História Daddy's Lil Monster - Plantou, colheu.

- Entreguem o dinheiro e saiam daqui. - O Morcego decretou, ele se achava o dono de tudo, né?

- Ora, ora, o temível Batman nos dando uma oportunidade de ir embora? - Sel falou, com um sorriso malicioso. Hera riu baixo e eu não entendi nada, então apenas ri.

- Não será um roubo, se me derem.

- E quem garante que você não vai pegar tudo para si?! - Gritei para ele. - Você fica aí todo posudo, mas deve ser muito fácil, pegar o dinheiro de quem trabalhou duro para conseguir e ir para casa feliz.

- Eu não preciso disso, Arlequina. Agora, me entreguem, por favor.

Não iríamos dar nada a ele, e eu sabia disso. Eramos três contra um, quais as chances de dar errado? Na minha cabeça, nenhuma. Selina tirou o chicote dela de não sei onde e o jogou contra o Batman, ele o agarrou com a mão e eu atirei nele nesse espaço de tempo, porém só bateu na armadura e voltou, já Hera correu o mais rápido que podia enquanto a Gata o distraia e atacou nele uma toxina, uma das muitas que ela sempre carregava consigo. Todavia não pareceu afetar o Morcego, que logo amarrou a Selina e partia para nossa direção.

- Eu iria ser condescendente com vocês. De verdade, porém vejo que o dinheiro já as contaminou.

- Condescendente? Sério? Com certeza o motivo de você nos ajudar não é por pura piedade. - Mulher Gato disse, o encarando com ódio, ela sabia do que estava falando, porém eu estava perdida.

- Acha que eu sou desse ti... - Antes que conseguisse terminar sua fala, ouvimos incontáveis tiros vindo de um carro que se aproximava, um carro púrpura.

Batman virou-se para ver o que estava acontecendo e eu corri para desamarrar a Sel. Tentei ir o mais rápido possível, agradecendo silenciosamente ao bandido que apareceu para atormentar o Morcego, com certeza não era para nos ajudar, pois o "herói" tinha vários inimigos, entretanto nos salvou mesmo assim. 

Andamos em direção ao nosso carro em meio aos tiros, mas estes pararam quando a porta do outro veículo se abriu, só não tive tempo de olhar quem saia. Todavia, quando escutei a voz do bandido, meu corpo paralisou.

- Resolveu fazer uma reuniãozinha e não me chamou Batman? Isso é um insulto. - O Palhaço ria, ainda não tinha me visto.

- Entre no carro Harley, você não quer participar disso. - Hera sussurrou.

- Mas sabe que eu não consigo guardar raiva por muito tempo... - Ele continuava sua fala e eu não conseguia me mover, nem ouvir Hera. Meus olhos estavam fixos no Coringa, o motivo pelo qual eu o deixei começou a me parecer pequeno. E rapidamente, senti seus olhos em mim. Sua expressão mudou de brincalhona, para de ódio. - Bastante gente resolveu se divertir sem mim, não é mesmo? 

Não deixei que a culpa chegasse em meu coração, olhei-o com o mesmo olhar dele e antes de entrar em meu carro para deixá-lo lá com o Batman, disse ironicamente:

- Pudinzinho, a culpa é sua. - E sorri.

Hera me puxou e eu entrei no veículo. O Morcego irritou-se demais com o Palhaço, então acabou não focando mais em nós. Dando tempo de Sel pisar fundo no acelerador, jogando nosso motorista longe e nos levando para um novo local.

- Esta noite não passaremos naquele cafofo. 

- Como assim? 

- Merecemos uma suíte master.

- Tomara que lá tenha bebida, eu preciso ficar bêbada. - Olhei para as meninas e estas riram da minha cara.

- Você foi maravilhosa nas últimas palavras, sabia? - Hera me animou.

- Ele merece, né?

- Ah, se algum parceiro tivesse deixado moi em uma prisão por um ano e meio, ele com certeza não teria nem últimas palavras. Era direto para um fogueira, ou talvez um enforcamento. - Sel sorriu.

- Seu "parceiro" te leva para prisão Selina, fica quieta. - Só aí eu deduzi as frases irônicas que a Gata soltava para o Batman.

- Não sei do que você está falando. - A Mulher Gato segurou um sorriso e focou na direção.

- Acha que não sei? Até Harley já deduziu. 

- Não diga "até Harley", eu deduzo facilmente as coisas. E você tem mesmo um rolinho com o Morcego? Ele é tão chato.

- O divertido para você é um palhaço psicótico. Não iremos nos basear em suas opiniões. - Sel sorriu.

- Não acho mais palhaços legais.

- Aham. - As duas falaram em coro.

- Você está é desviando o assunto, Sel. Você gosta dele?

- Não sou tão burra a ponto de gostar de um cara que é louco para me ver atrás das grades.

- Se ele fosse louco por isso, tinha nos pego hoje. - A Ruiva a lembrou de um importante fato.

- Eu acho tão romântico! Um amor proibido. - Fiz uma expressão de apaixonada e pisquei os olhos várias vezes.

- Amor proibido é entre eu e essa coisa linda aqui. - A Gata pegou um colar de diamantes que tinha no saco. - Jamais me decepciona. - Todas nós rimos.

- Como Marilyn uma vez disse: "Diamantes são os melhores amigos das garotas." - Completei o pensamento da Sel.

Paramos o carro em nosso esconderijo para deixar boa parte do dinheiro e nos trocar. Coloquei um vestido bem curtinho vermelho e decotado da Dior. Acompanhado de um scarpin nude e um colar de diamantes, venderíamos eles depois, porém eu queria me divertir um pouquinho. Selina pôs um vestido também curto e preto, com mangas longas e tiras nas costas junto com um salto da mesma cor. Já Hera usou um curto que era solto abaixo da cintura e em cima prendia em seu pescoço, tinha alguns detalhes pretos, porém era quase todo em um tom rosa claro, nas costas tinha o cruzamento de apenas duas linhas, deixando-a toda a mostra, usava uma sandália de salto preta também. 

Já era meia-noite e nós alugaríamos um quarto no hotel mais caro da cidade: Royal Hotel. Lá havia até mesmo uma boate e nós aproveitaríamos tudo que tínhamos direito, além de uma suíte master. Nos arrumamos rapidamente e fomos correndo pegar um táxi, não apareceríamos lá com um carro roubado. Não cansávamos de rir pela noite maravilhosa que estávamos tendo.

Todavia, toda minha felicidade estava sendo apenas uma fachada. Vê-lo acabou comigo, sua expressão de desapontamento e de ódio foi como uma faca dentro de mim, eu queria correr, correr atrás dele e beijá-lo até fazê-lo perder o ar. Porém era tarde demais e eu sabia disso. Se eu o procurasse agora, seria morta. Coloquei isso em minha mente e juntei com todo meu ressentimento, cada tortura na cadeia, cada cuspida que levei. Todos os maus-tratos foram causados pelo jogo dele, e agora não seria eu quem ficaria com as consequências.

- Pare de pensar no que não deve. - Sel sussurrou para mim na recepção do hotel, enquanto Hera fazia com que o recepcionista nos deixasse entrar sem pedir documentos.

- Eu sinto falta, não posso mentir sobre isso. - Olhei para ela como um jogador que decepciona seu treinador.

- Não tem problema ter recaídas, mas cuidado, pois em uma delas, você pode não conseguir mais se levantar. Eu sei do que estou falando, confie em mim.

Respirei fundo e sorri para ela.

- Vai ficar tudo bem, vamos agarrar uns playboys hoje! - Bati palminhas e a Gata riu. Já Hera virou-se para nós com as chaves da suíte na mão e um imenso sorriso no rosto. 

- A noite começou agora, meninas. 

Coringa:

Filha da puta. Desgraça da minha vida. Como, como eu consegui me envolver tanto? Eu não sei amar, isso é um fato. Mas sei gostar demais, cuidar demais, me preocupar demais. Tudo em overdose. E ela se aproveitou disso. Fiz questão de ligar para todos os que ela chamava de "amigo" e deixei claro para pararem as buscas.

Consegui desviar-me do Batman e parei em um hotel barato. Ficaria longe das minhas coisas por um período, precisava pensar. Eu perdi um tempo precioso por puro sentimentalismo, fiquei mais de um ano e meio a sua procura, isso pagava todo o tempo que ela sofreu por mim, não? Foda-se. Parte de mim a queria morta mesmo, mortinha, debaixo de sete palmos da terra. E a outra a queria aqui, sendo torturada até não aguentar mais.  

"Pudinzinho, a culpa é sua". A maldita frase não saia da minha cabeça, junto com a imagem dela naquele vestido vermelho. Eu sentia falta do corpo, sentia falta daquela chatice. Todavia, eu deixaria tudo de lado. Já estava no meu limite, eu não a mataria, não ainda. Voltaria aos meus negócios, voltaria a alegrar Gotham. Caso esbarrasse com a garota, daria um pouco do que ela merecia. Mas ela jamais seria minha prioridade novamente.