História Dangerous - Olá Nova York

“Realmente sinto sua falta, sinto sua falta. Sorrio para a possibilidade de vê-la de novo.” – Miss You, Foster The People.

Eu nasci em Meridian, uma cidade não muito grande no estado de Mississippi. Minha vida lá era muito tranquila e confortável. Meus pais eram médicos conceituados na cidade, mas acabaram conseguindo uma oferta de emprego em um hospital grande em Manhattan, Nova York. Isso foi extremamente ótimo para a nossa família, já que minha irmã mais velha fazia faculdade em Manhattan a mais ou menos um ano. Essa mudança seria uma oportunidade para nos unir novamente, já que eu sentia muita falta dela.

Então alguns dias antes do outono começar, meus pais e eu viajamos para Nova York. Foi uma viagem rápida de avião e desembarcamos no famoso aeroporto JFK ás 18 horas. As pessoas no aeroporto eram sérias e pareciam atrasadas para algum compromisso, pois todos andavam rápido, vez ou outra esbarrando em mim.

Depois de pegar as malas, logo vi um rosto conhecido, lá estava minha irmã, Allyson. Nós éramos totalmente diferentes uma da outra. Allyson tinha seus cabelos curtos e loiros, pele bronzeada e era alta. Chamava atenção por onde passava. Em contrapartida eu com meus 1,65m, pele pálida, cabelos castanhos e algumas sardas marcando presença em meu rosto, passava um pouco despercebida.

Corri para abraça-la e só então percebi como tinha sentido saudade do seu abraço apertado.

- Ally você está linda! – disse saindo do abraço e a analisando de cima em baixo.

- E você cresceu baixinha! – ela afagou meus cabelos.

Depois ela deu um abraço em nossos pais e em seguida nós fomos para onde o carro da Allyson estava estacionado. Pegamos a estrada para Manhattan e decidimos parar em um restaurante. Comemos pizza, conversamos sobre tudo e depois fomos dar uma volta em Manhattan. Eu estava acostumada com prédios e tudo isso, mas Manhattan era diferente. Prédios gigantes, muitas luzes e muitas pessoas. Era um dos últimos dias do verão então a noite estava fresca e a brisa era muito agradável. Senti que deveria ter nascido naquele lugar incrível.

Fomos até a Times Square e tiramos muitas fotos, parecíamos turistas. Foi uma noite incrível com a minha família. Depois de umas horas fomos para o nosso apartamento no Upper West Side; eu já estava pregada, o dia tinha sido longo. Allyson iria dormir conosco essa noite, mas ela morava em outro apartamento, não muito longe dali.

Meu quarto foi decorado com móveis brancos e o carpete era um azul bem escuro. As cortinas quase transparentes revelaram uma vista maravilhosa para o Central Park, localizado do outro lado da rua. Tomei um banho rápido e vesti meu pijama, pronta para uma longa noite de sono.

Enquanto me deitava, Allyson entrou em meu quarto batendo de leve na porta entreaberta.

- Ei! – ela sussurrou alto – podemos conversar?

Sentei-me na cama e acendi o abajur no criado mudo.

- Podemos – disse em um tom normal.

 - O que achou daqui? – ela perguntou cruzando as pernas e puxando um pouco do cobertor para si.

Suspirei e pensei em uma resposta sincera.

- Bem, aqui é um lugar incrível. Tipo, uma ótima energia.

- Sim – ela afirmou com a cabeça

- Mas creio que vou sentir falta da minha humildade cidade, com meus amigos... – disse já ficando nostálgica.

Ela soltou uma risada fraca.

- Qual é, Victoria! Vou te levar até 5th avenue e veremos se você vai sentir falta de alguma coisa do Mississippi.

Eu ri e concordei. A 5th avenue era o paraíso para quem gosta de fazer compras. Muitas lojas com roupas de grife. O paraíso para mim.

- E também ainda tem a escola. Estou preocupada. Acha que eu vou fazer amigos? – perguntei rindo.

Na verdade eu não tinha problemas com isso. Eu era bem prática nas minhas relações. Mas perguntei apenas para fazer graça.

- Bom, - ela começou a dizer rindo também - estou aqui para o que precisar. Você logo vai perceber que Nova York é incrível.

Assenti e sorri.

*

O outono chegou e com ele as minhas aulas. Acordei atrasada para o primeiro dia simplesmente porque meu celular não despertou. Corri para o banho e vesti qualquer roupa, eu ainda não tinha o uniforme da escola. Peguei uma maçã e pedi carona o meu pai que estava saindo para o trabalho. Ele me deixou na porta.

- Boa sorte. – ele beijou minha testa.

Sorri para ele e saí do carro um pouco apressada. Apresentei-me na secretaria para uma mulher ruiva que era muito educada. Ela me levou até a sala do diretor da escola, o que me deixou, diga-se de passagem, um pouco nervosa.

- Com licença – disse bem baixo e entrando na sala. A secretária fechou a porta atrás de mim, me deixando sozinha.

A sala era bem iluminada, porém não tinha janelas. Em uma parede havia várias fotos de turmas, troféus e bandeiras.  Senti um frio enorme, o ar condicionado deveria estar no máximo.

- Seja bem vinda ao Trinity senhorita Victoria Ross Rivera! Sente- se, por favor. – o diretor grisalho disse apontando para uma poltrona.

Sorri um pouco tímida e agradeci me sentando.

- Bem, pelo seu histórico escolar, você era uma aluna excelente no Mississippi, certo?

- Hm, é o que dizem. – disse sem graça e ri.

- Muito bem, espero que dê o seu máximo aqui, a maioria de nossos alunos são aceitos nas melhores universidades e sei que você também será. – ele disse um pouco mais sério

- Com certeza. – respondi

Ele me explicou mais algumas coisas sobre a escola e entregou meus horários. Agradeci e saí da sala em busca da minha primeira aula. Não foi muito difícil, segundo andar, quinta porta a direita. E lá estava eu na aula de cálculo.

- Com licença – disse entrando e fechando a porta atrás de mim.

- Bem vinda. Você deve ser Victoria Rivera. – a professora de voz doce disse – pode sentar-se ali no fundo – ela apontou para uma carteira vaga.

Sentei no fundo da sala, peguei minhas coisas e comecei a prestar atenção na aula. Todos ali eram muito focados e nem sequer olharam para o fundo para ver a novata. Depois do cálculo tive mais algumas aulas e o ritmo ali era bem acelerado. No intervalo, aproveitei para pegar meu uniforme e depois fui para a área externa tomar um pouco de ar. Enquanto eu mexia no celular, duas garotas chegaram para conversar comigo.

- Olá Victoria – a menina pequena e ruiva disse com uma voz aguda.

- Oi! – disse sorrindo.

- Meu nome é Carly e essa é minha amiga Jessie. – a ruiva, Carly, apresentou.

- Muito prazer... bem, vocês já sabem o meu nome. Tivemos alguma aula juntas? - perguntei

- Cálculo – Jessie respondeu sorrindo. Simpatizei com ela no mesmo instante.

- Nós achamos que você ficaria um pouco perdida no meio desse pessoal nerd, então resolvemos vir falar com você. Amei seu sapato. Onde comprou? – Carly perguntou

- Hm, foi em uma loja na minha antiga cidade, mas tenho certeza que achará aqui também.

- Sem dúvidas! – ela disse sorrindo meio debochada

- Podemos sair para fazer compras. – Jessie sugeriu

- Bem, por mim pode ser – respondi – será uma honra, pelo visto vocês entendem bastante de moda.

Elas sorriram e concordaram.

Passamos o resto do intervalo juntas e depois não tivemos mais nenhuma aula juntas, mas nos encontramos no final da aula.

- O que achou do seu primeiro dia? – Jessie perguntou parecendo interessada.

- Para ser sincera, normal. Mas aqui é bem puxado, já deu para notar.

Carly assentiu com a cabeça.

- É sim, mas podemos estudar juntas caso você tiver alguma dificuldade. Algumas matérias são realmente muito complicadas.

- Claro! – respondi entusiasmada

Estávamos na porta da escola, enquanto elas me contavam algumas coisas sobre a mesma, quando um garoto chegou e me cumprimentou. Ele tinha os cabelos para o alto e tingido de louro e os olhos castanhos claros, hipnotizante.

- Olá princesa – ele disse com um sorriso de lado – bem vinda a escola, espero que esteja gostando.

- Estou – respondi rindo.

Ele se aproximou um pouco mais e percebi que Carly e Jessie estavam com os olhos vidrados no garoto.

- Você é muito gata, sabia? – ele elogiou e tirou uma mecha de cabelo do meu rosto – Vou dar uma festa na sexta á noite, logo você saberá o endereço. Estou te esperando lá. E suas amiguinhas também – ele encarou Carly e Jessie que imediatamente assentiram.

- Sexta á noite? Talvez eu apareça. –respondi sem saber ao certo o que dizer – Você também é muito gato.

O queixo das minhas amigas caiu novamente e o garoto me olhou um pouco assustado. Deu um breve selinho em meus lábios e foi embora.