar Sofia pediu de maneira suplicante:

– A Lauren pode assistir Frozen comigo mamãe? A Kaki prometeu que ia ver comigo, mas ela nunca tá aqui.


Pensativa Sinu encarou os grandes olhos pidões da pequena, suspirou alto e assentiu.

– Nada de ir pra cama tarde hein! Amanhã você tem aula.

Sofia deu um gritinho animado e abraçou a mãe, me arrancando da cadeira logo em seguida.

Olhei assustada pra Sinu que apenas sorriu enquanto eu era arrastada para sala pela pequena criança.

Ela pediu para que eu me sentasse e colocou o filme com uma agilidade impressionante, desligando as luzes logo em seguida.


– Assim parece que estamos no cinema – Explicou.


Os homens cantavam enquanto cortavam o gelo no filme e a garotinha se mexia inquieta ao meu lado. Me encarava pelo canto dos olhos e desviando o olhar quando percebia que eu estava a encarando de volta.

– Quer falar alguma coisa petit? –Sorri divertida.

Sofia negou freneticamente com a cabeça.

Dois minutos depois ela fala sussurrando:

– Você não se lembra de nada mesmo? Nadinha? – O olhar desconfiado.

– Não... Só lembro da sua irmã. – Respondi sincera.

– Da Kaki?! – Exclamou alto tapando a boca com ambas as mãos logo depois. Ela olhou  em direção cozinha verificando alguma coisa e perguntou de novo baixinho – da Kaki?!

Apenas assenti confirmando. Sofia olhou para o nada pensativa.


– Que estranho...


Não falamos mais nada por um tempo, até eu quebrar o silêncio.


– Você ainda acha que sou um Anjo? – Perguntei curiosa.


– Tenho certeza! Eu vi! – Falou convicta. – Mas mamãe falou pra eu não falar mais disso com você. Vai te deixar confusa e você vai demorar mais pra lembrar das coisas.


– Ela conversou com você?


– Uhum! Mamãe pediu desculpas por gritar comigo, disse que estava nervosa. E me explicou o que aconteceu com você. Prometi que ia te ajudar a lembrar de tudinho.


– Eu não entendo... Se eu fosse um Anjo como você disse, eu não deveria estar no céu tocando arpa ou algo assim?


Ela soltou uma sonora gargalhada.


– Anjos não ficam tocando Arpa sua boba.


– Ah não?! – Perguntei divertida


– Não! Eles estão muito ocupados nos ajudando e protegendo pra isso.


–Hum – murmurei pensativa – Está vendo? Eu não posso ser um anjo. Não estou protegendo ou ajudando ninguém aqui.


– Eu acho que é por isso que você está aqui. Pra nos ajudar.



Ia perguntar pra que ela precisava de ajuda mas fui interrompida pelo barulho da porta da frente batendo.


Camila passou por nós correndo subindo as escadas sem falar nada.


Olhei pra Sofia em uma pergunta muda do que estava acontecendo, ela só deu de ombros voltando a assistir o filme.


Vinte minutos depois Camila desce as escadas correndo vestindo uma roupa diferente da que estava quando entrou.


– Oi. Tchau. Tô saindo!


Antes que ela conseguisse sair Sinu gritou da cozinha:


– Karla Camila venha aqui agora!


– Tô com pressa mãe! Depois a gente conversa.


– Karla!


Bufando alto Camila se arrastou até a cozinha. Não dava pra ouvir o que elas estavam conversando mas consegui ouvir perfeitamente bem quando Camila saiu da cozinha pisando duro e voltou a subir as escadas resmungando. O estrondo da porta do quarto batendo foi tão alto que Sofia pulou assustada.


Apenas o som do filme foi ouvido por um longo tempo. Sinu passou por nós avisando que estava indo deitar e advertiu Sofia mais uma vez sobre o horário.


A pequena não conseguiu chegar nem na metade do filme. Dormiu encostada em mim.


Desliguei a TV e o DVD apertando os mesmos botões que vi Sofia apertando pra ligar e a carreguei até o seu quarto.



–#–


Passava da meia noite e eu ainda estava acordada olhando para o teto. Perdi as contas de quantas vezes mudei de posição procurando uma que fosse confortável e me fizesse dormir. Mas não importava como eu deitasse. Simplesmente não conseguia dormir.


O cansaço do dia já tomava conta do meu corpo, me sentia exausta.


Ouvi quando o carro de Alejandro chegou tarde da noite e estacionou na garagem, ouvi também ele abrir e fechar a porta suavemente tentando não fazer barulho, para logo depois o silêncio da noite pairar novamente.

Cansada de tentar me levantei e acendi a luz. Fiquei na janela olhando as estrelas, sentindo aquela sensação familiar  do vento bagunçando meus cabelos. Não sei quanto tempo passou quando ouvi a maçaneta girar e a porta se abrir.

A pessoa que passou pela porta segurava desajeitadamente duas canecas e tinha um sorriso gentil nos lábios.

– Sabia que estava acordada! Posso entrar?

– Camila?! – Perguntei confusa – Pode, claro.

Fui até ela segurando uma das canecas que estava prestes a cair.

– Obrigada. – Agradeceu – Esse é pra você. Minha especialidade! Chocolate quente.

– Er... Obrigada. O que está fazendo aqui – Perguntei, quando a vi sentar na beirada da cama.

– Vi que estava acordada e resolvi te trazer algo pra ajudar a dormir. – Apontou pra caneca de chocolate na minha mão.


– Você viu? – Perguntei confusa

– Na verdade eu ouvi. Essa cama não é muito silenciosa. – Camila movimento o corpo ainda sentada e a cama fez um barulho estranho que eu não tinha percebido até então.


Eu me mexi nessa cama a noite toda! Senti o calor subir pelo meu pescoço quando entendi o que ela quis dizer com ouvir.

– Pardon – Encarei os meus pés constrangida.

– Hey não precisa se desculpar! Minha mãe e Sofia dormem feito pedra. E eu odeio dormir, é tão chato... – Ela revirou os olhos e tomou um gole do chocolate quente. – Vem, senta aqui. Vamos conversar. – Deu tapinhas do espaço do colchão ao seu lado.


Sem saber muito bem o que fazer e um pouco confusa me sentei ao seu lado.


– Lembrou de alguma coisa? Eu sei que não tem coisa melhor do que lembrar da minha humilde pessoa, mas deve ser chato não saber o próprio nome – Brincou divertida.


– Muito humilde você. – Tive que rir quando ela me mostrou a língua em um gesto infantil. – Não consegui me lembrar de nada ainda... Mas achei uma coisa. – Mostrei pra ela o pedaço de papel que agora eu carregava sempre comigo.


– Lauren? – Ela perguntou e eu assenti –Lauren... Eu gostei! Lauren... Lauren... – Camila repetiu o meu nome como se estive o saboreando.

Fiquei constrangida ao perceber que eu encarava sua boca sem desviar o olhar. Ouvir ela dizer o meu nome com aquela voz... Era hipnotizante.

– Tome seu chocolate antes que esfrie Lauren.

Balancei a cabeça para voltar a me concentrar e tomei um pequeno gole do líquido escuro e cremoso.

Lá estava aquela sensação de novo. A mesma sensação que tive ao experimentar a panqueca e a lasanha. Um gosto diferente e único.


– Você está fazendo aquela cara de novo. – Camila me tirou dos meus devaneios.


–Cara? Que cara?

– Cara de quem está experimentando a coisa mais fantástica do mundo.

– Eu não sei explicar... Não me lembro do gosto das coisas. Então tudo que vocês me ofereceram é como algo novo pra mim. – Tentei explicar.

– Não se lembra do gosto? – Franziu o cenho – Espera! Se você não se lembra do gosto das coisas quer dizer que você não sabe que gosto uma Pizza tem. – Seus olhos se arregalaram comicamente. – Não se preocupe Lauren! Vou resolver esse problema terrível! Não posso deixar você continuar sem conhecer uma das melhores coisas do mundo! – Falou exagerando no tom dramático


Gargalhei com as palhaçadas daquela garota. Eu digo que não me lembro do gosto de nada e ela se preocupa com a pizza.

– Mal posso esperar pra experimentar essa tal Pizza. – Brinquei.

– Não é " essa tal". É A pizza! Você vai ver do que estou falando.

Ficamos alguns minutos em silêncio tomando o chocolate quando resolvi perguntar:

– Você pareceu um pouco chateada mais cedo... Aconteceu alguma coisa?


Ela terminou de tomar antes de me responder.


– Tô de castigo. Sem sair de noite por uma semana. Era pra eu estar em uma festa agora.


– Sinto muito por isso...

– Não sinta. Eu me meti nessa encrenca. Só estou pagando as consequências. – Camila deu de ombros indiferente. – Falando em encrenca minha amiga quer te conhecer! Na verdade todas as minhas amigas querem te conhecer, mas uma está me enchendo o saco mais que as outras.

– Me conhecer?

– É! Eu contei pra elas que te achei no meio da chuva e que você está sem memória. Estava sem sua foto na hora, então agora elas querem te conhecer. Não tem problema né?



Neguei com a cabeça.



– Elas são legais. Meio loucas, mas legais! – Sorriu levemente – Dinah, a amiga que mais está me perturbando pra te conhecer, pediu uma foto sua. Segundo ela eu sou uma merda pra descrever pessoas. Você se importa se eu tirar uma agora?


– Sem problemas – Respondi me ajeitando na cama.

Camila pegou o celular do bolso de trás da calça e tirou minha foto.

– Pronto! Enviei. Agora vamos ver se ela sossega.  – Falou enquanto guardava o celular no bolso e se levantava – Vou deixar você dormir agora Lauren. Já está tarde.


Ela pegou minha caneca e foi em direção a porta. Antes de ir ela se virou e falou:


– Boa noite Lauren – Piscou pra mim fechando a porta


– Bonne nuit... – Sussurrei mas ela não ouviu.




 


Notas Finais


Próximo capítulo vai ser Narrado por uma Rainha.

Popularmente conhecida como: " Rainha da porra toda".


O que acharam do capítulo? E o que acham que a Dinah vai fazer?


Beijos!


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