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História Dangerous Game - Press Continue


Escrita por: Robber

Capítulo 8 - Press Continue


Fanfic / Fanfiction Dangerous Game - Press Continue

P. V. Selina

Me levantei do sofá, atordoada com a recente revelação. Passei as mãos pelos cabelos, sentindo meu estômago se revirando e um grande nó preso na minha garganta. Até o ar parecia ter dificuldades em encontrar o caminho para os meus pulmões. Fitei Paul, que estava pensativo. Eu podia ver em seus olhos, podia ver que aquilo era a gota d'água para ele.

— Isso não pode estar acontecendo... — falei, deixando que uma lágrima rolasse pelo meu rosto.

Paul me fitou e logo se levantou, caminhando em minha direção.

— Você precisa... Você precisa denunciar. — falou, com seus olhos fixos nos meus.

— Você aceitou isso, sem policiais! — rebati na defensiva.

— Quando ele era apenas um cara que te mandava mensagens. — Paul estava sério e perturbado ao mesmo tempo. — Selina, esse cara é um assassino! Isso é mais do que um simples jogo para ele. É muito perigoso...

Balancei a cabeça negativamente, deixando claro que denunciar não era uma opção. Eu estava assustada, apavorada. Aquela pessoa já havia matado duas pessoas que eu amava, não queria correr o risco de perder mais alguém.

— A polícia pode te proteger. Você só precisa denunciar.

— Eu denuncio hoje e amanhã Henry aparece morto.... Ou Brian. — minhas mãos tremiam, minha cabeça girava com todas as emoções que pareciam fazer meu corpo queimar.

— Nós podemos proteger eles também!

Me dirigi até o sofá, onde me sentei e senti as lágrimas descendo entre meus soluços.

— Eu não posso... E-E... — minha frase foi interrompida pelo choro que saia descontroladamente.

Aquilo era pior do que qualquer pesadelo que eu já havia tido. A pessoa que puxou o gatilho e matou meus pais na minha frente, ainda estava a solta, me caçando. Eu não podia aguentar aquilo, era demais para processar. Paul se aproximou, se agachando em minha frente.

— Você não precisa ir agora até a delegacia, não precisa ir hoje. — falou calmamente. — Já está tarde, então você pode pensar melhor e se decidir ir, pode ir amanhã.

Passei a costa da mão pelo rosto molhado e já borrado de maquiagem. Respirei profundamente, tentando raciocinar direito.

— Eu não quero colocar ninguém em risco... — minha voz saiu chorosa, irritante aos meus ouvidos.

— Nada disso é sua culpa. — Paul fez uma pausa, antes de olhar para os lados, observando a casa. — Eu acho melhor você não passar a noite aqui, sozinha. Por segurança...

Fechei os olhos e balancei a cabeça, já afastando a ideia de ir para qualquer lugar, encontrar com qualquer um e ter que explicar o motivo de tudo aquilo. Explicar porque estava com medo, porque não queria ficar sozinha em casa, porque estava tremendo... Não queria ter que falar para ninguém, pelo menos não por hoje.

— Eu não pos... Eu não tenho estruturas para falar com ninguém. — me encostei no sofá.

— Ok, nós vamos para o meu apartamento... Assim você fica em segurança, não fica sozinha.

— Você não precisa fazer isso... — balancei a cabeça.

— Selina, eu não estou sendo bonzinho, estou sendo sensato. — Paul me fitou. — É procedimento em uma situação como essa, orientar a pessoa a ir para a casa de algum familiar. Se você não vai, eu preciso garantir que esteja segura. Se qualquer coisa acontecer com você...

— De uma forma ou outra, culparão você. — conclui. — Porque você sabia da situação.

Paul balançou a cabeça, concordando com o que havia sido dito. Fazia sentido, ele estava envolvido naquilo tudo. Para seu azar, já sabia demais. Esse é o preço que se paga ao tentar seu bom, ao tentar ajudar alguém. Você acaba sendo sugado pela confusão.

— Eu não posso ir, tenho um cachorrinho e ele não pode ficar aqui sozinho. Eu preciso ficar...

— Nós levamos ele.

— Paul.... — soltei o ar pesadamente. — Ele vai mijar na sua casa toda.

— Isso é a menor das nossas preocupações agora.

O fitei, disposta a ir com ele. Qualquer coisa era melhor do que permanecer ali, onde eu sabia que o assassino dos meus pais havia entrado enquanto eu dormia.

— Ok... — concordei. Era o melhor a se fazer, além do fato de eu não querer ficar sozinha. — Eu vou com você.

                                                                                    . . . . . . . . . . . . . . . . .

O apartamento de Paul não era muito grande e nem luxuoso, mas era extremamente organizado. Com certeza, era a primeira coisa que chamava a atenção de alguém que entrava ali, pois até os livros que ficavam na estante eram organizados por cor e os da outra eram organizados por tamanho. Ele realmente tinha bastante livros. Tirando isso, o apartamento era agradável, simples porém bonito e aconchegante.

Adentrei timidamente no imóvel, seguida por Paul que carregava minha mochila e o cachorrinho na caixa de transporte. Assim que ele fechou a porta, uma mulher surgiu no cômodo segurando uma taça de sorvete. Ela nos fitou surpresa, enquanto ainda mantinha a colher na boca. Era uma mulher bonita.

— Ei... — acenou ela.

Paul a fitou antes de voltar sua atenção para mim.

— Essa é Gina. — disse apontando para a mulher de cabelos castanhos. — Minha irmã.

Estendi a mão para que ela apertasse, o que fez de forma entusiasma. Sua mão estava gelada, provavelmente por estar segurando o sorvete.

— Prazer, Selina. — sorri e ela sorriu de volta.

— O prazer é meu. — respondeu amigavelmente.

— Ok... — Paul se virou para mim. — Eu vou deixar suas coisas no meu quarto, onde você vai dormir, e vou te mostrar o banheiro, pra você... Tomar banho e... É isso.

— Você não precisa ceder seu quarto, sério. — falei sinceramente. — Já está fazendo mais do que deveria me deixando ficar aqui, então eu não posso pedir que v...

— Você não está pedindo. — falou antes que eu terminasse. — Eu nunca deixaria você dormir na sala, nunca. Isso não está aberto para discussões.

Balancei a cabeça, cedendo. Paul era praticamente um desconhecido para mim, porém estava se esforçando para fazer algo bom e isso me fazia sentir melhor. Saber que eu tinha um aliado, me acalmava.

— Ok. — sorri.

Paul então me guiou até onde eu dormiria está noite.

                                                                          . . . . . . . . . . . .

P. V. Paul

Quando voltei para a sala, após ouvir o barulho do chuveiro sendo ligado por Selina, encontrei Gina já com sua carinha cheia de dúvidas e curiosidade. Ela estava a ponto de pular no meu pescoço para obter respostas para aquela situação. Me sentei no sofá, ao seu lado.

— O que diabos você está fazendo? — indagou ela.

Respirei profundamente e dei de ombros, não sabendo exatamente a resposta para aquela pergunta. Não havia outra coisa a ser feita, eu não podia simplesmente deixá-la sozinha após saber que um assassino a perseguia. Joguei a cabeça para trás, apoiando-a no sofá.

— Nem eu mesmo sei. — respondi.

— Deixa eu ver se adivinho. — havia ironia em seu tom. — Ela se envolveu em alguma merda, não era seguro ficar em casa, você resolveu bancar o herói e a trouxe para cá. Acertei?

— É mais complicado do que isso. — passei a mão pelo rosto. — Eu nunca deveria ter me envolvido.

— Então por que se envolveu?

A fitei, imaginando que ela deveria saber a resposta. Era óbvio.

— Eu fui até a casa dela, sem farda ou não, eu ainda sou a porra de um policial. Se eu saio da casa dela, sabendo tudo o que sei e depois acontece algo a ela, eu vou ter que reportar. Como acha que irão reagir sabendo que a policia estava com ela e sabia que algo aconteceria? — continuei a fitando.

Gina balançou a cabeça, concordando com o que ouviu. Ela passou a mão pelos lábios, pensativa.

— Seja lá que merda aconteceu, ela precisa denunciar. — falou por fim.

— É.... — falei sentindo o cansaço se apossando do meu corpo. — Se fosse simples...

                                                                                           . . . . . . . .

P. V. Selina

Já era madrugada, provavelmente todos dormiam na casa. Menos eu, pois minha mente não me permitia dormir naquele instante. Ela me torturava, me fazia recordar coisas que eu não queria recordar. Me sentei na cama, permanecendo fitando o escuro por alguns longos minutos. Estava tudo silencioso. Me levantei e fui até minha bolsa, sendo guiada pela luz do meu celular. Peguei um maço e cigarro e caminhei silenciosamente para fora do quarto. Eu caminhava na ponta dos pés, evitando ao máximo fazer barulho. Quando cheguei a sala, visualizei Paul dormindo no sofá, com o peito para cima e os braços jogados. Passei por ele, me dirigindo até a porta de vidro, a deslizando vagarosamente, até que se abrisse o suficiente para eu passar. Logo, o cachorrinho se juntou a mim, passando pela porta antes que eu notasse sua presença. Fitei a visão dali, daquela sacada, passando meus olhos pela cidade que parecia não dormir.

Coloquei um cigarro entre meus lábios e o ascendi com a ajuda de um isqueiro. A primeira tragada era sempre a mais libertadora, a mais profunda. Antes que eu me desse conta, alguém passava pela abertura da porta que eu havia passado. Me virei, me deparando com Gina.

— Me desculpe, eu te acordei? — indaguei culpada.

— Não! — ela se apressou em dizer. — Eu estava acordada até agora, terminando algumas coisas. Pode me dar um?

Ela apontou para o cigarro, então logo balancei a cabeça e estendi um para que ela pegasse. Ascendi o isqueiro e ela se aproximou, colocando o cigarro na boca e a ponta dele no fogo.

— Você não parece ser fumante. — disse ela se aproximando.

— Eu não sou. Bom... Eu era. — apertei os lábios. — Mas parei a alguns anos atrás... Acho que estou muito nervosa desses dias para cá, então meio que voltei.

Gina balançou a cabeça, de modo a dizer ''eu te entendo''.

— Sabe.... — ela tragou antes de continuar a falar. — Eu não que me intrometer em nada, nem dar palpite em algo que eu não sei, mas... Você sabe que, independente da merda que você está, pode pedir ajuda, não sabe?

A fitei, inicialmente um pouco incomodada com a menção daquilo. Mas antes de responder, pude ver nitidamente que sua preocupação não era comigo. Ela estava preocupada com o irmão, e isso eu podia entender.

— Eu não vou deixá-lo sofrer as consequências por mim. — exalei a fumaça para fora da minha boca. — Eu prometo.

— Ele é assim. — ela sorriu. — Sempre disposto a defender alguém. Está na profissão certa.

— É... — sorri também. — Eu quero fazer isso, sabe? Ir até a policia. Contar tudo, porque desta maneira eu não prejudico ele. Eu não prejudico alguém que me ajudou. — senti minha garganta se prendendo em um nó grosso. — Mas eu não posso arriscar. Eu acho que talvez nem quero arriscar.

Gina me olhou carinhosamente, com o cigarro entre seus lábios e a fumaça subindo pelo seu rosto até se dissipar no ar.

— Você ficaria em segurança. — disse ela
— Honestamente? — coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Eu não ligo. Eu me importo com as pessoas que eu amo, e se eu fizer for até a policia e algo acontecer a elas, eu nunca me perdoaria.

— A policia pode proteger eles também.

— Não, não podem. Porque minha vida não é só essa cidade, eu tenho pessoas que são tudo para mim mas que não moram aqui. Eu... — fiz uma pausa. — Eu não quero ter minha vida roubada de novo, sabe? Eu não quero que as pessoas continuam a me definir por algo que ocorreu a 12 anos atrás, eu não quero tudo de novo...

Gina permaneceu em silêncio, assim como eu. Nós terminamos nossos cigarros e continuamos fitando a cidade dali de cima por mais algum tempo. Talvez, por muito tempo.

— Eu vou dormir. — disse Gina caminhando em direção a porta. — Mas Selina... Não entregue a ninguém o controle da sua vida. É sua, e somente você pode controlá-la, ok?

Balancei a cabeça, assentindo. Após isso, ela se retirou e eu permaneci ali, com os meus pensamentos.

                                                                                                      . . . . . . .

— Você tem certeza? — Paul mantinha uma mão no volante e sua atenção estava no trânsito.

Fitei o movimento diurno da rua antes de responder. Logo, o fitei e balancei a cabeça.

— Sim, denunciar é o certo a se fazer. — falei confiante.

Quando chegamos na porta da minha casa, notei um carro estranho estacionando em frente a ela. Franzi o cenho e Paul percebeu minha expressão, soltando seu cinto junto comigo. O fitei, um pouco hesitante em sair do carro, mas Paul abriu a porta dele, o que eu fez eu abrir também. Ele foi quem saiu primeiro, vestido com seu uniforme e logo eu me juntei a ele. Uma silhueta masculina rondava minha casa, até finalmente ouvir passos atrás de si. Mesmo de costas eu o reconheci. Parei de andar e permaneci no lugar. O homem se virou em minha direção e logo caminhou até nós. O que estava acontecendo? Por que ele estava ali?

— Will? — indaguei desnorteada.

O rapaz parou em minha frente, com seus olhos vidrados nos meus. Minha respiração estava pesada.

— Você o conhece? — Paul me fitou.

Balancei a cabeça, confirmando.

—Ei, Selina. — disse Will.

Paul estava confuso, talvez devido a minha reação de surpresa e até espanto.

— Ele é meu... Me...

— Ex- noivo. — completou Will. — Eu sou o ex-noivo dela.



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