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História Cursed Lovers - Ato VII - Luzes


Escrita por: UchihaKonan

Notas do Autor


Olá! Olá!
Espero que aceitem como presente das festividades de fim de ano.
Beijos :)

Capítulo 7 - Ato VII - Luzes


  /LUZES                                                              

O bater da porta não fez Karin olhar para a direção do som. Até ouvir Suigetsu pigarrear.

— O que tanto vê ai? — ele perguntou.

— Ela está triste — a ruiva disse, cruzando os braços sobre o peito —, já não bastasse o fim do outono, agora isso.

— E ficar observando a Haruno vai fazê-la ficar melhor? 

Devagar, ele se colocou ao lado da moça, olhando para a figura de Sakura que se mantinha atarefada com suas flores no jardim. O capuz do manto forrado dela tapava-lhe o rosto de bochechas rosa, além da cabeleira. Sentada ao chão, forrava o solo com palha. Os meses corriam depressa nesses tempos, podia jurar que estavam no verão há pouco tempo, até que as folhas começaram a cair e tornar tudo amarelo. A jovem de cabelos róseos estava presa demais com a tarefa de proteger as flores do inverno que logo viria. 

Mas, ainda que ela sorrisse ao ver os outros, Karin sentia a melancolia que a seguia de um lado ao outro pelo castelo, como se algo a viesse preocupando, ou pior, a tivesse ferido profundamente. Pensara em falar com a moça e perguntar-lhe, porém, deteve-se. Conhecia bem o futuro dos laços que criava. Não era a melhor para ter amigos, algo que Suigestu ria, alegando ser tolice. Entretanto, que poderia saber ele se nunca possuiu nada?

Alguns chamavam de maldição, outros de sorte. Lorde Sasuke chamava de eterno inferno. Jamais morreriam ou envelheceriam. Assim tinha dito o homem de casaco preto e longos cabelos negros como a noite, com sinos de prata atados nas pontas. Um preço alto demais por manter os que amaram um dia a salvo.

— Karin, ela ficará bem — o cocheiro murmurou.

— Sei que sim — ela puxou a cortina. — Pensei que fosse dar certo, ao menos dessa vez.

— Talvez ele não queira — ele encolheu os ombros —, não podemos controlar Sasuke. O conhece bem.

— Achei que estava errado.

Os dias de sol e calor finalmente haviam partido e, por mais que quisesse sentir falta, começava a tomar a premissa de inverno com carinho. O céu tornara-se cinzento, as folhas caíam pardas ao solo branco que começava a cobrir toda a construção. Ter esse clima sombrio soava para Lorde Sasuke uma promessa melhor do que a que o verão e primavera o traziam, nesse período sentia-se o que realmente o é. O silêncio que vinha também o era admirado.

Mas, diante de todo esse clima que o aconchegava de certa forma, algo o incomodava desde as semanas anteriores. A quietude que a jovem Haruno tomara para si o deixava com a sensação de estar alheio ao que ocorria sob o seu teto. Entendia que diferente dele, Sakura ainda tinha em si os sentimentos intactos e um passado mais doce que o dele, com memórias cercadas por pessoas que sempre nutriram sentimentos afáveis por ela, não uma vida solitária como a de Sasuke.

Ao chegar para o café da manhã, no jardim privado, encontrou apenas um silêncio gutural que o causava estranheza. De certa forma tinha se acostumado com os sons de Sakura e suas pás, vasos e cantarolar. Mas tudo mudara no mês que veio. Como se ali não vivesse mais, ficava difícil vê-la. A jovem permanecia calada e desviava do caminho dele sempre que o encontrava, ou então baixava os olhos. As conversas que ela insistia por ter minaram por completo e, como se faltasse algo, Lorde Sasuke sentia-se alheio a tudo.

Diferente das outras manhãs, ao menos nessa, encontrara-a em pé, calada e com os olhos verdes presos num ponto invisível a ele. 
Sentou-se e permaneceu olhando para a xícara, o farfalhar da copa do carvalho sacudia-se e derrubava suas folhas ao solo. O céu cinzento aparentava contrastar com o humor da jovem Haruno: fechado e quieto. Não se recordava da última vez que sentira algo como isto que agora se apertava entre as paredes de seu âmago, forçando-o a provar de um sentimento de perda. 

A noite em que a tivera em seus braços, ambos compartilhando de uma dança e conversa sem importância, ele partira o anel que Sakura trazia ao pescoço com devoção, como se fizesse parte de si. Vira pela primeira vez naqueles olhos esmeralda uma amargura, mas suas palavras o tinham atingido em cheio.

"Por que sempre machuca as pessoas?", ela o tinha questionado. Sasuke compreendia que isso fazia parte de sua natureza. Desde que se tornara algo que muitos considerariam impossível, ele passara a causar dor aos outros, mesmo que não fosse sua intenção. Perder a tudo e todos o tinha deixado cego demais para encontrar a  luz, quando havia a promessa de que seria outra vez feliz então, tentava se afastar. Sabia exatamente o que ocorreria se se aproximasse de alguém. Amaria para em seguida perder, restando apenas ele e seu castelo, um monte de pedras que o causavam raiva na maior parte do tempo.

Naquela noite em questão, não tivera intenção de partir o anel em pedaços incontáveis, fora um infortúnio acometido pela ira do momento. A afirmativa de Sakura, dizendo-o que já havia cometido tolices por amor dera-o o combustível para desencadear um acontecimento que teria sido evitado.

De momento, pensara que selaria os lábios aos dela, sentindo o sabor da vida e que os lábios úmidos e rosados o tanto deixavam curioso a respeito, até ela dizer que ele também tinha feito algo. E realmente havia. Os anos lhe serviam de testemunha, seu preço por uma tolice era permanecer, mesmo quando todos já tinham partido. 

Olhar para a figura que comumente jorrava vida em seus salões e refeições o forçou a olhá-la. Petrificada e sendo aquecida por um manto forrado, ela não o observava como a tinha notado fazer das vezes anteriores.

A Haruno deu um passo em direção da saída, segurando a barra do vestido entre os dedos e arrastando o manto logo atrás de si. Movido por um sentimento incomum, o Uchiha se eriçou na cadeira e a acompanhou ir em passos lentos até a abertura ornamentada do jardim.

— Sakura — chamou-a, sem encontrar um motivo para fazê-lo.

Lentamente, a jovem virou-se na direção dele e trouxe o par de olhos verdes carregados por uma melancolia que o causava culpa, o mesmo sentimento que o tinha atingido na noite em que a vira chorar e lançar-se sobre os estilhaços.

— Sim, Lorde Uchiha? 

Comprimiu os lábios e cerrou o punho, para então suspirar pesadamente. Era tolice aquilo, Sakura não passava de sua criada. O passado deveria ficar lá, no vale do esquecimento.

— Esqueça — ele disse —, pode ir.

Com uma reverência curta e sem seu sorriso que o deixava irritado, ela partiu. 
 

À tarde, terminava de escrever as cartas para o vilarejo, dando ordens aos ministros da fazenda, capitães e banqueiros, fazendo seu papel de senhor. Com o inverno se aproximando e após ter recebido diversas mensagens de que a neve viria mais rude nesse ano, deveria instruí-los a se defender e preparar-se para a temporada.

Com a chegada do inverno vinha também a temporada de festivais e caças. O momento tornava-se mais propício para a caça de lobos nas matas, mas também requeria maior defesa dos muros da cidade. Lorde Uchiha pedia ao Capitão Yamato para que encontrasse novos guardas para a vila, a fim de tornar o local mais seguro.

Revisava todas as ordens, até ouvir a porta de sua sala privada abrir-se. Ligeiro, lançou os olhos em direção da abertura, esperando encontrar a cabeleira rósea pendendo e o sorriso de dentes brancos a encará-lo. Mas sentiu-se tolo quando viu Karin, olhando-o e com feições sérias.

— Um artista gostaria de falar-lhe — a ruiva disse. — Devo mandá-lo subir?

— Não — Sasuke respondeu —, encontrarei-o no salão principal.

— Como quiser...

— Onde está... — ao que os olhos da mulher o encararam com curiosidade, deteve-se em perguntar a respeito de Sakura. Não deveria dar luz à ideia de viver a querer saber dos movimentos da moça. — Irei num instante. 

Karin acenou com a cabeça e desapareceu no corredor, fechando a porta e o deixando sozinho. Antes de sair, amontoou as cartas num canto e foi.

Pintores, escultores e cantores vinham aos montes para o castelo oferecer ao Uchiha algum trabalho. Fosse uma pintura dele, um busto ou canções. E entendia que com o começo das festividades de inverno o vilarejo de Konoha se encheria destes. 

Ao chegar à sala, encontrou o rapaz com diversos rolos de pergaminhos enrolados embaixo do braço, enquanto no chão uma arca de madeira se mantinha intocada e fechada. Os cabelos longos e loiros dele caíam sobre um dos seus olhos, suas vestes eram de segunda mão e o cinto repleto de pincéis e pedaços de carvão. Um manto surrado e velho pelo tempo se desbotava, as botas de couro enchiam-se de poeira e furos. De todos os artistas que vira em toda a sua longa vida, este era o mais simples de todos. Os olhos azuis dele corriam por todo o cômodo e cintilavam em interesse, seus dedos moviam-se ligeiros, como se calculasse qualquer coisa. Um esquisito por inteiro.

O artista sorriu ao ver Lorde Sasuke Uchiha se aproximar, para em seguida fazer uma reverência que causou ao seu manto um deslize pelo ombro.

— Ah, Lorde Uchiha — ele disse —, agradeço-o por me receber. Sou Deidara, artista de Iwagakure.

— Seja lá o que for que veio oferecer — Sasuke disse —, não tenho interesse.

— Deixe-me mostrá-lo e sei que não recusará, senhor.

Antes que fosse permitido ao Uchiha dizer algo, o rapaz abriu um rolo de pergaminho, estendo ao Lorde um rascunho. Observou o desenho feito com carvão, notando os traços que juntos formavam um pássaro. 

— Tenho me dedicado às artes das peças, milorde. Engrenagens, alguns chamam, un — Deidara disse e tomou o papel das mãos de Sasuke para em seguida desdobrar outro. — Veja. As partes se encaixam e causam à ave um voo natural, milorde. Mas é todo feito de metal.

— Uma escultura em aço? 

— Oh, se assim quiser chamar... 

— Deram-me artes assim anteriormente, um pássaro comum e em aço não me chama a atenção — o Uchiha devolveu o pergaminho ao artista.

Obstinado a convencê-lo, o artista se ajoelhou diante da arca de madeira, abrindo o fecho com uma chave dourada que tinha presa numa fita de couro ao pescoço. Um clique e a tampa da arca foi levantada, expondo tecidos aveludados em vermelho, onde aço em dourado cintilava com a luz pálida do salão. Com delicadeza e devagar, Deidara retirou a peça do amontoado de veludo e o direcionou a Sasuke.

O pássaro dourado tinha os olhos rubros, à distância poderia se dizer ser feito de rubis. Pequenas peças se atrelavam umas às outras, dando forma a escultura.

— Já disse que não tenho interesse — Lorde Uchiha murmurou.

— Milorde, sei que pensa ser este apenas uma escultura — Deidara o indicava para que tomasse a peça em mãos, o que sem saída ele o fez. — Mas, quando essa ave é lançada para o voo, deixa fogos de cores infinitas espalharem-se pelo céu. Seria um artefato único para o Festival de Inverno, senhor. As pessoas na vila ficariam admiradas, un.

Os olhos negros pousaram no aço lustrado da escultura, observando os detalhes. Ao que subiu a visão, encontrou outra figura para olhar que não a do artista. Lá fora, entre a neve recém caída e as flores protegidas, Sakura estava sentada no solo e amontoava montes e mais montes de gelo, decorando o que fazia com gravetos e folhas. Mínimos flocos de neve caíam, pousando no capuz do manto dela. 

Nesse instante esqueceu-se do que estava a tratar e deu por si olhando-a, tão sozinha e... triste. Mas acima de tudo, uma cor viva diante do cinza e branco que circulava o clima e cenário do castelo nos últimos tempos.

— A sua jovem senhora também iria gostar, un — o artista disse, notando o que ele fazia.

— De quanto ouro precisará?

Deidara sorriu, compreendendo que o Uchiha iria apoiá-lo em seu trabalho.

Ao despertar tinha visto todo o castelo se tornar branco, a neve viera silenciosa durante a noite. Sakura estava ansiosa por isso. Com o inverno vinha um dos seus festivais preferidos no vilarejo: O Baile de Máscaras. Mas não eram as máscaras ornamentadas que a causavam alegria, eram os fogos multicores que preenchiam os céus com as doze badaladas. Luzes e mais luzes enchiam o céu noturno, como se mil estrelas se partissem diante de seus olhos. 

Pensou em pedir ao Lorde Uchiha permissão para deixá-la ir ao festival, apenas para ver as luzes. Mas seu interior sentia-se ferido. Desde o incidente na biblioteca, a ideia de encará-lo a enchia de tristeza e uma amargura que não a cabia. Ainda assim cumpria suas tarefas e, quando nada mais restava por fazer, dedicava-se ao jardim e na tentativa de não pensar nele. Entretanto, tudo a recordava Sasuke. Ele vinha em seus pensamentos e ficava. E tudo que sentia era uma mistura densa de vontade de não vê-lo mais, tinha ele tomado dela o presente mais carinhoso e de alguém que a amara de todo coração, importante em sua vida.

Deveria odiá-lo, pensou por fim. Mas Sakura não conseguia, pensar que ele se assemelhava a ela por ser como o é devido à solidão e ausência de amigos a fazia repensar na ideia de criar antipatia. Dessa forma, decidiu que iria ignorá-lo, evitar a todo custo cruzar o caminho e olhares.

Os primeiros dias foram difíceis. Sempre que montava a mesa das refeições e ele surgia, esquivava os olhos e mirava num ponto qualquer. Para segundos depois observá-lo a espiar de esguelha, em segredo. Manter o silêncio e evitar arrumar assunto com ele a parecia impossível. Queria dizer que o jardim ficaria bonito depois do inverno, que a fonte voltara a funcionar depois de pedir a Suigetsu que consertasse os canos d'água. Mas se o fizesse, se sentiria ainda mais triste, porque a proximidade dele a tinha feito perder sua melhor lembrança do que um dia lhe serviu como lar. 

Pensar nessa parte de sua vida a enchia de saudades da época em que sentava-se numa mesa longa, farta, com o irmão ao lado. Ainda pequena, durante o inverno, recordava-se de ter visto as luzes brilhantes e coloridas no céu pela primeira vez e ter ganho do irmão um beijo carinhoso na bochecha. Mais tarde naquela noite, havia visto a neve cair em sua janela e se enroscar nos galhos de um limoeiro que entrava pela abertura, se enroscando nas cortinas e acariciando a face da Haruno. Sua melhor lembrança era esta, ligada eternamente ao anel. Que já não possuía mais...

Quando servira o café da manhã ao Lorde Uchiha, já sentia-se apta para manter-se distante dele o suficiente. Mirava um ponto qualquer no chão a frente, ignorando a presença dele. Mas quando ele a chamou, o coração bateu ligeiro. De costas, tudo que fez foi parar e apertar as unhas na palma da mão, se forçando a não demonstrar fraqueza por aquela voz ou por ele. Estava decidida a se manter longe, abandonar a ideia de que poderia ajudá-lo a não se sentir tão sozinho.

Os olhos negros a encararam cintilantes na luz da manhã, os lábios dele se contorceram e acabou por mandá-la partir. Sentiu-se frustrada, por instantes jurara que ele a pediria perdão, ou então iniciaria uma conversa. Porém, nada fez além de mandá-la ir.

Naquela tarde, depois de completar as tarefas, dirigiu-se ao jardim. Sozinha e no silêncio do castelo, sentara-se junto dos montes de neve que se acumulavam. Com a mão, começara a dar formas para o gelo. Não tinha em mente o que faria, até se recordar do que Hikaru a contava sobre o castelo dos pais, uma construção que Sakura jamais tinha visto, mas imaginava-a.

O irmão a tinha dito que o lugar possuía uma torre alta, de onde se podia olhar as estrelas e se quisesse, até tocá-las. Assim, a jovem Haruno pegou um monte de neve e a deu forma de torre, esticando e levantando. As muralhas que ele a tinha descrito vieram em seguida, seguidas de torres menores. Fez também um fosso e um jardim ao canto, onde Hikaru dissera ser o local em que a mãe cultuava os deuses. O obelisco erguia-se ao centro de tudo, para decorá-lo, ela pusera um galho pequeno na ponta, com uma folhinha a se sacudir pela brisa.

A praça dos mercados veio depois, ela usara folhas secas para fazer as tendas, enquanto os galhos serviam de suporte ou mastros. Com as mãos enluvadas os dedos iam se congelando aos poucos, porém, também o castelo ia surgindo. Quando terminou após as memórias das palavras do irmão se extinguirem por fim, Sakura olhou para o que havia feito.

Lar, ela sussurrou e o vento levou suas palavras. Talvez em nada se assemelhasse na realidade, mas era o mais perto que podia chegar. Hikaru contara que o castelo original tonara-se ruínas após o pai tê-lo vendido a um Lorde qualquer. Da mudança para Konoha a única coisa que ele tinha da casa de sua infância era um estandarte com a ponta queimada. 

Instintivamente, levou a mão ao pescoço, tateando em busca do anel que ali mantinha. Não o encontrou, é claro. 

Esse não é o meu lar, pensou melancolicamente, olhando para os montes de neve a que dera forma. Olhou ao redor, para o castelo de Lorde Sasuke e suspirou, sendo aos poucos dominada pela sensação de que agora teria de se acostumar com o lugar, fazê-lo ser seu lar, como sempre fizera com os outros pelos quais passara. 

Com um movimento de mãos, derrubou toda a construção e caminhou para o interior do castelo.

Os dias seguiram-se como todos os outros. Fugia de Sasuke o máximo que podia, ignorava a tentação de observá-lo e falar. Até que a noite do festival veio, trazendo o costumeiro céu estrelado. Na noite em questão, Karin tinha preparado um jantar especial, feito também para ser partilhado entre eles na cozinha. Sakura optou por nãos e juntar aos dois criados, ficara na janela da sala de jantar.

Lorde Uchiha chegou vestido em veludo vermelho e dourado, quando o vira, não tentou fugir dos olhos dele. Permitiu que se olhassem. Ele parou diante dela, erguendo-se alto e a olhando profundamente. Próximos demais, ela pensara, decidindo se devia ou não dar um passo para trás e se afastar.

— Sakura — ele disse —, jante comigo.

Abriu a boca para dizer algo, mas o som não veio. Aceitou o convite e o deixou guiá-la até a mesa. 

Ainda que jantassem em silêncio, algo a dizia que esta seria a forma dele de pedir-lhe perdão. Não que fizesse questão disso, entretanto, se fosse sua maneira de fazê-lo, então ele estaria indo contra sua frieza. Sakura sorriu pensando nisso, que talvez finalmente fosse conseguir ajudá-lo a não ser tão solitário. 

E Sasuke notou o sorriso. 

— Há algo que deve ver — o Uchiha anunciou, levantando-se e indo em direção da janela.

Sem nada dizer, seguiu-o. Parou ao lado dele, até ver um rapaz loiro no jardim, carregando algo dourado nas mãos. Não pôde distinguir o que era, até o artista soltar a ave em voo. O brilho dourado se contorceu no céu, indo de um lado ao outro, voando e jorrando por onde passava brilho. Até subir tão alto e se transformar em faíscas coloridas. 

A Haruno sorriu abertamente, tomada por um euforia que a enchia os olhos cristalinos com lágrimas que não cairiam.

— É lindo, milorde — ela murmurou, sem tirar os olhos do brilho constante.

— Aqui — ele tirou do bolso uma correntinha fina e dourada, mostrando a ela —, sei que não possui o mesmo valor que o anterior. Mas saiba que pertenceu a alguém importante a mim. 

Lorde Uchiha não esperou que Sakura dissesse algo, ligeiro, se alocou atrás dela e circulou o pescoço com a correntinha, qual trazia um anel. Este era ornamentado por uma única pérola, branca e cintilante na luz. Tocou a pedra, sentindo-a em seus dedos. Sorriu. 

— Não precisa disso — a Haruno falou. — Entendo que foi um acidente.

— Quero que fique com isso.

— Por quê?

Ele ainda se mantinha atrás, tudo que a restou fazer foi virar a cabeça na direção dele, para receber seus olhos escuros olhando-a. Tomados por um silêncio e sendo iluminados pelas luzes multicores, fitavam-se, enroscando-se um ao outro como se fossem únicos. Pouco a pouco iam se aproximando mais. Quando sentiu seu corpo se apoiar ao dele, ela sorriu. Cuidadosamente, a jovem Sakura trouxe o rosto dele para junto do seu, com a mão esquerda a tocá-lo na bochecha,a cariciando. Sasuke a segurou no pulso, mas não exercia força alguma, sequer relutava contra o ato da pequena.. Ao que os lábios se tocaram, ela fechou os olhos, sentindo-o quente contra a sua boca. Ele não hesitou, ela o aceitou. 



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