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História Dandelion - Lost


Escrita por: NaturalDisaster

Notas do Autor


OI AMORES E AMORAAS! Para quem não sabe o que está acontecendoo, por favor leia o comentário que eu fiz no último capítulo! Nele eu explico o motivo da demora é o fato de esse capítulo não ter capa, etc etc... Sejam compreensivos por favor <3
Estou compartilhando esse capítulo pelo celular, aqueeele celular todo ferrado, então provavelmente vocês vão encontrar alguns erros, mas eu não queria que ficassem mais tempo esperando por um cap, então vai assim mesmo.
Apesar de escrever esse capítulo pela segunda vez, eu fiquei bem empolgada com esse e o próximo que sairá no final de semana! Eu te proíbo de sair da fic sem antes comentar ein! Olha me esforço caraa... Hahaha

MÚSICA: Man down, Rihanna (por algum motivo que eu não sei explicar) e Hold on do Oasis <3

1P.s.: as linda que estão comentando em todos os capítulos: VOCÊS SÃO DEMAIS <33 Obrigada a todo mundo que está favoritando e comentando gente, vocês ajudam a fic a crescer! <3

Enjoy

Capítulo 15 - Lost


P.O.V. Kriss


 Levanto a cabeça da mesa trazendo alguns papéis comigo grudados ao meu rosto. Demorei um pouco até lembrar que estou no Atelier. Não acredito que passei a noite inteira aqui...


 Estiquei os braços para ver se a dormência sobre eles diminuía, mas não fez muito efeito. Levantei da pequena escrivaninha e parei em frente ao espelho que fica ao lado dos cabide de vestidos.


 Eu estou horrível. Isso com certeza é resultado da noite de ontem. Meu cabelo está desmontado, minha maquiagem borrada e o vestido completamente amassado. O que será que mamãe diria se me visse nesse estado?


 Minha mãe... Tudo o que ela fez ontem foi criticar cada coisinha do baile, inclusive eu. Depois da ridícula apresentação de América então, a noite não poderia ter ficado pior. Exceto por Maxon, talvez. Pensando nisso e encarando meu estado no espelho que me lembro. Ai, não! O café! 


 Corri até a escrivaninha novamente jogando meus croquis para o lado e procurando pelo relógio de bolso do papai. Estava tarde. Estava muito atrasada!


 Passei as mãos pelo rosto tentando deixar a maquiagem o menos borrada possível. Já basta o estado do meu vestido, não precisam me ver como alguém que levou uma surra.


 Atravessei a porta e a bati discretamente. Não queria encontrar com ninguém, tinha que chegar ao meu quarto sem esbarrar em ninguém. Fui pé ante pé até o final do primeiro corredor. Estava no terceiro andar, todos deviam estar nos jardins porque o único som que havia ali era o dos meus sapatos.


 Mas isso durou pouco tempo. Ouvi a voz de dois homens vinda da minha direita. Falavam alto e com certeza não do jeito que os criados e guardas eram instruídos a falar. Levariam uma bela dede uma bronca, isso se eu não os demitir! Não me importei sobre o meu estado, iria seguí-los. Iriam ver só!


 Fui a passos rápidos atrás dos dois caras seguindo apenas a voz e barulheira que estavam fazendo. Cortei caminho por um segundo corredor e estava apenas a alguns metros do final quando eles ficaram em silêncio.


 Continuei andando a passos firmes. Virei o corredor e só tive tempo de voltar um passo antes que os dois homens ao qual perseguia atirasse em um dos nossos soldados. 


 Minhas mãos tampavam um grito preso na minha garganta enquando eles tripudiavam sobre o corpo do soldado morto. Ainda não faziam ideia de que eu estava ali. Meus pés pareciam presos ao chão, e me impediram de me mover, mas estava pronta para correr dali para qualquer lugar quando o barulho de algo caindo me chamou atenção. Uma estátua caida no chão revelava May que estava escondida. Os dois apontaram a arma para ela. 


 Não aguentei ver a cena. May irá morrer. Corri tropeçando em um dos tapetes caindo com a cara direto no chão, malditos sapatos! Esperei pelo tiro enquanto corria e tapava os ouvidos, mas ele não veio até que eu estivesse trancada no Atelier novamente.


P.O.V. Narrador


 Vermelho. Como uma cor pode se tornar tão aterrorizante de uma hora para a outra? América tentava não pensar no quanto essa estava pintada no corredor atrás de si, ou no vestido de May enquanto tentava carregar ela para o mais longe possível dali. 


 Virou em alguns corredores enquanto sentiam que seus braços iam cair a qualquer momento. Não ia aguentar carregar a princesinha por mais tempo e May parecia estar em transe. Ames virou mais uma dos corredores e tentou a primeira maçaneta, por sorte a porta estava destrancada. 


 Entrou dentro da sala vazia se esgueirando pelas paredes até a cama que ali havia. Não se preocupou com a sujeira que faria, apenas colocou May ali. América sentiu as pernas doerem e os braços completamente dormentes, suas mãos estavam sujas. 


"Vai ficar tudo bem, May.", sussurrava tão baixo que seria impossível a menina ouvir. 


 Estava chorando copiosamente e estava tremendo também. Olhou ao redor procurando por uma chave que pudesse trancar a porta, mas não encontrou nenhuma. Estavam em um dos quartos de hóspedes. 


 América viu a princesinha ainda estática na cama com os olhos cheios de lágrimas e direcionados a nenhum lugar em especial. Passou as mãos pelos cabelos ruivos tentando pensar no que fazer. O que ela poderia fazer? 


 A princesa respirou fundo uma, duas, três vezes. Havia uma cômoda de madeira clara bem ao lado da entrada, iria bloquear a porta com ela. Aqueles homens não podem entrar ali. Apoiou as costas no móvel com pequenos detalhes em dourado e empurrou. 


"May, me ajuda aqui...", pediu com dificuldade. Era mais pesado do que parecia. Olhou para a princesa em cima da cama que não fez um movimento se quer. "May...", chamou mais uma vez antes de conseguir sozinha mover o gaveteiro.


 Apenas parou de empurrar quando a porta estava completamente fechada. Ninguém entraria ali. Ames checou as outras três portas ali, uma para o banheiro, outra para o closet e a última estava trancada. 


 Estavam presas ali. Estavam seguras, pensava. Quem eram aqueles homens, o que eles queriam e porque fizeram aquilo eram perguntas que rondavam sua cabeça. Adrian, Celeste, Gerad, todos estão lá fora. A deriva.


 Foi até May, precisava saber o que tinha acontecido, quem eram eles... Queria saber se May estava machucada.


"May.", pôs as duas mãos no rosto da irmã. "Olha pra mim.", disse tentando engolir o choro que ver sua irmã naquele estado provocava. "Estamos bem agora. Eles não vão nos pegar aqui.", sussurrou.


 May finalmente olhou para América. Seus olhos carregavam tristeza, tinham um ar fúnebre que não se esperava encontrar ao encarar uma criança. Meri se sentiu inútil. Se sentiu imponente ao encarar May e saber que não conseguiria arrancar o que ela viu ou o que passou de sua cabeça. 


 "Eles já nos pegaram, Ames...", disse. "Eles estão com Celeste.", sussurrou por fim antes de abaixar a cabeça. 


 América que estava agachada para ficar na altura de May caiu sobre os joelhos tentando entender o que isso significava. Mas, May já sabia bem. A menina encarava as mãos sujas de sangue, do sangue vermelho de seu guarda. Era aquilo que os rebeldes faziam, é o que sempre fizeram e sempre vão fazer. E se eles estavam com sua irmã...


 A ruiva mais velha negou com a cabeça e seguiu os olhos da mais nova. May soluçou, não queria que Celeste morresse, não queria que seu guarda morresse, ou Diogo, ou Adrian... América passou as mãos sobre as de May tentando tirar o líquido dali. Limpava na colcha da cama, no vestido, em qualquer canto. Aquilo não era verdade, Celeste não está morta. Não está.


"May, precisamos encontrar alguém, okay? Precisamos ir para os jardins e precisamos falar com nosso pai!", América levantou da cama. "May!", a princesinha levantou o rosto. "Vamos?", pediu. 


 O rosto da criança ainda manchado pelas lágrimas assentiu fracamente. Aprendeu que, geralmente, América sabia o que fazer quando ela não tinha ideia. Talvez ainda houvesse tempo, afinal.


_______________


 Algumas tropas de soldados passaram marchando por uma das entradas do castelo. Estavam organizados em pequenos grupos, a tentativa era para não alardear aos convidados, porém não foi discreto o suficiente para passar despercebido. Após a parada da orquestra, todos cochichavam a respeito de o que estava ocorrendo ali.


 Rei Shalom estava reunido junto a Rei Clarkson e alguns dos comandantes e oficiais no canto mais afastado de todos os outros. Ninguém conseguia escutar o que estavam falando por mais que tentassem, entretanto, a cara de poucos amigos dos reis entregavam o jogo. Algo estava errado.


 Rainha Amberly não conseguiu alcançar Maxon antes de vê-lo desaparecer entre as pessoas. Algumas senhoras a pararam para tentar tirar algo da rainha sobre o que estava acontecendo mas Amberly tinha outras prioridades.


 Nenhum de seus filhos estava ali. Procurou primeiro por Marlee,  a filha deveria estar junto a Gerad já que Maxon não estava mais. Rodou por todo o salão é recebeu algumas reverências certamente ignoradas. 


 Chamou discretamente por Marlee. Sem resposta, onde estavam? Frustrada voltou para próximo de Katherine que também estava inquieta perto de uma das mesas de comida. 


"Não estou encontrando meus filhos.", Amberly comentou transparecendo uma preocupação que não deveria. "Você os viu?", perguntou.


"Príncipe Maxon estava com Gerad e Marlee com... América, mas faz um tempo que os vi.", Katherine apertou uma mão na outra olhando ao redor mais uma vez. Onde estavam Kriss, May e Celeste? "Os meus também não estão aqui, talvez estejam juntos em algum lugar do castelo.", Amberly negou. Ela sabia que não estavam, e Katherine no fundo sabia também.


 A rainha de cabelos negros viu o filho mais velho conversando alegremente com algum dos convidados, alheio ao que acontecia ali. Pediu licença a Amberly que sequer ouviu a rainha se despedindo, e foi em direção a Kota.


"Kota.", chamou. Os homens a reverenciaram e ela retribuiu apenas com um aceno. "Onde está Kriss?", perguntou.


 A última vez que Kota viu Kriss foi no baile. Depois disso, nem sinal dela. Negou para a mãe, Katherine ficou um pouco mais pálida que o normal. Algo estava errado. A rainha deu as costas para eles e foi em direção a onde os monarcas estavam reunidos. Kota a seguiu a interrompendo no meio do caminho. 


"A senhora não vai brigar com ela por causa do atraso, certo? Porque pelo o que estou vendo nem May ou Celeste estão aqui também.", o príncipe parou em frente a mãe. 


"Apenas volte para onde estava Kota.", a rainha disse baixo, mas o tom ameaçador era o de sempre. Até mesmo o petulante Kota dava um passo para trás. Katherine não tinha tempo para lidar com ele, precisava saber o que estava acontecendo.


 Ia voltar ao seu caminho quando Rei Shalom parou ao lado dos dois. Estava com a face impassível, camuflando a preocupação que tinha naquele momento.


"Hajam naturalmente e escutem bem o que vou dizer.", falava quase em um sussurro. "Estamos sobre ataque rebelde.", Kota sentiu os músculos travarem ao receber a notícia. "Não sabemos quantos, não sabemos de onde, mas eles estão aqui.", disse.


"Sabem o que temos que fazer, discretamente, o esconderijo atrás da fonte. É para lá que vamos.", Shalom passou os olhos por toda as pessoas que encaravam curiosamente a conversa dos três. Até mesmo ousou sorrir para alguns dos convidados.


"Kriss não está aqui.", Kota afirmou. "Nem Celeste, ou May.", o rei praguejou. 


"Onde elas estão?", perguntou.


"No castelo."


  A alguns metros dali Amberly trocou olhares com o Rei Clarkson e pode ouvir a pergunta muda que ali foi feita. Não, eles não estavam lá. A rainha caminhou calmamente até um dos guardas de seus filhos. 


"Soldado.", cumprimentou ao garoto. "Onde está Marlee?", Erick sentiu todos os seus ossos tremerem sob o olhar da bondosa rainha Amberly. Como iria dizer que a perdeu?


"Não sei, majestade. A perdi de vista. Uma hora ela estava com América e depois as duas desapareceram.", Amberly começou a ficar mais nervosa. Precisava de seus filhos consigo, naquele momento!


"E o que está esperando? Vá procurá-la!", disse seca. "Leve quantos soldados puder . Traga-a para mim!", finalizou indo a passos rápidos em direção ao marido.


"As crianças sumiram. Estamos mesmo sob ataque?", perguntou interrompendo o pequeno grupo de oficiais. Os rostos dos homens antes sérios assumiram outra postura ao saber disso. "Estamos ou não?", se irritou.


"Sim querida.", Clarkson respondeu. 


"Oh não.", sussurrou. "Será que eles...", a primeira coisa que lhe veio a cabeça foi ter tido cada um de seus filhos capturados debaixo de seu nariz e só agora ter percebido. Não, isso não pode ter acontecido. "Quero soldados designados a encontrá-los imediatamente, estão me ouvindo?", Amberly interrompeu Clarkson que estava prestes a dizer a mesma coisa. 


"Mamãe?", a voz infantil chegou aos ouvidos da rainha. Gerad chegava no colo de Maxon ainda com a câmera pendurada no pescoço.


"Graças a Deus...", a mulher quase quis chorar ao ver os dois filhos ali. Maxon, diferente de Gerad, percebeu a tensão que havia ali. "Por favor diga que Marlee está com vocês?", Maxon negou franzindo as sobrancelhas involuntariamente.


 Rei Clarkson fechou as mãos em punho, iria buscar Marlee ele mesmo. Onde quer que a filha estivesse. Arrancaria os braços do rebelde que ousar encostar nela, tinha certeza. O Rei deu um passo a frente, ia tomar uma das armas dos oficiais quando um deles o parou. 


"Irei procura-la, majestade.", Carter se ofereceu. Os olhos da mulher a sua frente lembrava perfeitamente aos de Magda quando Sally desaparecia. A rainha assentiu e o Oficial se retirou para reunir alguns soldados para ir procurar a herdeira de Illéa.


 Maxon passou Gerad para os braços de sua mãe e se atualizou sobre a situação com o soldado a sua direita. O rei e os outros oficiais estavam discutindo algo, e o tom de voz estava começando a aumentar. Os convidados já estavam praticamente em silêncio. 


"Irei acalmá-los. Trate de fazer logo o pronunciamento, precisamos ir para o abrigo.", Amberly olhou para os convidados e depois para o marido antes de ir em direção a um dos grupos de senhoras.


 Marlee sabia, ela soube antes deles e mesmo assim foi procurar por Ger no bendito jardim sozinha. Que ela sempre foi impulsiva, Maxon já havia se acostumado, mas não precisava ter sido naquela hora.


"Irei com o oficial atrás de Marlee.", afirmou. O Rei apesar de querer ir ele mesmo, negou. Não podia perdê-lo. Os convidados ficariam mais alarmados ainda.


"Não. Ninguém da corte sairá daqui!", Maxon respirou fundo e sem encarar ao pai foi procurar o soldado que iria procurar por sua irmã. 


 Carter estava discutindo com dois dos soldados a postos ao redor do pequeno salão. Nenhum deles havia sido designado para sair de seus postos. Ou seja, Carter teria que ir sozinho atrás de Marlee. Não que isso fosse problema, mas com certeza demoraria mais para achar a princesa.


"Oficial.", Maxon parou em suas costas. "Minha irmã foi naquela direção, estava atrás de Gerad quando saiu.", Carter assentiu. Encarou aos soldados com raiva antes de pegar mais uma arma e sair na direção dita por Maxon.


 O príncipe pode acompanhar quando um dos soldados saia pela porta principal, de dentro do castelo. Esperando notícias de como estava a situação lá, ele voltou para o grupo onde os oficiais ainda estavam. Shalom se juntou a eles logo depois.


"Dois rebeldes mortos. Eles tinham uma de suas filhas como refém quando os soldados chegaram, majestade.", o Rei de Dandelion endureceu o maxilar pensando na segurança de suas meninas. Estava pronto para mover montanhas para tê-las a salvo.


"Onde ela está?", um dos oficiais perguntou. 


"A princesa América chegou a tempo e as duas fugiram para algum lugar do castelo.", América também estava lá? Como essas crianças se dispersaram tão rápido? O Rei tentava raciocinar um plano.


 Maxon sentiu seu coração apertar ao descobrir que a princesa de cabelos ruivos estava lá dentro. Kota se juntou aos homens.


"Kriss, Celeste e May estão dentro do castelo.", o príncipe disse ríspido. 


 "Onde está Aspen?", o Rei praticamente gritou.


 "Está no castelo.", Shalom sabia que teria que lidar com os convidados antes de poder tomar outra providência. 


 "Oficiais, levem os convidados para o abrigo perto do Carvalho.", dois dos soldados ali presentes foram em direção ao palco para reunir as pessoas.


"A guarda de Illéa irá procurar pelas princesas.", Clarkson ordenou para o Oficial Simas que saiu para reunir a guarda de Illéa. Shalom assentiu, agradecendo e foi ao palco para fazer o pronunciamento.


"Pai.", Maxon chamou. Iria entrar no castelo e agora Clarkson não poderia o impedir. "Estou indo atrás de Kriss junto com eles.", sem Kriss não haveria acordo, ou paz em Illéa. Nem seu pai podia ignorar isso. 


"Você não vai me desobedecer...", o Rei foi interrompido pelo filho.


"A guarda de Illéa não pode agir pela segurança de outra realeza sem a presença do Rei.", disse. "Ou de um herdeiro.", completou. Maxon pediu a um dos soldados uma arma.


"Sou eu quem faço as leis, se você já se esqueceu.", Clarkson externava a preocupação em forma de repressão. Maxon sabia disso, Marlee e ele haviam muito em comum.


"Sabe que sou preparado para esse tipo de coisa.", os oficiais assistiam a discussão pai e filho que rolava ali enquanto tentavam resolver como iria cobrir toda a área com a armada real. "Se preocupem com Marlee, ela é a herdeira.", disse para o segundo oficial de Illéa que estava pronto para obrigá-lo a ficar junto com seu pai.


 Não esperou mais palavras e foi em direção aonde o grupo de soldados da sua guarda estava reunido. 


_______________


 Aspen segurava a arma com os braços estendidos após ao tiro. Apesar da respiração pesada, seus olhos bem treinados estavam firmes e encaravam as costas do homem que caia de joelhos para logo estar completamente no chão. 


 Adrian precisou piscar algumas vezes para então se dar conta de que não foi ele o atingido, que não foi ele quem perdeu a vida nos últimos instantes. A imagem do rebelde foi substituída pela do Oficial Leger com a arma apontada em sua direção, soltou todo o ar que havia prendido, nunca agradeceu tanto por vê-lo. Deu alguns passos se afastando da parede, seus olhos foram direto para Diogo, caído do outro lado do corredor.


 O loiro demorou até conseguir ouvir algo que os soldados a sua volta estavam falando, estava entorpecido pela adrenalina que a quase morte provocou. Checou o pulso do amigo, e jogou as costas para trás aliviado deitando no corredor, agora movimentado. Diogo ainda estava vivo. Mas, por pouco não.


 Aspen, indicou com os dedos para três dos soldados que estavam ali seguirem até o final do corredor e checarem aos arredores. Destravou a arma e só então abaixou ao lado de Adrian.


"Quantos?", Aspen perguntou contando os três corpos ao chão. 


"Dois. Não vimos nenhum outro rebelde.", Adrian limpou o sangue que escorria na bochecha. E ergueu o corpo se levantando do chão. Ainda não tinha acabado.  "Precisamos ir. Encontramos a princesa May refém desses dois, América correu com ela para esse corredor."


"Levem ele para a ala hospitalar.", Aspen apontou para Diogo e mais dois homens foram até eles, para carrega-lo. "Você também soldado.", apontou para Adrian. "Vá para lá e depois se junte ao resto da armada no jardim.", Adrian negava com a cabeça antes mesmo de Aspen ter acabado de falar. 


"Não. Eu estou bem.", afirmou. Os olhos do Oficial encarou o fitou, Adrian podia estar tudo, menos bem. Além disso, Aspen estava pronto para dar uma bronca nele, odiava quando o contrariavam, principalmente os soldados mais jovens, mas Adrian continuou. "Celeste também não apareceu. Oficial Leger, tenho quase certeza que ela está detida com eles..."


  Aspen passou as mãos na nuca antes dos três soldados que estavam fazendo a checagem do corredor os interromperem.


"Nenhum sinal rebelde, Oficial.", o do meio disse. Aspen assentiu e empunhou a arma novamente. Voltou a atenção para Adrian e suspirou, não podia impedir ele de ir atrás dela, o conhecia bem. 


"Iremos encontrá-la." O oficial afirmou por fim, Aspen tentou transparecer  uma confiança que nem mesmo ele tinha. 


 O soldado mais novo dentre os outros procurou por sua arma no chão, a encontrou a alguns metros de distância. Havia sido inútil na briga, e quase possivelmente teria provocado sua morte.  É o quão irônico seria, uma homem ser morto pela sua própria  a arma?


 Aspen o chamou e ele se juntou aos outros em formação. Haviam poucos soldados ali, porém somente os mais experientes, os outros provavelmente deveriam estar nas outras áreas do castelo e nos jardins. Aspen explicou o que iriam fazer a partir daí. 


 A prioridade deles eram encontrar às três princesas. Vivas. Porquê todas estavam, Adrian tinha certeza disso. Certeza que Celeste estava viva. Ele só precisava encontrá-la antes que fosse tarde.


______________


 Roger se esgueirou por trás de uma das estátuas assistindo ao combate livre que acontecia naquele corredor. Os idiotas, Pierre e Gordan perdiam a luta terrivelmente, não podia esperar mais daqueles acéfalos. 


 Esperou para ver como se saíriam. Praguejou quando viu a Princesa May sair nos braços de uma garota ruiva. Estava pronto para ir atrás delas, mas  então assistiu Pierre cair desacordado no chão, possívelmente morto. Antes tarde do que nunca, pensou. 


 Merda. Resolveu deixar a princesa ir, não precisava dela agora de qualquer forma. Mas precisava das mochilas que os outros dois rebeldes carregavam. Ia intervir e matar o maldito soldado que ainda estava de pé, destravou a arma e mirou no homem, junto a Gordon.


 Ia atirar, mas o barulho de passos o interrompeu. Os reforços estavam próximos, não dava para se arriscar. Abaixou a arma e então um tiro foi dado. Gordon caiu no chão desacordado com uma fruta podre. Agora só restava a Roger cumprir a segunda parte do plano, e não deixar que os idiotas comprometam aquela merda toda. 


 Já tinha chegado até ali e ele iria ver o sangue da família real escorrer em suas mãos até o final do dia. Era certo. Esperou os guardas se retirarem, para pegar as mochilas dos corpos sem vida dos dois e então poder ir em direção aos muros do castelo.


P.O.V. Celeste


 Se antes respirar estava difícil, agora piorou cada vez mais. Queria não ter faltado as aulas de primeiros socorros quando as tive alguns anos atrás. Talvez eu pudesse ser minha própria enfermeira agora.


 Se eu fosse. Diria que essa dor iria passar em alguns minutos, que não preciso me preocupar porque nada de drástico aconteceu. Apenas uma dor muscular. Eu mentiria. 


 De todos os livros sobre como ser uma princesa ideal nenhum deles falava essa parte. Nenhum deles me contou que além de estúpidos vestidos e estúpidos bailes, princesas também teriam que se machucar. Que a guerra não está a alguns quilômetros além dos portões do castelo, ela está aqui. Bem aqui dentro.


 Eles não nos contam essa parte. A rebelde loira agora andava de um lado para o outro perto da porta, ela xingava e chutava coisas sempre que podia. O rebelde que saiu daqui ainda não havia voltado e pelo que parece, algo está errado. Isso me faz sorrir. Não importa o quão ferrada eu estou, talvez ainda tenha chance. Talvez Adrian chegue a tempo. Ele vai chegar a tempo.


"Você poderia respirar direito!", gritou para mim. Eu até faria, se conseguisse sua estúpida!


 Tentei levantar um pouco mais o tronco na parede fria, mas doeu demais na altura das minhas costelas que resolvi ficar na mesma posição. Meus olhos estavam pesados. Estava com tanto sono.


 Já perdi as contas de quantas coisas prometi fazer caso não morresse hoje. Eu iria ler mais livros de medicina, iria comer mais coisas saudáveis e iria fazer alguma arte marcial, isso era certo. Não quero ser essa princesa fraca jogada ao chão. Não quero.


 Senti algo subindo pela minha garganta ao momento que uma crise de tosse aconteceu. Tuci como se fosse cuspir o meu coração, senti cada parte do meu corpo doer. Eu quero que isso pare. Eu quero ir para o meu quarto. Quero me enrolar nas cobertas e apenas esquecer que todo o mundo existe. 


 O esforço foi tão grande que dessa vez não resisti em fechar os olhos. Talvez eu não acorde. Talvez seja só isso.


Flashback on


"Então você tem mais uma irmã mais velha? Interessante...", Adrian balançou as sobrancelhas para mim. Ele vivia tentando me fazer ciúmes com uma das minhas irmãs, mas até ele admitia que era difícil suportar Kriss. Dei um tapa em sua barriga de brincadeira.


"Sim. Eu tenho. Mas você já sabia disso...", ele sempre sabe das coisas. Antes mesmo até de mim.


 Estávamos caminhando pelos jardins próximos ao salão do baile. Ele estava todo iluminado devido a festa, haviam luzes e mais luzes por entre as flores e os arbustos, estava lindo.


"E o que você acha disso?", perguntou depois de resmungar pelo tapa. "Está com ciúmes do papai? Já que de mim eu já sei que não...", disse sarcástico.


"Ah claro. Como ele irá me contar histórias antes de dormir agora?", disse tão debochada quanto ele.


"Sabe, eu posso te contar histórias...", sussurrou perto do meu ouvido. Apenas revirei aos olhos ignorando meu coração acelerado pela proximidade de nossos rostos. Ele se afastou, provavelmente esperando alguma reação típica de mim, talvez um tapa, ou um beliscão. Mas, dessa vez apenas acelerei os passos depois de dizer:


"É, talvez possa.", olhei para trás e o vi encarando o nada com cara de bobo.


"Pera... O que?", ele voltou a me acompanhar. "O que você disse?", ele sorriu. Um sorriso lindo.


"Nada.", ri. 


"Você disse que quer ouvir minhas história antes de dormir.", ele piscou. "Posso te contar várias! Por que você sabe, sou um cara viajado... São tantas histórias que acho que teriamos que ficar juntos a noite inteira.", O loiro gesticulou com as mãos  e eu só fiz sorrir para ele.


"E o que pensariam de mim? Passar a noite inteira com um guarda no meu quarto? Já posso até ouvir as fofocas...", brinquei.


"Tsc, tsc. Celeste, pensei que não se importasse com o que os outros pensavam se você! Estou decepcionado.", ele apontou para si e fechou a cara como se realmente ele não soubesse que isso iria acontecer e que seria um baita problema.


"Não me importo com o que os outros pensam, sim com o que o Rei pensa."


"Touch ché", rimos. 


 Andamos em silêncio. Não tenho certeza de quando, mas em algum momento nossas mãos entrelaçaram. Íamos devagar, nossos ombros se esbarravam vez ou outra e eu só podia pensar no quanto queria que esse momento durasse para sempre.


"É uma linda noite.", ele falou quando paramos em um dos bancos perto de um dos grandes chafarizes dali.


"De acordo.", o céu estava estrelado e a lua crescente brilhava.


"Nos seus livros tem algo que explique o porquê de não conseguirmos para o tempo?", perguntou se sentando ao meu lado. Nos dois estávamos olhando para a distante e brilhante Lua.


"Não... Não tem.", sussurrei. 


"Que pena.", ele falou. "Se fosse possível eu pararia exatamente aqui.", abaixei os olhos para me dar de conta com os dele me encarando. Profundo e azuis, como sempre.


"Pararia?", resmunguei enquanto descia meus olhos para suas bochechas, depois para seus finos lábios. Cada traço já decorado na minha cabeça.


"Não exatamente.", voltei a olhar em seus olhos. Queria me afundar naquela imensidão azul. "Eu pararia...", sentia sua respiração quente no meu rosto, sua mão colocando alguns fios do meu cabelo para trás da minha orelha para depois pararem na minha nuca. Seu rosto se aproximou mais ainda, nossos narizes quase se tocando. "Agora.", e então nos lábios se encontraram.


Flashback off


 Acordei com a sensação de ter dormido por meses. No mesmo lugar, sem ter movido um músculo se quer. Mas, diferente de como estava antes, o quarto que estava se encontrava silencioso. Silencioso demais.


 Tentei focar meus olhos nos cantos do quarto procurando pela rebelde que antes estava aqui, mas não a encontrei. Talvez ela tenha fugido... Talvez ela tenha fugido! Agora é a minha vez!


 Ergueu a coluna e mordi a boca tentando conter um grito de dor. Parecia que a cada segundo alguém enfiava uma longa e grossa agulha no meu abdômen. Mas, se for apenas isso que me impede de sair daqui, eu vou conseguir.


 Apoiei minhas mãos na parede parede. Ai me colocar de pé não conseguia me manter ereta, muito menos me equilibrar. Me senti uma criança com os músculos atrofiados, passo ante passo, caminhando até a porta.


  Não sabia onde estava. Onde aquela porta ia dar, resolvi olhar a janela. Talvez tivesse uma ideia de onde fica isso aqui. Afastei ao plano e a vista foi a resposta que precisava, estou no quarto andar, ainda. Mas, onde?


 Depois de alguns minutos e muita dor consegui chegar até a porta. Apoiei o ouvido tentando escutar algum passo, algum som ué denuncie que alguém estava ali. Silêncio.


 Tudo bem. Existem duas claras opções: 1- ficar é possivelmente morrer por culpa dos meus ferimentos, ou 2- tentar chegar a ala hospitalar, com a possibilidade de esbarrar em um rebelde no caminho e morrer também. Optei pela segunda. 


 Bati a mão na maçaneta desajeitadamente antes de conseguir pegá-la. Minha visão estava turva. Sentia a sala toda girar. Respirei fundo. Não iria desistir...


 Forcei o objeto de metal para baixo esperando o famoso clique que todas as portas do castelo faziam ao destravar. Fiz de novo, e de novo, e nada da porta se abrir. Bati na porta com a outra mão. Não pode ser real, não posso estar trancada! 


 Droga. 


"Socorro!", gritei o mais alto que consegui. "Alguém... Por favor...", escurreguei por trás da porta antes de desmaiar e me encontrar no escuro novamente.

_______________


P.O.V. Narrador


 Marlee andou e andou e esqueceu de prestar atenção por onde ia, nem se quer percebeu quando os pequenos arbustos se tornaram árvores de copas altas, ou quando a grama verde fora substituída pela terra escura.

 

 Gritou por Gerad mais uma vez. Estava preocupada com o garotinho de tal forma que seu coração pulsava rapidamente no peito. Em uma das raízes altas que brotavam do chão foi onde quase perdeu uma de suas sandálias. 


 Foi preciso um quase tombo para que a princesa se desse conta de que estava muito afastada do castelo. Os troncos das árvores eram perfeitamente alinhados, o que permitia que enxergasse ao redor perfeitamente, mas nem assim via as paredes altas e os portões de entrada.


 Marlee passou as mãos pelo cabelo e o prendeu no alto da cabeça desajeitadamente com um grampo. Conhecia bem Gerad, ele morre de medo de lugares escuros, não iria para aquela parte do jardim. Se é que ela ainda estava nos jardins, aquilo estava mais para um bosque. Um bosque não muito amigável.


"Okay. Bosque assustador. Ataque rebelde.", isso com certeza não parecia uma boa combinação. "Possível ataque rebelde.", corrigiu tentando soar menos aterrorizante o fato de estar ali sozinha. 


 Deu as costas para as sequencias arbóreas apenas para encontrar mais e mais nas outras direções. Não era possível que estivesse tão longe da recepção. Puxou a saia do vestido para que não tropeçasse e voltou a caminhar na direção que a loira achava ter vindo. 


"Nunca pensei que as terras do castelo de Dandelion fossem tão grandes...", resmungou. Não havia nenhum barulho ali a não ser o que o vento provocava nas folhas das árvores. Haviam pássaros também. Mas nada da melodia vinda dos violinos de onde estava antes. 


 Andou por mais alguns metros quando decidiu parar novamente. Andava em círculos, tinha certeza! Marlee apoiou as costas em uma das árvores e fechou os olhos. Maxon tem que ter achado Ger. 


"Maxon achou Ger, e todos estão bem. E no final de tudo, eu apenas dei voz a minha paranóia e na verdade não há ataques rebeldes no castelo. É isso que vai acontecer quando eu encontrá-los, Maxon vai rir quando eu disser que achei que estivéssemos em perigo.", repetiu para si mesma. 


 Se afastou do tronco escolhendo dessa vez uma única direção para ir. Uma hora teria que chegar em algum lugar, certo? Nenhum bosque é infinito.


"Geografia nunca foi meu forte...", resmungou. Andou mais um pouco. "Eu tenho certeza que só virei para a direita...", Que ótima hora para me perder, não é mesmo?, pensou.


 Olhou ao redor uma terceira vez. E a sua direita conseguiu enxergar algo diferente dos continuos corredores de árvores. Havia uma parede. Um muro. Estava perto da divisa entre a terra real e o vilarejo. Não podia ter andado tanto, podia?


Notas Finais


E então???? Eu juro que não queria terminar em uma cena tensa haha mas n deu, o capítulo ia ficar enorme... Mas juro que o prox sai rapidinho! O que vocês acharam??

Beijoss


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