- Eu dirijo! - Falei, correndo para porta do motorista.
- O carro é meu, gracinha. Nem vem.
- Deixa, por favor.... Eu estou tendo um dia horrível! - Fiz um biquinho e juntei as mãos, implorando.
- Você é folgada pra cacete, né?
- Isso é um sim? - Ele jogou as chaves na minha mão, já respondendo minha pergunta.
- Pelo menos vou ficar tranquilo, enquanto você faz tudo. - Dilan riu sarcasticamente.
- Tá bom. - Sorri e entramos no carro. - Sabe onde a gangue do Pablo fica? Conhece ele?
- Hum... Já teve um Pablo que veio aqui sim, mas ele é de Chicago, não?
- Sim, entretanto veio para cá, e trouxe a patota dele junto. - Lembrei do meu celular, se os meninos estivessem bem, ligariam para ele. - Precisamos voltar ao meu apartamento, a polícia já deve ter saído.
- O que você fez lá?
- Matei uns vinte caras envenenados, bati com a arma em um milionário, deixando-o desacordado, e assaltei uma família.
- Loirinha, cê ta louca? Eles devem estar te procurando! Esquece esse celul...
- Não dá! Se qualquer um da gangue estiver bem, ou mesmo em perigo, e conseguirem mandar uma mensagem, será para mim.
- Então pega o meu e avisa para mandar para cá.
- Eles já podem ter enviado, e eu não sei todos de cabeça! Ai, você complica as coisas, vai ficar tudo bem, juro!
- É? Como vai?
- Vamos...
Ouvi um barulho alto no teto do carro, como se alguém tivesse pulado nele. Dilan começou a atirar para cima e eu acelerei.
- Que porra é essa?!
Olhei para janela e havia uma capa preta caída.
- Morcego idiota. - Fiz um curva na maior velocidade possível. - Pega a metralhadora.
- Mas vai acabar com meu carrinho. - Olhei para ele, quase o fuzilando. - Tá, tá! - Atirou, fazendo com que o Batman saísse, não consegui controlar minha risada.
- Você é maluca! Do que tá rindo? - Revirei os olhos.
- Seu viadinho. - Olhei pelo retrovisor e lá estava nosso herói favorito. - Temos companhia, novamente. - Sorri, estava me divertindo tanto, Coringa iria amar estar aqui. Meu coração apertou, eu estava com tanta saudade do meu Pudinzinho.
- Como vamos fugir?
- Tem alguma granada aí? - Tinha criado amor por esse objeto, era-me tão útil.
- Tenho.
- Joga no carro e não erra. - Ele sorriu para mim.
- Diminui um pouco a velocidade.
- Tive uma ideia melhor. - Virei o carro para que ficássemos de frente para o Batman, e corri em sua direção. - Vai!
Meu novo parceiro tirou o pino e tacou na janela do Batmóvel, ri alto e acelerei ainda mais. Precisava ir rápido para que a explosão não nos atingisse.
- Deu certo! Caralho, você é genial!
- Eu não era louca? - Olhei e sorri ironicamente para ele.
- Uma louca inteligente. Não sei como está com o Coringa, ele também é pirado, mas é cruel. Deve ser horrível, ninguém esperto envolveria-se com aquilo.
- Às vezes, você precisa juntar duas pessoas insanas para ter um relação normal. - Continuei com meu sorriso, porém falar dele me machucava, era incrível como algumas horas distantes já mexiam comigo.
- E é normal?
- Na medida do possível.
Entrei em várias ruas desertas, queria ter a certeza de ter despistado o Morcego.
- Bom... Apartamento já está cortado para nós dois, né?
- Tem alguma outra ideia? - Sentia-me completamente perdida, eu não tinha pistas, era como procurar uma agulha num palheiro.
- Eu conheço uma cacetada de lugar da bandidagem. Vamos ver se em algum está os caras.
Revirei os olhos e bufei.
- Não temos tempo para isso! Eu matei um monte da gangue rival, devem estar torturando os meninos, ou pior... - Minha garganta fechou, não consegui continuar a frase, havia um nó gigante entalado, prontinho para se desfazer em um choro interminável.
- Ou... Pode estar tudo bem. Pensa: se eles foram atrás do Pablo, encontraram uma enrascada, mas sabemos o quão foda os caras são, então eles mataram todo mundo e agora já estão atrás do chefe maior.
Meu coração deu um salto gigante pelo desejo de isso realmente ser verdade, seria um alívio tão grande...
- Foca bastante, Arlequina. Não tem nada, nada mesmo, que possa lhe dar uma pequena dica de onde eles estão?
Concentrei-me nos planos que vi no apartamento. Infelizmente, eu tinha focado tanto no desenvolvimento, deixando de lado o local. Eu precisava entrar no prédio, pegar aquela papelada e meu celular, não tinha jeito.
- Vamos para meu prédio.
- Pela última vez...
- Para de reclamar, é o jeito! Lá estão os planos que eles iriam seguir e onde seria, além de ter meu querido telefone.
- Quer saber? Tá bom, mas se foder, fodeu, tá? Eu ainda vou falar: eu avisei. - Ignorei seus resmungos. Realmente, não havia ninguém melhor para acompanhar-me de verdade do que o Palhaço, ele não era nem um pouco medroso, e eu amava isso.
- Acha que um disfarce vai ajudar? - Ele revirou os olhos.
- Põe roupa de policial e fala que vai revistar o prédio, porque eles são a única coisa entrando lá! - Dilan falou, ironicamente e tentando me por juízo, entretanto resolvi aderir sua ideia.
- É isso mesmo que vamos fazer! Preciso sequestrar uma policial.
- Eu vou calar minha boca daqui pra frente.
- Quietinho! Olha ali. - Apontei para um casal de policial, estavam fazendo patrulha. - Isso é maravilhoso! Como demos sorte, tem roupa para nós dois!
- Primeiro: é comum os policiais andarem em casal, pois se encontram mulheres e homens, cada um revista seu sexo, então não foi sorte. Segundo: não vou entrar no apartamento, vou esperar no carro e dou fuga quando você chegar.
- Nada disso, você acabou de dizer que é comum, logo vai ser menos suspeito. Anda, vamos pegá-los.
- Como...?
Saí do carro e deixei ele falando sozinho, fui correndo em direção aos policiais e falei, assustada:
- Me ajudem! Aquele moço ali, - Apontei para Dilan, que estava no carro. - é meu ex, ele está me seguindo por todo lugar! Terminei por ele ser violento, por favor, afastem-no de mim.
- Acalme-se senhorita. Cuidamos disso. - Os dois andaram rapidamente até o carro. Pisquei para meu parceiro e peguei minha arma. Aproximei-me do veículo e, por trás, dei uma coronhada na mulher e outra no homem, Dilan os puxou para dentro e eu me ajeitei no carro, fechando a porta e dirigindo até uma rua completamente vazia. Coloquei a farda dela fora do carro e ele fez o mesmo, do outro lado. Eu havia passado por bastantes looks em um dia só, já estava exausta.
Paramos distante do prédio, pois não tínhamos viatura e seria estranho dois policiais em serviço e sem. Entramos e lá haviam diversos agentes, provavelmente o milionário fez um alarde, por que gentinha assim sempre gosta de chamar atenção? Só bati nele, não matei.
O homem da recepção nos recebeu.
- Viemos dar uma checada, tem problema?
- Nenhum, hoje esse pedido está tornando-se comum.
Apenas acenei com a cabeça, tínhamos que transparecer seriedade, porém eu estava me coçando para não rir. Subimos de elevador e fomos até meu andar.
- Disse que seria fácil, você não acreditou. - Quis me vangloriar um pouco.
- Fácil até demais.
- Larga de ser chato, tá vendo, provavelmente ainda nem descobriram a quantidade de mortos presentes no meu apartamento.
- Você deveria se livrar disso, senão uma hora vai feder e chamar a atenção.
- Temos prioridades, não acha?
- Tem um cara que limpa esse tipo de coisa, quer o número?
- Não, liga você e o mande vir pra cá.
- Cada vez mais folgada. - Sorri para ele e abri a porta do meu apartamento. Estranhamente, não senti cheiro ruim nenhum. Entrei e vi que os corpos haviam sumido.
Peguei minha arma instintivamente e Dilan fez o mesmo. Porém a abaixei quando vi Macabro esparramado no sofá junto com Bomba e Pj. Os esquemas estavam jogados na mesa.
- Dá para me explicar em que porra de lugar vocês se meteram? - Falei, arrancando a boina e desfazendo o nó do meu cabelo.
- Até que enfim você apareceu! - Macabro levantou-se e veio para me abraçar.
- Não encosta em mim! Que merda de ideia foi essa? Ir atrás do Pablo e me deixar aqui? Quem acabou se livrando dele foi eu! Cadê o Coringa? Eu vou quebrar ele todinho.
- Calma, patroa. - Pj falou, tentando me tranquilizar.
- Você, cala sua boca, nunca nem falou comigo aí agora quer me acalmar, eu vou quebrar você também! - Macabro segurou-me.
- Dá para você sentar e nos ouvir? Seu namorado sumiu e estamos preocupados.
- Como assim? - Deixei todo o meu sermão preparado de lado, meu coração começou a apertar. - Por que estão preocupados? Ele não foi com vocês?
Meu amigo puxou-me para o sofá e Dilan também sentou.
- Fala parceiro, tempão que não te vejo. - Bomba foi cumprimentá-lo. - Como se envolveu nessa?
- Longa história. - Senti seu olhar em mim. Macabro pigarreou e os dois calaram-se.
- O chefe quis deixá-la aqui, pois caso alguém tentasse entrar no apartamento teríamos, além das paradas de segurança, você de vigia.
- Por sinal, as "paradas" não serviram de nada, eu tive que me virar com todos eles. Péssimo plano.
- Não achávamos que viriam um monte para cá, e muito menos o próprio Pablo. O negócio era: eu e os dois aqui chegaríamos onde estava o cara, ficaríamos do lado de fora, esperando o momento em que ele fugisse, pois o Coringa já estaria lá dentro atirando em todos e dando os seus pulos. Entretanto, depois de esperarmos muito, vimos que o Palhaço não estava lá, e muito menos o Pablo. Só tinha alguns homens e nos livramos deles facilmente.
- Eles nos passaram a perna. - Disse Bomba.
- E, agora, eu matei o Pablo, ou seja, provavelmente o chefe de tudo deve ter pego o Coringa e não temos como saber quem ele é, já que apenas minha vítima tinha a resposta. - Conclui, com pesar.
- Exatamente... - Macabro abaixou os olhos. Sentia meu corpo todo desfazendo-se em pedaços, meu Pudinzinho estava longe de mim, correndo perigo, e, por minha culpa, não tínhamos como saber quem era o culpado. Todavia nós o acharíamos, nem que precisasse ir até o inferno, eu caçaria aquele infeliz e o cortaria em pedaços. Antes, não tinha o mínimo de interesse nele, queria apenas acabar com a vingança do meu amor e ir assaltar, mas agora a vingativa seria eu, ninguém fazia mal ao meu palhacinho.
- Não ficaremos aqui lamentando, ok? Anda, procuraremos homem por homem, se for necessário. Não deixarei as coisas assim, eles mexeram com a namorada e a gangue errada.
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