História Da vingança ao amor - Capítulo 33

Lorenzo estava de pé,observando Clara sentada na borda da piscina da casa, com sua linda vista para o Mediterrâneo seu coração descompassou com a percepção de que sentira falta dela. 

E também com a confirmação de que ela não estava se comportando da maneira como as outras mulheres que ele conhecia: um corpo besuntado de óleo adorando o sol... revistas ao redor... Lúcia indo e voltando, levando drinques.

Finalmente teve de conceder que Clara era diferente de qualquer mulher que ele já conhecera e o que tinha descoberto em Londres nos últimos dias pesava sobre seus ombros. Sua opinião original sobre ela estava sendo cada vez mais destruída.

As pernas delgadas estavam dobradas e o queixo de Clara descansava nos joelhos o biquíni preto e modesto esquentou seu sangue mais do que os menores biquínis que ele vira em incontáveis mulheres ao longo dos anos. 

Os cabelos castanhos escuros estavam presos num rabo de cavalo, fazendo-a parecer muito jovem Clara era jovem.

Jovem demais para já ter passado por tanta coisa ruim Doppo estava estendido ao lado dela, e Lorenzo maravilhou-se ao ver como Clara e o cachorro haviam se aceitado com uma conexão quase fervorosa. 

Ele acabara de visitar o túmulo de Alice, que ficava numa colina atrás da casa, e descobrira flores frescas lá, sabia que aquilo não era obra de seu pai, devido a sua falta de mobilidade. 

Podia ter sido Tommaso ou Lúcia, mas...Clara percebeu sua presença antes que Doppo se levantasse e começasse a abanar o rabo energicamente. 

Sua pele arrepiou-se quando ela virou a cabeça para ver Lorenzo inclinado contra uma árvore próxima, observando-a. Ele estava lindo, de jeans e camiseta preta, cabelos úmidos como se tivesse acabado de tomar banho. 

Sentindo-se envergonhada em seu biquíni, ela levantou-se, pegou a canga na qual estivera sentada e amarrou-a sobre os seios. Ele se aproximou, fazendo o coração de Clara disparar no peito.

― Sua pele está bronzeada.

Clara fez uma careta, pensando na pele branca demais que herdara.

― Combina com você. ― O olhar de Lorenzo a percorreu. 

O leve bronzeado misturado com as sardas deixava-lhe a pele lindamente dourada, ele ergueu alguma coisa... um cartão. Clara o reconheceu. 

Era o cartão de condolências que ela enviara para os escritórios Altamiro em Londres, todas aqueles meses atrás.

― Eu só recebi isto quando voltei para Roma, estava no meio de diversos outros cartões de condolências, de modo que eu não o vi até uns dias atrás.

Clara engoliu em seco.

― Eu enviei naquela semana... depois do acidente eu não sabia o que fazer... como entrar em contato com você. Perguntei no hospital, mas eles não me deram detalhes...

Lorenzo sabia, pelo carimbo postal, que Clara enviara o cartão para seu escritório antes que ele a conhecesse naquela noite. 

A simples mensagem de condolências tocara fundo seu coração, as revelações das últimas 24 horas vieram-lhe à mente, fazendo-o querer empurrá-la. Para algum lugar que não tivesse de lidar com todas as contradições dela.

― Por que você enviou o cartão, Clara? O que esperava conseguir, se eu o recebesse?

Clara não pôde esconder a amargura da voz. Por um momento, quando o vira observando-a, fantasiara que alguma coisa tinha mudado obviamente não.

― Nada, eu mandei porque queria estender minhas condolências... eu não sabia o que mais fazer.

Lorenzo suspirou; então, subitamente pareceu quase frustrado.

― Por que você não me contou que trabalhava na boate, Clara?

Ela congelou.

― Como você descobriu?

 Ele deu um pequeno sorriso.

― Quando cheguei a Roma, soube que alguém chamado Rob vinha ligando todos os dias, procurando uma maneira de contatá-la. Eu atendi uma das ligações, e ele me informou que você tinha uma devolução de impostos de seu salário para receber, da qual, com certeza, estaria precisando, queria saber como fazer para lhe enviar o dinheiro. Ele tentou me intimidar com suas perguntas sobre onde você estava.

Clara sorriu ao pensamento de Rob tentando intimidar Lorenzo ao telefone, mas parou de sorrir quando notou que ele a olhava intensamente.

― Não lhe contei porque você não teria acreditado em mim, e eu não tinha energia para brigar o lugar era ruim, eu podia ver isso.

― Disse que a boate era como um segundo lar para você ― acusou Lorenzo.

― Era como um segundo lar Rob, o namorado dele, Simon, e Barney, o porteiro...eram... são... como uma família para mim. 

Lorenzo meneou a cabeça, como se tentando entender aquilo tudo.

― Eu costumava levar Bruno para a boate todas as noites. 

 Ela não pôde encará-lo ao dizer isso, então se virou e olhou para baixo, chutando a grama distraidamente. 

― Ele me usava como um tipo de serviço de táxi, fazendo-me esperar do lado de fora, de modo que ele pudesse ir embora a hora que quisesse. Uma noite, o tempo estava horrível, e eu estava tentando estudar no carro. 

Ela fez uma pausa.

― Barney ficou com pena de mim e me levou para o pequeno escritório dele, de modo que eu pudesse estudar num lugar quente. Ele me fez chá, me deu biscoitos... e isso se tornou uma rotina, eu deixava Bruno na boate e ia estudar no escritório de Barney.

― E como você passou disso para trabalhar lá? 

Sabendo que não suportaria se ele não acreditasse nela, Clara virou se para encará-lo.

― Uma noite, Simon estava frenético porque a anfitriã da porta ligou avisando que estava doente no último minuto. Eu me ofereci para substituir a garota, eu me saí bem e, quando aquela anfitriã deixou o emprego, ele me pediu para assumir a vaga. Bruno aceitou isso porque queria impressionar Simon e, afinal de contas.  

 Acrescentou ela com amargura 

― Uma vez que eu tinha um salário, significava que Bruno podia me cobrar aluguel pelo meu quarto no apartamento dele.

― Ele lhe cobrava aluguel? ― perguntou Lorenzo, incrédulo. 

O que Clara falava agora era tão diferente do que o que ele acreditara... Ele a viu erguer o queixo, a expressão desafiadora nos olhos e orgulho.