Acordei no sofá e em cima do meu notebook, já eram meio dia e eu não tinha um plano em mente para de noite. Até agora só havia pensando em: chegar na antiga biblioteca correndo, pegar a metralhadora, sair correndo, entrar no carro bem desesperada e correr para o manicômio. Mas sinto que os criminosos em geral não fazem assim, logo esse era o jeito errado.
Para minha infelicidade era sábado, não poderia ver o Coringa pois as sessões eram só de segunda à sexta. E eu precisava conversar com ele, queria desesperadamente uma luz sobre o que fazer. Eu não sabia quem estaria me esperando lá, e se fosse uma enrascada? E se fossem inimigos dele que descobriram que eu iria libertá-lo e então iriam me matar? Ou é alguém que escutou nossa conversa e iria estar lá para me pegar no flagra e me prender? Eu estava ficando paranoica, chegava a esquecer quem é o palhaço e o quanto é inteligente, ele não me colocaria em risco dessa forma.
Embora que, parando para pensar, se fosse tão inteligente, não estaria preso...
Me recuso a continuar com minhas bilhões de preocupações, eu iria lá de cara fechada e faria o que tinha de ser feito. Não deixaria ele na mão e muito menos o decepcionaria. Esse foi seu primeiro pedido para mim, e se eu quisesse continuar ao lado dele, deveria aprender a me virar.
Levantei do sofá e fui caçar algo para comer, entretanto não tinha a mínima fome, meu estômago estava embrulhado. Tentei me convencer de que estava decidida, mas no fundo só queria correr para o Coringa, abraçá-lo e fingir que nada disso existia.
Enrolei pela casa até dar cinco e meia, ainda estava cedo, porém não aguentava mais ficar sentada, estava no limite da angústia. Fui tomar banho e, depois, fiz bastante hora enquanto secava o cabelo, no fim ajeitei em um coque para que ficasse enrolado nas pontas. Queria parecer confiante, mesmo estando longe de estar, então coloquei uma calça que realçava minhas curvas, bem colada e preta, pus uma blusa bastante decotada e cinza claro, joguei uma jaqueta de couro por cima e fui para o espelho olhar, soltei o cabelo e as madeixas loiras caíram até bater em minha cintura. Olhei no celular e já eram seis e quarenta e cinco, fingi não ver, para não me desesperar mais. Fui escolher meu sapato e decidi pegar uma bota de salto com cano curto, também preta.
Ouvi o toque do meu celular e gelei, estava demorando em me arrumar propositalmente, todavia todas as tentativas foram por água a baixo. Desbloqueei para olhar o que era, e soltei um suspiro de alívio. Havia uma mensagem dizendo:
"Não se atrase, minha querida."
Era ele!!! Ele estava me mandando as mensagens, então uma armadilha não poderia ser. A sensação de que daria tudo certo veio. Desci do apartamento e fui pegar meu carro, entrei no Porsche e respirei fundo, pronto, todo desespero voltou. Era incrível como aquele homem conseguia me acalmar, mesmo sendo tão caótico, porém eu sozinha era um desastre.
Segurei no volante tremendo e fui em direção à biblioteca abandonada. Parei meu carro um pouco escondido e atravessei a rua, subi as escadas e, por fim, empurrei a porta daquele lugar. Para minha tristeza, não estava trancada.
Fui entrando de cabeça erguida, mas estava tudo escuro. Peguei meu celular para ligar a lanterna, porém todas as luzes se acenderam nesse mesmo instante.
Fiquei olhando para o local, desesperada para encontrar logo a metralhadora. Quando avistei, tentei ir o mais rápido possível pegar. Porém senti meu braço sendo agarrado e fui abruptamente virada. Olhei para cima - gelada até a ponta do dedo do pé - e um homem me encarava sorrindo. Por que gente louca gosta tanto de sorrir?
- Calma docinho, ainda nem nos apresentamos. - Falou com uma voz brincalhona.
É meio óbvio que eu não conseguia nem mover a língua, então deixei que ele falasse.
- Sou o Macabro, e você deve ser a amiguinha do Coringa, sim?
Ele ainda falava comigo grudada em seu corpo, o que só piorava minha situação. Mas consegui me recompor no momento em que falou do motivo de eu estar lá.
- Sim, ele me mandou aqui. Vim apenas pegar a arma e já vou saindo.
- Ah é, coisinha linda? Então me diga: como pretende entrar com uma metralhadora em um manicômio?
Ele me pegou, eu ainda não havia pensado nessa parte, realmente, sou uma ótima criminosa.
- Ele pediu para que me ajudasse.
- Sim, só estava te assustando mesmo. - E começou a rir da minha tentativa de parecer séria. Era uma risada bem diferente da do Coringa, era simples e sem maldade, como de uma criança quando ri de um desenho.
- Então conseguiu engraçadinho, agora me explique, o que iremos fazer quando chegarmos lá?
- Bom, você trabalha lá, logo tem o cartão de acesso para entrar sem que seja disparado o alarme. Leve a arma em uma bolsa que vou te entregar, deverá se virar para despistar os guardas, não deixe-os desconfiar de nada. Quando chegar na cela do coringa, liberte-o e entregue a arma para ele, logo depois você vai apertar este dispositivo.
Ele me deu um negócio que parecia controle de carro, tinha apenas um botãozinho vermelho.
- Nós seremos avisados e entraremos em ação, o Coringa os atacará por dentro do local e eu, junto com a gangue, por fora.
- O que acontecerá com os outros pacientes?
- Bom, o chefe disse que queria se divertir com alguns guardas, mas não falou nada sobre esses caras aí. Se essa é sua preocupação, relaxa, a polícia chega rápido e cuida deles.
- Tudo bem, vamos então? Já estamos demorando muito aqui. - Tentei ser confiante ao falar isso, porém tremi ao terminar, e Macabro percebeu.
- Fica na paz, já fizemos fugas assim várias vezes, vai dar tudo certo.
- Eu espero que sim. - Sussurrei.
Ele me abraçou de lado e saímos, reparei que era um cara legal. Além de ser muito bonito, talvez a equipe do Coringa, ou melhor, a gangue, não fosse tão maluca como eu tinha especulado. Se fossem parecidos com este integrante, provavelmente seriam maravilhosos.
Entrei em meu carro e o vi ir em direção ao seu, deixei a arma na bolsa que ele me deu, coloquei no banco de carona, e fui em direção ao manicômio.
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