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História Dallas - Dallas - capítulo 13


Escrita por: biancamota

Notas do Autor


CARA eu sei que, tipo, demorou 6 meses pra sair esse capítulo kkkkkk mas vocês nem têm noção do quanto minha vida ta maluca!!!!!

Capítulo 13 - Dallas - capítulo 13


Gabby - capítulo 13 30/03/2019

Batata frita. Camarão. Hambúrguer, bolo, burritos, tacos. Tobias Trenty. 

Todos esses gostos –e por mais que não gostasse de admitir, muitos outros também –se misturavam na minha boca de forma ardente. 

–Eu não acredito! –Winnie falou, pelo que eu julguei ser a sétima vez. –Você... Eu... Ai, meu Deus! Não acredito nem fodendo! 

Oitava. 

–Winnie! –grunhi, em reprovação. 

–Ah, cala a boca! Você não tá no direito de falar merda nenhuma aqui, viu? –ela soltou um dos mais de milhares sons de exclamação e indignação que descobri que podia fazer. –Nossa, sério. Meu Deus. 

Jurei ter ouvido outro “não acredito”, mas talvez fosse só a repetição fazendo estragos com a minha cabeça. 

–Você pode... ahn... Winnie, realmente não tô confortável com você aqui. –resmunguei mais uma vez. 

–Nem tô te vendo pelada! Deixa de ser fresca. 

Eu estava no banho, em uma das muitas tentativas fracassadas de ter algum segundo de paz depois que passei pela porta de casa. Mas Winnie, orgulhosamente e sem nenhum pudor, havia ficado mais que satisfeita com um lugar no vaso onde pudesse continuar seu arsenal de perguntas pessoais e intimidadoras. 

Eu havia beijado Tobias Trenty. Havia dado o primeiro beijo em toda minha vida, tido meu primeiro encontro, falado mais de mim do que já havia falado em toda minha vida, mas lá estava Winnie, fazendo com que tudo que conseguisse pensar era se o vidro do box era o suficiente para ela realmente não me ver pelada. 

–Tá, sério, me fala. Ele beija bem? –não tive tempo nem para abrir minha boca. –Ah, dane-se. É o Trenty, ele não precisa beijar bem. Cara, você pegou o Trenty! Nossa Senhora, não acredito. 

Indo contra todas as questões que gostaria, ou esperava, me peguei sorrindo. 

–Eu peguei, não foi? –murmurei, com o peito cheio de... uma sensação estranha. 

Ela riu, mas, dois segundos depois, grunhiu como uma criança pequena. 

–Esse cara é tudo que qualquer pessoa quer, e mesmo assim... Você... Ah, Deus. Tá. Pelo menos eu sou sua amiga. Me sinto bem tendo uma vida amorosa através de vocÊ. 

Tobias era mesmo, uma espécime das boas. Era engraçado, gentil, inteligente, bonito de um jeito que... Deus, como ele era bonito. De todos os jeitos.

Depois de lavar o cabelo pela segunda vez, desliguei o chuveiro com certa relutância. 

Precisava me afastar de Tobias. Tinha cumprido meu acordo, saído com ele, seguido o roteiro de moça boa. Mas... inferno, beijá-lo não fazia parte do plano. Isso significava que não podia controlar meus atos perto dele, então era preciso... bom, sair correndo. 

Exatamente como mamãe havia ensinado. 

–Ele é fantástico, não é? –Winnie suspirou, frustrada. –Quando ainda tava no colégio tentei falar com ele, mesmo sendo dois anos mais novo. Para você entender o desespero. Trenty sempre foi... Nossa, sim. Ele sempre foi lindo de morrer assim. 

Me sentia incomodada ao vê-la falando assim. Não havia nada de discreto ou de moderado no jeito que jogava as sílabas no ar, pouco se importando que eu havia acabado de beijá-lo. 

Mas, por outro lado, seu tom não indicava que ia correr atrás dele. Como se Tobias fosse algo muito distante da sua realidade. 

–Na verdade, Winnie, acho que ele beija muito mal. –me sequei devidamente devagar, prolongando até demais o momento em que ia ter que encará-la olho a olho para dizer aquelas coisas. 

Fazia alguns minutos que estava repetindo isso; que ele beijava mal. Que um beijo era uma coisa nojenta e com várias probabilidades de infecção e doenças realmente ruins. 

Mas, droga, tinha sido a melhor sensação de toda minha vida! Era... indescritível. Meu corpo ainda tremia, minha mente ainda dava pulos de alegria e meu lábios... Pareciam excepcionalmente frustrados por não terem mais contato com a boca de Tobias. 

–Preciso me vestir, sai daí. –falei para Winnie, já abrindo o box. 

Ela tapou os olhos com uma mão, agarrando os joelhos no peito com a outra. 

–Não tô dizendo que você precisa beijar ele de novo, só por questões científicas, mas... Bom, um beijo é muito pouco, né? Não dá pra saber mesmo. –seu rosto se iluminou. –Não, é, você devia tentar de novo sim. Nunca te vi tão feliz quanto estava quando entrou em casa depois de beijar ele. 

–Só me mudei para cá faz duas semanas! Você não pode julgar meus níveis de felicidade ainda. –vesti uma camiseta larga e preta já rasgada e meu melhor e menor shorts confortável da GAP. 

O único jeito aceitável de dormir naquele calor. 

–Posso sim, e vou julgar. Você tava excitada pra caramba e acho que devia beijar ele de novo. Pronto, falei. Posso abrir os olhos? –murmurei um sim, e ela se levantou do vaso cheia de uma animação infantil e boba. –Sua mãe tá aonde? 

Balancei a cabeça, dando de ombros. Isso, sim, era algo que eu nem ferrando queria pensar agora. 

–Tá, então, repassando aqui... Você, Tobias, língua, corpo, um pouco de “an” e um pouco de “hm”... Estamos entendidas? 

Quase dei com a escova de cabelo no meio da testa dela. 

–Winnie, você pode calar a boca, por um segundo? –espalhei o creme de pentear na mão. Precisava comprar outro logo, e não fazia ideia de onde era a loja de cosméticos da cidade.  

–É pra você pensar sobre esse assunto? –perguntou, chegando perto de mim no espelho e encarando sua própria cara lavada. 

–Sim, é sim. –de um jeito estranho, gostava do jeito como ela estava se olhando. Tão autoconfiante e segura de si. 

Seu cabelo estava inteiramente trançado e quase alcançava a bunda. Não estava assim ontem, então eu imaginava que tinha feita aquilo sozinha durante o dia. Ela sempre parecia tão… certa sobre tudo. Superior. Como se ninguém no mundo pudesse falar mal das suas curvas ou questionar a beleza da sua pele morena. 

Queria conseguir ser assim. Tão… plena. 

–Então tá. Vou calar a boca, então. –seu sorriso subiu um pouco, refletindo mais nos olhos, de um jeito que insinuou mil palavras maliciosas sem que precisasse abrir a boca. 

Deus. Como tinha aprendido a gostar dela? 

É, eu sei. Terrivelmente mal pra saúde isso. Ela era pirada, totalmente metida, sem nenhum filtro na língua e... Ah, era a Winnie. A garota que entrava no banheiro comigo quando ia tomar banho. 

Terrivelmente mal pra saúde.

–Você já pensou? –ela murmurou, olhando para mim. 

–Não! 

Saí do banheiro com passos largos, tentando sem sucesso bufar como se realmente tivesse muito irritada. 

Não estava. Estava apavorada. 

–Tá, eu já entendi. –apesar de tudo, sua voz parecia com uma risada. –Vou te dar mais tempo pra pensar. 

Revirei os olhos. 

–Dois minutos inteiros? 

–Não, sua chata. –Winnie parou no corredor, pensando. –Pode ser, tipo, uma noite toda. Acho que tá bom. Venho aqui amanhã, às nove horas. Não. As oito. Se você pensar demais não vai dar certo. 

–Oito horas da manhã? De domingo? 

Andei por toda a casa uma vez, para depois entrar no quarto. Mamãe não estava ali. Não só não estava ali, como não havia feito questão de ficar para me perguntar onde eu estava o dia todo - tinha esquecido de avisar que ia sair, o que não significava nada, porque ela aparentemente não se importava.  

–É. Aliás, já que tô te dando tanto tempo assim, você podia pensar sobre adotar uma rotina de sono mais saudável. Sinceramente, dormir até meio dia…   

–Ai, Deus. Winnie, boa noite. Tchau, adeus, até logo, te vejo em breve, faça uma boa viagem até sua casa. –comecei a puxar seu corpo em direção à janela. –Juro, se falar sobre isso mais uma vez, arranco sua orelha fora. 

–Mais do jeito Van Gogh ou Mike Tyson? –seu pé parou a centímetros do chão, ao lado de fora do meu quarto. 

–E qual a diferença? –tentei dar um impulso em suas costas, mas ela parecia muito disposta a ouvir minha resposta. 

–Van Gogh foi mais “estou muito triste vou arrancar uma orelha” e o Mike Tyson, tipo, “estou irritadíssimo, vou arrancar uma orelha com a boca porque sou nojento”. De que jeito? 

Como alguém podia realmente parecer interessada em conversar sobre isso? Eu não a entendia.  

–Dá o fora daqui, garota! Se não, arranco suas duas orelhas, e vai ser mais do tipo “ops, foi um acidente. Ih, olha, caíram no liquidificador, que pena”. 

Ela pulou janela fora e, juro, foi quase como se a casa ficasse trezentos quilos mais leve. 

–Mas pense sobre o assunto. 

–Não. 

–Você não sabe o que tá perdendo. -observei enquanto abria sua janela e dava impulso com o corpo para pular para dentro. 

–Você não sabe o que vai perder se não sair daqui agora! 

–Sei sim. –Winnie sorriu, como se me irritar fosse a razão da sua vida. –As duas orelhas. 

Mal tive tempo de lançar o lápis que estava ali por perto, a janela do seu quarto já estava fechada.     

Para ter certeza, passei a chave e verifiquei três vezes se alguém conseguiria invadir minha casa. 

Ou minha vida, como Winnie fazia questão. 

 

Fazia duas horas desde o meu encontro com Tobias. 

Duas horas que eu o havia beijado. Que mamãe não havia chego em casa, que minha cabeça estava latejando pra cacete. 

E uma hora que estava ouvindo One Direction como se não houvesse amanhã. 

Grunhi, algumas muitas vezes. Bati com os pés no chão, e cheguei a pensar em gritar. Até estar tão exausta de pensar que fui obrigada a deitar no chão. 

Poucas coisas no mundo podiam ser tão ruins quanto ficar presa na própria cabeça, em infinitos pensamentos que preferíamos não ter. Eu parecia fazer isso com perfeição. 

Não queria pensar em Tobias, mas não conseguia parar de pensar nele. Então, não conseguia parar de pensar em que não queria pensar sobre ele. E ai, tudo girava em torno de que pensar que não conseguir parar de pensar que não queria pensar em Tobias só me fazia pensar nele mais ainda. 

Merda. 

–Tá, One Direction não tá ajudando. –murmurei, pegando meu aparelho de som com o CD já arranhado. 

Pus Taylor Swift. 

Nada poderia ser mais humilhante. 

–Como você pôde fazer isso consigo mesma, sua idiota? 

Arrastei meus pés devagar até o quarto de mamãe, onde os melhores analgésicos produzidos nos Estados Unidos me aguardavam. 

Tomei dois. Um para cada hora em que estava me torturando com aqueles pensamentos idiotas. 

Não estaria mentindo, dizendo que a boca de Tobias era a coisa mais macia que já havia tocado. Era perfeita. E, mesmo com toda a enganação do mundo, não podia ser idiota a ponto de dizer que me arrependia de ter provado isso. 

Mas, caramba, eu o havia beijado! O que isso dizia sobre mim?  

Será que outras garotas já o tinham beijado? 

Será que ele correspondia todas elas, igual tinha me correspondido? 

Ah, meu Deus. Por que nem Taylor Swift estava funcionando? 

Me joguei no chão do quarto de novo, pegando toda a coleção de músicas ruins que podia imaginar. Era grande e, infelizmente, muito atual. 

Deitei no chão, assim que Baby começou a tocar. 

Eu gostava de Tobias. Pelo menos era o que achava. 

E, exatamente por esse motivo e por nenhum outro, era incrivelmente necessário que me... 

Alguém bateu na minha janela, bem forte, de um jeito que me fez pular. Assim que comecei a pensar em me irritar, bateram de novo. 

–Meu Deus, Winnie, eu juro. Se você... –ela bateu de novo, mais forte. Com pressa. –Winnie! Eu vou te matar. Você me deu uma noi... 

Tobias estava do outro lado do vidro, sorrindo. Não, sorrindo não. Ele estava brilhando. Estava reluzindo mesmo, como uma porcaria de um poste de luz. 

Levei, talvez, um minuto inteiro só para lembrar do que tinha que fazer. Girar a chave, levantar a janela. Sorrir. Falar. 

Respirar. 

–Você pode abrir? –sua voz saiu abafada por causa do vidro, mas ainda assim vibrou pelos meus ossos. 

Meu coração deu um pulo. Não, meu corpo deu um pulo. Literalmente. Me afastei um passo para trás, para depois abrir a janela.

–Você não acha um pouco inapropriado aparecer em minha casa essa hora? 

Eu tinha uma péssima habilidade para começar conversas.

Ele usava uma camiseta diferente da que estava de tarde, algo quase preto. Além do mais, seus cabelos estavam molhados e bagunçados, combinando com o recém descoberto cheiro de... nossa, de algo muito bom. 

Nada poderia, nunca, parecer mais sexy que aquela imagem. 

–Você não acha um pouco inapropriado que eu esteja aqui há sete minutos batendo na sua janela igual um idiota enquanto você ouve Justin Bieber? 

Ah, meu Deus. Estava tocando seu álbum de 2010, na época mais vergonhosa onde alguém podia idolatrá-lo. 

–Foi a Winnie que colocou! 

A melhor desculpa que eu podia pensar. 

Tobias revirou os olhos. 

–Bom, questionamos seu gosto musical em outra hora. Tenho coisas mais importantes para conversar. –meu corpo se arrepiou. –Decidi que nosso encontro ainda não terminou. 

Puta merda, como ele era lindo. 

Nesse ângulo, havia uma perfeita visão dos seus bíceps. Parado, sua cabeça quase passava um pouco da altura da minha janela, então ele estava levemente inclinado para baixo, apoiando os braços no batente. 

–Você decidiu isso? 

–É. 

Ficamos nos encarando por um tempo, de um jeito que me fez ficar preocupada. 

–Por favor, por favor, por favor, venha em um lugar comigo. 

Ah, Deus. Que Winnie não estivesse vendo essa cena. 

–E por que eu iria? 

–Não sei. Não sou bom em fazer propaganda de mim. -ele deu um pequeno sorriso. -Mas juro que vou fazer valer seu tempo.  

Gostava do jeito que me olhava, mas também morria de medo. Ele parecia analisar todos os detalhes que havia em mim, olhando muito fundo, procurando por algo a mais. 

Algo que eu não tinha. 

–Não posso. 

Tobias arregalou os olhos, sem perder o sorriso. 

–Não pode? 

–Não. 

–Sua mãe não deixa?

Merda. 

–Minha mãe não tá em casa. 

Saiu sem querer. 

Nossa, isso tinha sido provocativo. Não? Esperava que não. Eu não podia nem me dar o luxo de pensar em ter alguém como Tobias Trenty na minha cama. Meu coração não ia aguentar. 

–Então você vem? 

Ele nem parecia ter escutado. Ainda me olhava como uma criança pequena, esperançoso. Parecia tão… sincero e feliz. Por me ver, estar ali. Era muito desumano da minha parte deixar o garoto triste, sinceramente.  

–Vou. 

–Sério?

Coloquei minha perna para fora da janela, empurrando seu corpo musculoso. 

–É, sério. Sai da frente. –meu pé encostou no chão no exato segundo em que comecei a me arrepender. 

Estava vestindo um chinelo da Hello Kitty, tão antigo quanto possível para um sapato tão fuleiro. Fantástico. Porque eu já não estava envergonhada o suficiente…

–Você quer buscar um tênis? -ele perguntou, rindo. 

–Não. 

–Um calmante? 

–Sim. Mas se eu entrar ali não volto, então vamos logo. –puxei sua mão, igual havia feito de tarde. Era tão bom. Sério, as mãos deles tinham calos ótimos, daqueles que eu sabia que arrepiariam minha pele se... 

Porcaria. 

Tobias fechou seus dedos ao redor dos meus, e meu estômago chutou minha barriga. 

–Estava pensando, na verdade... –ele saiu na frente, e parou para bloquear meu caminho. -Em ficarmos aqui. Na sua casa. 

Ah, não. Tobias estava realmente… Quer dizer, achei que era um garoto com bom senso! Que tipo de ideia eu tinha passado para que pensasse que... 

-Eu costumava vir aqui quando pequeno. Tem um balanço legal lá na parte de trás, achei que podíamos só ficar conversando. Você já viu? No pátio de trás da sua casa? 

–Pare de chamar de minha casa. Não é minha. É só uma casa. –soou irritada e grossa, mesmo que não fosse a intenção. –Não, nunca fui. 

Tobias limpou a garganta e depois falou alto. 

–Senhoras e senhores, para a parte de trás do terreno, então!     

Suas pernas eram tão fortes que nem tive chances de resistir quando me agarrou e começou a correr. Não que eu quisesse resistir.  

Enquanto corríamos, Tobias virou para trás com um sorriso pervertido no rosto e murmurou:

–Sua mãe não tá em casa, então? 

Um arrepio percorreu toda minha espinha. 

–Achei que você não tinha ouvido isso. 

–Eu sou um homem, Dallas. –dava para ouvir seu cérebro processando as informações, criando quinze mil cenários diferentes. –Uma parte de mim definitivamente ouviu.  

 

Menti ao dizer que não tinha ido no terreno de trás da casa. 

No primeiro dia, fui lá mais de trinta vezes. No primeiro dia, quando mamãe surtou e começou a ligar para o Call Que Tinha Esposa, berrando e chorando no telefone. No primeiro dia, que descobri que uma árvore enorme e um balanço solitário eram ótimos companheiros de fuga. 

–Hm. De noite isso é bem mais melancólico do que eu me lembrava. –seus dedos investigavam a palma da minha mão, como se um contato comum não fosse o suficiente. 

–É.    

Não dava para pensar. De verdade, a pele em que ele estava tocando formigava, fazendo arrepiar meu âmago. O garoto era bom demais. 

–E aí, o que fazemos agora? –seu rosto se virou para mim, cheio de animação. Na noite, sem quase nenhuma luz, seus olhos tinham virado pequenas coisas azuis cintilantes. 

–A gente pode escalar, talvez. 

Ele caminhou até a droga da árvore e começou a examiná-la. 

–Tá. Próxima opção. –sua voz pareceu amedrontada. 

–Você é o capitão do time de futebol, não é? 

Tobias virou o tronco para mim, com os braços cruzados. 

–Sou sim. 

–E você tá com medo de escalar uma árvore? 

–Falou a garota que não tem telefone.

Sorri, estalando os dedos. Tinha escalado essa árvore mais de trinta vezes e Deus sabia o quanto eu queria pôr Tobias no seu lugar.

Tirei o chinelo e comecei a segurar um dos galhos mais baixos. 

–Você vai escalar? –ele estava arregalando os olhos. 

–Vou. 

–Ah, não vai. 

–Vou sim! 

–Não. 

–Vo... 

Tobias cruzou os braços e bateu o pé na grama, como uma verdadeira criança de sete anos. 

–Você é tão teimosa! 

–Você é tão teimoso!

Cruzei os braços também e desisti de escalar, com consciência do bico que se formava no meu rosto. 

Tobias Trenty era tão... tão... 

–Já sei! 

Sua mudança de humor fez com que meu corpo saltasse para trás, com a surpresa. 

Ele caminhou até o balanço e se sentou, com calma. Esticou as pernas compridas, em toda sua elegância, tão tranquilo que precisei respirar fundo para me lembrar de não ficar nervosa.  

–Vem aqui. –suas mãos bateram nas suas coxas. 

–Quer que eu sente no seu colo? –ah, sim. Minhas bochechas estavam roxas, nesse momento. 

–É, Dallas. –ele revirou os olhos, sorrindo. –Vem aqui logo.

Ah, tá bom. Como se eu tivesse qualquer condição física e psicológica para fazer aquilo sem surtar…

Não. Não tinha. 

–Eu posso pegar um cobertor lá dentro e a gente deita ne... 

–Dallas. –Tobias me encarou daquele jeito. Seu jeito de detonar calcinhas. –Vem. Aqui. 

Não havia como, de jeito nenhum, em qualquer galáxia, tempo e consciência, eu resistir àquilo. Mesmo que estivesse hiperventilando. 

–Esse balanço não vai aguentar nosso peso todo, você sabe. Não sabe? 

–Da... 

–Tá. Cala boca, eu já tô indo. 

Me sentei devagar na ponta dos seus joelhos, com o coração martelando no cérebro.  

Foi um momento muito desconfortável. Podia sentir meu metabolismo funcionando a duzentos por hora, implorando por misericórdia aos meus pobres nervos de uma virgem sem experiência nenhuma com o nível  de excitação que sentia naquele momento. 

Nem sabia o que fazer. Só me encostei aos poucos, sem deixar meu peso cair sobre suas pernas, fazendo força para não sair correndo. Tobias me observava fixamente. 

–Dallas?

Como ele gostava de usar esse nome.  

–Oi? 

Suas mãos deslizaram pela minha cintura, apertando minha pele. Quase pude sentir meus ossos balançando. 

–Eu não mordo, não. 

Ele me puxou para mais perto, até que a lateral do meu braço estivesse tocando seu peito. 

Meu Deus. Era a melhor sensação do mundo inteiro.

Eu ia entrar em colapso muito em breve se não começasse a respirar direito.  

–Se estiver doendo por causa do peso, me avisa, tá?  –ele me encarava bem de perto, sorrindo como uma criança. 

–Você é muito gata. –seus olhos brilharam, passando de azul para verde e de verde para azul em questão de segundos. 

–Ah, então agora você me chama de gata? 

Ele empurrou o chão com os pés, fazendo nossos corpos se moverem. Apoiei meu braço no seu ombro para que não caísse. 

Tobias não me respondeu. Estava ocupado demais enfiando a mão por debaixo do tecido da minha blusa, fazendo círculos com o dedão sobre a pele da minha barriga. Como eu tinha imaginado, os calos das suas juntas faziam o movimento ainda mais provocante.   

–Você não é de... –a palavra saiu como um suspiro, porque de repente a boca dele estava bem perto do meu pescoço. 

Seus dedos tiraram meu cabelo do caminho, fazendo sua respiração afetar ainda mais minha pele. 

Cacete. Aquilo era bom demais. 

–Isso não é nada romântico, sabia? É... –os lábios dele beijaram meu pescoço, bem devagar, enquanto seu nariz exalava um ar quente e provocativo. –Hm... 

Pude senti-lo sorrir. 

–Quem disse que eu sou romântico vinte e quatro horas por dia? –ele beijou de novo, com sua língua fazendo um toque mínimo e me deixando, literalmente, tremendo. 

Ah, como eu queria agarrá-lo. Tobias era bom demais –em todos os sentidos da palavra. 

–Você é tão cheirosa. –ele traçou um caminho, beijando a linha do meu maxilar, e, eu juro, nunca me senti tão excitada em toda a minha vida. 

Bem devagar, minhas mãos subiram pela sua nuca, arranhando a pele. Senti seu corpo tremer aos poucos, arrepiando a parte onde minhas unhas arranhavam, fazendo com que eu tivesse mais prazer com aquilo do que com seus lábios instigando meu corpo. Saber que tinha o poder de deixá-lo tão louco quanto eu mesma estava. 

–Tobias?

Ele parou, segurou meus braços e me encarou nos olhos. 

–Hm? 

–Você vai me dizer se tiver doendo, né? –cravei meus dedos em seu cabelo, com meu coração pendente. Era exatamente como imaginava: grosso, macio e úmido.        

Notei que suas bochechas estavam vermelhas, como se estivesse com muito calor. 

Aí ele me beijou. Apertou minha cintura e puxou meu corpo para perto, com urgência. Com desespero. Seus lábios pressionaram os meus com força, sugando e transmitindo, tudo ao mesmo tempo. 

Passei alguns segundos sem respirar. Aquilo era bom demais! Era... Meu Deus! 

Abri a boca, descobrindo algo ainda mais fantástico. Nossas línguas se encontraram, dançando, saboreando. 

Deus. Parecia que ele já havia feito aquilo milhões de vezes, que sabia exatamente cada ponto da minha boca deveria ser tocado para que eu ficasse tão excitada que precisasse me remexer nas suas pernas. 

Suas mãos deslizaram por toda a extensão das minhas costas, apertando por último a lateral das minhas coxas. Agradeci por estar de olhos fechados, porque os revirei de forma constrangedora. 

Meus dedos apertaram todos os músculos que havia naquele corpo do tórax para cima. E todos, todos, eram grandes e fortes, totalmente definidos. Parecia a porcaria do Super-Homem. 

Mesmo que quisesse, não dava para pensar em mais nada. O jeito como estava sentindo a tensão de seu corpo, os espasmos de alucinação que tremiam minha espinha, a boca maravilhosa que ele tinha. Nossa, eu tinha perdido todo o senso de razão. 

Ficamos assim, no ápice do prazer, na beira da porra de um penhasco, até que perdi todo o ar e fui obrigada a tirar meu rosto de perto do seu. 

Nada nunca poderia me preparar para como eu estava caidinha por ele quando o encarei depois. Seus lábios estavam inchados, o cabelo estava bagunçado, os olhos brilhavam e o sorriso parecia maior do que nunca. 

Era... glorioso. A melhor imagem que eu já havia visto. 

–Ainda tá preocupada se eu tô com dor? 

–Ah, tenho certeza que você está com dor. Mas acho que agora é em outros lugares. –minhas mãos largaram seu rosto, devagar.

Queria poder congelar aquele momento. Queria que as coisas fossem tão simples quanto pareciam…

Mas o que eu estava pensando? Ele era... perfeito. Era tudo que alguém podia pedir e muito mais. Era tão capaz de conquistar meu coração quanto era de pegá-lo e jogá-lo no chão, de me fazer chorar todas as lágrimas que não chorava fazia quase seis anos.  

Tobias Trenty não seria o tipo de pessoa que eu superaria com algumas semanas, se tivesse que esquecer. Sabia que, se me entregasse, era para sempre. Ele tinha um brilho no olhar que, se eu me desse o luxo de acreditar que era para mim, não gostaria de perder nunca mais. 

Não tinha como ignorar as coisas que nos separavam. Nem o quanto aquilo era… especial demais, que me partiria em pedaços depois. 

–Você tá começando a surtar, não tá? 

E eu ia embora muito em breve. Mamãe ter passado o dia fora de casa era um dos primeiros sinais de que tinha conhecido alguém, e não ia restar muito tempo até que nos mudássemos.

Soltei um suspiro frustrado. Odiava que ele fosse capaz de me ler sem nem tentar, de adivinhar tudo que estava sentindo. 

Balancei a cabeça. Concordando. Porque não conseguia mentir na frente dele.  

–Não tem nada que eu possa falar? Ou fazer? Ou… sei lá, Dallas, qualquer coisa. –suas mãos seguraram as laterais da minha cabeça, fazendo meu crânio parecer minúsculo com essa comparação. Encarei-o nos olhos. –Eu gosto de você. Sério. Não vou ser escroto, nem... 

Tobias realmente estava muito sério falando aquilo. Sem sorrisos, sem piadas. Parecia desesperado para mostrar seus sentimentos por mim. 

Eu realmente acreditava nele. Mas não podia ignorar as nossas realidades de vida completamente diferentes. Depois da formatura, eu iria, provavelmente, para o outro lado do estado, com uma mãe desestruturada e ninguém para me dar um abraço e me ouvir chorar, enquanto Tobias ficaria aqui, com toda sua família, amigos, meninas bonitas, gente que se importava com ele e faria fila para ajudá-lo a lidar com isso. Em duas semanas, ninguém ia lembrar de mim. 

Mas eu nunca seria capaz de esquecê-lo.  

–Não ajudou, né?

Ele me encarou mais um pouco. Não sabia se estava esperançoso ou só preocupado.  

Neguei com a cabeça, apesar de que, agora, poderia beijá-lo sem nenhum problema. Gostava tanto dele… 

–Deve ter alguma coisa que eu possa fazer. –os cantos da sua boca subiram um pouco. –Posso te convencer com muitos beijos e truques. Seria, com certeza, um sacrifício para mim. Mas, se estamos conversando sobre o seu bem estar mental e físico, quem sou eu para negar?

Balancei a cabeça, tentando me manter séria. 

–Olha, eu só não queri... 

–Não, não. Não fala nada. –sua mão me apertou ainda mais forte, fazendo cócegas no meu coro cabeludo e arrepiando cada pedaço do meu corpo. –Você só vai falar besteira agora. Tá em um momento de surto. 

Revirei os olhos, ainda que ele tivesse um pouco de razão. 

Passou alguns segundos até que Tobias finalmente desistisse. Primeiro, pareceu irritado. Irritado de verdade. Depois, apenas suspirou e deslizou as mãos da minha cabeça pelos meus braços, até que encontrassem as minhas. Nossos dedos se entrelaçaram.    

–Acho que preciso ir embora, então? –seu olhar era de alguém contrariado e... decepcionado. 

Era, oficialmente, a coisa mais difícil que eu já tinha feito. Queria  que ele ficasse. Que tudo fosse diferente, eu não precisasse viver nesse constante medo de me envolver com as pessoas, que tivéssemos nos conhecido alguns anos depois, quando eu já tivesse minha independência de Lane. 

–Acho que sim. 

Pensei, de verdade, que fosse haver um último beijo. Um último aperto, algo para ficar lembrado, algo que melhorasse meu domingo e não me fizesse sentir culpada. 

Mas ele apenas se mexeu, fazendo com que meu corpo ficasse em pé segundos antes que o seu. 

–Tá... Eu vou indo, então. 

Tobias botou a mão no bolso e curvou os ombros, como se estivesse realmente cansado e detonado. Talvez tenha sido a primeira vez em duas semana que o vi sem nem um resquício de um sorriso. 

Ele deu o primeiro passo, mas então me encarou. 

–Sobre as aulas de segunda, então... 

Precisava esquecê-lo. Quanto mais rápido me acostumasse a não tê-lo na minha vida, menos doloroso seria olhar para Safford pelo retrovisor do carro ao ir embora. 

–Continuam tendo que ser trocadas.

Sua cabeça balançou, confirmando, mas muito longe já de ser algo intencional. Os cantos da sua boca se levantaram, como a tentativa de um sorriso amigável, mas pareceu falsa e idiota, sem que espalhasse nos seus olhos maravilhosos que não largavam o chão. 

–A gente se vê por aí, então.

Esperava que não doesse tanto assim, depois de uns dias. Tinha uma pontada forte atingindo o meio do meu peito, em uma agonia profunda. Nunca tinha sofrido tanto assim, física e emocionalmente. 

O que só me confirmava que estava fazendo a escolha certa. Se depois de um encontro estava assim, não podia nem imaginar como seria se namorássemos e eu precisasse ir…  

–Boa noite, Tobias. 

Ele já tinha começado a andar, em passos lentos mas longos. Foi só o tempo de ouvi-lo murmurar “boa noite, Dallas” até seu corpo comprido sumir pelas sombras da lateral da casa. 

Indo embora. 

 


Notas Finais


eu seeeeeeeeei que tipo as vezes é um pouquinho dramático demais mas se ficar fácil demais perde a graça, galerinha! juro que vou tentar fazer o próximo capítulo mais rápido


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