História Damien - The nightmare begins now

24 de outubro de 2015

Lavagem de dinheiro: é uma expressão que se refere a práticas econômico-financeiras que têm por finalidade dissimular ou esconder a origem ilícita de determinados ativos financeiros ou bens patrimoniais, de forma a que tais ativos aparentem uma origem lícita ou a que, pelo menos, a origem ilícita seja difícil de demonstrar ou provar. É dar fachada de dignidade a dinheiro de origem ilegal.

Quadrilha, bando, associação criminosa ou gangue: são denominações atribuídas a um grupo de pessoas que tem, por objetivo, práticas criminosas ou atividades consideradas ilegais em determinado ordenamento jurídico, com seus integrantes compartilhando uma identidade comum.

Homicídio (do latim hominis excidium): é um crime que consiste no ato de uma pessoa matar outra. É tido como um crime universal, sendo punido em praticamente todas as culturas.

Bem, todas essas massantes definições, podem ser atribuídas a imagem de certa quadrilha (se é assim que podemos rotular) que anda nos dando imenso trabalho durante algumas semanas de investigação.

- Até quando eu irei falar a vocês que precisam ter mais cuidado com quem andam e por onde andam... Céus, isso é tão...

O velhaco de baixa estatura , corpo rechonchudo e voz um pouco rouca devido aos longos anos de nicotina, acabara de se sentar diante da mesa de madeira maciça com uma de suas mãos sobre a semblante, tentando achar a palavra que definisse melhor aquele momento mórbido.

- Frustrante.

disse um pouco receosa , já que havia percebido seu tom de nervosismo.
Ele se quer nos fitou , apenas o silêncio havia sido a resposta...

- Mas delegado, como iriamos saber que aqueles malditos mandariam pegar Paul?

Acabara de dizer Corey , o meu melhor amigo e agente especial no caso.
Transferido da divisão de Iowa para a Califórnia há 3 anos, Corey tem se saído um bom investigador, de crimes cibernéticos à corrupção pública. Ele não é do tipo que costuma se abrir com as pessoas, ao contrário de mim, que aluguei sua atenção por diversas horas lamentando pelos meus atos.

- Eles iriam querer vingança , isso era óbvio, mas eles não queriam Paul, não era para Paul estar ali -o delegado Nicholls fitou me, eu pude sentir a garganta secar- Paul foi um aviso, um alerta, a morte dele foi para mostrar que estão sedentos por sangue, atrás de...

- Delegado o diretor Spencer está lhe chamando em sua sala.

Mary acabara de interromper aquela tortura indireta, eu sei do que ele estava falando e para quem ele estava falando.

Nicholls apenas nos fitou e com um suspiro se retirou daquela sala decorada em tons terrosos.

Logo em seguida saí o mais rápido que meus pés permitiam, sem deixar que Corey terminasse de falar algo que eu mal pude ouvir começar.
Passei pelos corredores onde os telefonemas e o vai e vem de pessoas incomodava de uma forma absurda alguém que estaria prestes a desabar.

Corri para o banheiro feminino me trancando em uma das cabines, onde deixei meu corpo deslizar lentamente rente a parede, assim que encontrei o chão pude sentir as lágrimas brotarem em meus olhos, causando uma ardência que cessaria quando elas fossem derramadas.

"Katherine o que você fez da sua maldita vida quando aceitou entrar nisso ?"

"Eu poderia ser astrônoma como sempre quis, usar minha inteligência para algo que ajudasse o mundo em geral, sem divisões de pessoas boas ou ruins. Mas não foi desse jeito, não mesmo. As coisas tomaram um rumo cujo o qual eu não imaginaria há alguns anos. "

Sentia as lagrimas frias rolarem no corpo quente e avermelhado.

"Maldito dia em que Emma esteve em um banco para pegar um empréstimo, cujo o qual usaria para presentear sua querida filha, filha que acabara de passar para uma das mais renomadas faculdades dos Estados Unidos, a mesma que sonhava com um possante negro.
Sim, um carro seria meu presente por ter entrado na faculdade, mas esse dia não foi marcado por um presente , mas sim por uma perda."

Sorri de leve em tom de frustração, perda, a palavra mais presente em minha vida.
Ouvi alguém bater na porta da cabine e chamar pelo meu maldito nome, era Corey, eu saberia.

- Saia daqui Taylor , isso é um banheiro feminino.

Dizia a ele tentando me recompor do turbilhão de emoções que estava acontecendo dentro de mim e sendo externado em desespero.

" Em 2005 bandidos renderam todos no banco central, onde usaram minha querida Emma de escudo para sair do local.
Enquanto voltava de minha antiga escola com os formulários necessários para a entrada na faculdade, pude ver pela vitrine de uma cafeteria uma multidão reunida em frente a TV, não era por uma partida da NFL , muito menos da NBA, isso não era horário de jogos que mobilizavam a população, era o noticiário.
Minha curiosidade fez com que eu entrasse no local e com isso pude ver mamãe suplicar pela vida com uma arma apontada contra sua cabeça, no mesmo instante corri , desesperadamente , corria contra a multidão de gente nas ruas de Seattle.

As lágrimas rolavam e eu chegaria no local em alguns minutos , o banco central não era longe dali, mas aquela situação fazia cada segundo parecerem anos.

Assim que cheguei no local não pude fazer nada , a área isolada agora daria espaço para a maca passar em grande velocidade em meio a multidão, pude ver pela última vez o rosto de Emma em vida.
Minha querida Emma."

- Katherine saia daí, converse comigo.

Ele pedia , mas eu o ignorei.

" Daí em diante eu mudei, mudei de cidade, de personalidade, de vida...
Eu não era a mesma garota de antes, havia um sentimento imundo dentro de mim que implorava por vingança, mas não haveria alguém para me vingar , já que todos foram mortos pelos policiais."

- Eu já disse para você sair daqui Taylor !

Ele disparou um leve soco diante da porta , deixando eminente sua frustração, ouvi sua respiração um pouco nervosa e logo em seguida seus passos se tornaram distantes.

" Na frente dos psicólogos eu era forte e esperançosa em relação a vida , na frente do bar eu era carregada todas as noites "

Retirei de meu bolso o vidro metálico, encarei o mesmo por alguns segundos enquanto engolia a seco tentando tomar uma decisão.

" Fui internada meses depois na reabilitação, saí de lá com um objetivo totalmente diferente daquele que a antiga menina exemplar teria, a mesma que tinha dúvidas se o planeta que mais gostava era Plutão,  ironicamente banido, como seus sonhos de anos atrás.

Eu não queria que isso acontecesse com mais garotas , com mais garotos , com ninguém. Eu queria simplesmente ajudar a acabar com todos eles. "

Eu não posso , não mesmo, o álcool é minha fraqueza e eu preciso ser forte.

Sequei as lágrimas com uma de minhas mãos e despejei todo o líquido de odor forte na privada. Eu havia mudado não havia ?

" Usei de minha inteligência para fazer parte da equipe profissional , específicamente na análise de inteligência e ciência aplicada do FBI.
Mas certo dia fui a campo , as armas me chamaram a atenção , a adrenalina do gatilho puxado... Sim eu queria acabar com algum deles , eu precisava.

O tempo havia passado mas eu continuava com aquele sentimento imundo dentro de mim , talvez esse lado sombrio já existisse em mim muito antes do imaginado.

Eu havia feito uma escolha , agente especial. "

Levantei do chão gélido de mármore e saí da cabine recompondo minhas vestes amarrotadas, olhei me contra o espelho e pude perceber a vermelhidão em minha face, liguei a torneira e deixei a água cair por alguns segundos , logo após molhei meu rosto com o líquido gelado.

" Eu queria salvar vidas inocentes, mas um homem inocente , nosso amigo , perdeu sua vida por minha causa. Por puro luxo de uma vingança, ele não era culpado, eu era a culpada. "

Fitei novamente o espelho observando o reflexo  daquela mulher com uma expressão de fracasso eminente.
Eu matei um deles e Paul pagou por isso, o cadáver a ser recomposto e analisado na necrópsia era para ser o meu, mas esse pesadelo só estaria começando.