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História Cura - Capítulo dois - Presente


Escrita por: LeoaMarinha

Notas do Autor


Olá, moranguinhos! Espero que gostem. Boa leitura!

Capítulo 2 - Capítulo dois - Presente


"A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de caráter, e quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem."

Arthur Shopenhauer

 

Naquele dia, Sasuke estaria chegando de uma missão em Suna e havia combinado de jantar com Sakura e Sarada no loft de Itachi. Cuidadosamente, o Uchiha mais velho preparou gyudon e torceu em seu interior para que ficasse melhor do que as delícias que Sakura preparava nos fins de semana. Quando estava sozinho, não comia mais do que os tradicionais bolinhos de arroz com queijo derretido e lámen. Entretanto, a visita da família requeria um pouco mais do que aquilo que já estava intrínseco à sua rotina. Pegara a receita do gyudon com uma velha senhora que morava no andar de baixo.

— Namorada? - Ela havia perguntado com um sorriso descaradamente malicioso.

— Não, senhora. - Itachi respondeu da forma mais educada que pôde. - Meu irmão e a esposa virão jantar comigo.

— Que pena. - Ela apertou a bochecha de Itachi, deixando-o constrangido. - Um jovem bonito como você não deveria estar solteiro.

Já nos finalmente do gyudon, Itachi distribuiu o arroz em três pequenas tigelas. Em seguida, o cobriu com a carne cozida e temperada com vinho branco e adicionou as tiras de cebola, também cozidas. Ralou um pouco de pimenta e pintalgou-a sobre a carne, colocando um fio de molho dashi para terminar. Embora não soubesse se aquele era o tipo de prato que Sasuke e Sakura gostavam, tinha certeza de que a cunhada sabia apreciar a boa e tradicional culinária japonesa. Talvez Sasuke reclamasse um pouco da pimenta, mas Itachi não se importava com aquilo - na verdade, os resmungos do irmão o faziam se sentir mais próximo do ambiente familiar.

Depois de organizar a mesa para o jantar, pegou a cadeirinha para a pequena Sarada e a colocou em seu devido lugar. Seu loft já era cheio de vários utensílios da mais nova Uchiha, uma vez que, ocasionalmente, ficava com ela para que Sasuke e Sakura pudessem sair com os amigos e ter seus momentos a sós enquanto casal. Apesar de gostar de ficar com Sarada, Itachi sentia que tinha uma dívida eterna com Sakura - era graças a ela que, hoje, ele enxergava bem com ambos os olhos. Quando retornou a Konoha, sua visão não era mais do que vultos cinzentos em um cenário escuro, mas Sakura logo surgiu com a solução: para voltar a enxergar, ela poderia operá-lo, mas a condição era que ele perdesse suas habilidades oculares do clã. Assombrado por todos os seus crimes, Itachi não hesitou em aceitar. Não possuir mais seu kekkei genkai era uma das razões pelas quais Itachi abandonara o mundo ninja, mas não a única. Precisava de outro estilo de vida, precisava de uma calmaria que as missões e batalhas jamais poderiam lhe proporcionar. Naruto havia insistido, claro, inúmeras vezes para que Itachi lecionasse na Academia Ninja ou trabalhasse instruindo jounins e ANBUs. Entretanto, Itachi recusou toda e qualquer proposta que o ligasse minimamente às habilidades que possuía e que haviam sido usadas contra seus próprio clã.

O som da campainha fez com que Itachi abandonasse seus pensamentos, desse um último retoque nas três rosas brancas no centro da mesa e fosse abrir a porta. Recepcionou Sasuke apoiando o dedo indicador e médio em sua testa, empurrando-o levemente. Ele sorriu para Itachi e lhe afagou o ombro, retirando as sandálias para adentrar. Sasuke carregava uma caixa, mas Itachi não questionou do que se tratava. Sakura sorriu e recebeu um beijo na cabeça, acompanhado de um afago nos cabelos - Itachi a tratava como uma irmã - e, em seguida, estendeu Sarada, que se aproximava do primeiro aniversário, para o colo do tio. A garotinha sorriu e esticou as mãos para agarrar as mechas pendentes do cabelo de Itachi, depois mordeu-lhe a bochecha. Itachi sorriu, permitindo-se inundar pela felicidade que aquele pequeno ser lhe trazia.

— Ela sente sua falta, sabia? - Sakura comentou, fechando a porta do loft.

— E eu sinto a dela. - Itachi colocou Sarada sentada em sua cadeirinha e pegou um urso de pelúcia no balcão da cozinha.

— Nii-san. - Sasuke o chamou, estendendo a caixa. - Um presente.

Itachi pegou a caixa e, quando retirou o tampo, se deparou com uma pequena bola de pêlos mesclado entre preto, caramelo e branco. Franziu as sobrancelhas e, quando ouviu o bicho soltar um dengoso "miau", ergueu os olhos para fitar Sasuke.

— Um gato?

— Você anda muito solitário. - Sasuke deu de ombros. - Nós o encontramos perto de casa e Sakura achou que um animal de estimação melhoraria seu humor. Além disso, Sarada o adorou.

Itachi olhou novamente para o bichano. Ele tentou escalar a beirada da caixa, mas não obteve sucesso. Era tão pequeno que Itachi tinha quase certeza de que havia desmamado há pouco. Ele estendeu a mão para o gato, que cabia em sua palma, e o tirou daquele odioso recinto de papelão.

— Arigatou. - Ele sussurrou, acariciando o bicho entre as orelhas. - Macho?

— Sim. - Sakura confirmou, aproximando-se. - Nós o chamamos de Neko.

— Que original. - Itachi satirizou, aproximando Neko de Sarada. Ela estendeu as mãos gorduchas e pegou nas patinhas do gato, sacudindo-as. - Bom, pelo menos vou ter alguém comigo quando Sarada não estiver. Além disso, eles podem crescer juntos.

— Ainda bem. - Sasuke bufou. - Minha menina não pode crescer no meio de Boruto, Inojin e Shikadai sem um parceiro inofensivo.

— Tsc. Parece de ser ciumento. - Itachi sorriu. - Sakura é muito mais ameaçadora que você. Ela é quem vai colocar moral nesses garotos.

Sakura gargalhou, chamando a atenção da filha, que deixou de acariciar Neko para rir junto com a mãe.

— Vamos logo jantar. - Sasuke chamou, carrancudo. Não gostava de ser desmerecido por Itachi, entretanto, aquilo o fazia acreditar que estavam de fato se tornando uma família novamente. - Quero saber se você realmente presta na cozinha.

Itachi colocou Neko no chão, aos pés da cadeirinha de Sarada, e se sentou próximo à sobrinha. Pegou uma pequena tigela com um bolinho de arroz e legumes cozidos e a entregou para Sarada.

— Itadakimasu! - Exclamaram os três ao mesmo tempo.

Antes de levar a primeira porção à boca, Itachi observou Sakura, sentada à sua direita. As bochechas dela coraram enquanto mastigava o gyudon e um sorriso deleitoso surgiu em seus lábios.

— Itachi-san! Você cozinha muito melhor do que Sasuke jamais cozinhará!

As reações de ambos os irmãos Uchiha se dividiram em duas. Sasuke soltou o ar violentamente pelo nariz, um tanto quanto desgostoso com as palavras da esposa, mas sentiu-se feliz por saber que Itachi estava sendo cada vez mais bem aceito por ela. Itachi, por sua vez, foi tomado por um misto de alívio e sensação de vitória sobre o irmão. Com um sorriso convencido, o mais velho disse:

— Viu, Sasuke?! Você deveria aprender mais coisas com seu nii-san.

Sarada, parecendo entender o que estava sendo dito, bateu palmas e riu, as bochechas grandes balançando. Ela pegou um pedaço bem cozido de cenoura e o colocou na boca, lambuzando os arredores dos lábios. Cuidadosamente, Itachi pegou um guardanapo e a limpou, sem saber que tinha o olhar meticuloso de Sakura sobre si.

— Você cuida muito bem dela. - Comentou.

O rastro de um sorriso de satisfação ocupou os cantos dos lábios de Itachi. Então, ele se sobressaltou, sentindo uma textura áspera tocar seus dedos dos pés.

— Mas que…? - Ele olhou por debaixo da mesa e se surpreendeu ao constatar que se tratava de Neko lhe lambendo o dedão.

— Acostume-se. - Sasuke comentou. - Você provavelmente será acordado assim todas as manhãs.

— Será seu primeiro "ohayo" do dia. - Sakura disse em um tom amigável, como se estivesse sugerindo que a solidão de Itachi havia acabado e que, por fim, ele tinha alguém para lhe amar e dar carinho o tempo todo.

— Precisarei de algum tempo para me adequar a ele. - Itachi mastigou, sentindo o ardor da pimenta descendo por sua garganta. - Mas, mesmo sabendo que as coisas vão mudar um pouco por aqui, gostei do presente. Arigatou.

— Essa foi uma das vezes que te vi falar mais. - Zombou Sasuke.

Itachi nada respondeu, apenas franziu o cenho e prosseguiu com sua alimentação. Apesar de fingir descontentamento para com o irmão, a verdade era que Itachi mal conseguia conter o júbilo dentro de si - estar em paz com Sasuke era, para ele, muito mais do que essencial. Ainda que não houvesse se perdoado, ainda que não se considerasse digno de tal, conviver em harmonia com aquela pequena parcela de família que ele possuía o revigorava e, por alguns instantes, fazia com que ele se esquecesse do caos em seu passado. Talvez - ele esperava que sim -, a felicidade pudesse chegar em seu peito sombrio também.

 

[…]

 

Quando ficou sozinho novamente, Itachi pegou um pote na cozinha e despejou leite dentro. Sentou-se no chão da sala, encostado ao sofá, e chamou Neko para junto de si. O filhote começou a bater a ponta da língua no leite, capturando o para dentro de sua boca as gotas que subiam. Itachi riu, achando graça da técnica que os animais usavam para beber - jamais parara para observar tão de perto. Assim que terminou de beber, Neko subiu em cima da perna de Itachi e se aconchegou junto à barriga do novo dono, esfregando ali a cabeça e ronronando.

— Agora, você não está mais sozinho, Neko. - Itachi sussurrou, afagando o gato entre as orelhas. - E eu também não.

Enquanto acariciava o pêlo de Neko, Itachi sentiu sua energia interior se renovar. A presença do bichano parecia nutri-lo de dentro para fora, transformando tudo o que havia de soturno dentro de si em acalento. Então, enquanto tinha Neko se remexendo e ronronando sob a palma de sua mão, lembrou-se dos olhos tristes e enevoados da garota Mitsashi. Pensou se, quem sabe, a presença de um gato, ou cachorro, ou coelho poderia animá-la tanto quanto o estava animando. Jogou a cabeça para trás, sentindo o assento do sofá acolhê-la, e ficou encarando o teto por um longo tempo, tentando compreender o porquê de não conseguir se esquecer da tristeza da garota. 

— Sabe, Neko, você bem que poderia ter um irmão. Assim, eu o levaria para a casa da Mitsashi.

Ao pronunciar aquelas palavras, Itachi se reprimiu, sentindo-se estúpido por pensar daquele jeito. Sequer sabia se ela gostava de gatos! E, ainda que gostasse, que intimidade tinha para presenteá-la com algo daquele porte? Mais do que isso, o que imaginara que diria ao entregar o animal? Olá, achei que isso poderia fazer com que se sentisse mais feliz. Tolice! Ela o enxotaria à base de lançamentos de shurikens, isso se não pegasse massas e nunchakus para lhe massacrar. Itachi nunca a havia visto lutar de fato, mas já assistira a alguns treinos - às vezes, gostava de ver os ninjas treinarem e observar os erros deles. Encontrara pouquíssimos problemas nas técnicas da Mitsashi, era o mínimo a se esperar de alguém que havia passado tanto tempo lutando ao lado de um dos membros mais excepcionais que o clã Hyuuga tivera.

Um miado de Neko fez com que os pensamentos de Itachi aterrissassem, fazendo-o se esquecer momentaneamente de qualquer coisa relacionada à jovem Mitsashi.

— Vamos dormir, garoto.


Notas Finais


E então, comentários? A fanfic já foi concluída no Nyah Fanfiction e foi um sucesso por lá, pelo menos pra mim. Espero que seja por aqui também.
Beijox <3


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