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História Dallan - Terceira Temporada - Deixa que eu atendo!


Escrita por: Caroli_cunha

Notas do Autor


Oioi meus linduus!
Voltei com a continuação dessa treta em forma de fic...né? Rsrs
Espero que gostem,preparei com todo o carinho e dedicação que vocês merecem ♡
Boa leitura!

Capítulo 39 - Deixa que eu atendo!


Fanfic / Fanfiction Dallan - Terceira Temporada - Deixa que eu atendo!

À noite,Nick me convidou para sair e beber,dançar,nos divertir.Para ser sincero,eu não estava no clima,mas fui assim mesmo.Queria esquecer um pouco o quanto eu sou trouxa.

Fomos para uma festa em casa,onde eu não conhecia ninguém,a música não era assim tão agradável,já tinha gente bêbada antes da meia noite,alguns pareciam nem ter dezoito anos ainda,e eu nem sequer sabia onde estava o dono da casa.Aquilo me lembrou minha adolescência,mas acho que já estou velho para isso.

Peguei uma bebida e me escondi num banco,bem no canto da sala onde as luzes coloridas improvisadas não me alcançavam.Nicholas? Desapareceu no primeiro instante,sabe-se lá para onde e com quem.Devia ter arranjado um homem,é muito fácil pra ele.

Estava observando duas meninas que pareciam aprontar alguma,pois mexiam em suas bolsas com todo o cuidado e riam juntas.Até que alguém se aproximou,olhei e vi um rapaz negro se sentar no outro banco.

Ele tinha um cabelo crespo bem volumoso,era magro mas possuía braços definidos,carregava a lata de cerveja na mão e o celular na outra.Olhou de canto para mim,e eu disfarcei.Fiquei olhando em volta,mas imaginando aquele abdômen por baixo da camiseta.Devia ser todo definido,cor de chocolate,suado e cheiroso.

“Mas qual é o meu problema,hein?!” Devia ser a carência.

Olhei discretamente para o lado,as botas beges,típicas entre os rappers,davam-lhe um ar arrumado mas meio bad boy.Uma das mãos parou sobre o joelho exposto pelo rasgo da calça jeans.Mãos grandes,fortes.Olhei para o rosto e o peguei me encarando bem sério.Parei de olhar,antes que ele me desse um murro,e fui caminhar um pouco.

Fui para a varanda,fumei um cigarro e segui para o banheiro.Estava ocupado,então subi as escadas para ver se tinha outro lá em cima.Encontrei,usei,e voltei para a sala.Alguém tocou meu braço,era Nick.

—Onde você estava?—perguntei,ele sorriu.

—Estava trocando uma ideia com um cara...Mas ele já foi embora! Quer beber alguma coisa?

—Não,eu to legal!—respondi,ele sorriu.

—Quer dançar?—eu dei de ombros,com um sorriso frio.—Divirta-se,você pode e merece!—me encorajou,eu fiz um carinho em sua bochecha.

Dançamos um pouco juntos,até ele desaparecer novamente,pois eu disse que estava bem.

É,ele tinha razão.Eu estava mesmo precisando de um pouco de alegria e curtição na minha vida,tudo era muito estressante e chato já há tempos.

Voltei para o banco,mas o negro não estava mais lá.Segui para a cozinha,pouco espaço para muita gente,enquanto tentava pegar uma lata de energético sobre a pia,de costas para a porta,senti alguém me tocar.Ou melhor,encostar o corpo no meu,quase me encoxando,na tentativa de pegar a bebida à frente.

Olhei de canto e vi o moço negro ali colado em mim. Timidamente,me esquivei para o lado e saí de seu quase abraço,e ele muito sério,pegou o que queria e saiu.Estranhei,mas poderia ser apenas para alcançar as latinhas na pia.Apesar de ter mais espaço ao meu lado,que ele poderia ter usado mas preferiu vir por trás e…

Não,nada a ver.

Fui para a sala onde todos dançavam e se divertiam,olhei para o lado e lá estava ele novamente,me observando inexpressivo.Aquilo estava me matando de vergonha,e ele parecia achar graça em como eu ia ficando cada vez mais desconcertado.Até que resolveu se mexer,foi se aproximando e eu não conseguia tirar os olhos daquele homem.

Até que parou bem perto de mim,com um olhar simpático e eu sorri timidamente.

—Será que seu namorado se importa de emprestar um pouquinho?—perguntou,com seu timbre grave e sexy.

—Eu não tenho namorado...—respondi baixinho,ele exibiu os dentes brancos e perfeitos num sorriso satisfeito.

—Que bom!

Envolveu minha cintura e beijou meus lábios antes que eu pudesse fazer qualquer coisa.Tão atrevido,mas sabia beijar tão bem que eu não pude protestar.Ele me agarrava,passava as mãos pelo meu corpo,me segurava como se eu fosse algo bem pequeno e fácil de manusear.

Só os lábios,carnudos e gostosos,já seriam o suficiente para mim,mas ele resolveu usar a língua também.Quando parou o beijo,eu estava sem fôlego,com as pernas bambas e o coração acelerado.Abri os olhos e o vi sorrindo,esperando uma resposta minha e tudo o que eu consegui fazer foi suspirar como um bobo.

Okay,agora ele iria talvez perguntar meu nome,ou voltar a me beijar,ou me pedir para sairmos daquela bagunça para algo mais calmo.

Engano meu.O safado simplesmente saiu e me largou plantado no meio da sala,e as pessoas dançando foram atrapalhando a minha visão.Eu quase o perdi,mas fui rápido e o peguei pela mão.

—Ei,espera aí!—gritei em meio à música alta.Ele olhou com cara de dúvida,depois para a minha mão na sua.—N-não vai nem dizer seu nome? É assim,é?!

Ele torceu a boca e deu de ombros,indiferente, e saiu em direção à porta.E foi assim que eu entendi o que é um homem bom de verdade,aquele que te pega,te deixa trêmulo e vai embora antes que você deixe de parecer o trouxa e ele se torne o tal.Só eu que faço tudo errado mesmo.

Intrigado,fui para a varanda e acendi um cigarro.Acho que ele não quis nada pois eu estava meio bêbado,ou sei lá.Nicholas chegou e me chamou para ir embora pois já estava tarde,e assim fizemos.

(...)

Despertei com um barulho na cozinha e já fiquei assustado,pois que eu saiba estava sozinho já que Nick não ficou comigo à noite.Criei coragem,me levantei e fui até lá,dando de cara com Viktor.Na hora, levei um susto que quase morri do coração,ele largou a tigela sobre a mesa e veio rapidamente até a mim.

—Calma,sou eu!—massageou meu peito e levantou meu queixo,preocupado com meu bem estar.—Você tá bem?!

—Cara,você quase me matou de susto!—disfarçadamente,tirei suas mãos de mim.—O que está fazendo aqui,como você entrou?!

—D-desculpa,ah...É que a porta estava aberta,eu pensei que…!—balbuciou nervoso.

—Caramba,eu larguei a porta aberta!—me lembrei da noite anterior.

—Desculpa,eu não queria te assustar!—pediu mais baixo agora.

—Não...Tudo bem!—esfreguei os olhos e notei minha cozinha uma bagunça,então semicerrei os olhos e pus as mãos na cintura.

—Ehm...Eu to fazendo seu café da manhã,era pra ser surpresa!—eu arqueei as sobrancelhas,voltando a ser durão.

—Ah,surpresa...Por que?!—ele pensou e deu de ombros,acanhado.—Tá achando que é assim,é? Vai entrando na minha casa,fazendo cafezinho surpresa…O que o seu “papaizão” acha disso?

Ele ficou sério,mexendo com os dedos da mão.Parecia extremamente sem graça,mas eu já não me importava em deixá-lo assim,depois de como ele me fez sentir.Olhei em volta,e ele seguiu meu olhar.

—E essa bagunça? Vai sobrar pra mim?—ele balançou a cabeça rapidamente.

—Não,de jeito nenhum! Eu vou limpar assim que tudo tiver pronto!—eu torci a boca e fui para o banheiro.

Minha cabeça latejava dolorosamente,o que tornava meu humor ainda pior.Tomei um banho para relaxar,mas não adiantou tanto,então vesti roupas largas e confortáveis e fui para a sala.

Viktor já havia posto a mesa do jeito que eu gosto,minha xícara preferida com café,o copo de suco,as torradas,a geleia de morango,e até mesmo meu maço de cigarros e o isqueiro ao lado.Olhou de canto para mim e puxou a cadeira.

—Senta!

Eu não conseguia acreditar em como ele tinha a audácia de tentar me mostrar que ainda se lembrava,expondo descaradamente a vontade de chamar minha atenção.Me sentei ainda sério e elevei o olhar até ele,que permanecia parado ao meu lado.

—O que é isso?—perguntei insatisfeito,ele pensou um pouco.

—Eu tentei fazer do jeito que você gosta...Ou gostava!

Eu torci a boca com desdém e provei o café.Muito doce.Pus a xícara de volta.

—Tá bom?

—Bom?! Só se com “bom” você quer dizer “péssimo”!—olhei bem pra ele,que tinha os olhos arregalados.—Tá tentando me matar?!

—Que?! Não,nunca! Meu Deus…!

—Então pra que tanto açúcar?! Francamente!—provei o suco,que estava um pouco melhor.

—Desculpa,eu posso trocar!—pegou a xícara e foi para a cozinha.

Okay,eu estava de mau humor,mas admito que exagerei.E fiz assim para ver se ele se tocava e ia logo embora,doía muito ter de olhar pra aquela cara toda hora e ficar me lembrando de tudo.Ninguém merece.

Ele voltou com meu café,dessa vez menos doce.Eu provei,olhei para ele e o vi com cara de apreensão,esperando saber o que eu achei.

—Não vai sentar?—perguntei,menos agressivo.Ele fez cara de confuso.

—Ehm...Vou.—se sentou de frente para mim.

Eu dei mais um gole no café e acendi um cigarro,traguei,soltei a fumaça para o lado,e ele ali me observando.Parei e o olhei sério.

—Que foi?

Eu sabia o que estava fazendo.Simplesmente me assistia fumar pois sempre gostou da visão,e agora tinha mais saudade do que nunca.Sei como é,passo por isso o tempo todo,só disfarço bem.

—Não vai comer? É de morango!—empurrou a geleia em minha direção.

—Não to com fome.—murmurei,tragando e vendo-o apoiar o queixo na mão,chateado.

Saí da mesa e fui para a sala,estudei a manhã toda enquanto ele limpava sua sujeira na cozinha.Depois veio e se sentou ao meu lado no sofá,eu olhei disfarçadamente e continuei na minha.

—Você voltou a dar aula?—perguntou,olhando para meus cálculos.

—Vou voltar…—respondi sério.

—Que bom! É muito bom te ver recuperado...—soou sincero,e eu assenti.

—Muito bom também não te ver gritando e rolando no chão igual fez quando eu estava  internado!—relembrei e ele resmungou envergonhado,cobrindo o rosto.

—Aff,nem me lembre!—eu ri.—Desculpa por aquilo,eu estava...Sei lá,tinha bebido demais e acabei deixando o desespero tomar conta!

—Os enfermeiros disseram que era uma outra coisa...—resmunguei.

—Nossa,aquela injeção quase me matou,eu fiquei mole,não conseguia nem abrir os olhos direito!—reclamou e eu concordei,pois era realmente terrível.

—É ainda pior quando eles te aplicam aquilo todo dia…—respondi e ele lamentou com o olhar.

—Eu queria não ser culpado disso tudo,Dallan!—falou baixinho,e eu fingi de surdo.—Queria estar do seu lado em todos os momentos,foi o que eu prometi,mas...

—Esquece isso,já passou!—cortei o assunto.

—Não passou nada,se não você não me trataria assim!—discordou.

—Assim como?—perguntei sem nem olhar.

—Com frieza!Nem liga pra mim,como se eu fosse um peso morto!—eu parei tudo para assistir ao espetáculo.—Fica me olhando com essa cara de deboche…

—Deboche,é?—repeti cinicamente.

—É,como se tudo o que eu fizesse fosse piada...Como se eu fosse uma piada!—reclamou magoado,mas eu me mantive.

—Sabe o que é,Viktor? Você é uma pessoa carente e manhosa,não aceita não ser o centro das atenções.—afirmei convicto,mas calmo.E ele ficou me olhando atentamente.—E sabe que isso te atrapalha? Ninguém leva a sério um adulto que age feito criança!

—Tá dizendo que você não me leva a sério,é isso?—começou a se exaltar,confirmando minha teoria.

—Não...—pensei um pouco.—Só acho que nossos erros e dores servem pra ajudar no crescimento,é uma coisa boa,de certa forma!

—Já entendi! Então você tá dizendo que só amadureceu porque passou por um monte de coisas ruins...Ou seja,eu então teria que ser estuprado pra talvez alcançar um nível digno de sua atenção! É isso?—eu ri incrédulo.

—Não,agora você foi longe demais!Eu acho que se você tivesse um pouquinho de noção,nem tocaria nesse assunto comigo!

—Eu to tentando entender o que você quer!—alegou ainda agitado.

—Mas não tem o que entender,eu não quero nada!

—Poxa,você não sabe da metade!—alegou,com muita magoa.

—Digo o mesmo...—tentei não me lembrar das coisas.

—Eu...Senti a sua falta...desde o momento que você arrancou com o carro e me deixou naquele estacionamento...—murmurou,com os olhos marejados.

—Jura?! E por que então você continuou me esnobando? Veio pegar suas coisas,falou um monte,me comparou ao outro como se eu fosse inferior!—refresquei sua memória.

—Porque eu sou um idiota,Dallan! Por isso!—gritou revoltado.

—Não,eu acho que você é muito esperto! Nem todo mundo tem coragem de trocar um relacionamento que não satisfaz mais,medo de arriscar…

—Eu não troquei nada!—insistiu na mesma coisa.

—Claro que trocou,e eu não quero mais falar disso! Chega!—voltei a folhear o livro de cálculos.

—Caralho,Dallan!Você não entende?!—gritou enraivecido.

—Não! Eu não entendo!—rebati no mesmo tom.—Eu não entendo também o que você faz aqui,me enchendo o saco!

Ele parou e ficou me encarando,uma lágrima escorreu de um dos olhos enquanto a respiração ofegante ameaçava um novo escândalo,como aquele no hospital.

Mas acho que sóbrio,tinha mais controle sobre si mesmo.Desfez o bico,secou a lágrima,respirou fundo e saiu em direção ao quarto.

Não sei o que se passava naquela cabeça,que ele se achava mesmo no direito de “morar novamente na minha casa.Como se pudesse ir e vir quando quisesse,como se tivesse a liberdade.E eu não conseguia mudar isso.

Já passavam das onze horas da manhã,eu falava com Noame no telefone quando Viktor saiu do quarto.Olhou para mim e fez mímica,pedindo permissão para tomar banho.Dei de ombros com indiferença e continuei falando,ele se trancou no banheiro.

Me despedi do baixinho e desliguei.De repente,ouvi o toque do celular de Viktor vindo do quarto,o barulho do chuveiro misturava-se com a voz dele cantarolando como de costume por isso ele jamais ouviria.

Eu poderia deixar tocar,mas todo mundo sabe que eu não consigo.Fui até lá e o peguei de cima da cama,o visor mostrava a foto daquele desgraçado que me roubou o amor,com o apelido de “Guto”.

Só de raiva,atendi.Queria ver o que aquele filho de uma puta ia dizer.

—Alô?

Pude ouvir sua voz agora nitidamente.A voz que seduziu meu príncipe,e nem era assim tão sensual.Mas era forte,imponente,cheia de orgulho como ele mesmo é,aquele timbre só podia pertencer a ele mesmo.

Continuei calado,apenas respirando pesado para mostrar que estava ali.

—Alô!—insistiu mais firme.—Que foi,não vai responder? Acha que eu sou idiota,né?

Por um momento pensei que ele houvesse me descoberto,mas ele continuou.

Não adianta fingir que não me escuta,eu sei que está aí! Você se lembra do que aconteceu da última vez que bancou o sonso,não lembra,querido?—ameaçou,usando de um carinho frio e sádico.

—Aham...—forcei uma voz mais melosa e resmunguei afirmando,e ele conhecia o namorado tão superficialmente,que nem percebeu.

Não quer que aquilo tudo se repita,quer?—a voz soou como um quase sorriso,e eu resmunguei novamente.—Ahh,como eu adoro quando você se faz de bravinho! É assim mesmo que o papai gosta,que assim eu fico com mais vontade de te pegar e te...—afastei o telefone para poupar meus ouvidos de tanta promiscuidade.

E na hora do nojo e asco,acabei desligando na cara dele.Nem dois minutos depois,ele retornou furioso,nem sequer deu tempo da minha ânsia passar.

Ei,o que de tão importante você faz que precisa desligar na minha cara?!—já soava descontrolado.

—Ham...Hm…

Que porra você acha que eu sou?! Tá ocupado demais pra me ouvir,não quer responder por quê?!—parecia outro homem de segundos atrás,no mínimo bipolar.—Hein,sua vadia?! Responde,cadela!

Eu fui ficando apavorado com a forma como ele tratava o próprio namorado,principalmente por ser quem era.Mas não desligue,fiquei ouvindo para saber até onde ele iria daquele jeito.

Eu sei que está aprontando,ta me pondo chifres! Agora você deve estar transando com outro,por isso não quer falar comigo,não é? Quem é dessa vez,o carteiro,o padeiro,o fotógrafo?!—eu não podia crer no que ouvia,até ele me envolver na história.—O que foi,voltou com aquele garoto,é? O tal de “Dallan”....Eu sei que está com ele,e acho bom continuar! Continue porque eu quero que você esteja presente quando eu acabar com seu louquinho!Ele vai desejar nunca ter nascido e você vai lamentar e se culpar pro resto da vida,e não adianta encher a cara e chorar como costuma fazer!

Espremi os olhos tentando não deixar que as lágrimas escorressem,mas o nojo,a raiva,a pena e a indignação que eu sentia eram tão fortes que eu precisei desligar logo,ou não responderia por mim.Como ele podia fazer assim com o meu garoto?! Como o idiota do Viktor permitia isso?! Era absurdo demais.

Larguei o aparelho sobre a cama e quando cheguei na porta do quarto,quase me bati no próprio,recém saído do banho.Desviei e fui para a sala,ele se vestiu e veio também.

—Tá com fome?—perguntou,eu permaneci de braços cruzados,sentado no sofá.

—Não.—respondi,sem olhar.Eu tinha ainda mais raiva dele agora.

—O que você quer para o almoço? Eu faço uma macarronada deliciosa…—insistiu.

—Já disse que não tô com fome!—falei mais duro.

Ele parou,suspirou e foi para a cozinha.Não tinha jeito.

Bateram na porta e eu fui atender.Para a minha surpresa (ou embaraço) era Matheus,o psicólogo.

—Caramba,quanta escada!—arregalou os olhos,bufando de cansaço,e eu ri.

—Entra,fica à vontade!—convidei,ele foi entrando devagar,até olhar através de mim e ficar sério.

Olhei também e Viktor nos observava da porta da cozinha,com seu olhar inexpressivo que já estava me deixando irritado.Voltei para Matheus,que pela cara já havia se lembrado de Viktor mesmo sem conhecê-lo,baseando-se pelas nossas conversas e suas habilidades de percepção.

—Ahm...Matheus... Viktor!—apresentei de má vontade mesmo,eles deram a mão.

—Oi,tudo bom?—ele cumprimentou o loiro,que só fingiu sorrir e voltou a me olhar.

—Você...Queria alguma coisa?—perguntei.

—Onde você guarda o macarrão? Não tô achando...—comentou ele,eu sorri para o psicólogo e empurrei Viktor de volta para a cozinha.

Matheus ficou analisando os jogos na sala,e Viktor desfez a carinha de coitado,me olhando com toda a autoridade que nem lhe era permitida.

Quem é esse cara?!—cochichou,pondo as mãos na cintura.

Não te interessa! Por que quer saber?!—cochichei indignado.

Okay,então é assim? Vai ficar trazendo um e outro para casa,como se você fosse de qualquer um?!—eu ri incrédulo.

Por que,isso te incomoda?!

Sim,incomoda!—eu acreditei menos ainda em tal absurdo.—Não pode fazer isso,é perigoso!

É a minha casa e nela entra quem eu quiser!—o encarei,e ele balançou a cabeça,indignado.

Você é sensível,não pode ficar se expondo desse jeito!

Meu filho,acha que ainda tenho medo de algo? Eu fui casado com um psicopata assassino,se quer saber!

É? E esse aí,veio pra substituir?—me encarou no fundo dos olhos,me deixando mais irritado.

Na boa,se você abrir a boca,eu te jogo lá  na rua...pela janela!—ameacei,e ele contraiu o maxilar,semicerrando os olhos com muita raiva.

Abri o armário,joguei o pacote de macarrão sobre a mesa e corri para a sala.Quando cheguei,Matheus estava sentado no sofá com os cotovelos apoiados nas pernas e o olhar perdido no chão.

Me sentei ao seu lado.

—Ehm... Então,eu pensei que tivesse compromisso...—comentei,e ele me olhou simpaticamente.

—É,eu tinha!—desviou o olhar,parecia triste.—Mas se eu tiver atrapalhando vocês,não tem problema!Eu volto outra hora…

—Imagina,claro que não!—toquei seu braço,fazendo-o voltar a relaxar no sofá.

—E,bem...—pensou um pouco.—Mas esse moço não é o…?!

—Ah não,a gente não tem mais nada! Tudo certo!—respondi rapidamente,pois queria ganhar o boy.Ele assentiu e abaixou a cabeça.

Eu fui e troquei o jogo por um com mais adrenalina,pois sabia que eram seus favoritos.Voltei para o sofá e lhe entreguei um controle.

—Daqui a pouco o almoço sai...—comentei,ele me olhou de canto.Notei que insistia em tentar olhar para a cozinha e ver Viktor lá.—Então,e sua namorada? Tudo bem pra ela, você vir?

—Ehm...A gente...A gente brigou feio ontem,sabe?—comentou baixinho.

—Oh,sério?

—É,ela...Disse que não se sente mais tão completa,disse que precisa de um tempo pra pensar...Acho que nem me ama mais!—lamentou,eu pus a mão em seu ombro.

—Cara,eu nem sei o que dizer!—ele suspirou.

—Ah,vamos jogar,vai!

Passamos um bom tempo na mesma atividade,ele todo distraído parecia um moleque entretido com o jogo,e eu fingindo estar também.Até que a porta fez barulho,e quando olhei,Viktor já havia saído sem falar nada.

Devia estar irritado com a falta de atenção,ou com o fato de Matheus estar ali.Não sei,e nem me importo.O outro ficou sério olhando para a porta,depois para mim,com cara de assustado.

—Acho que é melhor eu ir...—resmungou envergonhado,se levantando devagar.

—Não,o que é isso?! Fica,ele é assim mesmo!—segurei sua mão.

Ele desceu os olhos até os meus,depois para nossas mãos juntas,engoliu seco e voltou a se sentar.O silêncio foi ficando aparente,e o clima se tornou um tanto constrangedor.

Ele parecia extremamente desconfortável,mas não tirava os olhos de mim,ora olhava para meus olhos,ora para meus lábios como se não pudesse mais disfarçar;e eu apenas retribuía.E como eu  é que quis primeiro,tomei a iniciativa e o beijei.


 



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