História Cups (Larry Stylinson) - Vingt-quatre

Claro que Louis não era idiota o suficiente para questionar Harry sobre todas aquelas palavras —  não negando que ele cogitou a ideia — mas ele só sabia que mesmo tendo invadido o diário do colega de quarto, aquele ainda era todo o seu sentimento guardado e ele não podia só chegar e falar um "e aí, li seu diário, belas palavras, mas por que você não compartilhou comigo, hein?" e pensar só em suas dúvidas com relação a isso. Ele tinha uma boa ideia para fazer Harry ficar bem pelo próximo mês inteiro, e quando acabasse, ele arrumaria outro motivo.

Ele se organizou em praticamente duas semanas, nessas, deixando sempre algum mimo para Harry pela manhã. Passou a fazer hora extra e o cacheado sempre se perguntava se Louis estava o evitando, nem imaginando o que estava por vir. O de olhos azuis precisava de aproximadamente mil dólares para que seu plano desse certo. Esse preço era um pouco menor que o total de seu salário, mas ele não poderia simplesmente gastar tudo e não ter como sobreviver pelo resto do mês, e decidiu apelar:

"— Hm, mamãe?"

"— Lou, querido, tudo bem?"

"— Sim, dona Jay... e as meninas?"

"— Todas bem, Lou. Precisa de alguma coisa?"

"— Na verdade, eu..."

"— Tá passando fome, Louis? Precisa de que? Meu Deus, como você deixou isso acontecer?"

"— Hm, mamãe... não é nada disso."

"— O que é, então?"

"— Preciso de dinheiro."

"— Para que? Se envolveu com drogas?"

"— Não, mãe, me deixe explicar. Hm, vai ter uma palestra na uni... uma palestra paga, é isso. Dentro dela, vão abrir espaço para uma feira de artes e preciso de materiais... sabe, meu salário não rendeu tanto esse mês..."

Depois de muita enrolação, Jay finalmente cedeu e disse que dois quartos do dinheiro estaria na conta de Louis no próximo dia. Uou! A primeira parte do seu plano deu certo. Agora, de duas uma: ou ele precisaria invadir o celular/notebook de Harry para falar com Gemma, ou simplesmente conseguir o que precisava por si só. Ia ser meio que impossível, ele teria que faltar uma aula.

No decorrer do dia seguinte, após uma noite carinhosa de chocolate quente, pipoca e Grey's Anatomy, Louis simplesmente disse que estava se sentindo mal e que não iria para a aula. E detalhe, era num dia que quase todas as aulas seriam juntas. Harry se sentiu arrasado, cogitou a ideia de faltar também para cuidar do amigo, o que foi contestado pelo mesmo e acabou não se concretizando. Assim que o cacheado colocou os pés pra fora do quarto e trancou a porta, Louis saltou como uma lebre para o outro lado da cama, mais precisamente para o chão, onde estaria o notebook sem senha de Harry Styles. O Skype já estava conectado, e tudo que ele fez foi salvar os números visíveis de duas pessoas. 786-2234 de Niall Horan e 546-0992 de Liam Payne. O segundo passo já estava feito.

Na guia de navegação anônima, comprou duas passagens: da Irlanda para Londres, de Nova York para Londres (só ida, ele não estava tão poderoso assim). Até antes que Harry voltasse, conseguiu contato apenas com um ser de cabeleira loira. Ele alegou tudo que o cacheado estava sentindo, teve que se apresentar mais de três vezes e também mostrar a confirmação de pagamento das duas passagens de ida. Niall Horan até entendeu bem o fato dele não ter tanto dinheiro para a passagem de volta, ele é um mero estudante, afinal. Acabou, por fim, até ficando responsável por convencer Liam a seguir o destino daqui 15 dias. Era difícil, os dois pares de olhos azuis sabiam. Nunca que se tornaria fácil sair da zona de conforto e país apenas por poucos dias, mas era pela melhor causa de todas.

♡

Os dias voltaram ao normal para Harry&Louis. Eles acordavam juntos todos os dias de manhã, revezavam o banheiro, tomavam café e partiam para suas aulas. Nas aulas em conjunto, eram os que sempre estavam grudados. Quando Louis conseguia alguma brecha de suas horas extras, eles compravam potes de sorvete com sabores diferentes e faziam maratona de série ou dançavam e, pela noite, apenas deitavam e contavam suas frustrações diárias — mais da parte de Louis, porque Harry continuava reservado. Os dias se arrastavam. Eles conseguiram mais uma vez um tempo no final de semana para conversarem com as irmãs de Louis — que eram adoráveis, na humilde opinião de Harry —.

As aulas não se tornaram tão difíceis, talvez porque eles realmente estivessem preparados desde sempre para o curso. A faculdade continuava com os mesmos ares e todos aqueles corredores antigos ainda conseguiam tirar suspiros de Louis e gargalhadas de Harry quando o colega fazia tal ato. O senhor do café continuava sempre lá, e tudo que ele vendia era realmente com gosto de algo que pessoas experientes sabem fazer.

Duas semanas se passaram rapidamente. Era o dia, quinta-feira!

Harry percebeu que até o clima mudou. O tempo estava ameno, nem sol e nem frio, mas dava para usar blusas sem mangas numa boa. O horário que Louis havia marcado era de noite, lá pelas 21h, justamente porque Harry nunca iria desconfiar. O dia foi completamente normal, eles só se abraçaram com mais frequência e Harry teve uma pequena crise de ciúmes quando Louis reencontrou Amy. Louis decidiu levar Harry para o trabalho, o deixando atrás do balcão e sempre o inserindo nas conversas com os clientes mais comunicativos.

20h30. Uma mensagem de Niall, eles estavam chegando e com um convidado a mais.

— H, quer chá?

— Sim, Lou.

— De que?

— Hm... laranja?

— Claro — foi caminhando lentamente para a cozinha.

— Lou?

— Hm?

— Você pode trazer também aqueles sequilhos de nata que você sempre come?

— Claro, anjinho, espere aí.

Harry estranhou quando ao longe viu Louis preparando cinco xícaras, mas acabou por deixar pra lá enquanto Bernardo e Bianca tomavam toda sua atenção. Louis preparou uma variedade de chás diferentes nas xícaras: hortelã, maracujá, laranja, morango e camomila. Ele nem sabia se os garotos tomavam chá.

A porta se abriu abruptamente e três garotos entraram, deixando os olhos de Harry arregalados por não saber do que se tratava, suavizando logo depois.

— M-meninos?

— Zayn? — Louis gritou da cozinha ao reconhecer o antigo amigo, que provavelmente era o convidado.

— Hazz! — Liam e Niall se jogaram no cacheado que estava sentado no meio de todos os lençóis e edredons.

— M-meninos! Meu Deus, eu senti tanta falta de vocês — ele suspirou com a voz trêmula e lágrimas nos olhos.

— Nós também, amor, não chore — Liam disse acariciando seus cabelos.

— Como vocês...?

— Foi o Lewis, bebê, ele tramou tudo — Niall disse se enrolando no nome de Louis que estava enrolado em Zayn.

— Louis, Ni! — Harry corrigiu e se levantou rapidamente (lê-se 'com sangue nos olhos') para tentar separar Zayn de Louis pelo menos um pouco.

Depois de devidamente apresentados, eles terminaram a noite amarrotados em duas camas de solteiro juntas e com xícaras vazias ao redor, todos felizes e Niall com sede por conta do sequilho.