Clara finalmente recolheu a mão e colocou-a debaixo da perna, dizendo a si mesma que não estava tremendo. De repente, precisava de espaço daquela intensidade, desceu do banco, seu corpo roçando o dele por um momento e esquentando sua pele.
― Com licença, eu preciso ir ao toalete.
Sobre pernas trêmulas, ela se apressou
em direção à boate cheia; a música, antes abafada pelas grossas cortinas de veludo,
agora alta demais. Clara entrou no banheiro e fechou a porta com alívio, descansando as
mãos sobre os azulejos frios. Olhou para seu reflexo, meneando a cabeça.
A distância do
homem estava fazendo pouco para acalmar sua pulsação ou amenizar o rubor em seu
rosto. A imagem de Enzo estava perturbadoramente viva nos olhos de sua mente.
Por que isso estava lhe acontecendo? Justamente nessa noite? Ela não tinha nada
de especial.
Cabelos castanhos-escuro longos e ondulados na pontas, olhos verdes que puxavam para o azul,
pele branca e sardenta demais. Um corpo desengonçado nenhuma
maquiagem, era isso que via no espelho.
Uma estranha euforia a pegou de surpresa iria
finalmente para casa no dia seguinte, para longe de Londres, onde nunca se sentira em
casa o fato de que aquela boate e seus funcionários pareciam um lar desde que ela
deixara Dublin após a morte de seus pais dizia tudo.
Mas, então, a terrível memória do acidente voltou para assombrá-la toda cor foi
drenada de seu rosto quando uma imagem vivida da noite chuvosa e do carro vindo na
direção deles passou em sua cabeça como um filme de horror, juntamente com sua
incapacidade de impedir aquilo, de gritar a tempo de avisar Bruno.
E, mesmo se tivesse gritado... Clara segurou-se no balcão da pia, enquanto uma dor profunda a consumia, ela olhou para baixo como podia ter se esquecido, mesmo por um segundo, dos eventos catastróficos de poucos dias atrás? O acidente fora tão grave que os paramédicos haviam declarado que era um milagre que ela tivesse sobrevivido.
Enzo seu coração parou e recomeçou a bater ele a fizera esquecer-se do horror
por um breve momento Clara olhou para seu reflexo novamente, ignorando o brilho
intenso em seus olhos. Não duvidava que ele tivesse ido embora quando ela retornasse.
Conhecia bem o tipo de Enzo, ele não esperaria por alguém como ela.Os homens que
frequentavam aquela boate eram, na maioria, homens ambiciosos da cidade, que podiam
pedir o champanhe mais caro e conseguir as mulheres mais lindas.
Todavia, Enzo não tinha dado essa impressão parecia sofisticado demais para
isso sem dúvida, era rico Clara podia reconhecer isso de longe e o mero
pensamento a fez estremecer conhecera milionários suficientes para uma vida inteira,
tendo passado a desprezar o poder que eles exerciam, o estilo de vida que almejavam.
Contemplou pedir que um dos funcionários pegasse sua bolsa, para evitar vê-lo
novamente, mas então reprimiu o medo tolo lidaria com a situação, se Enzo ainda
estivesse lá ou não...
Ao entrar na seção VIP, todavia, todos os pensamentos recentes de Clara
desapareceram ele tinha ido embora.
Apesar de ter esperado aquilo, ela não pôde evitar uma onda de desapontamento ainda estava tentando entender o significado de sua emoção quando o barman, Joe,
entregou-lhe um bilhete ela abriu o pedaço de papel era de Rob, escrito às pressas:
Querida, eu tive de ir... uma crise doméstica com Simon surgiu. Ligo amanhã antes
de você viajar! Robbie.
Clara balançou a cabeça, mesmo enquanto admitia que o disparo em seu coração
falava da esperança que tivera de que o bilhete fosse de Enzo. Mas isso era que era
ridículo eles haviam conversado por apenas poucos minutos.
No momento em que estava se virando para sair, avistou seu telefone sobre o bar e
foi apanhá-lo, pegando seu casaco também. Um som veio de trás, então uma voz familiar:
― Estou muito atrasado para pedir que você tome outro drinque comigo?
Um alívio a inundou ele não tinha ido embora Clara virou-se para fitá-lo. Ele era
ainda mais alto do que ela imaginara, segurando o sobretudo casualmente sobre um dos
braços. E, naquele momento, por mais irracional que fosse, Clara soube que não queria
que ele fosse embora.
A sensação de alívio era forte demais para ser ignorada tudo que ela conseguiu foi menear a cabeça, hipnotizada pela beleza daquele
rosto. Os olhos de Enzo brilhavam com alguma intenção que a deixou fraca.
― Ótimo, eu pedi uma mesa e uma garrafa de champanhe.
Um calor se instalou
entre as pernas de Clara, ea foi incapaz de responder com coerência e Enzo a pegou
pelo braço e levou-a para onde uma das garçonetes os estava conduzindo para uma
mesa isolada, escondida por uma cortina ornada eles se sentaram um na frente do outro.
― Então... aqui estamos ― murmurou ele.
Uma súbita tensão preencheu o ar ela não podia entender por que, mesmo
enquanto assentia Enzo inclinou-se para frente, o rosto iluminado pela lâmpada acima
deles. Ele era realmente o homem mais lindo que ela já vira.
― Conte-me, você vem aqui com frequência?
A pergunta, que sempre parecia um clichê na boca de outros homens, soou
completamente diferentequando ele falou Clara deu um sorriso cauteloso.
― Aqui é como meu segundo lar.
Percebendo imediatamente que a sentença não fora bem construída, apressou-se em esclarecer:
―Isso é, é claro, porque eu...
Naquele momento, a garçonete retornou com o champanhe, impedindo Clara de
explicar que trabalhava lá. E, quando Enzo dispensou a garota e serviu as taças, ela já
havia esquecido o que ele perguntara.
― Vamos beber a esta noite.
Clara franziu o cenho, mas bateu a taça na dele.
― Por que esta noite?
Ele deu um gole do champanhe.
― Porque eu acho que a noite vai se provar... catártica.
Clara deu um gole de seu próprio champanhe, saboreando as bolhas que explodiram na sua garganta mal podia acreditar que estava sentada lá, em suas roupas de trabalho, tomando champanhe com aquele homem enigmático.
Durante todo o tempo que trabalhava lá, nunca conhecera um homem com aquele dinamismo... e alguns dos homens mais ricos do mundo frequentavam aquela boate exclusiva tinha sido o lugar favorito de seu irmão... e era como ela conseguira o emprego.
Pelo menos, seu vestido era adequado o bastante, simples e preto o único problema era o comprimento curto demais... mas Simon, o gerente, namorado de Rob, insistia que ela se vestisse de maneira sexy, uma vez que era a anfitriã da casa.
E, com
Barney lá para protegê-la de atenções indesejadas, Clara geralmente evitava situações
lascivas. Algo de que Simon tivera consciência quando a contratara, uma vez que sentira
que da era muito jovem na época para trabalhar na boate. No final, ele a colocara à porta,
para recepcionar os clientes.
― Conte-me sobre você, Clara.
Ele estava falando com aquele sotaque de novo, mudando a pronúncia de seu nome, alguma coisa na expressão de Enzo lhe causou uma sensação de déjàvu, mas ela não conseguiu identificar o que era.
Estava tentada, a aceitar a sugestão de Rob...
perder-se um pouco, permitir que aquele estranho a ajudasse a esquecer sua dor haveria ainda muito tempo para sofrer, quando ela fosse para casa e tentasse
recomeçar. Com o pensamento, a ameaça da noite anterior voltou à sua cabeça, e Clara
teve de lutar para enterrar o medo.
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