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História Cursed Lovers - Ato IX - Passado


Escrita por: UchihaKonan

Notas do Autor


Olá!
Espero que aproveite ao máximo.
bjos

Capítulo 9 - Ato IX - Passado


  / PASSADO                                                         

A atmosfera da taberna estava mais pesada que o comum. As candeias que iluminavam o espaço tinha um cheiro de óleo forte e que exprimiam um odor mais intenso que comumente. Suigetsu puxou o capuz mais rente à face. Ainda que o lugar fosse lotado pela ralé, bêbados que não podiam ver um único dedo em frente sem enxergar triplicado, não correria esse risco.

Avançou por entre a multidão, espremendo-se entre os homens. Algumas mulheres levavam jarros com cerveja para as mesas lotadas, passava por elas e conforme ia mais a fundo, o som tornava-se alto. Vozes misturavam-se a canções, gritos de apostas e poetas bêbados. Ignorou a todos, seu destino estava num canto mais isolado, onde um archote iluminava a pequena mesa.

Sentada e com um jarro de vinho na mesa, a mulher de cabelos azuis pilhava livros ao redor. Cartas eram atravessadas por um punhal, enquanto a taça de cristal dela iluminava-se. Konan tinha vindo de terras distantes, dizia-se na vila. Uns chamavam de feiticeira, outros de curandeira. Mas o certo era que suas poções funcionavam para tudo e todos.

O vestido negro dela desdobrava-se em bordados em dourado e o colar dava inúmeras voltas no pescoço. Ao vê-lo se aproximar, ela baixou o livro que tinha em mãos e o indicou a cadeira em sua frente. 

Antes que pudesse dizer algo, deixou o saco com moedas cair sobre a madeira. Konan sorriu e colheu o pacote, desfez o laço e colheu uma moeda dourada. Mordiscou e voltou a sorrir, enquanto enfiava o montante nas vestes.

— Ai está a minha parte — Suigetsu disse. — Tem o que pedi?

— Uma poção para os sonhos — ela depositou o frasco na mesa. Um límpido e pequeno cristal que facilmente seria ocultado nas mangas. Fácil de manejar, ele pensou. — Um gota e dormirá tranquilo. Duas e não saberá diferenciar a realidade da ilusão. Três e seus segredos serão revelados com facilidade.

— Quatro?

Konan sorriu ainda mais.

— Não me interessa o que meus clientes fazem com as poções — ela se abaixou —, mas não deseja enlouquecer um homem, não é? coisas ruins vêm de uma mente em perdição.

Ao que a noite caiu, encontrava-se no escritório privado de Lorde Sasuke. A xícara com o chá fervente o chamava a atenção, mantendo o frasco em mãos, ponderou se deveria ou não fazê-lo. Mas Karin estava disposta a acabar com a maldição e roubá-lo a vida eterna, qual estava carregada por promessas de um futuro melhor a cada ano vivido. 

Não se demorou para abrir o frasco e se dirigir até a xícara. Os passos no corredor o forçaram a deixar as gotas caírem sem ser dosadas. Praguejando, escondeu o frasco nas mangas e antes que a porta se abrisse, correu para a saída lateral. Poderia enlouquecer Sasuke, mas se ele ao menos revelasse antes o segredo à Sakura, sua condição favorável se manteria. Agora dependia apenas da sorte.

Os sons que chegavam aos seus ouvidos vinham tarde. Enquanto cambaleava pelo corredor, com a mão a tentar se apoiar à parede, Sasuke Uchiha esbarrava nos objetos que eram lançados ao chão, partindo-se em pedaços. Os vasos de cerâmica, bustos de gessos e qualquer outra coisa que estivesse em seu caminho encontrava o fim partindo-se em pedaços. Mas não conseguia ouvir nada além do nauseante som de trovões que existiam apenas em sua cabeça.

Deixara o quarto trôpego, sem rumo algum a não ser o qual o corredor iria liderá-lo. A visão tinha se tornado baça e sua respiração falhava, como se tivesse deixado um mergulho de longos minutos num lago. Seu corpo tremia e sua figura deveria ser totalmente inaceitável a qualquer um que o notasse. As roupas ricamente bordadas eram agora manchadas pelo suor de uma febre insuportável. 

Sem conseguir avançar mais, apoiou-se na parede e escorou-se na rocha fria, sentindo o toque. Lançou os olhos para o teto que não passava de um borrão e se deixou deslizar até o chão. Mas uma cabeleira rósea surgiu em seu campo de visão, braços quentes e macios o seguraram. E a voz se misturava aos rugidos que existiam na mente dele.

— Sasuke... — parecia distante, mas estava ao seu lado. — Sasuke...

Com a mão abobada e sendo guiada como se pesasse toneladas, dirigiu-a para o rosto que o chamava. Antes que pudesse alcançá-la, os dedos o seguraram e cerrou os olhos, tentando decifrar a face que era apenas sombra.

— Sasuke... — ela tornou a chamá-lo, dessa vez a voz se aproximando. — Sasuke...

Tão mais perto o som chegava aos seus ouvidos calando os outros barulhos. Só então pôde reconhecê-la. Os olhos verdes e brilhantes que o fitavam curiosos e os lábios levemente úmidos. Tomando o controle da própria mão, deslizou os dedos pela face da Haruno, sentindo-a e numa tentativa de reconhecer. Ela sorria, pensara de momento.

— Sakura... — uma tosse amarga o dominou e algo em seu âmago parecia disposto a feri-lo.

A dor na cabeça intensificou-se e acabou abandonando o toque que cedia à moça para levar a mão à cabeça, onde o som de mil sinos repicando ao mesmo tempo agora o dominavam. Entretanto, era segurado pela moça, tendo os braços dela a envolvê-lo e manter a salvo de um perigo invisível. 

— Não se preocupe — ela disse e sua voz era ainda mais baixa —, eu estou aqui, Lorde Sasuke. Não vou deixá-lo.

Seus olhos se fecharam no instante seguinte, sendo tomado por uma escuridão onde seu corpo aparentava flutuar na calmaria de um dia difícil. Quase diria que era como estar nos braços de uma amante, com palavras e promessas a serem feitas, votos inquebráveis a aquecer um coração frio. 
 

Sentia o frio e o escuro.

Diante de toda a escuridão, uma clareira surgiu. Chamas subiam aos céus, finas veias de fumaça que decoravam o breu ao redor. O cenário da mansão aparentava mais velho e desgastado pelo tempo. As flores perdiam-se em heras e a grama soava seca com os passos sobre ela. Havia sido muito tempo antes da vinda de Sakura Haruno ao castelo Uchiha. Muitos anos antes mesmo dela saber o nome próprio. Ela não se recordaria, mas Sasuke sim.

Os portões de aço mantinham-se abertos, com uma fileira de guardas em suas armaduras a cintilar na meia-luz do amanhecer. Seis homens bem armados, dispostos com rostos joviais. Assim como o próprio Lorde Sasuke. Kakashi estava no auge dos vinte, Juugo aos dezesseis, um escudeiro sem experiência. Yamato comandava à guarda da família Uchiha na época. Tanto tempo... 

A porta do castelo abriu-se num estrondo, trazendo a figura do Lorde Uchiha, da mesma maneira como aparentava ser agora. Suas roupas no entanto eram das cores mais escuras que outrora. O manto negro serpenteava em suas costas, sendo seguido de perto por um par de guardas com os rostos ocultos em elmos. Juntos iam em direção do portão, de onde Kakashi se prontificou a fazer uma reverência curta e então dar espaço para as figuras surgirem.

Os cabelos loiros da mulher caíam longos de sua cabeça, num emaranhado de sujeira que se cobria parcialmente pelo capuz. A pele estava empoeirada e os olhos claros cheios de lágrimas, que escorregavam pela bochecha e desenhavam traços castanhos na pele clara. As roupas dela eram de um púrpuro claro, com o manto azul a envolvê-la. Ao lado da figura feminina, um homem de cabelos claros e que na meia-luz aparentava ser rosa, mantinha-se ajoelhado, com as mãos atadas atrás de suas costas.

Mas ao verem o Uchiha se aproximar, ele ergueu a cabeça e os olhos cristalinos suplicavam. A mulher se deixou cair de joelhos, chorando ainda mais. Foi só ao se aproximar que notou o pequeno embrulho que ela mantinha nos braços, uma manta clara como a neve envolvia a criança que dormia e sonhava. 

Não se demorou olhando para a criança,  mas sabia que esta deveria ser a única do casal. 

— Estavam deixando a cidade com boa parte da colheita roubada — Yamato anunciou —, trouxemos estes até aqui pois Hiruzen pretendia ajudá-los a fugir. 

— O capitão da cidade tentando ajudar os ladrões — Kakashi cuspiu. —Deveria julgá-lo também e dar o título a outro, senhor. 

— Decidirei isso mais tarde — Sasuke respondeu. 

Ainda olhava para a mulher que instintivamente se agarrava à criança, defendendo-a com sua maternidade. Sempre julgara que as mulheres poderiam ser mais fracas que os homens, entretanto, as mães seriam capazes de derrotar centenas para proteger um filho. Recebera uma prova disso ainda na infância, alguns anos perdidos no tempo de sua existência.

— É o seu filho? — Lorde Uchiha perguntou.

Antes de respondê-lo, ela se encolheu no manto e abraçou-se ainda mais ao bebê. Tremulando, a mulher embalava e sussurrava uma canção baixa.

— Deixe-me ver.

Hesitante ela apertou a criança contra o peito, defendendo-a. Mas os olhos repousaram nas mãos enluvadas do homem, que esticava-as  para receber a criança. Erguendo-se devagar e com cuidado, ela se aproximou e depositou nos braços dele o bebê.

— Uma menina — ela disse. — Fizemos isso por ela. Temo que não sobreviva sem as ervas para o chá... 

Deixou uma parte da manta branca escorregar, revelando o rosto infantil. Delicado como deveria ser, o bebê tinha a face alva e  as bochechas coradas pelo frio da manhã. Mas os olhos, ah, o par de orbes o fizeram estremecer. Verdes e cristalinos, sem nada se comparar aos da mãe. E os cabelos caíam num emaranhado de fios róseos, destacando-se no branco. 

— Por favor, milorde, não fizemos por mal — a mulher avançou e depositou s mãos trêmulas junto das do Uchiha que segurava o bebê. — Minha pequena pode não sobreviver. Juro-lhe que essa foi a nossa intenção, salvá-la. 

— Sua filha única?

Os  cabelos loiros sacudiram-se conforme ela movimentou a cabeça num aceno de negação. 

— Temos um menino também — o homem disse. 

Observou uma última vez a criança e devolveu-a aos braços maternos. A mulher sorriu e beijou a testa da pequena, acariciando os cabelos e  prometendo algo proibido ao Uchiha de saber. 

— Solte-os — Sasuke ordenou—, podem ir. Mas se voltarem a roubar do meu castelo, não haverá perdão. 

O casal trocou olhares e sorriram entre lágrimas de alívio. Lorde Sasuke girou nos calcanhares e dirigia-se à entrada de seu castelo. Mas, subitamente, a pergunta rompeu seus lábios e olhou para a mãe e filha.

— Qual o nome dela? 

A mulher sorriu e olhou para a criança, com as orbes claras a cintilar em deleite. 

— Sakura.

 

Ligeiro e se enroscando nos frios lençóis que o envolviam, Sasuke sentou-se no colchão de penas tateou desesperadamente por algo em que se prender. A visão não mais estava embaçada e olhando para todos os cantos do quarto reconheceu-o como sendo o seu. 

A boca estava seca e os lábios aparentavam rachar-se. Deslizou a língua os umedecendo e em seguida forçou-se a se levantar, mas foi contido. Curioso, dirigiu as orbes para a direção de quem o detinha. Sakura o segurava firme, ajudando-o a tornar a encostar as costas nas macias almofadas da cama.

— Não se mova — ela disse —, volte a dormir. Se sentirá melhor pela manhã.

— Sakura.

— Sim, milorde — a Haruno o empurrou de volta ao conforto e o cobriu com a manta. — Tome isso — ela empurrou a xícara contra os lábios do Uchiha, que agora tornava a possuir a visão embaçada e corpo trêmulo por um frio imensurável —, é apenas um chá de ervas para o sono. Durma um pouco...

Relutante, lutou contra os braços dela e tentou se erguer, mas a fraqueza que o dominava devido à febre o fez perdedor e cedeu ao toque da mulher. Com a mente numa confusão, ainda estava preso ao sonho de outrora. Sonho não, pensou, lembrança.

— Sakura — chamou-a enquanto tentava afastar o chá —, não... não... eu os matei... Sakura...

— Não — ela disse —, é apenas uma febre. Estará melhor pela manhã, não irá matá-lo. Apenas durma, milorde.

E como se as palavras da jovem lhe fossem uma ordem, cedeu diante da bebida e engoliu o líquido amargo e morno. Outra vez agarrou-se  à escuridão e tornou a sonhar. Indo cada vez mais fundo nas memórias remanescentes.

 

O céu enchia-se com nuvens pálidas que se enroscavam nas folhas ressecadas das árvores. Abaixo o carvalho, Sasuke segurava firme a espada de aço bem afiado. Corvos empoleiravam-se nos galhos e nas amuradas, enquanto o círculo de guardas formava-se ao redor dos cativos. 

— Faça a última prece — Lorde Sasuke ordenou.

O homem com cabelos alaranjados disse qualquer coisa e então fechou os olhos, para em seguida sentir o aço deslizar suave contra o seu pescoço. Os corvos crocitaram e alguns alçaram voo para longe. Como de costume, deixou o corpo sem vida para ser devolvido pelos guardas para a família. O fim do outono e início de  inverno trazia os ladrões aos montes, todos famintos.

Dirigiu-se ao jardim privado no centro do castelo, onde purificaria a espada de aço antigo e resistente. Uma arma da família por eras. Durante o trajeto, deparou-se com um casal nos portões dos fundos. Ela segurava um cesto enquanto o homem se prontificava a colher as  ervas e  sementes que haviam no campo ao redor do castelo.

Irritado, Sasuke chamou a cavalaria e o casal tentou fugir através da mata. A perseguição durara um tempo curto, mas o suficiente para que os guardas dominassem o espaço e os capturasse. 

Trazidos à presença do Lorde Uchiha, a mulher de madeixas douradas chorava e se debatia nos braços de Kakashi que a mantinha firme. O homem por outro lado se deixou guiar, até cair de joelhos na frente de Sasuke e na tentativa de dizer algo em sua defesa, se engasgou e iniciou um choro  pesado.

— Deixe-a ir — ele murmurou —, faça de mim o que quiser. Mas a deixe ir. Por favor...

— Reconheço-os — Lorde Sasuke disse, a voz áspera e dura —, dei-vos um aviso. Que fizeram com a minha segunda chance senão transformaram-na em traição? 

— Perdão, oh — ela se ajoelhou ao lado do marido. — Tenha bondade, milorde. 

— Não.

Com um estalar de dedos deu a ordem para que os guardas os levasse direto às masmorras. A mulher tentara lutar, falara dos filhos e pedira uma vez e outra para que o Uchiha fosse misericordioso. Mas a traição o significava apenas um fim. E isto era o que ambos receberiam.

Os raios de sol entraram sem ser convidados através das cortinas, jorrando feixes translúcidos. Ainda que os dias de inverno encontrassem seu fim, não poderiam chamar aquilo de primavera. O frio ainda congelava os ossos e o ar da manhã aparentava mais gelado que o do anoitecer.

Lorde Sasuke fitou o telhado acima, dourado e côncavo. Suspirou e então ergueu a mão até o campo de visão, movimentou os dedos e se sentiu sóbrio. Não mais tremia e a febre parecia ter passado. Sentou-se entre os cobertores e olhou para a cadeira ao lado, onde Sakura dormia profundamente, com um livro de capa azul a escorregar-lhe dos dedos. 

Os cabelos róseos pendiam emaranhados sobre o rosto adormecido. Ela deveria estar sonhando profundamente, pois seu semblante era de um sorriso de satisfação. Moveu a mão para tocá-la, mas o som da porta se abrindo o chamou a atenção.

Parado no umbral, o homem de casaco preto o olhava profundamente, com um sorriso zombeteiro a brincar em seus finos lábios. Os cabelos negros caíam livres, enquanto pequenos cristais brilhavam conforme ele caminhava entre os feixes de luz do quarto. Parou diante dos pés da cama.

— Soube que estava doente — ele disse. — Adorável da parte da senhorita Haruno ajudá-lo. 

Nada disse ao homem, olhou-a de canto, ressonando e alheia à conversa atual.

— Penso que a pequena não o faria se soubesse de seu segredo — o homem disse e sorriu ainda mais. Vangloriando-se por suas palavras causarem ao Uchiha um sentimento antigo.

— Sakura não é como pensa.

— Defendendo-a? — ele riu alto. — Oh, Sasuke, se apega muito fácil às pessoas. Por isso sofre.

Irritado, afastou a manta para o lado e deixou o conforto do colchão para se arriscar a levantar. Mas na tentativa de se pôr em pé, a mente rodopiou e foi obrigado a se apoiar na cabeceira entalhada da cama. Atordoado, viu o mundo ao redor girar e demorou-se um pouco para recuperar a consciência.

— O que quer aqui? — perguntou, levando a mão para a testa.

— Vim para vê-lo, eu disse.

Encarou o homem que ainda sustentava o maldito sorriso. A passos lentos e medidos, ele se aproximou da jovem Sakura que dormia. Sasuke seguia-o com os olhos, atento às possíveis intenções dele. 

— Ela é bonita — sussurrou o convidado, aproximando-se ainda mais. — Jovem e bela, quem diria.

Não conteve-se quando o viu esticar a mão para tomar uma mecha dos cabelos róseos e acariciá-los. Ainda que quisesse entender o motivo da ira que o tomava por um gesto infundado, bateu a mão na dele e o afastou. Os olhos escuros do outro o fitaram incrédulos, curiosos com o ato do Uchiha. Mas não havia explicação aparente. 

— Não a toque — Lorde Sasuke disse com a voz autoritária e áspera de sempre. — Não ouse encostar um dedo na Haruno.

Ele riu e ergueu as mãos em redenção. 

— Sempre leal — o homem parou de rir —, mas esta não é a vida certa, Sasuke. Sabe bem do fim de todos e o seu — os olhos do outro pesavam-lhe, o que forçou o Uchiha a desviar do par que o observava. — Oh, quase me esqueci, para você não há outra vida. 

Um sorriso ainda mais perturbador dominou-o e as orbes negras cintilavam por uma vitória de um jogo pessoal a ele. 

— Vá embora — Lorde Uchiha disse.

— Não se apegue à garota — o outro murmurou —, se ela ficar será pior. Conhece seu destino e o fim da pequena. Poupe-se de algo para o futuro, Sasuke. Ajude a si mesmo uma única vez.

— Saia!

As forças retornaram com toda a rapidez que julgara ser impossível. Caminhou até a porta e bateu-a com força ao que o homem deixou o cômodo. Escorado à madeira, respirava ofegante e não pôde deixar de olhar para Sakura. É loucura, pensou. Ele tem razão. Ela não pode ficar.

Fechou os olhos e os tornou a abrir, para em seguida encarar a figura desperta da Haruno. Assustada, ela se ajustou à cadeira e correu os olhos verdes por toda a extensão do quarto, reconhecendo-o. Ao notá-lo junto da porta, sorriu e fechou o livro que mantinha em mãos, depositando-o sobre a mesa ao lado da cama. 

Ela se levantou rapidamente, passando as mãos pelos cabelos e então nas vestes, alisando-as.

—Perdoe-me —Sakura disse —, não devia ter ficado. 

Manteve-se em silêncio, observando-a com o vestido torto ao corpo e as fitas do espartilho largos por estarem soltos. Podia ver a pele clara dela abaixo do tecido. Com dedos ágeis ela puxou os fios e os ajustou, fazendo com que o vestido contornasse as linhas do corpo feminino. Seguia-a nesse ato, sentindo um tórrido calor vaguear por seu corpo.

— Sente-se melhor, milorde?

Ainda notava-a amarrar os laços, puxando e esticando, para então formar um nó. Cada linha forçava o busto dela a se erguer, forçando o anel com a pérola a se sacudir sobre o volume. O dourado se destacava na linha do pescoço e que descia para o vale dos seios. Pela primeira vez interessara-se por esta visão da moça. As bochechas arderam pelos pensamentos que lhe ocorreram de momento.

— Oh, é —ele disse, sacudindo a cabeça e fugindo da visão do que a Haruno fazia —, me sinto melhor.

— Ainda tem as bochechas vermelhas —ela deu um passo na direção dele. — Venha, deite-se. Buscarei algo para beber, Lorde Sasuke.

Sendo tomado pelas mãos macias da jovem, foi guiado para o confortável colchão. Deitou-se entre as almofadas e a viu deslizar a manta quente por sobre o corpo dele. Ainda tinha os olhos distantes da visão do corpo da moça, não gostaria de pensar nela dessa forma. Mas tornava-se impossível a cada vez que ela ia e vinha ao redor da cama, caminhando e forçando o anel a saltitar sobre o peito. 

—Deixe-me ver — Sakura murmurou e se colou ao lado do Uchiha. Com a mão suave tocou-o na testa, sentindo a temperatura. Os olhos verdes brilhavam, as bochechas coradas e os lábios úmidos. Pegou-se olhando para a boca da Haruno, adicionando-o à lista de interesse. Curiosamente, segurou os braços da mulher e a trouxe para mais perto, quase como se a trouxesse para um beijo. Ela sorriu. — Não está mais com febre —a Haruno Sussurrou. Os olhos cristalinos dirigiram-se para a porta fechada e a jovem corou, fechou os olhos rapidamente e os abriu em seguida, encarando-o enquanto mordiscava o lábio. — Posso ficar se quiser, milorde. 

Não se apegue à garota. A voz sussurrou apenas em sua mente e foi o suficiente para soltar-se dela. 

— Vá, Sakura —disse e ela foi.



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