Eu machuquei a mim mesmo hoje
Para ver se eu ainda sinto
Eu me concentro na dor
É a única coisa que é real
A agulha abre um buraco
A velha picada familiar
Tento apagar tudo
Mas eu me lembro de tudo
O que eu me tornei
Minha mais doce amiga?
Todos que eu conheço vão embora
No final
E você poderia ter isso tudo
Meu império de sujeira
Eu te desapontarei
Eu te machucarei
Eu uso essa coroa de espinhos
Sobre meu trono de mentiras
Cheio de pensamentos quebrados
Que eu não posso consertar
Sob as manchas do tempo
Os sentimentos desaparecem
Você é outra pessoa
Eu ainda estou bem aqui
O que me tornei
Minha mais doce amiga?
Todos que eu conheço vão embora
No final
E você poderia ter tudo isso
Meu império de sujeira
Eu te desapontarei
Eu te machucarei
Se eu pudesse começar de novo
Um milhão de milhas distante
Eu me salvaria
Eu acharia um caminho
…
Sarah Campbell P.O.V on
— Tá, tá.. chega de abraço. – Ele me empurrou. – Tenho mais coisas pra fazer. Te cuida garota!
Sorri de canto e voltei para minha cela e me deitei na cama. Era tudo tão estranho. O mundo parecia desabar diante de mim, na verdade tudo parecia desabar, tudo girava como em um carrossel.
A cada giro vinha uma imagem do passado. Meus pais, o acidente, o culpado de tudo, o reformatório, a solidão, os primeiros cortes, a epidemia, pessoas surtando, os mortos voltando a vida, mais uma vez eu sozinha, meu primeiro assassinato, o Merle tentando me assaltar, eu não estava mais sozinha. Meu coração acelerado parecia querer sair pela boca, minha respiração descontrolada, um zumbido no meu ouvido e mais uma vez eu não via mais nada.
— Sarah? – Acordei com o Glenn me encarando.
— O que aconteceu?
— Ouvimos você gritar e se jogar no chão, então o Hershel cuidou de você.
— Já estou melhor. – Me levantei
— Tem certeza?
— Absoluta! Não foi nada demais, tenho certeza que só foi uma tontura boba.
— Você ta gravida? – Ele soltou aquelas palavras que pareciam me atingir com um tiro.
— Droga Maggie! – Murmurei. – Isso não é assunto seu Glenn.
— Não fica brava com ela, ela só queria te ajudar.
— Eu não preciso de ajuda.
— Claro que você precisa! Você precisa de vitamina, medicamentos, um travesseiro bom. Você precisa comer, você esta muito magra.
— Eu não preciso de ajuda, Glenn.. Obrigada!
— Eu vou dar um pulo na cidade, só me diz o que você precisa que eu acho pra você.
— Glenn, eu só preciso que nem você e nem a maggie conte pra ninguém.
— O pai da criança precisa saber.
— Eu não sei quem é o pai.
Ele abriu a boca, mas não emitiu nenhum som. Ele parecia pasmo como se pela primeira vez tivesse visto um daqueles errantes lá fora.
— Eu não sou uma puta.. eu só.. eu só andei com o Daryl e com o Merle.
— E—eu não disse isso, eu só..
Eu sorri mesmo não querendo, sabia que o tinha deixado sem graça, então sai sem esperar ele terminar sua frase. Fui até a Lori, precisava conversar com ela sobre como foi ter um filho em meio a esse caos.
— Oi Sarah. – Lori me cumprimentou logo que me viu parada em frente a sua cela.
— Oi Lori, precisa de ajuda com a Judith?
— Não, obrigada. Acabei de colocar ela pra dormir. – Ela sorriu colocando a bravinha no berço. – Você está melhor?
— Estou sim, obrigada. Eu posso te fazer uma pergunta? – Me sentei ao seu lado.
— Claro.
— Bom, como foi saber que estava gravida e ter a Judith em meio a esse mundo?
— Ahh.. foi complicado. – Ela parecia desconfiada. – Por que me perguntou isso?
— Nada, eu só.. só quero saber.
— No começo eu me senti mal, me senti confusa. Eu quis abortar, mas eu não tive coragem. Preferir carregar o peso de uma esperança em meio a essa catástrofe, do que carregar o peso de mais uma morte.
— Obrigada. – Sorri com as palavras da Lori. – O Rick deve estar precisando da minha ajuda.
— Se cuida, Sarah. Se precisar de ajuda eu vou estar aqui.
Merle Dixon P.O.V on
Quando eu resolvi sair da prisão eu não tinha pensado em ir para algum lugar especifico, mas quando começou a escurecer resolvi ir ao posto da interestadual, lá tem tudo o que eu preciso, talvez até consiga algum cigarro.
A merda do caminho até lá é longo, o tanque de gasolina estava pela metade, mas da pra chegar até lá. Como não pretendia voltar para a prisão por um bom tempo, lá no posto eu poderia pegar algumas comidas ruins e ficar naquela casa caindo aos pedaços.
Poucos quilômetros antes de chegar lá eu comecei a escutar alguém pedindo socorro. Comecei a rir, era hilário como ainda existia pessoas sedentas por ajuda depois de todos esses anos. Segui reto até começar a escutar um choro de uma criança. Lembrei do dia em que o Daryl e a Sarah salvaram aquela família de mexicanos idiotas.
Revirei os olhos e voltei seguindo o caminho da onde vinha a porra do choro da criança. Estava escuro, só os faróis da moto clareava um pouco a estrada, e foi isso e talvez tenha me fudido.
Dei de cara com um grupo de mais ou menos uns três bandidos. Provavelmente eram uns idiotas mandado do governador. Desci da moto, tirei a arma disfarçadamente da cintura e fiquei parado olhando para os idiotas.
— Ora ora, o que temos aqui. – Um idiota qualquer saiu de dentro do carro.
— Vocês são as putas do governador, certo? – Sorri irônico.
— Esperto você, mas eu não te conheço, você é a puta de quem? – O capacho deu risada junto com os outros.
— Nada contra, mas não curto viadagem. Apesar de que, estou tão na seca que se vocês me implorarem eu deixo vocês darem uma mamada em mim.. Tá um pouco sujo, faz um tempo que eu não tomo banho, mas tenho certeza que putas como vocês já estão acostumadas.
Um cara negro que quase não se enxergava naquela escuridão levantou uma pistola prestes a atirar, mas o idiota que estava falando comigo abaixou sua mão impedindo ele de atirar.
— Opa, falei algo de errado? – Levantei as mãos como forma de rendição e comecei a rir, aquilo de qualquer jeito era hilário.
— Você não tem medo de morrer, seu velho babaca? – O idiota voltava a falar.
— Sinceramente? Não! Já matei tanta gente que já estou acostumado com a morte.. A morte anda do meu lado.. Literalmente.
— Passa as coisas que você tem. Vamos, anda logo!
— Bom, eu só tenho essa arma de importante aqui comigo, mas ela eu não posso dar pra vocês porque daqui alguns segundos eu vou matar todos.
Eles começaram a rir se olhando como se realmente isso não fosse acontecer, mas com os retardados distraídos e rindo eu saquei minha arma rapidamente e atirei na cabeça dos quatro, o quinto foi na barriga, errei por causa de um errate que se aproximava por causa dos barulhos.
Peguei minha faca e cravei na cabeça daquela vadia podre e segui até as putinhas pra ter certeza da morte. Todos estavam com os miolos pra fora, menos um, que parecia vomitar sangue enquanto tentava falar algo.
— Nossa, agora a putinha não consegue falar? Quer ajuda? Deixa eu te ajudar!
Enfiei a faca no pescoço do cara e rasguei até chegar do outro lado. Caiu um pouco de sangue em mim, mas nada que iria me afetar. Limpei minha mão na blusa dele e então fui revistar todos.
Consegui achar algumas armas, suprimentos e garrafas d’agua. Eles estavam em dois carros, uma caminhoneta e um carro simples. Peguei uma mangueira que tinha no porta malas e passei a gasolina para a caminhoneta.
Coloquei as coisas dentro da cabine da caminhoneta, peguei a jaqueta da putinha líder, subi a moto na caçamba, prendi e então segui o caminho de volta ao posto.
Durante o caminho tentei entender como eu tinha ouvido a merda de um choro de uma criança. Ou aqueles cara eram retardados demais pra fingir um choro ou eu realmente estou ficando louco...
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