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História Dallan - Terceira Temporada - O chato e o compreensivo.


Escrita por: Caroli_cunha

Notas do Autor


Oioioi,meus linduus!
Como estão,prontos para continuar?
Espero que gostem do capítulo,digam o que acharam ;)
Boa leitura!

Capítulo 37 - O chato e o compreensivo.


Fanfic / Fanfiction Dallan - Terceira Temporada - O chato e o compreensivo.

Viktor voltou a me olhar com aquela cara de coitado,apoiando-se na porta,pois provavelmente estava alcoolizado demais para se aguentar em pé por tanto tempo.

—O que você faz aqui?!—perguntei assustado.

—Preciso de um lugar quentinho pra me esconder...Deixa eu ficar?—pediu baixinho,enjoado como é.

—Ahm...E-eu não... Não dá,eu...—seria embaraçoso demais ter os dois no meu apartamento durante uma noite inteira.Muito pior que Viktor e Seth na mesma cama,ninguém merece.

—Por favor,eu não tô legal...—ameaçou cair,passando a mão na testa.—Acho que vou desmaiar...

Me lembrei da última vez que ele fingiu estar muito mal,só pra se aproveitar da minha inocência.Não,ele não faria de novo.

—Nem vem com esse seu teatrinho,porque eu não caio mais!

Diferente do que esperei,ele não respondeu,apenas ficou me observando com cara de vítima.Desci os olhos pelo seu corpo ainda mais magro,as roupas molhadas e os sapatos respingados de lama,as mãos trêmulas.Parei no hematoma no joelho esquerdo.

—O que aconteceu,foi assaltado?—perguntei.

—Não,só bebi um pouquinho...—viu minha reprovação.—Mas eu juro que não foi por querer,quando vi já estava bebendo!Acho que… Acho que puseram alguma outra coisa na minha bebida…

Olhei para Nick atrás de mim e ele aprovou acolhermos o chato,afinal ele precisava de ajuda e lá fora chovia muito—não que eu me importasse,mas eu tinha alguém para impressionar com a minha bondade.

Deixei-o entrar e fechei a porta,ele parou no meio da sala e ficou me olhando.

—Quer tomar um banho? Acho que tenho algumas roupas que te servem...—ofereci.

Antigamente,dividíamos as mesmas roupas,já que nossos corpos são parecidos e nós sabíamos combinar uma mesma peça em nossos estilos distintos.Mas isso acabou e eu não vou perder tempo relembrando.

—O banheiro é aqui,né?—perguntou,se apoiando na porta.

—É,pode indo!—respondi.

Esperei que entrasse e voltei para o sofá.

—Nick,eu sinto muito! Ele…

—Não,eu entendo!Ele precisa da tua ajuda...—compreendeu perfeitamente,mas pra mim a noite acabava ali.

Ouvi Viktor me chamar no banheiro,olhei para Nick que forçou um sorriso e fingiu estar tudo bem.

—Fala!—respondi,ele levou um tempo calado.

Vem aqui?—pediu,já imaginando que eu não iria.

—Fala daí mesmo!—nem te deixar entrar eu queria.

Vem aqui,Dallan!—pediu mais firme,mas voltou atrás em seguida.—Favor!

Irritado e apreensivo,levantei e fui até a porta do banheiro,já destrancada.No impulso,abri e deparei-me com ele completamente nu.Levei um choque,cobri os olhos com as mãos e virei de costas,desesperado em não guardar aquela rápida visão na mente.Eu parecia uma criança,me sentindo culpado por ver alguém sem roupa.

—Porra,Viktor! Você não devia estar no box?! Francamente!—dei-lhe uma bronca,me sentindo até trêmulo.

Ele ficou quieto,atrevi-me a virar bem devagarinho até olhá-lo no rosto,só no rosto.E o encontrei com aquele olhar engraçado de quem me acha incrivelmente bobo.Claro,pra ele é normal mostrar os ossos pra qualquer um,mas pra mim era complicado vê-lo assim depois de tudo.

—Anda,fala logo oque você quer!—ordenei apressado,pois meus olhos já fraquejavam e insistiam em descer por aquela silhueta fina,molhada,lisinha e…

—Toalha,por favor!—pediu ficando sério,e eu praticamente saí correndo para o quarto.

Joguei um pijama sobre a cama,arranjei uma toalha para ele e voltei para a sala,onde Nick assistia tv e bebia refrigerante.Que droga,era para estarmos só nós dois,em paz,sem meu ex,bêbado atrapalhando tudo.

—E aí,o que ele queria?—perguntou baixinho,eu me joguei ao seu lado.

—Uma toalha…—suspirei desanimado.—Olha,desculpa mesmo! Isso não costuma acontecer,ele nem vem aqui mais!

Ele ficou me olhando inexpressivo,como se não se importasse com o que costuma ou não acontecer.E de fato,não se importava mesmo.Como ele havia dito,só queria fugir dos tios,nem tínhamos grandes vínculos para que sentisse algum ciúme ou precisasse de explicações.

—Não precisa se justificar!Vocês namoraram um tempão,é normal que queiram se ajudar!—respondeu,no tom mais natural do mundo.

Nicholas,o compreensivo.

—Eu sei,mas…

A porta do banheiro se abriu e Viktor seguiu para o quarto se apoiando na parede,enrolado na toalha.Olhei para Nick,que já nem estava mais ali,com sua atenção totalmente voltada ao programa na tv.

Argh,eu estava odiando tudo aquilo.

Aquela era a minha casa,e eu ditava as regras.Decidi não permitir que Viktor acabasse com minha paz mais uma vez,então fui até o quarto,pronto para expulsá-lo.

Porém,quando cheguei na porta,encontrei-o de costas,virado para o espelho na parede,vestindo apenas a bermuda do pijama com a camiseta nas mãos.Ele levou a peça até o rosto e a cheirou profundamente como se aquele fosse o fim de toda a sua dor.Abraçando o pano como,provavelmente,queria fazer comigo,os olhos fechados deixaram que uma lágrima escorresse,mas ele secou com a roupa rapidamente.Lágrimas arrependidas ou apenas de saudade?

O que já estava difícil para mim,piorou.Vê-lo naquela situação tão frágil e desatenta,me desarmou totalmente.Não tinha como simplesmente expulsá-lo da minha casa,eu não seria capaz.Ele levantou o olhar e me viu através do espelho,largou a peça no chão e se virou assustado para mim.

—E-eu não...Eu só estava...Ahm…

—Eu sei o que estava fazendo!—fui sincero,e ele pareceu envergonhado.Se deu conta que havia derrubado a camisa e a pegou rapidamente.

—Você não quer que eu fique,né?—percebeu.Eu cruzei os braços e caminhei para dentro do quarto.

—É... Não quero!—suspirei,pendendo a cabeça para trás.—S-seu...Seu namorado não pode vir te buscar?—me dava náuseas só de pensar nele.

—Ele nunca faria isso!

—Mas devia! É um namorado ou um peso de porta?—zombei ainda sério,ele vestiu a camisa.

—É meu inimigo.—parei.Tentei disfarçar minhas emoções e a curiosidade,tentei parecer frio,imparcial.—Ele...Ele me enxotou de casa,disse que eu devo voltar só daqui há uma semana…Não quer ver minha cara antes disso!

Eu ri incrédulo,mas ele continuou sério, parecia engasgado de tanto ódio e mágoa.Contraiu os lábios como fazia quando não convinha mostrar ser sensível,correu os olhos pelo ambiente e voltou a me olhar.

—E essa marca roxa no ombro?—notei um hematoma igual ao do joelho,bem sobre o osso da clavícula.

—Foi ele!

—Que?!—espantei-me,mas ele parecia tão frio sobre isso.

—Eu vou tentar convencer minha mãe de me deixar ficar lá... Afinal,você já tem coisas pra cuidar...—indicou Nicholas na sala,com o olhar.

—E-eu não consigo acreditar!—murmurei,ainda chocado,e ele arqueou as sobrancelhas.—O-o que o levou a fazer isso com você?! Por que?!

—Porque... Ele não gosta de bebida,e eu não consigo aguentar tudo isso sem beber!É muita coisa,não dá!—explicou,assumindo ser alcoólatra.—Mas beleza,essa não é a primeira vez nem a última!

—Juro,eu não to acreditando!

Ele se sentou na cama,e quando pôs as mãos entre as pernas,notei a ausência da aliança.

—O Augusto é uma pessoa louca,você nunca sabe quando ele está bem... Porque ele nunca tá! E no fim,é como se eu sempre fosse o culpado ou... Ah,mas o que eu estou falando pra você?! E-esquece,deixa isso pra lá!

—V-Viktor,eu...—ele fez cara de desconforto.

—Chega,eu não quero mais falar disso! Me empresta o telefone,pra ligar pra minha mãe? O meu tá sem bateria!

—Viktor,esse cara tá te agredindo!—ignorei sua fuga do assunto.—Ele está te espancando,quando devia te ajudar a superar seu vício!

—Você tentou e eu não quis!—relembrou,eu me abaixei em sua frente,me apoiando em suas pernas sem me dar conta de tal gesto.—Ele tá tentando da maneira dele!

—Como,te deixando todo roxo? Bela tática, como ele é maduro e esperto!—ironizei,ele respirou fundo,passando a mão na testa.—Ta passando mal?

—Vai passar... Acontece,às vezes.—soltou o ar pela boca.—Ele sabe que eu não vou conseguir parar!Dallan... Desculpa? Eu fui um cretino idiota,estraguei tudo!—tocou minhas mãos sobre seus joelhos.

Eu fiquei o olhando,mas não consegui que ele me encarasse por mais de dois segundos.Queria muito acreditar nesse pedido de perdão,por menor e insignificante que fosse,mas não sei se podia.Ele estava alcoolizado,machucado e triste.Nós agimos diferente quando precisamos,não significa necessariamente que estamos sendo sinceros,nós apenas precisamos.O medo nos obriga a sermos bons.

—E o que você pretende fazer? Vai denunciá-lo ou...—ele me interrompeu.

—Vamos parar o assunto,não quero mais!—suspirou.—Por favor...

—Tá bem,você pode dormir no outro quarto,está vazio!—mudei de assunto,me levantando de sua frente.—Digo,está com fome?

—Não tô,relaxa!Só preciso... Descansar um pouco...—respondeu,deixando-me guiá-lo para fora.

—Então tá,pode ir!

Ele foi devagar para o quarto,entrou e puxou a porta,mas antes de fechar,me olhou com um semblante agradecido,apesar do cansaço e sussurrou um “Obrigado!”.

Permaneci inexpressivo.Poxa,eu nem me recuperei da última vez que nos vimos e ele já apareceu de novo.Doía muito só de vê-lo,imagina saber do que ele estava passando,quando poderia ser feliz comigo.Isso porque ainda sinto que ele não contou nem metade,como eu também fiz.Novamente,nós dois tínhamos dores semelhantes que nos consumia por dentro,mas dessa vez eram piores,e nós nem sequer podíamos deitar no ombro um do outro e chorar.Oh céus,que vida.

Nicholas e eu ficamos mais um pouco na sala,até que notei tudo silencioso,provavelmente Viktor já havia pegado no sono.Então desligamos a tv e fomos para o quarto,eu me deitei e fiquei o esperando terminar seu ritual noturno que parecia ser eterno.

—Pronto!—finalizou,se deitando ao meu lado na cama.

—Finalmente,né?—zombei e ele riu.

—Boa noite!—me deu um beijo surpresa,mas eu achei tão fofo que o segurei e não deixei me largar tão rápido.

Ele foi me beijando e engatinhando até parar sobre meu corpo na cama,então afastei as pernas e o deixei se aconchegar entre elas.Fui subindo com as mãos por suas costelas,passando para baixo da camiseta e tocando sua pele macia e quente.Porém,quando ele sentiu que eu poderia tirar sua roupa,puxou minhas mãos para baixo novamente e afundou o rosto no meu pescoço,soltando um riso baixinho.Ficou me beijando e me arrepiando,então eu fui safado e apalpei seus glúteos com as duas mãos,beijando seu pescoço também.

—Hm...Para.—sussurrou próximo ao meu ouvido,mas eu ignorei.

Ataquei seus lábios num beijo profundo,que ele correspondeu,mas logo voltou a pedir que eu parasse,não sei exatamente com o que,se não saía de cima de mim.Tentei mais uma vez despi-lo da cintura para cima,mas ele segurou minhas mãos e rolou para o lado,me deixando confuso.

—Que foi?—sussurrei.Ele suspirou,deitando o pulso sobre os olhos.

—Nada,deixa pra lá…—me olhou sem graça,forçando um sorriso.

—O que houve,eu fiz algo errado?—insisti pois estava preocupado.

—Não,não! Só...—correu os olhos pelo ambiente,mas eu não entendi.

—O que?!

—Dallan,eu não vou conseguir,com o teu ex dormindo bem aqui do lado,né?!—confessou indignado,se apoiando no cotovelo.

Então era isso.

—Que que tem? Ele já deve estar num sono profundo!—deduzi,ele fez cara de desconfiança.—Ele tá bêbado,Nick! Nem vai perceber…

—Imagina!—ironizou.

—Vem,eu faço bem devagarinho!—brinquei,ele riu mas logo ficou sério quando ouviu Viktor espirrando.

É,ele tinha razão.Dava para ouvir qualquer ruído do outro lado da parede.

O mesmo caiu desanimado de volta na cama,e eu tive que respeitar sua vontade mesmo contrariado.

—Tá,se você não quer...Boa noite!—eu disse,e ele ficou calado.

Apaguei a luz e relaxei,enquanto ele deitou a cabeça no meu peito e ficou quieto.Tudo ficou totalmente silencioso.Sua mão parou sobre meu abdômen,eu me mexi um pouco e ele enrolou a perna na minha para preencher melhor nosso abraço,e eu encostei o queixo no topo de sua cabeça.Ficamos um tempo naquela posição,não sei se ele dormiu,mas eu já havia perdido o sono.

Estava refletindo sobre a minha vida quando senti um joelho encaixar-se bem entre as minhas pernas,quase esmagando o que eu tinha de precioso.Com cuidado para não acordá-lo,empurrei sua perna para baixo e o afastei.Mal fiz isso e ele voltou a enfiar o joelho onde não devia,e nisso já estávamos na beira da cama,quase caindo.

Então mudei a estratégia.Peguei-o pelo braço e fui tirando de cima de mim,na intenção de fazê-lo virar de costas,mas ele resmungou e me agarrou novamente.Suspirei irritado.

—Nick?—chamei,mas ele nem ouviu.—Nick!

—Hmm...—resmungou sonolento.

—Você tá me apertando.—ele semi abriu os olhos e me olhou.

—Hãn?

—Tá me apertando,afasta só um pouquinho?—pedi baixinho para não acabar acordando o outro no quarto ao lado.

—Ah,desculpa...—murmurou,rolando e indo parar do outro lado do mundo,isso porque eu pedi só um pouquinho.

Tudo bem,deixei o garoto em paz e tratei de dormir.

Na manhã seguinte,despertei sozinho na cama.A casa estava silenciosa,então me espreguicei e levantei para ver como estava tudo.Uma bagunça,igual ao meu cabelo.

Não encontrei Nick,e já comecei a entrar em paranóias.Será que se zangou comigo e foi embora? Ou recebeu um convite de alguém mais interessante? Encontrei sua mochila no canto do quarto e entendi que havia apenas dado uma saída.

Atrevi-me a ir dar uma espiada em Viktor,abri a porta bem devagar,olhei através da pequena abertura e vi apenas a cama desarrumada.

—Os dois foram embora?!—estranhei.

Fui para o banheiro,fiz minha higiene,fui para a cozinha em busca de algo para comer mas não encontrei grande coisa.Ouvi barulhos na porta de entrada e parei para ver,então Nick entrou e deu passagem a Viktor.Ambos conversando e rindo como grandes amigos,carregando algumas sacolas.

—Bom dia,dorminhoco!—cumprimentou-me Nick,e Viktor apenas parou ao lado com um olhar simpático.

Ele tinha o rosto ruborizado e os olhos lacrimejantes,devia estar doente pela chuva de ontem ou com alergia a algo na minha casa.Já havia se desacostumado com tudo.

—Bom dia! Onde vocês estavam?—perguntei,esfregando os olhos.

—Não tinha nada pra comer,então a gente foi até a padaria e compramos algumas coisinhas...—explicou ele,sorrindo.

—Rosquinha!—resmungou Viktor,quase inaudível mas Nick sorriu para ele.

Okay,aquilo sim era inusitado,jamais visto antes.Analisei melhor o loiro,e notei que vestia suas próprias roupas,nada ali era meu.

—E você arranjou novas roupas?—deduzi.

—Essas são as que eu deixei na casa da minha mãe!—respondeu sem graça,e já desviou a atenção de mim como se eu fosse qualquer coisa.

—Ah...—observei seu jeito esnobe e Nick continuou conversando.

—Então vamos comer que eu tô morrendo de fome!—sugeriu,já abrindo as sacolas sobre a mesa.

Viktor levou um tempo me olhando por trás dos óculos,com uma expressão diferente,que para a minha surpresa eu não soube decifrar.Talvez estivéssemos deixando de nos conhecer,nos estranhando bem aos poucos.Desviei o olhar.



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