História Dancing With The Devil - Surpresas.

Forks, abril.


     Quando acordamos ainda estava chovendo, mas tínhamos que ir à escola. Ainda na cama, exatamente na mesma posição em que pegamos no sono, eu me afastei um pouco. Acho que estava constrangida.
    - Você é muito bonita quando acorda. Posso tirar uma foto?
    - Pode.
    Ele tirou a foto e depois eu acabei vendo que ele a colocou de papel de parede no celular.
    - Vamos tirar uma juntos, poxa.
    - Não, olha pra minha cara. To parecendo um pastel amanhecido.
    - Claro que não, idiota - eu disse rindo - você tá a coisa mais linda.
    Ele revirou os olhos mas tiramos a foto. Coloquei de papel de parede também, tinha ficado linda.
    Tomamos um café saudável e quentinho, nos trocamos e fomos pra escola. No som do carro tocava Black Veil Brides, e o Ben junto com o pessoal estava bem atrás da gente. Buzinamos e fizemos graça com eles, rimos largo, e do nada ele pegou na minha mão e ficou olhando pra mim. Eu corei, é claro, mas estava feliz. Não soltei.
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    Já era o último recreio (eu falo recreio mesmo, não gostou problema seu) e estávamos sentados debaixo do nosso carvalho. Ben começou a ficar mais próximo da Angie, eles formam um casal bonito. Lucy ficava tirando sarro do Dan toda hora, eles riam igual retardados. Emma finalmente estava percebendo que o Charl gosta muito dela. O que tá acontecendo? Quanto amor envolvido!
    De repente, ouvimos de novo aquela voz irritante com aquelas cadelas de estimação rindo igual hienas. Já tava demorando, né. 
    - É, ahn, como vão vocês eminhos? - Nathalie falava com aquele sotaque ridículo de cidade grande, como se tivesse um brinquedo de cachorro entalado em sua garganta.
    - Não te interessa. O que você e suas cadelas querem? - Angie estava com raiva. Nunca gostou delas.
    - A gente também está bem, obrigada. Só queríamos avisar que o Stevie mandou vocês todos ficarem alerta. - ela nos olhou com muita malícia - Agora, não vou mais perder meu tempo com gente como vocês - saiu rebolando aquela bunda rosa ridiculamente empinada, se achando A gostosa. Coitada.
    Todos se entreolharam preocupados e eu abaixei a cabeça. Eu não sei mais o que fazer. Ele já ficou cinco dias preso, já tem ordem judicial, não tem mais o que fazer. Porque ele não me deixa viver?
    Repentinamente senti um peso muito grande nas minhas costas. Tudo ficou embaçado, tava difícil de respirar... Ouvia o pessoal me chamando, mas estavam tão longe...
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    Quando acordei, já estava em casa, e todos eles estavam lá. Todo mundo enfileirado no chão enquanto Ed estava na cama do meu lado.
    - GRAÇAS A DEUS VOCÊ ACORDOU - ele colocou as mãos na cabeça e quase chorou - a gente achou que tinha te perdido. Porque não me contou que tinha alergia?
    - Eu não sei nem o que aconteceu - eu me sentei na cama, muito tonta e com dor - por que vocês estão tão preocupados?
    - Depois que a Nathalie saiu, você começou a inchar, e eu já sabia o que ia acontecer. Então nos dividimos nos carros e te levamos até o hospital. Você chegou lá com o rosto roxo, já tava quase sem respirar. Te deram adrenalina e você quase sufocou, mas voltou ao normal. Eu sei que é por causa da sua mente, mas você não pode deixar as coisas te afetarem assim. Você não pode mais se culpar por tudo que aconteceu Morg, - Emma estava me fazendo chorar - porque você sabe que a culpa não é sua. E eu também sei o quanto é difícil não se culpar, por isso você vai começar a fazer sessões com a mãe do Ed, ela é psiquiatra. Você sabe que terapia é pra todos, você mesma diz isso.
    Um silêncio gigantesco tomou conta do meu quarto. Eu queria fugir pra floresta, me esconder e chorar. Porque além de sofrer, eu tenho que fazer as pessoas sofrerem também?
    - Tudo bem. - Ed me abraçou - Eu vou fazer a terapia. Eu preciso de verdade. Gente, obrigada. Por tudo. Por vocês passarem por essas situações comigo, por cuidarem de mim e me ajudarem sempre que preciso. Vocês são incríveis. - eu comecei a chorar - Só não queria que vocês tivessem mais essa preocupação, porque eu sei o quanto a vida de vocês é difícil e...
    - É por isso que todos nós vamos fazer terapia. Vai ser grupal. Juntos até o fim, lembra?
   - Vocês são tão incríveis...
   - Ei, Morg, o que vamos jantar? E onde vamos dormir? Não podemos sair do seu lado e já falamos com nossos pais pra dormir aqui. O Ben já até levou a gente até nossas casas pra pegar roupa. E já tomamos banho também - Dan estava falando e todos rindo - então vamos ter que dar um jeito.
    - Já sei. Ben e Angie dormem no quarto do meu pai, porque eles são mais organizados, - eu ri - Dan e Lucy dormem no quarto de hóspede e Emma e Charl dormem no sótão porque é o lugar preferido deles na casa. Tá bom assim gente?
    - Tá ótimo! - Charl ficou super feliz - Mas o que a gente vai jantar? E a gente não vai pra escola amanhã, você não precisa disso. E nem a gente né, já tá acabando o bimestre e os professores ficam lá só de corpo presente.
    - Vou dar a roupa de cama pra vocês irem arrumando enquanto eu e o Ed vamos buscar pizzas. Gente, a casa é de vocês, vocês sabem. Vou trazer sorvete também, a gente merece. Pode ser?
    - Claro. Vou instalar meu Xbox, vamos fazer campeonato de Guitarra Hero.
    - Então fechou. Vamos Ed?
    - Vamos.
    Enquanto todo mundo arrumava as coisas em seus respectivos quartos, eu e Ed estávamos no carro. Ele pegou na minha mão de novo. Pedimos três pizzas, e depois passamos no mercado pra pegar o sorvete.
    - Você tem que escolher rápido, senão a pizza vai esfriar.
    - Qual você quer Ed? Eu não consigo decidir...
    - Eu gosto de menta e céu azul. Acho que o pessoal gosta também.
    - Tá brincando???? São os meus preferidos!
    - E você é minha pessoa preferida.
    - Para Ed. Você tá me deixando constrang...
    Ele me beijou. Eu senti os lábios quentes e o piercing frio, sua língua, seus braços em volta do meu corpo, depois em volta do meu pescoço, depois seus olhos me olhando com calma e felicidade, e depois um abraço.
   - Eu também sonho com você todas as noites.