Day III - 15h30
Meu celular começou a tocar Throne bem alto e eu acordei caindo da cama. Era meu tio, dizendo que ia passar em casa cinco horas pra me apresentar pro guarda florestal. Porque não ligou às quatro e meia, então??
Ed estava tomando banho e eu me levantei pra comer alguma coisa. Desci as escadas bocejando e coçando a cabeça, comecei a ouvir risadas vindas da sala e da cozinha.
Todo mundo estava preparando o almoço junto. A cozinha estava parecendo final de feira: tudo jogado pra todo lado, as coisas sujas e conversa alta.
- Ah, bom dia princesa. - Ben disse me dando um abraço e um beijo na testa. Anggie não sente ciúme porque ele sempre foi meu amigo mais próximo, e ela sabe muito bem que eu nunca faria nada. Nunca jogaria tantos anos de amizade fora, nem dela e nem dele.
- Bom dia, pessoal - eu falei sonolenta. - O que vocês tão aprontando?
- Tem canelone assando no forno, frango assado e macarrão ao molho branco. - Anggie disse passando a mão pelos cabelos porque ela é quem tinha dado a ideia, eu acho.
- Hmmmmm, que delícia. To morrendo de fome. - por um momento ouvi minha barriga roncar.
Depois de um loooooooongo almoço vendo Dan e Charl fazerem porquices, falando com a boca cheia e contando piadas nojentas, estávamos todos sentados como leitões no sofá da sala, ainda de pijama. O dia estava um pouco mais quente, já que o verão estava chegando.
Ouvi a campainha tocar e imaginei que fosse meu tio, já que ele nunca se atrasa. Levantei vagarosamente pra ir atender à porta.
- Oi tio Carl. Tudo bem? - ele estava parado com o braço esquerdo escorado no batente da porta, me olhando através dos óculos aviadores pretos.
- Oi pequena. Tudo bem, e aí? - de trás dele surgiu um moço de mais ou menos 1,90m de altura, de cabelos negros bagunçados por debaixo daquele chapéu ridículo e bege. Tinha os olhos azuis bem claros, uma barba rala que cobria quase toda sua bochecha, e a roupa verde - igualmente ridícula, como o chapéu - estava fechada demais pra um dia quente como aquele. - Esse aqui é o Oswald Jones, o guarda florestal. Oswald, essa é minha sobrinha Morgana.
Ele sorriu e acenou pra mim, e eu dei passagem pra que eles entrassem. Avisei o pessoal que estaria na cozinha, não queria ninguém dando na cara o que estávamos fazendo pra um estranho.
Nós sentamos à mesa e acendi um cigarro. Meu tio não ia brigar comigo, pois ele partilhava das ideias de meu pai de que eu precisava curtir a vida, e até pediu um cigarro pra ele.
Oswald abriu um mapa em cima da mesa com toda a área florestal de Forks, incluindo a que fica do lado de casa e a que fica atrás da escola.
- Os desaparecimentos acontecem mais na área norte, onde é mais gelado. Na área sul são poucos, e leste/oeste quase não consta. Claro, isso os que nos notificam e são constados. Com base nos que a gente observa, segue o mesmo padrão.
Conversamos por uns 20 minutos, e ele me explicou que a maioria das vítimas eram adultos. Normalmente as crianças escapavam e acabavam encontrando algum guarda.
Quando eles foram embora, subi até o escritório e anotei todas as informações na lousa branca.
Depois de um longo banho, fomos pro bar, a banda do Ben ia fazer um show. Oliver e Dixie foram também.
Tomamos muita, MUITA cerveja e quando era quatro da manhã, saí para fumar. Estava acendendo o cigarro quando vi Oliver sentado ao pé de uma árvore, com a cabeça caída pro lado.
Quando cheguei perto dele, percebi que estava tendo uma overdose. Seus olhos estavam revirados e as pálpebras avermelhadas, o pescoço e as bochechas estavam roxos e eu agradeci aos céus por ter vindo com meu carro e não na minivan junto de todo mundo.
Entrei correndo no bar e chamei Ed, que logo carregou Oliver pra dentro do meu carro e fui correndo com ele até o pronto socorro.
Dei entrada no hospital, levaram ele na maca e eu fiquei na sala de espera rezando pra que nada de ruim acontecesse, e me perguntando como e porquê ele fez isso.
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- Como ele está, doutora? - eu perguntei pra uma moça nova, não com mais de 30 anos de idade, olhos claros e cabelos castanhos.
- Bem, agora ele está estabilizado. Já já ele acorda, pode ficar lá no quarto com ele. - ela disse sorrindo e passando a mão no meu braço esquerdo.
- Obrigada, de verdade. Você pode avisar algum de nossos amigos se eles chegarem, por favor?
- Claro. O quarto dele é o número 13.
Enquanto segui no corredor extremamente branco e claro - ao contrário dos corredores do St. Louis - senti um ar gelado em meu pescoço, mas resolvi ignorar.
O quarto era tão claro e limpo quanto o corredor. Tinha duas poltronas azuis claras e um sofazinho branco, de dois lugares. Oliver estava deitado um pouco contorcido na maca, com a cabeça levemente deitada pra trás. Seus braços magros esticados e roxos com soro, e o resto do corpo coberto com uma manta da cor das poltronas.
A luz fraca vinda de um abajur ao lado da cama me fazia ter dó de seu rosto pálido, magro e triste. Queria que ele acordasse logo e ficasse bem, apesar de nunca ter trocado mais de duas palavras com ele, por ele ser muito quieto e tímido. Parei pra pensar e Dixie não estava no bar quando isso aconteceu. Aquela vadia deve ter feito alguma coisa.
Me sentei na poltrona ao seu lado e segurei sua mão. Estava gelada e dava pra sentir suas veias pulsando. Depois de uns quarenta minutos, quando eu estava quase pegando no sono, ele acordou.
- O q-que aconteceu? - sua voz soou fraca e quebrada.
- Você estava no pé de uma árvore em overdose. Acho que quem precisa explicar o que aconteceu é você.
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