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História Dallas - Tobias - capítulo 2


Escrita por: biancamota

Notas do Autor


a história vai ser toda assim, dividida entre os dois narrando

Capítulo 2 - Tobias - capítulo 2


Tobias - capítulo 2   18/03/2019

Não lembrava da última vez que tínhamos visto uma pessoa nova na cidade. Quando você mora em Safford, se acostuma com pessoas que passam para tomar um café enquanto vão para Phoenix. Afinal, Phoenix é quase a única parte conhecida do Arizona. 

Dimmy havia comentado sobre a garota nova por uma mensagem. Algo como “muito gostosa, eu pegava fácil”. Mas ele pegava fácil qualquer garota que respirasse, então nem me dei o direito de responder. 

Tinha me atrasado para a aula de novo, e a Sra. Jones sabia que já devia ter tirado muitos pontos do meu boletim por isso. Mas ela entendia que não era culpa minha, e que meu pai ser ex-prefeito da cidade fazia qualquer explicação ser o suficiente. 

Não gostava de pensar nisso. Gostava de pensar que tudo era por conta do meu esforço, e porque realmente me saía bem nas provas e trabalhos, não importando quantas aulas faltasse.

  –Desculpe. –falei, colocando as mãos nos bolsos. Tinha esquecido os materiais em casa, na correria. 

–Tudo bem. –Lucy. Ela sempre era a mais querida comigo. –Trenty, você já deve saber, mas temos uma aluna nova na escola. Podem formar uma dupla. Espero de coração que não me incomode ou me arrependa dessa decisão. 

Abri um sorriso. A mulher sabia do meu histórico como um ser humano extremamente sociável. Mas não tinha como passar cinquenta minutos do lado de uma pessoa sem conversar! Fazia meses já que eu não tinha uma dupla, porque Lucy odiava me ouvir falar durante a aula.  

–Sem problemas. –comecei a andar. Devia ter escolhido um jeans mais confortável para usar hoje. Não imaginava que ia sobrar tempo para vir para aula, e aquela calça era horrível para ficar sentado. 

Levei apenas dois segundos para encontrar a aluna nova. Ela parecia ocupar o ambiente todo, com aquele cabelo cacheado volumoso. Não só porque era linda, o que realmente era. Tinha alguma coisa... diferente nela.

Quer dizer, além do fato de ser muito, muito, gostosa, não parecia com ninguém que eu já tivesse visto antes. Nem em Safford, nem na TV. Como se sua beleza fosse completamente única. 

O problema era que não olhava na minha cara, e calculei as chances de eu já ter feito merda antes mesmo de chegar perto dela. 

Me sentei do seu lado no exato momento que a menina juntou sua mochila do chão, abrindo com violência para procurar alguma coisa lá dentro. 

Estávamos tão perto que eu nem precisaria esticar o braço inteiro para tocar seu rosto. 

–Oi. –falei, com meu melhor sorriso. Ela ainda tentava procurar algo na mochila. E não respondeu. –Eu falei oi. 

–É, oi.  

Já dava para ter encontrado petróleo, mas mesmo assim achei engraçado acompanhar sua luta para esconder as bochechas vermelhas, olhando para todos os lados, menos para mim. 

Ela bufou. 

–Trenty. Se você quiser saber, meu nome é Trenty. Na verdade é Tobias. Mas todo mundo me chama de Trenty. 

De perto assim, podia notar ela tinha um cheiro muito bom. Tipo... um creme de cabelo que dá vontade de colocar na boca. 

Nossa. Esse era um pensamento patético demais até para mim. 

–Oi, Tobias. -falou isso com o maior tom de desprezo que eu já tinha ouvido. Ela colocou a mochila no chão, como que desistindo. Se virou para frente, ainda sem me olhar, e começou a seguir as instruções que Lucy dava.

Esperei. 

–Geralmente, só por educação, quando alguém se apresenta, você se apresenta de volta. Mas sem pressão, tudo no seu tempo. Tô só comentando. Sabe, pode ser que seja mania de cidade pequena mesmo. Não leva pro lado pessoal. 

Ela cerrou os punhos, contrariada. Muito, muito irritável. 

–Dallas. -falou, quase cuspindo a palavra. 

–Seu nome é Dallas? Tipo, a cidade?

–Sim. –depois de dois segundos, ela me olhou espantada. –Quer dizer, não! É Gabrielle. Mas todo mundo me chama de Gabby. 

Soltei uma risada, que ecoou pela sala. 

–Tudo bem, Dallas. Definitivamente não vou chamar você de Gabby. 

Dallas me encarou por um tempo, franzindo a testa. Eu realmente achava que tinha feito algo errado. A menina parecia prestes a me atacar, e não da forma como eu estava acostumado. 

–Posso fazer uma pergunta? –falou, respirando fundo. Por causa dos óculos de proteção, não conseguia ver muito dos seus olhos. 

–Claro. –me apoiei na mesa, a encarando. Não conseguia parar de encarar. Parecia que, se virasse um pouco a cabeça, ela poderia tentar fugir. 

–Você é o capitão do time de futebol? 

Ah. Aquela era fácil de responder. 

–Sim. Sou sim. –sorri, de orelha a orelha. Que tipo de pergunta era aquela? 

–E você já ficou com o projeto de Sharpay ali? –ela apontou para Tiffany, que nos encarava com raiva do outro lado da sala. 

Aquilo era complexo. Tiffany e eu tínhamos até namorado, mas eu não contava essa parte da minha vida. Tinha sido na oitava série, longe demais de hoje para valer alguma coisa.   

–Talvez. Por quê? 

Dallas revirou os olhos.  

–Tenho certeza que seu nome está naquelas regras ridículas. “Não toque, não olhe, não fale”. Provavelmente em caneta vermelha.  

Havia algumas táticas que tinha aprendido observando meu pai fazer sua campanha pela cidade. Quando queria encorajar as pessoas a continuarem falando, você se inclinava na cadeira, cruzava os braços e as olhava, mostrando disposição a ouvir. 

Gabby não pareceu entender o recado. 

–Regras? 

Ela virou para frente, deu de ombros, e começou a anotar as coisas que Lucy passava. Como se eu nem estivesse ali.  

–Tudo bem, Dallas. Você não gosta de conversar? 

–Não gosto de pessoas, no geral. –murmurou, como um resmungo. 

Apesar de querer se mostrar totalmente indiferente, eu notava as pernas balançando embaixo da mesa, e o jeito que ela mordia seu lábio. Estava nervosa, e talvez, só talvez, também estivesse sentindo aquela sensação estranha que eu estava no fundo do estômago, de quem achou algo novo e emocionante. 

Não era minha culpa. Não conseguia parar de olhá-la, tentando entender. Gabby não combinava com nossa cidade. Os olhos eram enormes, os cílios grossos e longos e o cabelo volumoso. Era quase como se toda... a coisa que exalava não coubesse nos nossos 22km2 de terra. 

E era realmente muito gostosa, eu não estava brincando. 

–Você vai ficar mesmo sem falar comigo?

Sua caneta pousou em cima do caderno, com um baque. 

–Não quero problemas, tudo bem? No máximo em dois meses vou sair daqui, e não quero passar esse tempo brigando com as Panteras ali. 

Dois meses? Por que apenas dois meses? Será que ela tinha namorado em outro lugar? 

–É a sua segunda referência cinematográfica em dez minutos. Você assiste muitos filmes?  –abri um sorriso, porque parecia o certo a fazer.     

–Sr. Trenty? –Lucy chamou, me encarando. Todos da sala faziam a mesma coisa. 

–Sim? 

–Algum problema com o experimento? 

–O experi..? –Dallas beliscou meu braço por debaixo da mesa. –Não. Nenhum. Tudo tranquilo. 

–Hm. Tudo bem. –Lucy respondeu, já provavelmente vendo a burrada que era me colocar com a aluna nova. 

Enquanto prestava atenção nela, Gabby tinha feito tudo sozinha, e havia um pote roxo no meio da mesa, soltando fumaça. 

–Bom, já sei em que matéria eu não vou reprovar esse ano. 

Ela revirou os olhos, colocando os óculos de proteção acima da cabeça. Antes que pudesse pensar, estava falando:

–Gosto da cor dos seus olhos.  

Não eram simplesmente cinzas. Não iria bastar, para se encaixar na beleza exótica do seu rosto. As pupilas eram enormes, e havia algo de desafiador no ar que emitia. 

–Você sabe que parece um psicopata, não é? Faz tipo, quinze minutos que está me encarando sem pausa. 

Me aproximei mais, com os cotovelos apoiados na mesa, tentando encarar mais de perto. Eu podia mastigar o cabelo dela, de tão cheiroso. 

–Bom, vou incluir isso na minha lista de coisas a não fazer na próxima aluna nova que chegar. Por enquanto, aceito a aparência. 

Sabia que estava próximo demais, e sabia que ela queria sair correndo. Só não conseguia me controlar. Era normal estar rodeado pelas garotas de Safford, mas Gabby não era nenhuma delas. Sentia essa vontade de conhecer mais, sentir mais, saber sua história. 

Ela estendeu a mão, e a cadeira fez um barulho horrível quando se levantou com pressa. 

–Posso ir ao banheiro? –falou, respirando de forma irregular. 

Lucy mal havia respondido quando Dallas saiu correndo da sala. 

–Ela vai é ter sorte se não mijar nas calças até lá. –Tiffany murmurou, e toda a classe riu. 

Ninguém parecia ter notado que ela tinha saído correndo para fugir de mim. O que era ótimo, porque, quando os meninos perguntassem o que tinha achado sobre a garota nova, pretendia dizer que não tinham nenhuma chance com ela. E não queria que soubessem que eu, provavelmente, também não tinha. 

–Vocês vão prestar atenção na aula, ou alguém quer ir junto ver se ela vai fazer xixi direitinho? –Lucy grudou nossa atenção. –Ótimo. Agora vamos continuar.  

Dallas não voltou, até a aula terminar. Mas seu material estava lá, e não havia como fugir da escola no primeiro dia sem celular, dinheiro ou a chave do carro. 

Não queria parecer maluco, mas até o Coringa tinha namorada. Claro, ela era mais louca que ele, mas nada impedia Gabby de ser biruta também. 

Sentei de braços cruzados, ignorando que iria me atrasar para a aula de cálculo, e esperei.   

 


Notas Finais


não sei vocês, mas eu amo o Tobias. Por favor, amem ele também


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