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História Cursed Madness - The Curse


Escrita por: carolah e anahyun

Notas do Autor


OILÁ
Bem, cá estamos nós, postando uma ideia de uma semana atrás para uma twoshot de Halloween. Foi meio que uma necessidade postar uma fic de Halloween porque poxa, é Halloween. E fanfics de terror são fodas ❤
Anyway, esperamos que vocês gostem (e não nos matem -indireta para certas amigas ai bjs- prfvr) :33
Boa leitura!!

Capítulo 1 - The Curse


  — Repita, por favor, o motivo que faz a senhora querer que eu faça isso. — Pediu já cruzando os braços, desacreditado.

  — Simples. Eu, e todos os outros professores achamos que alunos ficam aqui durante a noite. — Respondeu a mais velha em tom firme.

  — E o que te faz ter essa suspeita?

  — Os outros alunos não veem, mas quando chegamos aqui pela manhã, há algumas coisas bagunçadas ou fora do lugar. Nenhuma ventania pode causar mesas derrubadas ou formando um semicírculo, sendo que as deixamos em fileira. Sendo assim, estou aqui lhe pedindo que faça o que sugeri. — Entrelaçou as mãos, apoiando o braço na grande mesa de madeira.

  — Mas diretora, por que justo eu necessito fazer isso? A senhora tem noção do que está pedindo? — O tom de voz fora alterado.

  — E você tem noção do que está dizendo? Relutando contra um pedido simples. — Revirou levemente os olhos, antes de se endireitar na poltrona na qual sentava. — Eu lhe pedi para que ficasse na escola por essa noite, Senhor Park, justamente por você ser o presidente do conselho estudantil. Não se lembra de assumir a responsabilidade de prezar pela nossa escola, não importa como, estando ao seu alcance?

  — Lembro-me perfeitamente diretora. Principalmente da parte que diz que apenas se estiver ao meu alcance. — Bateu o pé no assoalho, fazendo um ruído incômodo ecoar pela sala.

  — E passar uma noite no colégio não está ao seu alcance? Por favor, Park. — Bufou, cruzando as pernas e os braços. — Você é o presidente do nosso conselho estudantil. É seu dever e obrigação. Se quiser, pode vir com o resto do conselho, não o obrigarei a ficar sozinho. Só lhe peço isso, por favor, não decepcione a escola.

  — Não tenho escolha, tenho? — Bufou, vendo apenas um sorriso pequeno brotar no rosto da mulher à sua frente. — Tudo bem. O conselho virá comigo. Estaremos aqui às oito horas. — Disse por fim, dando-se por vencido.

  — Que assim seja.

  Saiu da sala mais que angustiado. Detestava a ideia de passar a noite na escola, com certeza não lhe parecia nada boa. Ninguém em sã consciência entraria ali à noite. Não que aquilo que o lhe impedisse fosse o medo, mas sim a boa e velha questão de princípios.

  Andou até a saída do local, onde seu namorado o esperava juntamente aos seus amigos.

  — Jimin! — O garoto mais alto correu até o mais velho, o abraçando. — Como foi lá? — Pediu ainda abraçado ao outro.

  — Ah Kookie, você sabe como foi. Uma porcaria. — Ouviu o mais novo dar uma risada abafada, se separando de Jimin, mas entrelaçando suas mãos.

  — O que ela disse? — Começou a puxá-lo até onde os outros estavam.

  — Eu vou precisar passar essa noite aqui na escola. Eles acham que alguns alunos ficam aqui durante a noite, por isso a escola está sempre bagunçada pela manhã. — Respondeu suspirando alto, dando um aperto na mão alheia.

  — Não se preocupe com isso, amor. — Disse e Jimin sorriu. Amava quando Jungkook lhe chamava daquele jeito. Assim como Jungkook amava quando Jimin sorria daquele jeito. — Nós vamos com você, né pessoal?

  — "Pessoal" é muita gente, não me inclui nessa não. — Respondeu Yoongi, que estava encostado nos portões da escola.

  — Calma Yoongi, você nem sabe do que se trata. — Replicou Jin. — Diga Jungkook, vamos com Jimin para onde?

  — A diretora pediu que ele passasse essa noite aqui na escola, para resolver aquele caso das mesas bagunçadas, lembram? — Jungkook se pronunciou.

  — O QUE? — Taehyung gritou, abraçando o namorado que estava ao seu lado. — NEM PENSAR.

  — Taehyung, deixa de ser medroso. — O namorado apertou o abraço. — Qualquer coisa eu te protejo.

  — Hoseok, isso é coisa séria. — Tae aproveitou o abraço. — Eu já não vou com a cara desse lugar de manhã, imagina a noite?

  — Por favor gente, vamos fazer isso pelo Jimin. Além do mais, somos do conselho, é nosso dever ir com ele. — Namjoon finalmente falou, fazendo todos concordarem levemente com a cabeça. Às vezes Jimin não entendia como Namjoon não era o presidente, era um líder nato afinal.

  — Eu nem queria dormir hoje mesmo. — Yoongi disse, apenas bufando alto e recebendo um olhar feio dos amigos.

  — Enfim Jimin. — Jungkook ignorou totalmente o outro, começando a falar. — Que horas, e onde devemos nos encontrar?

  — Eu disse para a diretora que estaria aqui às oito. Podemos nos encontrar na minha casa, o que acham? — Perguntou, recebendo respostas afirmativas de todos os outros. — Muito bem, combinado então. Podem aparecer lá em casa às sete e meia, por aí. Até mais tarde gente.

  — Até depois Jiminnie! — Jin acenou para o moreno, que ia acompanhado do namorado.

  Foram andando calmamente, de mãos dadas. Recebiam alguns olhares, mas realmente não se importavam. Amavam-se, e era o que importava. A opinião alheia era apenas um daqueles mosquitos chatos insistem em ficar zumbindo em seu ouvido. Mas o segredo dos dois era fechar os ouvidos, e apenas sentir um ao outro, apenas sentir o quão bem eles se faziam.

  — Você acha que realmente são alunos que fazem aquela bagunça? — Jungkook questionou assim que chegaram na casa do mais velho.

  — Acho que sim, o que mais seria? — Respondeu, amassando o bilhete da mãe, antes colado na geladeira, que dizia a mesma coisa de sempre. Não viria por conta do trabalho, e tinha comida congelada no freezer.

  — Não sei, mas não acho que seja uma coisa comum entre as pessoas sabe? — Continuou sentando-se em uma cadeira na cozinha. — Invadir escolas e bagunçar as salas.

  — Quem nunca? — Jimin retrucou, arrancando uma risada do mais novo. — Não se preocupe, é só uma noite. Quando virmos que não é nada demais, podemos esquecer isso. — Disse terminando de colocar a comida no microondas, ligando o mesmo.

  — Sim. — Jungkook mordeu os lábios, apreensivo. Não era sempre que se passava uma noite na escola, calmo ele não poderia estar. Mas Jimin parecia tão calmo, que não queria contrariar o mais velho com seus medos bobos.

  — Hey. — Jimin o chamou, puxando o para cima e fazendo com que se levantasse. Quando ele finalmente parou-se em pé, Jimin pôs as mãos em sua cintura, apertando carinhosamente. — Eu sei que você está com medo, mas está tudo bem ok? Não vai acontecer nada, eu não deixaria nada acontecer com você. Confie em mim tudo bem? 

  — Você me protegeria? — Pediu baixo, colocando as mãos em torno do pescoço do mais baixo e puxando-o para mais perto.

  — Você ainda duvida? Jungkook, eu não te criei assim. — Disse, finalmente selando seus lábios nos alheios.

  Iniciaram um longo ósculo, que apenas se quebrou pela maldita falta de ar. E era nessas horas que o Park amaldiçoava a tal necessidade do tão importante elemento da natureza. Logo puxou Jungkook novamente, colando os corpos ainda mais. Prensava o mais alto na mesa, sendo que algumas vezes descia as mãos até as coxas ou bunda do outro, arrancando gemidos baixos.

  Jungkook há muito havia se tornado extremamente sensível aos toques de Jimin. Fosse apenas por um selar, ou uma mordida no pescoço, o mais novo já se encontraria em um extremo estado de êxtase. Fazia o que podia, arranhando a nuca do outro e puxando de leve os fios dali, também ouvindo em resposta alguns suspiros baixos.

  Teria durado mais, se não se instalasse pela cozinha, o barulho que indicava que a comida estava pronta. Jimin afastou-se rindo desacreditado, acompanhado de Jungkook que praguejava o micro-ondas mentalmente.

  — Acho que eu deveria comprar um mais silencioso, essa não é a primeira vez que acontece. — Reclamou o mais baixo indo até o aparelho para retirar a comida.

  — Ou talvez pensar um pouco e colocar a comida para esquentar só depois. — Jungkook respondeu ainda escorado na mesa.

  — Está insinuando que é sempre assim, Jeon? — Pediu com uma sobrancelha arqueada.

  — Interprete como quiser, Minnie. — Riu baixo vendo Jimin fechar os olhos respirando fundo.

  Sabia bem o que aquele apelido causava no mais velho.

  — Como eu quiser? — Começou a aproximar-se novamente do garoto, que já mordia os lábios sorrindo travesso.

  — Exatamente. — Dessa vez já puxou o mais velho contra si pela camisa que usava, consequentemente abrindo alguns botões da mesma. Apreciou a bela vista que tinha do peitoral do Park, fazendo o mais velho sorrir satisfeito.

  — Muito bem então. Só não se arrependa depois. — Levantou uma das coxas de Jungkook, que logo envolveu a cintura de Jimin com as pernas.

  — Eu nunca me arrependo. — Concluiu firme, podendo ouvir a risada gostosa do Park ecoar pelo lugar.

 

(...)

— Todos trouxeram tudo? — Pedia Jin pela milésima vez, recebendo diversos muxoxos afirmativos em resposta.

  — Não podemos apenas ir logo? Antes que o Taehyung se arrependa, o que creio acontecer logo, logo. — Hoseok falou rindo pelo desespero do garoto que se mantinha atrás de si agarrado fortemente ao seu moletom.

  — Acho que está tudo pronto, então vamos indo sim. — Jimin disse por fim, liderando o caminho junto ao namorado.

  Todos tinham levado mochilas com comida e água dentro de suas mochilas, caso precisasse. Levaram lanternas e todo o necessário para se passar uma noite em uma escola procurando por alunos vândalos.

  Quando chegaram na escola, o porteiro os recebeu com pesar, se desculpando pelos garotos estarem precisando fazer aquilo. Disse que ele mesmo passaria a noite ali se não fosse sua família, a filha havia sido internada naquela tarde e ele precisava ficar com ela. Todos entenderam a situação do homem, desejando melhoras para a menina, o observando fechar tudo e entregar a chave dos portões e escola para Jimin.

  — Esse molho de chaves abre todas as portas da escola. Não vão precisar abrir muitas, a maioria fica aberta à noite também. Mas caso necessitem... — Disse entregando o molho nas mãos do mais baixo.

  — Pode deixar, e muito obrigado. Melhoras a sua filha. — E se curvando brevemente, o porteiro se foi apressado.

  — Então, agora é com a gente. — Namjoon falou, abrindo as portas da escola e visando a profunda escuridão na qual tudo se encontrava.

  — Eu não entro aí nem morto. — Taehyung logo começou já andando para longe do grande prédio. — Ok, morto talvez, mas em vida? Nunquinha.

  — Ah, qual é Tae. Você só precisa entrar, dar uma volta e depois dormir. Não é difícil, é? — Yoongi já estava impaciente por culpa do garoto, que havia passado o caminho inteiro da casa de Jimin até a escola reclamando de medo.

  — Vem Tae. — Hoseok puxou-o pela mão. — Fica comigo ok? Vai ficar tudo bem.

  Entraram então no prédio, todos juntos e com medo de fazer movimentos bruscos ou barulhentos. Os sons dos passos já eram de certa forma assustadores, sendo que o eco os piorava intensamente. Jimin ordenou então que Namjoon ligasse as luzes do corredor enquanto os outros começariam a ajeitar as coisas para a ronda.

  Quando as luzes foram ligadas pode-se ouvir um coro suspirando em alívio. Um corredor agora iluminado lhes pareceu muito menos assustador, o que era de grande satisfação.

  — Ok, vamos por partes. — Começou Jimin. — Acho que quanto mais rápido começarmos, mais rápido terminamos, certo? — Continuou ao receber aceno positivo dos outros. — Vamos começar por este andar. Não precisamos nos dividir, não é tão grande assim, e será melhor caso encontrarmos algum bando de alunos verdadeiramente. Começaremos olhando cada uma das salas e corredores, mas algo mais superficial. Passem pelos corredores, se houver sinal de pessoas, entrem na sala onde acham que estão, e assim vai. Depois vamos para o segundo andar e por fim o terceiro. Concordam?

  — Sim! — Responderam em uníssono, já começando a caminhar até o corredor em sua frente.

  Os garotos andavam cautelosamente e com muita apreensão. Não era como se quisessem realmente encontrar algo em uma das salas ou corredores, nunca lhes foi uma ótima probabilidade. Ela existia, mas de certa forma, eles queriam muito a ignorar.

  Quando acabaram a ronda pelo primeiro andar, se encontravam na portaria respirando fundo em alívio. Nada nem ninguém estranho havia sido encontrado.

  — Não poderíamos deixar nossas mochilas aqui na portaria enquanto procuramos? Minhas costas estão doendo de caminhar para lá e para cá com elas. — Jin reclamou colocando sua mochila no chão.

  — Você que é um velho. — Jungkook deu um pulo com a mochila nas costas, mostrando resistência.

  — Você me respeite pirralho, eu sou seu hyung. E tenho certeza que todos os outros concordam comigo. Não é? — Perguntou com as mãos na cintura, praticamente forçando todos a concordarem com ele.

  — Tudo bem, vamos deixá-las por aqui mesmo. Quando terminarmos os outros dois andares, voltamos e pegamos para ir até o dormitório. — Jimin se pronunciou já largando também a sua mochila no chão junto à de Jin.

  — Dormitório? Agora falou a minha língua. — Yoongi sorriu aberto, literalmente jogando a sua mochila no chão produzindo um alto estrondo. Que por sinal, assustou certa pessoa medrosa.

  — PORRA YOONGI NÃO FAZ ISSO! — Gritava Taehyung correndo até o namorado que ria muito da situação. — PARA DE RIR HOSEOK, QUE MERDA.

  — Me desculpa amor, mas você é medroso demais. Vem cá. — Puxou-o dando um abraço, mas logo se virando para o baixinho moreno.

  — Jimin, que dormitório é esse que você disse?

  — Ah sim. — Respirou. — Nossa escola foi fundada por freiras, e na época onde ainda comandavam a escola, elas dormiam aqui. O dormitório fica no quarto andar.

  — Quarto? Mas ninguém mais vai lá, está inclusive trancado. — Disse Namjoon.

  — Sim, é verdade. Mas a diretora disse que poderíamos usar, sendo que a chave para lá está aqui no molho do porteiro. — Balançou o molho de chaves para os amigos que acenaram positivamente.

  — Segundo andar agora? — Jungkook se posicionou a frente, andando até as escadas que levavam ao próximo andar.

  — Vamos.

  Andaram por todo o segundo e terceiro andar, felizmente, não encontrando vestígio algum de alunos ou qualquer outra coisa. Taehyung estava mais que aliviado, comentava a cada cinco minutos o quão assustadora a escola era à noite.

  Posicionaram-se em frente a uma porta um pouco menor e diferente das outras no fim do corredor do terceiro andar. Era um pouco mais velha e desbotada, e fez um alto rangido quando aberta pelo líder do grupo.

  Subiram as escadas empoeiradas e barulhentas, dois lances para ser específico. Encontraram então algo como um grande quarto, com mais ou menos trinta camas de solteiro, além de banheiros e grandes janelas que davam vista para a cidade engolida pelo breu daquela noite.

  — Isso é sinistro. Adorei. — Yoongi se jogou em uma das camas, que obviamente fez um grande estrondo, recebendo xingamentos por parte dos outros.

  — Acho que dará um bom lugar pra passar a noite. — Jimin caminhou pelo espaço.

  Achou estranho o fato da escada que levava até lá ser tão empoeirada, mas o lugar ser tão limpo. Não tinha poeira, a madeira permanecia como nova e os lençóis estavam em ótimo estado. As luzes funcionavam perfeitamente, assim como a pia do banheiro, além do chuveiro que tinha água quente.  Sim, o Park tinha verificado.

  — Mas e as nossas mochilas? — Hoseok perguntou agora sentado em uma das camas.

  — Podemos ir agora buscar eu acho, já acabamos a ronda. — Jungkook sugeriu, e vendo que todos haviam acatado, levantaram-se e seguiram caminho para o primeiro andar.

  Desciam as escadas de madeira que levavam para o quarto andar, rumo ao terceiro. Mas Jungkook parou subitamente no meio do caminho, fazendo com que todos parassem igualmente. Algo havia lhe chamado a atenção.

  Algo que não estava ali antes.

  — Hyungs, algum de vocês tinha visto essa porta antes? — Pediu baixo, totalmente hipnotizado olhando diretamente para a tal porta.

  — Não vi. — Taehyung exclamou sendo seguido de todos os outros, que concordaram com ele. Nenhum deles havia visto a porta ali antes.

  Ela era de um tamanho médio, todos conseguiriam passar por ela sem problemas. A madeira era totalmente nova, reluzia, por mais que ali não houvesse luzes. Era pintada em um leve tom de bege, com detalhes nas bordas e meio da mesma. Era bonita, não combinando com o lugar onde se encontrava.

  — Jimin, você tem a chave dela? — Jungkook perguntou ainda olhando para a porta.

  — Eu nunca soube da existência dela. A diretora me disse que a única porta que havia aqui era a do dormitório. Acho que nenhuma dessas chaves é daqui Kookie. — Disse revirando o molho em busca de uma chave que pudesse encaixar na fechadura antiga, mas bela que a porta possuía.

  Digna de um filme de fantasias.

  Quem sabe iriam para o País das Maravilhas?

  — Mas eu queria ve-. — Jungkook parou a fala quando, sem ter tentado antes, girou a maçaneta abrindo milagrosamente a porta.

  — Já estava aberta? — Yoongi perguntou, indo até o lado de Jungkook, adentrando o local de imediato.

  Todos os outros basicamente acordaram de um transe onde cada um pensava fundo e fundo, buscando lá nas profundezas das suas memórias alguma lembrança da porta que havia aparecido ali. Ela deveria estar ali antes e só não viram.

  Era isso, claro que era.

  Yoongi foi seguido por Jeon, que chamou todos os outros do grupo para entrarem. O cheiro de tinta fresca os invadiu quando adentraram o local, mas não viam nada. Era um completo breu. Então Jimin deu a ideia de usarem as lanternas para verem o que havia ali, e assim foi feito. Todos ligaram as suas, andando com as mesmas por toda a sala.

  Até que alguns murmúrios relativamente insatisfeitos começaram a sair da boca deles.

  — Mas isso... — Hoseok falou, encarando uma das paredes do local em completo espanto, abraçando o namorado que se encontrava igual. As expressões eram de desgosto, afinal, não gostavam nem um pouco do que viam.

  Estavam diante de um quadro que retratava o que lhes parecia ser o inferno, ou algum lugar muito ruim. Haviam muitas pessoas, mas muito mais sangue. As pessoas se encontravam em amontoados na base da pintura, e sobre elas, reinava uma criatura negra de olhos azuis. Sim, azuis. A criatura tinha em seus braços os corpos de duas pessoas, que pareciam gritar por um socorro que certamente não viria. A face de ambas completamente contorcidas em dor e sofrimento diante da criatura que fincava os dentes pontiagudos em suas peles, rasgando a carne. O sangue era tanto que Hoseok chegava a ficar enjoado. Era tão real. Estava logo ali, era como se pudesse tocar. Mas Taehyung o puxou para o centro da sala. Não conseguia olhar aquilo por muito tempo.

  — Isso é horrível... — Jungkook observava outra pintura na parede oposta à do amigo.

  A mesma criatura de olhos azuis cintilantes agora estava em um plano claro. Havia luz e nuvens, era belo e puro como o céu. Ela estava curvada diante do trono do Altíssimo, que lhe apontava o dedo furioso. A criatura chorava lágrimas de sangue, firmando as unhas em sua própria carne, apenas ouvindo. Apenas sofrendo sozinha. Sangue escorria da perna onde as unhas perfuravam a pele. Já as costas se encontravam completamente ensanguentaras, com profundas cicatrizes, que com certeza não proporcionavam à criatura apenas dor física.

  Jimin, Namjoon e Jin não continham as expressões horrorizadas diante da maior pintura da sala, que ocupava praticamente metade da parede. Ela havia sido pintada diretamente na parede, dando um efeito diferente das outras. Um efeito real.

  Agora haviam milhares de criaturas. E no conceito de criaturas, se compreendiam o que lhes pareciam anjos e demônios. Céu e Inferno batalhavam ferozmente na pintura, esbanjando trajes e espadas reluzentes, se gabando pelo número de mortos, sejam do inimigo ou dos próprios humanos. Afinal, a batalha era na Terra. No topo da parede havia um pequeno parágrafo escrito à mão, em tinta vermelha.

  Assim na Terra, como no Céu.

  Assim na Terra, como no Inferno.

  Se há batalha entre Céu e Inferno, assim na Terra, será.

  Jin já se encolhia totalmente nos braços do mais alto, ele queria chorar. Os humanos sofriam, eram massacrados naquela pintura. Corriam por suas vidas, tentando inutilmente salvá-las do inevitável destino que era a morte. Mas que fim os levaria?

  Céu? Inferno?

  Se havia batalha entre ambos, onde os mortos seriam julgados? Onde pereceriam?

  A cabeça de todos estava cheia, estavam zonzos com tantas informações. Tantas informações macabras daquele jeito. Quem havia feito aquelas pinturas? Quando havia feito?

  Desde quando aquela sala sequer existia?

  Jimin já não conseguia mais ficar parado olhando tudo aquilo. Andou até Jungkook que encarava o chão, com as mãos no rosto e tremendo de leve. Abraçou o corpo do maior, que se assustou de início, mas logo retribuiu o ato, ficando assim por um tempo.

  Quando todos se encontraram no centro da sala, sem conseguir proferir uma única palavra, apenas se entreolharam. Perguntavam-se internamente o que estava acontecendo. O que era aquilo. Não sabiam. E, estranhamente, não queriam saber.

  — Então. — Jin começou a fala, atraindo a atenção de todos. — Acho que deveríamos voltar para o dormitório. Eu preciso tomar meu remédio para a garganta, seria bom voltarmos.

  — Mas seu remédio não está na sua mochila? — Taehyung pediu baixo.

  — Sim. — Jin respondeu. — Acho que vou lá buscar então. 

  — Deixa que eu vou. — Namjoon se pôs à frente do outro impedindo sua passagem. — Eu já aproveito e trago as coisas dos outros.

  — Não quer que eu vá com você? É muita coisa para trazer sozinho. — Jin insistiu, mas Namjoon já negava com a cabeça.

  — Eu consigo, qualquer coisa faço duas viagens. Logo estarei de volta, então iremos ao dormitório ok? — Todos concordaram, e ele andou até a porta.

  — Yoongi? — Chamou o mais baixo que encarava constantemente a porta a sua frente. Não havia saído dali desde que chegara, sequer viu o resto do lugar.

  Algo lhe intrigava ali.

  — Não acha isso muito estranho? — Pediu apontado para alguns rabiscos que estavam na porta. Pareciam letras, mas estavam mal desenhadas, tortas e não estavam em ordem.

  — É só um monte de letras, alguém deve ter pichado ou sei lá. — Namjoon deu de ombros. — Não se ocupe com isso, não é nada demais. Vou saindo, logo volto.

  Saiu pela porta, deixando Yoongi mais intrigado ainda. Havia algo ali, oh sim, havia. Mas o que? Não conseguia achar um padrão de letras, e as mesmas não formavam sequer uma palavra. Estavam dispostas de maneira muito estranha na madeira, escritas em tinta vermelha.

  Aquilo não lhe parecia bom. Não era nada bom. Nada bom mesmo.

  Yoongi se virou para os outros e sugeriu que iluminassem mais a sala, colocando as lanternas no chão e fazendo luz para o teto. Sentariam no centro da sala e esperariam até que Namjoon voltasse com tudo. Fizeram o que lhes foi sugerido, conseguindo agora ver mais daquele local.

  Era todo e completamente revestido por uma espessa lona transparente. Daquelas que se usa em casas em reforma. Sendo que ali era uma sala para pinturas, não lhes era surpresa que alguém não quisesse manchar a parede. A única parede que não era revestida com a lona era na qual a pintura se encontrava. A lona continha diversos respingos que julgaram ser de tinta.

  Mas onde estavam todas as outras cores usadas? Era tinta vermelha demais.

  Todos os respingos tinham a coloração forte de um vermelho sangue, que capturou a atenção dos garotos. Olhavam para todas as paredes sem ideia do que se passava.

  — Eu posso ser meio burro. — Taehyung começou. — Mas eu sei que isso daqui não é só uma sala de pintura, e muito menos que essas pinturas são consideradas obras de arte. — Concluiu olhando tristonho para as paradas onde se encontravam as gravuras.

  — Devo concordar. — Yoongi respondeu, fazendo todos o olharem com uma expressão duvidosa. — O que foi?

  — Você? Concordando com o Tae? Tudo bem, essa sala faz milagres mesmo. — Jungkook riu fraco, recebendo um olhar indignado por parte do mais baixo.

  — Mas você não concorda também? Nenhum de vocês concorda que esse lugar não é nada comum? — Questionou, fazendo com que todos se calassem. — Acho que devíamos ir atrás de Namjoon, ele deve precisar de ajuda lá embaixo.

— Por falar nisso, ele está demorando não está? São só alguns lances de escada, não é como se as mochilas fossem tão pesadas assim. — Jin disse em tom preocupado. — Vamos atrás dele sim.

  E antes mesmo de levantarem-se totalmente já se abaixaram, assustados com o grito estridente que percorreu todo o local. Fecharam os ouvidos com os olhos arregalados, ainda ouvindo o tenebroso eco que o grito havia produzido. Um grito agonizante e dolorido, um grito assustador. Mas não de quem assusta.

  De alguém que foi assustado.

  — NAMJOON! — Jin gritou de volta se recuperando e correndo até a porta, que não lembravam de ter sido fechada. Abriu-a e sequer estranhou a escada estar do outro lado agora, aquilo não era importante no momento. — NAMJOON, ONDE ESTÁ VOCÊ, NAMJOON! — Gritava com toda a força dos pulmões, descendo as escadas de três em três degraus, o mais rápido que podia.

  Namjoon estava em perigo, e dessa vez Jin o protegeria.

  Ou não.

  Yoongi continuava na sala, inerte demais para sequer se mover. Os passos altos de todos o acordaram, lembrando-o que alguém precisava de ajuda. Mas foi quando ele pensou em sair, que sua jaqueta prendeu em uma parte da grande lona, arrancando-a em boa parte. Os pedaços de lona caíram pesados sobre o mais baixo, que se protegia com as mãos, abaixado.

  Mas levantando a cabeça para o teto, tentando observar o estrago que havia causado na sala, acabou se apavorando ainda mais. Apenas ganhou mais um motivo para sair às pressas dali. Todos correram ainda mais quando ouviram um segundo grito ecoar ainda mais forte. Dessa vez, um grito ainda mais doloroso e sôfrego, era como se alguém gritasse por outro.

  E quando encontraram Jin sentado em frente a uma das salas de aula, com o rosto entre as mãos abafando os altos soluços e gritos, tiveram certeza.

  Taehyung correu de imediato para perto do mais velho, o abraçando assustado, mesmo sem entender nada. Até que olhou na direção da sala, a qual Jin estava na frente. A expressão aterrorizada marcava a pior escolha de sua vida. A pior visão de sua vida.

  — Não... — Dizia já sentindo as lágrimas quentes molharem sua face, desviando o olhar para o ombro de Jin, onde ficou e chorou alto.

  O pior momento da vida de todos.

  Estes, que se aproximavam devagar, assim como Taehyung que antes, não entendia nada. Jimin decidiu ir na frente e perguntar para os dois que merda que estava acontecendo.

  Mas como previsto, se arrependera de imediato. Assim como os outros três, que chegaram logo atrás, estranhando o corpo totalmente petrificado de Jimin e abalados pelo choro alto de Jin e Taehyung que ainda estavam abraçados ignorando a imagem a sua frente.

  Aquilo que viam não sairia nunca de suas mentes. A memória nunca lhes falharia diante desse momento. A memória com certeza lhes pregaria a peça de relembrar a cena a cada mísero instante da vida dos garotos. A peça de relembrar a poça enorme de sangue sob os pés dele. De relembrar como o corpo balançava suave devido ao vento que entrava pela janela aberta. De como a corda fazia um leve barulho, junto ao pingar das gotas que lhe escorriam o corpo.

  A cabeça era sustentada apenas pela corda e algumas fibras que a prendiam no pescoço. Totalmente pendida para o lado, como se quisesse desprender do corpo e rolar livre pelo local.

  — N-não p-pode ser... — Jungkook agarrou-se ao namorado escondendo o rosto em seu peito. Molhava a camiseta cada vez mais com as gotas que insistiam em descer sem permissão.

  Jin, Jungkook e Taehyung choravam e soluçavam alto, agarrando-se a quem pudessem e descontando toda a dor no tecido das camisetas ou na própria palma da mão. Jimin e Hoseok se encontravam chocados demais para dizer qualquer coisa, só conseguiam olhar fixamente para o corpo de Namjoon que continuava lá. Por mais que fechassem os olhos e abrissem-nos novamente, ele ainda estaria ali.

  Aquilo era pior que um pesadelo. Aquilo era real.

  — Jin. — Hoseok chamou, vendo que Tae já havia se acalmado consideravelmente, assim como Jungkook. Agora, todos apenas olhavam o mais velho com pesar. Não conseguiam vê-lo daquele jeito, sofrendo tanto. — Você precisa se acalmar, por favor.

  — Me acalmar? — Ele desfez o abraço de Taehyung, levantando a cabeça lentamente. O rosto vermelho e inchado demonstrava toda a sua dor e, agora raiva. — ME ACALMAR? MEU NAMORADO ESTÁ ALI, MORTO, E VOCÊ QUER QUE EU ME ACALME? — Levantou subitamente andando rápido até Hoseok e lhe batendo no peito. — VOCÊ QUER MESMO QUE EU ME ACALME? O NAMJOON, ELE-. — A voz foi sumindo de acordo com as batidas em Hoseok, que foram diminuindo. — Eu não consigo... — E abraçou o outro, novamente se debulhando em lágrimas.

  — Jin, nós sentimos muito. — Taehyung também se levantou, indo até o mais velho. — Mas o Hoseok está certo. Me perdoe, mas chorar não vai trazê-lo de volta. Nós estamos aqui com você, então não precisa ficar assim. Não mais. — Tocou o ombro dele, que fungou uma última vez antes de erguer a cabeça.

  — Tud-

  — Pessoal, vocês precisam ver uma coisa. Lá em cima. — Yoongi, que até então estava mais afastado e de cabeça baixa, se pronunciou.

  — Como assim? — Jin perguntou, já não olhando mais para a sala ou chorando. — Ver o que? Mais alguém morto? — Pediu sarcasticamente, mas suavizou o tom quando percebeu que a expressão de Yoongi tinha ficado ainda pior.

  — Só venham. — Disse andando na frente, fazendo todos se entreolharem desesperados.

  — Mas e o Namjoon? Não podemos deixá-lo ali! — Hoseok gritou para o baixinho que já havia sumido entre as escadas.

  — Peguem as mochilas. Hoseok, depois eu e você descemos para tirar o corpo dele dali, certo? — Jimin disse com dificuldade, mas ele precisava se manter forte. O líder nato não lideraria mais o grupo normalmente como fazia antes. Jimin precisaria, mais do que nunca, agir como um verdadeiro líder entre os outros.

  Hoseok concordou com a cabeça, pegando sua mochila e de Tae, andando com o mesmo na frente. Já Jungkook, pegou sua mochila e foi até Jin, o consolando pelo caminho. Jimin deu uma última olhada no corpo que continuava em uma dança suave com os ventos. Ele só esperava que agora, Namjoon estivesse em um lugar melhor. E pedia para que ele esperasse. Eles descobririam o que estava acontecendo.

  Jimin se apressou, juntando-se aos outros nas escadas. Foi quando começaram a notar que o local não estava como antes. Quer dizer, o banheiro do segundo andar não era no corredor à direita? Por que agora estava na esquerda? É por que a escada que levava para o dormitório agora estava virada para o outro lado?

  Não comentaram nada sobre, ainda mais quando se encontraram na frente da mesma sala de antes. A porta continuava a mesma, não havia mudado coisa alguma. Mas então Yoongi abriu-a, dando espaço para que todos entrassem. E a cada pessoa que entrava, uma expressão espantada surgia.

  A grande lona que revestia a sala não existia mais. O local se encontrava completamente iluminado, com dois grandes lustres que estavam pendurados no teto, além de pequenos abajures presos às paredes, dando melhor vista para as pinturas, que agora estavam com molduras belíssimas.

  Mas haviam mais quadros. Mortes, para ser mais claro. Quadros de pessoas mortas jaziam por toda a extensão livre das paredes, que antes só continham as pinturas. Jungkook e Taehyung tremiam vendo tudo aquilo, estavam a ponto de chorar novamente.

  — Mas o que? — Jimin proferiu, ainda olhando ao redor do local. Aquilo não podia estar certo. — Essa não é a mesma sala de antes, não tem como ser. — Dizia já em tom trêmulo.

  — Não é a pior parte. — Yoongi falou por fim, fazendo com que todos olhassem para si. E então ele fechou a porta novamente e todos conseguiram ver atrás dela.

  Estava cheia de arranhões grotescos e fundos, alguns até mesmo com rastros do que parecia ser sangue seco. Haviam buracos que não atravessavam a madeira, como se estivessem batido muito com algo contra a porta. Os arranhões, no entanto, no topo da porta mesclavam-se com marcas vermelhas de mãos. Essas, que eram duas e estavam distribuídas como se a pessoa que as deixou tivesse deslizado pela porta, pelo rastro de sangue que a porta possuía.

  — Que merda é essa Yoongi? — Hoseok já se encontrava alterado, não estava gostando nem um pouco de toda essa brincadeira de muito mal gosto.

  — Notem que há algo escrito aqui. Eu disse antes, mas Namjoon não me deu bola. — Apontou para as letras em vermelho, que se iniciavam logo acima das manchas das mãos. — Quem quer que tenha morrido aqui, escreveu isso. E eu acho que seja um aviso, não sei. Precisamos entender isso.

  Todos chegaram perto tão lentos quanto seu raciocínio no momento. Não conseguiam acompanhar tudo o que estava ocorrendo, sentiam tristeza, raiva, confusão, era muito para eles. Faziam tudo como robôs que eram programados para fazer certas ações, pois não possuem vontade ou inteligência própria. No momento eles não tinham a vontade. Mas o fizeram. Por Namjoon, tinham que descobrir o que era aquilo tudo.

  Conseguindo visualizar melhor todas as letras, colocaram-se a pensar. As letras estavam mal escritas, além de dispostas de um jeito totalmente estranho. Algumas ao contrário, outras mais acima ou abaixo que outras, e mais algumas que inclusive estavam de ponta cabeça.

Todos olhavam confusos, de jeito algum viam algo escrito devidamente em meio aquele monte de letras sem nexo. Desistiram depois de alguns minutos, voltando a encarar Yoongi, que estava de cabeça baixa o tempo todo.

  — Você sabe o que está escrito não sabe? — Jungkook perguntou ao mais baixo, que ergueu a cabeça olhando para o amontoado de rabiscos na porta.

  — O carrossel vos espera, vós que entrais. — Falou calmamente para os outros. — Vós que entrais. Nós entramos, não saímos. Entramos em algum lugar que não é o que pensamos que seja. E acho que vocês já imaginaram que não é um lugar nada bom. — Concluiu vendo todos o olharem pasmos.

  — Mas o que isso significa? Onde entramos? Onde estamos? — Taehyung, que até então estava quieto, se pronunciou. — Por favor, eu só quero ir para casa. — Sua voz era chorosa, ele tinha voltado a chorar.

  — Eu quero sair daqui... — Jungkook disse junto ao amigo, apertando a mão de Jimin fortemente. E o aperto se tornou ainda mais forte quando a porta se fechou com força, batendo e causando um estrondo enorme, assustando todos.

  — ABRE ISSO! — Taehyung correu até a porta puxando a maçaneta, que não parecia querer abrir. — ABRA PORTA DO INFERNO!

  Literalmente.

  — ABRE! — Jungkook também correu desesperado até onde o outro se encontrava, puxando a porta juntamente a ele. Até que a porta se abriu, e todos correram.

  Correram pelas escadas desesperados, com os gritos de Jungkook e Taehyung se mesclando aos sons de passos altos que produziam pela corrida. Estranhamente aquelas escadas não pareciam terminar nunca, desciam e desciam, mas não chegavam na portaria. 

  Quando finalmente encontraram seu destino, Jimin e Hoseok foram direto para a porta para abri-la. O que não aconteceu.

  — Mas o que?! — Exclamou o mais baixo, forçando a porta mais e mais.

  — Você trancou a porta?! — Hoseok perguntou ainda empurrando a porta.

  — Não, eu deixei aberta! Calma e saia da frente! — Empurrou o mais velho para colocar a chave na fechadura, mas paralisou quando notou.

  Não havia uma fechadura.

  — CADÊ ESSA MERDA? CADÊ A FECHADURA? — Gritava, percebendo o desespero dos outros logo atrás de si.

  — COMO ASSIM NÃO TEM FECHADURA? O QUE? — Hoseok, já alterado, começou a chutar a porta com força, mas ela sequer se movia. Parecia um muro resistente, como uma muralha.

  — CALMA, EU VOU TENTAR LIGAR PARA ALGUÉM! — Jin falou pegando o celular, mas logo xingando novamente. — SEM SINAL?

  — O MEU TAMBÉM NÃO TEM SINAL! — Jungkook disse, com um Taehyung já em lágrimas confirmando baixo.

  Hoseok e Jimin já estavam sentados em frente à porta, com as mãos nos cabelos, sem saber o que fazer. Precisavam se manter fortes, mas como? Estavam presos em um local que sequer conheciam mais, e um de seus amigos havia morrido.

  Porra, Namjoon estava morto.

  — Acho que deveríamos dormir. — Jimin começou, já não aguentando mais ouvir soluços baixinhos vindos dos outros. Lhe doía não poder ajudar. — Amanhã todos vêm para a escola, devem nos tirar daqui.

  Como os bons robôs que eram, todos os outros concordaram. E quando digo robôs, não minto. Andavam no automático, cansados demais daquilo tudo para que o cérebro mandasse alguma informação nova para os membros. Apenas andavam, seguindo Jimin que ia à frente totalmente apreensivo.

  Já com as mochilas, e dentro do dormitório, decidiram tentar dormir. Uniram seis camas de solteiro. Não tinham a coragem de se separarem justo agora. Os casais se encontravam abraçados, consolando um ao outro inconscientemente, enquanto Jin segurava o choro no ombro de Yoongi.

  — Não se preocupem. Nós daremos um jeito. — Yoongi garantiu, dando boa noite em seguida para todos os outros, que lhe responderam sem vontade.

  Jimin queria tanto acreditar nas palavras do outro. Queria mais que tudo na vida. Mas então por que algo insistia em lhe dizer que não era bem daquela maneira? Por que não conseguia olhar no fundo das orbes negras de Jungkook e dizer-lhe que ficaria tudo bem?

  Por que Jimin apenas sentia que não ficaria tudo bem?

 

(...)

 

  Acordaram com a voz elevada de Jin, que os chacoalhava forte. Esfregaram os olhos que continham olheiras profundas, por conta da demora a dormir, inclusive xingando Jin baixinho por tê-los acordado no meio da madrugada.

  — Madrugada? — Pediu Jin, logo pegando o celular e mostrando a tela brilhosa em frente ao seu rosto. — São oito horas da manhã, Jimin.

  — O que? — Jimin alternava seu olhar entre o celular e as janelas do quarto. O céu permanecia negro, a cidade permanecia engolida pela noite, como podia ser manhã? — Seu relógio só pode estar errado Jin, está escuro lá fora. — Completou já se sentando na cama e puxando o namorado consigo.

  — Foda-se se é noite ou dia. — Jin prosseguiu a fala, estava ofegante, parecia com medo. — O Taehyung sumiu.

  — O que tem o Taehyung? — Hoseok se levantou de imediato, dando um pulo na cama quando percebeu que ele não estava mais ao seu lado. — Cadê ele? — Pediu puxando as cobertas de um lado para o outro, como se fosse encontrá-lo ali embaixo.

  — É isso que estou dizendo, ele sumiu! Acordei há pouco e ele não estava mais aqui, por isso chamei vocês. — Já estava em pé na frente da porta do dormitório. — Levantem-se, temos que procurá-lo.

  E o fizeram. Pela primeira vez, com vontade e determinação. Não deixariam que mais nada acontecesse com nenhum deles, tinham que proteger uns aos outros. Hoseok saiu em disparada sem pensar nas consequências. Batia os braços nas paredes, mas não se importava. Seu amor precisava de si.

  Correram pelos corredores do terceiro andar, entrando de sala em sala. Quando entraram na quinta sala, um som surpreso se fez presente. Não era uma sala. Era mais um corredor. E quando abriram a porta novamente para voltar aos corredores de antes, encontraram uma sala pequena que continha apenas uma cama de hospital.

  — O que está acontecendo? — Jungkook pedia baixo, nunca deixando o lado de Jimin, que o apertava contra si. Não o perderia, muito menos Taehyung.

  — Continuem andando, vamos! — E andaram cada vez mais rápido.

  A cena se repetiu ao menos umas cinco vezes. Salas davam para corredores, corredores que tinham apenas uma sala depois se tornavam corredores cheios de portas. Muitas dessas, sem sala alguma, apenas uma parede de concreto impedindo passagem.

  Chegaram inclusive na portaria novamente, e se lembrando do que havia acontecido algumas salas ao lado, calaram-se e olharam uns aos outros. Fariam aquilo o quanto antes, não queriam deixar Namjoon ali.

  Mas claro que não contavam que quando adentrassem a sala, que estranhamente estava fechada, não encontrassem nada além de classes e cadeiras totalmente organizadas. Nada de cordas, sangue, muito menos de Namjoon. Jimin e Hoseok iriam se pronunciar, mas Jin apenas os disse que deveriam seguir andando, tinham que achar Taehyung o quanto antes. Mesmo que o longo labirinto de corredores e salas não os ajudasse tanto, tinham que tentar.

  E foi em um dos corredores que ouviram um barulho baixo. Um barulho de algo se arrastando, que foi seguido de uma melodia baixa, cantada suavemente. Correram imediatamente para a sala de onde vinha o barulho, abrindo-a em um estrondo. Hoseok respirou forte e fundo quando viu a silhueta agachada no canto da sala. Era ele.

  — Tae? — Chamou receoso, não tinha certeza. A pessoa estava sentada no canto do local, rondando as pernas dobradas com os braços, balançando para frente e para trás constantemente, ainda murmurando a melodia antes ouvida. Aquilo o assustou de certa forma, mas não podia deixá-lo ali. — Taehyung, é você? — Aproximava-se devagar, até conseguir tocar o ombro do mesmo, reconhecendo sua blusa azul. Suspirou aliviado, ela ele então.

  Mas o alívio se tornou horror em segundos.

  — HOBI! — Taehyung se virou diante da mão do mais velho em seu ombro, sorrindo abertamente. Ele chorava, chorava de alegria. Seria uma cena bonita, se as lágrimas não fossem de sangue. E se Taehyung não continuasse rindo sozinho olhando fixamente para Hoseok, enquanto continuava balançando seu corpo para frente e para trás. — HOBI, VOCÊ VEIO ME BUSCAR HOBI! — Ele falava animado até demais, com um sorriso imenso adornando a face.

  — T-tae... — Hoseok não achava palavras para proferir naquele momento. Sentiu o estômago embrulhar novamente ao ver o rosto ensanguentado do amado, que continuava sorrindo. — O q-que fizeram com v-você? Meu amor... — Colocou as mãos no rosto do menor, sentindo também lágrimas correrem pela sua face.

  — O que fizeram comigo? — Perguntou, com a face iluminando de repente. — Ah, eu não lembro direito o nome, o médico tinha dito o que era... — Pendeu a cabeça para o lado, como se forçasse a si mesmo para lembrar-se de algo.

  — Médico? — Yoongi falou baixo, não entendendo onde Taehyung queria chegar com aquilo.

  — LEMBREI HOBI! LEMBREI O QUE FIZERAM COMIGO! — Exclamou de repente, completamente animado pelo feito. — O nome é lobotomia, ou algo do tipo, ainda não consigo lembrar direitinho sabe? Mas foi isso! — Disse simples, sem tirar o sorriso do rosto.

  Naquele momento só pode-se ouvir um Hoseok despencar em choro alto, abraçando fortemente o garoto a sua frente que mantinha uma expressão agora confusa no rosto. Os outros observavam a cena horrorizados, não conseguiam proferir ou fazer nada.

  — Lobotomia? — Hoseok pediu baixo, ainda abraçado a Taehyung.

  — Deve ter tido outro efeito nele. — Yoongi se pronunciou em um tom melancólico, lamentava por aquilo afinal. Ninguém merecia aquilo.

  — Tae, olha pra mim. — Hoseok segurou firme nos ombros do mesmo, olhando fundo em seus olhos. — Quem fez isso com você? — Pediu em tom forte, mas recebendo apenas uma tombada de cabeça e uma resposta em tom confuso.

  — Quem fez o que? — Vociferou, visivelmente confuso ao ver Hoseok assustar-se tanto com a resposta dada. — O que houve Hobi? Está triste? — Pediu baixo, sorrindo logo em seguida.

  — Taehyung, você precisa me dizer quem fez isso com você. — Hoseok se segurava para não voltar a chorar, mantendo firmeza na voz. — Por favor, precisa nos contar.

  — Mas eu não sei do que está falando Hobi! Você fala muito difícil sabia? — Sorriu mais aberto, levantando-se.

  E enquanto ele sorria, os outros continham as lágrimas. Aquele já não era mais o seu Taehyung. Não era mais o mesmo, e temiam que nunca mais voltasse a ser.

  — EU SOU UM PICA PAU! — Taehyung gritou alto, começando a saltitar pela sala, ao redor dos outros que até então se mantinham calados. Sofrendo em silêncio. — UM PICA PAU! VENHAM PEGAR O PICA PAU! — Disse por fim, correndo porta a fora.

  — TAE, ESPERA! — Hoseok gritou correndo novamente atrás do outro, que apenas gargalhava alto pelos corredores. O eco da risada soava por todos os locais, parecia que Taehyung estava em todos os lugares ao mesmo tempo, ou não estivesse em nenhum.

  Jimin, Jungkook e Yoongi gritavam para Hoseok segurar o garoto, que corria mais à frente, até que, o mesmo rodopiou no pé esquerdo voltando-se para os quatro atrás de si.

  — Não acredito! — Colocou as mãos nas bochechas em sinal de surpresa. — Jin hyung vai brincar de teatro? — Pediu animado, ainda encarando os outros quatro, que o olhavam confusos.

  — Como assim? Jin, o que ele-. — Jungkook travou a fala quando percebeu.

  Jin não estava mais ali.

  — ELE ESTAVA LOGO ATRÁS DA GENTE! — Hoseok exclamou indo até os garotos, que olhavam por tudo ao redor em busca do mais velho.

  — Jin hyung está tão bonito atuando! — Taehyung dizia dando pulinhos no lugar, imensamente feliz. Começou então a andar novamente pelos corredores, mais animado que antes. — Venham, vamos ver o teatro do hyung!

  E mesmo em desespero, seguiram o garoto que pulava feliz pelos corredores que insistiam em se repetir. Era como se andassem em círculos, aquilo não tinha fim. Andaram apressados até que Taehyung parou subitamente em frente a uma sala específica. Era a única do corredor onde estavam.

  — Venham ver! Ele está tão lindo... — Sorria aberto olhando uma espécie de janela, onde se dava para enxergar o interior da sala em questão.

  Mas parecia que o lugar era como um confessionário. Um local para arrependimentos. Pois já perderam a conta de quantas vezes se arrependiam de olhar certas cenas naquela noite. Dia. Não sabiam. Mas com aquilo em sua frente, não os importava.

  Se um filme sobre a Bíblia fosse produzido, aquela cena se encaixaria perfeitamente em uma parte importante do roteiro cristão. Jin, com uma única túnica que lhe cobria a cintura até metade da coxa, jazia com os pés e mãos pregados a uma imensa cruz de madeira. Na cabeça, a clássica coroa de espinhos em homenagem ao rei que, na época, julgavam ser. A cabeça, mãos e pés sangravam, e o mais velho parecia desacordado no momento.

  — J-Jin? — Yoongi chamou baixo, colocando a mão no vidro que os dividia da sala. — JIN! — Chamou mais alto, dessa vez batendo forte no local.

  — Quietos, por favor? — Taehyung fez som de silêncio com os lábios, lhes dando um olhar feio. Que foi seguido do típico sorriso aberto. — Agora é a melhor parte.

  Quando a fala do outro acabou, os olhos de todos se acenderam refletindo as chamas que envolveram o corpo de Jin. Queimava, o fogo intenso só aumentava a cada instante, se distribuindo por ele todo.

  — NÃO, NÃO, NAO! JIN! — Hoseok começou também a bater forte no vidro, acompanhado de todos os outros que batiam com toda a força que lhes era permitida, em uma tentativa falha de chegar ao mais velho.

  — ALGUÉM QUEBRA ISSO! — Jimin proferiu olhando para os outros, que não tinham mais reação.

  Tentaram de todos os modos possíveis, mas não tinham nada ali que os ajudasse. Não tinham ninguém que os ajudasse. Agora choravam alto se abraçando, diante do corpo ainda em chamas do mais velho, enquanto a risada de Taehyung era perfeitamente escutada por todos.

  — O meu hyung atua tão bem! — Dizia batendo palmas freneticamente, admirando as chamas que saiam do corpo de Jin. Sorria abobado como um filho orgulhoso do pai. — Ele merece um prêmio, atuou tão belamente! — Continuava com as palmas, virando-se agora para os outros.

  — Você... — Hoseok começou limpando o rosto vermelho das lágrimas, e andando lentamente até Taehyung. — Que diabos está fazendo?

  — Estou parabenizando o hyung pela bela atuação. Não acharam ótima? — Perguntou se possível, aumentando ainda mais a curvatura da boca.

  — ATUAÇÃO? TAEHYUNG O QUE HÁ COM VOCÊ? O JIN MORREU TAE, E VOCÊ ESTÁ SORRINDO? — Gritou balançando os ombros do outro, que diminuía o sorriso devagar.

  — Mas o teatro foi tão bom, eu não pude deixar de sorrir para o hyung. — Disse dessa vez sorrindo triste, recebendo um olhar desacreditado do que estava a sua frente.

  — Teatro? Você ainda insiste nisso? — Tirou as mãos do mais novo, o encarando assustado. — Você está louco Taehyung, louco. — Proferiu as palavras com calma e medo, que aumentaram ainda mais quando viu que Taehyung havia perdido o brilho no rosto.

  Baixou a cabeça, ficando assim por um tempo, em silêncio. Em um profundo silêncio, onde apenas reinava o barulho das respirações descompassadas de todos. Quando levantou a cabeça, não sorria mais, os olhos agora eram tristes e profundos.

  — Louco? — Questionou baixo. — Eu não sou louco. — Começou a dar passos pequenos para trás, levando as duas mãos à cabeça, bagunçando os fios dali. — O médico disse que me curaria, EU NÃO SOU LOUCO! — Então riu em escárnio, correndo mais uma vez pelo local.

  Os outros demoraram um pouco para sair de onde estavam, não queriam mais. Não queriam mais caminhar ou correr, não queriam mais fazer nada. Apenas queriam dormir e acordar em casa, rindo fraco de como o pesadelo havia sido ruim. E tão real. 

  Tão dramaticamente real.

  Enquanto corriam sem rumo em meio a um labirinto de corretores e salas, pôde-se ouvir uma suave melodia, que foi seguida por uma voz doce e grossa, que cantava calmamente a canção.

 

"Um pica-pau danadinho,

Certo dia, fazendo seus buracos,

Acabando com as árvores.

 

  Dobrando mais um corredor, encontraram Taehyung rodopiando pelo mesmo, murmurando a melodia da música, logo sorrindo quando conseguiu avistar os garotos.

  E então os lábios se partiram para a voz melodiosa sair novamente, dando vida a uma canção que gostava muito. E sorrindo, cantou e rodopiou. Cantou e dançou, com os cabelos que voavam pelos giros. Ria sozinho, enquanto os outros o olhavam assustados.

 

A floresta, zangada, transformou seu bico em uma faca envenenada.

 

  Agora percebiam. Agora sabiam. Agora entendiam o quão grave tudo era.

  O quão ferrados estavam.

 

  Pobre pica-pau..."


Notas Finais


(fugindo das pedras e voadoras) OI DE NOVO
ENTÃO AMORES, O QUE ACHARAM? QUEREM NOS MATAR? Tudo bem, a gente merece mesmo, MAS NÃO DESISTAM AINDA QUE DAQUI HA ALGUMAS HORAS VAMOS POSTAR O ULTIMO CAPITULO!
BEIJOS E NAO NOS MATEM PLEASE <3


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