História Dangerous Love. - Algo Deu Errado Nesta História.

~ P.O.V James ~

Ainda aguardava lá sentado olhando a mesa piscando e as diversas luzes acesas.

Não acho que Logan esteja no hospital.

Ou sequer em algum lugar próximo.

Mas preciso fazer com que pelo menos esse pensamento fique vivo.

Preciso acreditar que ele está bem. Que ele está vivo.

A porta abre e entra Kendall andando rápido como um raio quase arrastando a porta junto a si.

- Três agentes acabaram de sair para uma busca dele no hospital, mais cedo pedi para mais dois procurarem nos arredores do prédio dele. Agora só precisamos esperar. E ter fé. - Respira fundo.

- Você... Acha que ele está mesmo em algum desses lugares? - Não desfio o olhar de minhas mãos.

- Eu preciso acreditar. - O olho e ele olha atentamente a mesa. - Preciso de pelo menos uma gota de esperança de que ele está bem.

- E se não estiver? - Abaixo a cabeça temendo quais serão suas palavras.- E se for tudo em vão?

- Então estamos procurando o corpo dele. E precisaremos contatar a família dele. - Diz duramente. - Prezo para que isso não seja necessário Novato. Não quero ter que ligar para a mãe dele só para dizer que o filho dela... Morreu em uma missão que nem sequer foi finalizada.

- Como consegue ficar sério em uma situação assim Kendall? Quase está lidando com frieza. - Ele ri seco e me olha.

- Quando John sumiu foi assim, mas eu não fiquei calmo assim. Eu surtei, eu... Quis ir a cada canto da cidade para achar ele. - Abaixa a cabeça. - Mas Logan abriu os meus olhos me dizendo uma coisa que eu jamais vou esquecer. - Sorri de lado.

- O quê? - Me olha.

- "A lei natural é: Nascer, viver, envelhecer e morrer. Exatamente nesta ordem. Mas podemos tentar decidir quando vai acontecer cada coisa." - Ri. - As vezes acho que ele disse isso já prevendo a possível morte de John. Talvez esperasse que eu repetiria essas palavras para consolar ele. - Volta a mexer na mesa.

- Mas e se pudermos controlar? - Me levanto. - E se... O acharmos antes?

- Então teremos que saber ouvir um "Eu avisei" do Henderson. - Ri e eu o acompanho. - Ele sabe se cuidar James, não vai se deixar levar fácil. Mesmo sob tortura, ele vai querer manter o disfarce até o final. - Dá de ombros.

- Espero que esse final não esteja próximo. - Ele se vira para mim e põe a mão em meu ombro.

- Precisa estar pronto para todo tipo de hipótese. - Suspira e ouço um apito. Como uma campainha.

Seus olhos se arregalam e ele volta a mexer na mesa que dispõe outras guias, uma ao lado e em cima da outra.

Põe a mão sob a orelha e suspira.

- Tudo bem, podem voltar. - Parece desapontado.

- O quê? - O olho e ele põe a mão no cabelo o bagunçando ainda mais depois de tirar o fone que eu não havia percebido.

- Não o acharam nos bairros perto do prédio dele, nem no hospital visitando John ou em algum dos leitos. - Fecha forte os olhos. - Não é mais uma hipótese ele ter sido pego Novato. Já é uma confirmação.

- E qual o próximo passo? Quer dizer, não podemos simplesmente desistir não é? - Sinto minha voz tremer um pouco.

- Sem o sinal do rastreador da escuta eu estou de mãos atadas James, não tenho nada que nos leve até ele. - Esfrega as mãos no cabelo e me olha confuso. - Mas por quê esse surto? O quê te preocupa tanto? - Levanta a sobrancelha em dúvida.

- Eu o meti nesta missão de novo. Eu insisti para ele vir comigo e ele aceitou por ter sido obrigado. - Cruzo os braços. - Se algo acontecer com ele a culpa é inteiramente minha. E meu pai vai estar certo de que eu... Eu não devia ter me envolvido tanto nesse caso. - Abaixo a cabeça e Kendall se senta na cadeira que eu estava antes.

- Deixa eu ver se consigo entender. VOCÊ fez ele voltar ao caso que... Quase matou o parceiro dele por que não queria ir sozinho. E quem se ferrou foi... Ele? - Pergunta sem entender.

- Não faz sentido eu sei... - Nego com a cabeça.

- Não faz mesmo, algo tem que ter saído despercebido. Algo saiu dos eixos. - Bate o indicador no lábio inferior como se estivesse pensando.- Caso contrário estaríamos procurando você e não o cara que está nesse disfarce à dois anos. - Apóia os cotovelos nas pernas. - Algo deu errado nesta história.

- A questão é: O que? - Completo sua frase ainda tentando lembrar de algo que possa ter acontecido.

~ P.O.V Narrador ~

No cativeiro, o moreno ainda tenta mexer seu corpo, porém não obtém resultado algum.

Como se algo houvesse cortado seus movimentos, mas não a dor.

- Bom, agora que eu já dei um jeito em você e nos machucados que você me fez. - Surge David com o rosto ainda meio vermelho e cheio de curativos. - Quero saber... A verdade. - Ri maldoso. - Isso vai ser divertido sem dúvida.

Logan o olhando com raiva se imaginava socando David e dando fim ao que havia começado.

A agulha em seu braço levava com rapidez o líquido transparente da bolsa até o contato com seu corpo e o que o incomodava era não conseguir se mexer.

- Já que não quis me revelar a verdade antes de eu te prender aí, vou ter que tirar a verdade de você de outra forma. - O outro homem entra na sala e tranca a porta o entregando uma seringa. - Já deve ter ouvido um mito sobre esse soro, mas o que muitos descobrem e poucos sabem é que jamais foi um mito. - Espeta a agulha no fio do acesso e despeja lentamente seu conteúdo junto ao outro líquido. - O mito do "Soro da Verdade". - Diz após tirar a agulha do acesso. - São apenas alguns minutos para o efeito. Relaxe e se concentre. - Sorri sínico.

O moreno sente o líquido entrando em seu braço e mais uma vez sua visão parece turva.

Se vê sob o efeito de algo bom, que o faz ver tudo de outra forma.

- Não adianta lutar. - Ri o moreno a sua frente. - Apenas se deixe levar. Não vai querer que eu o obrigue à cooperar não é?

~ P.O.V Logan ~

Fecho forte os olhos e volto um grunhido alto tentando mexer meus braços, porém nada acontece.

O efeito dessa coisa parece cada vez mais forte e por mais que eu tente me recusar, me sinto cada vez mais entorpecido.

Olho para David e a única coisa que sinto é raiva.

Meu amigo, meu parceiro foi para o hospital à 9 meses graças a ele.

Porém também sinto o arrependimento por ter culpado Bruno por isso durante todo esse tempo.

Mas por quê John me disse para ter cuidado com Bruno?

Sinto o pano de minha boca ser afrouxado e logo não o sinto mais.

- Qual o seu verdadeiro nome? - Pergunta e não sinto a necessidade enorme de dizer à ele. Achei que essa coisa me faria querer dizer a verdade.

- Logan Mitchell. - Digo e sua expressão muda para séria de novo.

- Vou perguntar de novo antes que a minha paciência se esgote. Qual o seu verdadeiro nome? - Pergunta quase rosnando.

- Logan Mitchell. - Digo novamente ainda meio confuso. Aquilo não fez efeito?

- Olha, acho melhor cooperar comigo. Não adianta tentar mentir para mim, o soro vai jogar suas mentiras todas no ralo.

- Estou falando a verdade. Você mesmo disse, essa coisa não me permite mentir. - Aproveito minha vantagem. - Percebeu o quão idiota foi a sua idéia de me sequestrar David? -Pergunto e ele fica vermelho.

- Não me provoque! Eu sei que está tramando algo. Eu sinto! Vou fazer você me dizer a verdade. - Pega algo em uma mesa perto da cama. - E vai ser do meu jeito. - Vejo uma lâmina brilhante em sua mão.

Uma faca.

A aproxima do ferimento que havia feito com o canivete e me olha irritado antes de fincar a mesma ali e a deixar lá presa em minha cintura.

Me assusto com meu próprio grito, puxo forte minhas mãos e percebo que consigo me mexer finalmente.

Sinto as gotas de sangue fazerem um rastro em minha pele por baixo de minha camisa.

- Você enlouqueceu David! - Digo alto tentando - em vão - me soltar.

- Só vai piorar. Me conte a verdade e acaba tudo isso. - Segura o cabo da faca e a empurra mais me machucando cada vez mais.

- Você me drogou com um soro que me faz dizer a verdade, e não a aceita! Como acha que eu menti? Como? - Me irrito e ele fecha os olhos em fendas.

- Eu não sei. - Diz com desgosto. - Apenas sei que está mentindo. Sobre tudo. - Deixa a faca ali presa e pega uma outra seringa. - Mas com essa segunda dose você vai me dizer tudo. TUDO! - Segura novamente meu braço e espeta a agulha perto da agulha do acesso. - Você não vai me enganar mais Logan! NÃO MAIS! - Despeja seu conteúdo.

Respiro fundo tentando ignorar a dor da faca que ainda toma lugar em minha pele e fecho os olhos.

Por quê isso não fez o efeito da primeira vez?

Fará agora?

Abro os olhos e olho para o moreno. Não há nada de diferente do que sentia antes.

Volto a puxar meus braços, mas essas amarras são fortes e a algema também não ajuda.

- Não luta. - Rosna tirando do bolso o canivete. - Se lutar vai se arrepender.

- Mais do que já me arrependo impossível. - Me remexo na cama.

- Quieto. - Diz com desprezo e raiva.

- Não quer que eu fale? Não quer que eu te diga a verdade? - Pergunto sínico e ele mexe novamente na faca em meu corpo me tirando um gemido de dor. - Pode me pedir toda a verdade que quiser, nunca vai acreditar pois não é o que quer ouvir. - Rosno e ele mais uma vez cerra os olhos.

- Mais uma vez. Qual o seu verdadeiro nome? - Pergunta e eu o olho sério.

- Logan Mitchell. - Digo firme e ele finca o canivete em minha coxa me tirando outro grito. Quase sinto a lâmina roçando em meu osso de tão fundo que ele a fincou.

- Quanto mais você mentir, mais vai doer. - Rosna. - Cansei disso, fique aí um pouquinho, refletindo. - Dá um peteleco no canivete ainda preso em minha coxa e eu fecho forte os olhos ouvindo a porta fechar com força.

- Devia tentar colaborar. - Diz o outro homem e o olho ainda tomado pela dor. - Por algum motivo o soro não funcionou com você. - Mexe em uma máquina e me olha. Levanto a sobrancelha sugestivo. - O que? Acha que eu fiz isso?

- Eu desconfio. - Encosto a cabeça no travesseiro.

- Não, eu não fiz isso. Não quero ser alvo da raiva dele também. - Se aproxima e abre alguns botões de minha camisa.

- O que está fazendo? - Coloca alguns aparelhos com fios em meu peito e ouço um barulho familiar como no hospital. - Medidor de batimentos?

- David quer saber quando você entrar no estado... "Crítico" digamos assim. - Faz aspas com as mãos. - Quer acompanhar cada detalhe.

- E como um bom capanga você obedecerá como um cachorrinho suas ordens. - Digo debochado e ele ri.

- Tenho bom humor, então vou levar isso como... Um comentário divertido. - Suspira e ajeita o fio em baixo de meu nariz. - Se for verdade o que disse, espero que não sofra tanto.

- E se não for, como David suspeita? - Ele ri um pouco.

- Não gosto de rancor. Espero que fique bem, se eu pudesse te soltava agora mesmo, mas como vê. - Gesticula para um canto na parede e vejo uma câmera de segurança. - Somos vigiados sempre. - Sorri de lado e volta a mexer nas coisas na mesa.

Finalmente paro e reparo em sua aparência.

Pele pouco bronzeada, cabelos castanhos claros crescidos e uma rala barba à crescer em seu rosto.

Veste uma camisa branca e uma calça jeans cinza Clara.

- Vou colocar isso de volta e deixar você com o medicamento de antes. Só não deixe David saber. - Diz enquanto amarra novamente aquele pano em minha boca.

Não o respondo - por simplesmente não poder - e ele vai até o acesso em meu braço e liga novamente o conteúdo daquela bolsa.

Novamente sinto meus movimentos parando e logo estou imóvel.

Olho para a faca e o canivete ainda ali presos e respiro fundo tentando ignorar a dor.

Que. Droga. Está. Acontecendo?

~ P.O.V Kendall ~

Mexo nos comandos da mesa e tento achar algo que me leve a achar pelo menos um sinal de fumaça de Logan.

- Será que ele não viajou sem avisar? Algo de emergência, de última hora. - Diz James andando de um lado para o outro.

- Se fosse isso eu saberia. Não conta pra ele, mas eu coloquei um grampo e um rastreador no celular dele. - Ele me olha surpreso. - Não é que eu não confie nele, não confio no que ele faz por conta própria. - Dou de ombros.

- E já tentou rastrear o celular dele? - Se aproxima.

- Percebeu que está chovendo não é? - Ele nega com a cabeça e eu volto a olhar a mesa.- Está com interferência, vou ficar no escuro até parar de chover.

- Será que o acharemos à tempo? - Pergunta e eu suspiro.

Admito que não tenho certeza. De nada.

Mas quero ter um pouco de otimismo.

- Não sei, mas seja como for, ele terá que aguentar até a chuva parar. - O olho e ele engole em seco. - Ele vai conseguir Novato. Não é a primeira missão dele, não é a primeira vez que está nessa. - Tento o tranqüilizar.

- Mas é a minha! Não vou perder ele Kendall. Não vou! - Grita e eu o seguro pelos ombros.

- Quem disse que vai perder? Quem? - Olho fundo em seus olhos. - Não pense nem por um mísero segundo que eu não estou preocupado, pois eu estou. Mas não adianta nada você se desesperar. Não vai ajudar! Só o que pode fazer é se acalmar e torcer para que ele esteja pelo menos vivo. - Digo sério e ele Assente com os olhos arregalados. Talvez pelo modo que o segurei. - Eu vou fazer de tudo para ele ficar bem Novato, mas preciso que ajude também.

- Eu não sei o que fazer. - Diz baixo.

- Preciso que use suas habilidades de detetive. Entendeu? - Continuo o segurando e ele acena novamente com a cabeça. - Ótimo, não temos tempo para surtos psicóticos aqui, cada minuto perdido é uma nova hipótese que surge e outra que é descartada. - O solto e volto para a mesa.

- Eu vou achá-lo Kendall. E vou acabar com o desgraçado que o pegou. - Diz e não o olho mas sua intonação demonstra raiva. Irritação. Sede de vingança talvez.

- Só tenho uma coisa para te dizer Novato. Se o pegar. - O olho. - O faça pagar. - Digo e ele assente.

- Eu farei. - Diz ainda sério.

- E não o deixe fugir.