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História Cure (Larry Stylinson) - Sorry.


Escrita por: MillaWand e curlystylesx

Capítulo 93 - Sorry.


Louis Tomlinson > 

Desde ontem eu não vejo a luz do sol. Para ser mais específico, desde quando voltamos do hospital. Eu não quero ser mal agradecido pelo que estão fazendo por mim... Mas eles não podem me mandar pra longe. A não ser que eu queira, mas é a última coisa que pensei. Quero estar ali ao lado de Harry a cada momento, sem ninguém me impedindo, me deixando ser feliz. 

Eu também tranquei a porta e cobri a janela com o cobertor, então ninguém tem acesso a mim e nem pode ver o que eu faço. Mas não vou fazer nada, nem há como. Só se eu ficar batendo minha cabeça na parede até feri-la, e isso dói. 

Haviam um pouco de papel sobre a escrivaninha. Eu nunca havia reparado se eles estavam sempre ali ou se alguém colocou. Me joguei na cadeira observando as folhas de seda e as tocando levemente. Uma ideia veio em minha cabeça... Mente desocupada não é obra de bem, peguei uma caneta e começei a escrever umas palavras sem nexo.

Eu sempre tive vontade de escrever um livro, na verdade isso é um sonho de criança não realizado: ver seu nome na capa de algum livro em alguma livraria ou banca qualquer, quem nunca sonhou com isso? 

Eram duas e quarenta da manhã, mas os passos no corredor dos quartos eram intensos. Não sabia qual deles era aqui, mas quando ouvi leves batidas na porta me conti, enfiando as folhas com rascunhos na gaveta rapidamente.

-Quem é? -Sussurrei, ouvindo as batidas se cessarem e alguém tentar virar a maçaneta. 

-Sou eu. -Eu conhecia essa voz melhor que tudo. Não ousei levantar da cadeira e muito menos respondê-lo. Deixei o silêncio padecer sobre o quarto atê que ele fosse embora. -Abre a porta pra mim, por favor.

-O que você quer comigo? 

-Por favor...

-Vá embora Maru, eu não quero falar com você. -Levantei da cadeira em passos leves e me aproximei da porta o máximo possivel, colando meu rosto nela. 

-Ok, eu vou falar daqui mesmo. Queria pedir desculpas pelo que eu disse, eu sei que você não é desse jeito, você não é maluco nem doente, nem nada do tipo...  Eu gosto pra caramba de ti, me senti muito mal por aquelas coisas naquele dia...   Você me perdoa? Perdoar o que eu te disse, se quiser...  -Fiquei ouvindo cada palavra abafada que ele dizia. E sinceramente, as coisas que me disse machucaram demais meu coração.  

Destranquei a porta e respirei fundo, a abrindo devagar. Pela cara dele, estava arrependido de verdade, seus olhos chegavam a marejar a cada piscada. Apenas o abracei sem dizer uma palavra, suas mãos envolvendo meu corpo e me apertando. Eu precisava de um abraço mais que tudo, não queria chorar e o preocupá-lo, mas é inevitável quando a pessoa te diz ''pode chorar, chore''. 

 

Marcello Monrey> 

Da maneira como ele estava me examinando, fiquei assustado de pensar no que Louis estava imaginando. Eu queria sair, bravo, ir para longe dele, fora de casa, fora do bairro, ficar sozinho pra gritar ou chorar descontrolado, mas não podia. Eu me sentia preso a ele, como um pai em relação a seu filho, incapaz de deixá-lo mesmo se eu quisesse naquela hora. Eu precisava supervisioná-lo mesmo se estivesse bem. 

Não levei muito tempo pra perceber que o humor de Louis era imprevisível. Em um momento ele entrava na conversa, às vezes começava, outras vezes só tolerava e, depois... De repente, se ia. Por completo. Retraía-se para sua mente, um olhar tão perdido, às vezes tão bravo que eu tentava imaginar o que ele estava pensando. Isso podia durar horas. Ele se fechava por inteiro. Foi isso que aconteceu depois de eu gritar por ter rasgado página por página de cada livro, como se quisesse descontar a raiva. Eu o vi se acomodar na cama para mais uma hora de coma, odiando a vida, odiando a si mesmo, odiando todo mundo e tudo à sua volta e, assim, intervim para consertar aquilo. 

-Certo, vamos. -Joguei meu casaco nele. 

-Não vou a lugar nenhum. 

-Sim, você vai. Quer desaparecer? Quer se perder? -Louis olhou para mim confuso. -Você quer ficar perdido? Ótimo, vamos nos perder. 

*****

Louis gostasse ou não, eu havia insistido para que ele me seguisse. Apesar de seu alto astral depois de desabar suas mágoas comigo, não podia arriscar deixá-lo sozinho. Estávamos dando grandes saltos para a frente, um pouco com Harry, um pouco com ele mesmo, mas para cada salto, havia alguns passos pra trás. Eu o impedi esta noite de atender telefonemas, ver TV, rasgar livros ou chorar, o trouxe para fora de casa, em contato com o frio e o céu escuro.

Éramos eu, ele e a lua. 

Louis precisava se concentrar no que era positivo; havia maneiras de se manter em contato com a realidade sem se permitir ser bombardeado por cada esperança falsa que saía daquele hospital. Eles ligavam de hora em hora pra dar notícias, a maioria sempre dizendo a mesma coisa ''ele está bem'', mas todos sabemos que não é assim. Uma hora atrás, tinhamos montado um grande quebra- cabeça, mas segundos depois, ele saiu chutando tudo pela sala, nervoso, e mais uma vez entrou em coma sentado ao sofá. Eu sabi que aquela atividade não iria salvá-lo, mas me ajudou a descobrir mais sobre ele, já que fazia ser mais fácil ele conversar comigo. 

E o vendo perdido em seus pensamentos enquanto andávamos pela rua vazia me deu um sentimento de preocupação ainda mais forte. Ele é uma pessoa muito misteriosa, não sei do que é capaz de fazer, tanto que segurei em seu braço quando passamos perto de uma pequena ponte... Sim, meu medo é de que ele se jogasse. 

-Não sendo mal educado com você, mas, já sendo, eu acho que está sendo um pouco chato comigo. Eu estou te dando toda atenção do mundo e tu não fala comigo, só fica olhando pro nada, perdido... -Suspirei, o vendo assentir.

-Eu não estou sendo chato, só não é uma boa hora pea conversar com alguém. É isso que estou entendendo. 

-Ótimo, se você não quer conversar, tudo bem, mas pelo menos aproveite o passeio, a madrugada está linda... Sério, te fará bem. 

-Sabe o que me faria bem? Você calando a boca e parando de tentar me ajudar! Eu estou bem! -Gritou comigo, me fazendo parar de andar. 

-Tudo bem, estou calado. 

-Podemos voltar para casa? Estou congelando aqui fora. -Esfregava seus braços por cima do casaco. 

-Essa é a intenção.

-Ficar doente? O que? 

-Sentir. Apenas sinta, relaxe, respire. -Continuamos andando e também foi bom para dar um tempo para nós dois pensarmos. 

Naquela manhã, ouvira o choro soluçado abafado dele enquanto estava no banho e fiz planos para solucionar o resto de seus problemas. Eu acreditava que a maioria das coisas era possível se ele tivesse força de vontade, como comer ou fazer tarefas diárias, não se trancar no quarto vinte e quatro horas.  Havia umas folhas sobre a mesa, eram alguns rascunhos de alguma coisa. Espiei para ver se Louis ainda ia demorar no banheiro e peguei as folhas rapidamente. 

''Quando o sol adoeceu e a lua apareceu, quando o mar levantou as ondas e a praia escureceu, foi como se isso tudo tivesse acontecido dentro do meu peito. O sol sou eu, a praia minha alma. Você entende? Quer dizer, finja que uma flor é seu coração e cada pessoa ao seu redor arranca uma pétala dessa flor, aos poucos era vai ficando sem suas pétalas e perdendo suas folhas, é exatamente assim que me sinto.'' 

-Você escreveu isso? -Perguntei quando ele abriu a porta do banheiro e me pegou mexendo em suas coisas. 

-Sim. -Ficamos em um longo silêncio e esperei que me perguntasse alguma coisa, mas me surpreendeu ao não perguntar. 

-Dá licença, preciso ver meu pai. -Comentei, colocando as folhas de volta na mesa. Dei um pequeno sorriso a Louis e dei passos curtos até a porta, o observando sentar sobre a cama. 

 

Louis Tomlinson > 

Harry estava internado no Hospital particular do centro. Ele havia entrado para um rápido procedimento para sua doença a três dias e ainda estava ali. Apesar de ser a pessoa mais arrogante e perder o controle por se sentir inútil em uma cama, todos ainda estavam usando o melhor da medicina moderna pra tentar deixá-lo vivo.  O quarto dele não era um que alguém escolheria entrar, graças ao medo de surtos, ofensas verbais e coisas do tipo, mas comigo era diferente, apesar de estar todo encanado, ele havia conseguia conversar pouco, mas os olhos mal se abriam. Ele queria e precisava melhorar.

Conforme seguíamos a mulher que levava o jantar, que empurrou a porta para entrar, tive um vislumbre de Harry deitado em sua cama, provavelmente dormindo como a maioria do tempo. Não havia nada de tranquilizante naquele quarto para onde ele fora mandado se cuidar. Mas não era um quarto que dava a ideia da possibilidade de uma despedida deste mundo, era um quarto cujo ocupante não tinha desistido do mundo e iria cair lutando se fosse necessário. 


Depois da visita desastrosa ao hospital (na qual eu fiquei muito mal por ver Harry naquele estado), ficamos em casa na hora do almoço, apenas eu, Maru e Mariana, já que os pequenos estavam na escola e Diana trabalhando. Nós estávamos todos sentados na mesa e Mari se levantou e saiu, do nada, foi para seu quarto e nos deixou sozinho. Eu batia meus dedos de leve sobre a madeira da mesa e já estava ficando sufocado pelo silêncio. 

-Vou tomar um banho. -Abri a boca para gritar um pedido de desculpas a ele. Pedir desculpas por ser um mala ontem, de boa vontade veio falar comigo e fui mal agradecido. Porém, eu não disse nada. Não importava. Eu tinha dito no carro algumas coisas e pedido desculpas indiretamente; tinha tentado transformar o episodio todo em uma experiência positiva, sobre encarar a verdade e lidar com as consequências, mas era difícil ser convincente. Eu havia avaliado mal a situação. Fora ingenuidade minha pensar que eu poderia encontrar uma maneira óbvia de sair de um problema criando outros. Fora explorando todas as rotas de fuga que eu tomara a decisão desesperada de abraçar Maru por trás. Ele não queria mais ouvir minhas palavras. Elas não estavam consertando nada. Minhas desculpas não mudariam coisa nenhuma. 


Às onze da noite, chutei a cama em uma crise de frustração e oficialmente desisti de tentar dormir. 

-Você está dormindo? -Chamei Maru. Ele havia colocado um colchão ao lado de minha cama e deitado ali sem nenhuma explicação. Não havíamos trocado uma palavra à tarde toda e isso me deixou muito irritado. 

-Sim. -Respondeu. Revirei meus olhos pisando no colchão fofo e me espremendo, deitando ao seu lado. Ele suspirou. -Volta pra sua cama, Louis. 

-Me deixa aqui, por favor. -Pedi educadamente, já sabendo de sua resposta. Mas ele não insistiu e deu as costas para mim, fiquei observando o escuro e depois bufei. 

-O que foi? 

-É durante nossos momentos mais sombrios que devemos nos concentrar para ver a luz. -Falei alto, de memória, me aconchegando nos cobertores sobre o colchão. 

-Você em algum momento vai voltar para sua casa? -Disparou. Percebi tarde demais que ele estava realmente se preocupando comigo. 

-Eu... Acho que vou sumir. -Minha resposta o fez se retrair para sua colcha, se virando de frente pra mim. Ficamos rosto a rosto, mas estava escuro e consegui ver apenas seus olhos. Parecia que havia um campo de força invisível que nos separava, mesmo tão próximos. Maru se remexeu desconfortável, talvez pensando em alguma coisa. 

-Eu não quero que você vá embora. Nunca. -Fiquei em silêncio. Eu não sabia o que dizer a ele, mas um sorriso escapou de meus lábios do nada, não estava esperando por isso e rezei para que ele não tivesse visto. Maru revirou seus olhos.  

-Não é isso, não estava sugerindo isso. 

-Você disse que iria sumir. 

-Nem é de mão beijada, vocês não me encontrariam mais em lugar nenhum, quem sabe dentro de um lago afogado... -Sugeri, sentindo sua respiração em minha bochecha. 

-Estou tentando salvar sua vida... Só isso.

-Você pode pagá-la deixando eu ir, não vai ser difícil. -Levei uma de minhas mãos até seus cabelos e os acariciei de leve. 

-Te ver vivo vai ser pagamento suficiente pra mim. -Meus olhos se encheram de água e desviei o olhar rapidamente. Eu estava perdendo a cabeça aos poucos. -Você quer passar mais uma madrugada acordado? -Balancei a cabeça negativamente. 

-Não... -Limpei meus olhos, o encarando depois. -Acho que não vou conseguir... 

-Shhhh... -Ele tocou gentilmente minha bochecha, a acariciando. -Então descanse, você não dormiu nem um pouco de ontem para hoje. -Assenti, fechando meus olhos devagar. Seus braços pesados me envolveram e senti uma grande proteção, como se eu pudesse dormir tranquilamente. -Boa noite, Louis. 

-Boa noite, Maru. -Sussurrei, recostando minha cabeça em seu peito devagar. 

 

Marcello Monrey > 

-Como você está? -Sentei na cadeira em frente a Mariana. Deixei Louis dormir o quanto ele precisava e saí do quarto sem fazer o mínimo de barulho. 

-Estou bem. -Ela se remexeu, parecia cansada.

-É silencioso sem as crianças, né? -Comentei, pegando um pouco de café. Nossos pais haviam saído para trabalhar e deixaram assinado uma advertência na escola com cinco dias de 'folga' para nós. Diana e Siara nos deixariam em dia de tudo o que estava acontecendo lá dentro. 

-Sinto muito por não estar ao seu lado esses dias. 

-Você esteve. Além disso, está muito ocupada com Ivy, Darh e companhias. -Acrescentei com um sorriso.

-Pare.  -Fiz que não com a cabeça. 

-A Siara me mandou uma mensagem de texto gentil falando da mamãe, disse que estava com saudades e falei que ia dar aula nos segundos anos hoje. 

-É bom ela saber disso, não é só nós que sentíamos falta de casa. 

-Hm... -Dei um gole no café e olhei para a xícara, a balançando em minhas mãos. -Como estão as coisas com a Samantha? Bom... 

-Boas. Bem... Ótimo. -Mari suspirou. Eu sabia que não estava nada bem com elas. As duas se gostavam, mas é quase que impossível, Samantha é muito... Do mundo, digamos assim. -Eu, você é muito bom em ajudá-lo. 

-É, ele está passando por uma fase ruim. 

-Ahã. -Mariana estava mordendo o lábio para parar de sorrir.

-Para! -Eu a empurrei delicadamente. -Estou tentando falar sérioz 

-Eu sei, estou vendo. -Suspirei, lembrando daquelas folhas. Eu sinto como se de lá não fosse sair coisas boas, Louis parecia tão concentrado em escrevê-las que uma hora me deu um pouco de medo.  -O que foi? 

-Estive mexendo nas coisas dele. -Procurei as folhas que tinha pegado de manhã em meu bolso. -E encontrei isso. -Entreguei o monte de papéis. Havia muito a dizer, então olhei para ela. 

-Me diga, o que estou vendo aqui? -Mari parecia cada vez mais assustada e surpresa enquanto deslizava os olhos pelas folhas. Bateu com força a mão na mesa, em cima das folhas e me olhou assustada.

-O que foi que você viu? -Perguntei confuso, recolhendo as folhas antes que alguém pudesse ver. 

-Esse garoto precisa de ajuda, rápido. 



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