História Dancing With The Devil - I8, Michael.

Indo para a mecânica do Michael, expliquei tudo que estava escrito na carta à Ed. Sobre meus pais, todos eles, a mãe de Stevie, o wendigo e tudo mais.

- Eu sinto muito... Não sei o que te dizer. Você deve estar arrasada.

- Até que não. Foi uma fatalidade, um motivo inevitável; e eu já cansei de chorar por gente morta. Já deu. Não que eu não esteja triste, é claro que estou, mas não tanto quanto achei que ficaria. Acho que tantas informações assim vindas duma vez me deixaram apática.

- Bom, menos mal, retardou seus sentidos - ele deu uma risadinha.

- Acho que chegamos.

Descemos na mecânica que tinha uma faixada escrito Wild Cars em vermelho com neon por cima contornando as letras. Era uma mecânica comum por dentro, nada além do de sempre.

- Ei, moço, eu gostaria de falar com o Michael.

- Sou eu mesmo.

Era um cara loiro mas com metade do cabelo grisalho e liso, que batia nos ombros, de barba e bigode brancos, os olhos bem claros de uma cor que alguns diriam que é azul, outros diriam que é verde. Estava usando um boné azul marinho desbotado de aba redonda, calças jeans largas, um coturno, uma camiseta preta e um colete jeans da mesma cor da calça.

- Ah, olá, sou a filha do Klause. Ele disse que eu poderia vir aqui escolher meu carro.

- Eu sinto muito... - ele disse em tom de tristeza, tirando o boné da cabeça e colocando junto ao peito. Ao que tudo indica, ele já sabe da notícia. - Venha por aqui, mocinha. - fomos caminhando para os fundos, até que ele puxou uma cortina (onde era pra estar uma porta) e entramos num salão cheio de carros de todos os tipos, mas todos em ótimo estado - Klause nunca me contou que tinha uma filha tão bonita e já crescida.

- Acho que ele não tinha tempo pra isso. - eu ri pra quebrar o clima.

- Que tipo de carro você quer? Econômico, discreto...

- Eu quero uma BMW.

Ed olhou pra mim espantado e Michael mais ainda. Era até engraçado de ver.

- O quê? Só porque sou mulher não posso entender de carros? Ah, me respeita viu, eu hein. - falei brava e saí andando e rindo pra eles não verem.

- É claro que pode. Você tem o gênio da sua mãe. - Michael disse e riu. - Nós só temos quatro BMW's aqui, uma de cada modelo, venha ver.

Eu segui ele até o outro lado do salão, e estavam as quatro maravilhas automotivas em fileira: uma mais linda que a outra. A Z4 e a i8 eram pretas, a M6 era azul marinho, e a X6 era branca.

- Eu quero a i8. 

- Tem certeza? Você não acha que é muita velocidade? 

- Eu gosto de correr riscos. 

Michael trouxe os documentos pra eu assinar e me entregou as chaves. Tirei meu i8 do salão e disse pro Ed me encontrar em casa. 

A sensação de segurar naquele volante foi linda.