História Dangerous Love. - Você Não Vai Matar o Meu Parceiro.

~ P.O.V Narrador ~

Mais uma semana havia se passado em um piscar de olhos e o tempo continuava o mesmo, tal como o quadro de Logan em seu coma.

Durante a semana Violet o visitou no horário que James ia, porém o mesmo nem sequer foi visto junto a garota.

Mas eu não disse que não foi visto nos corredores do hospital. Porque de fato, ele esteve por lá.

Junto a luz fraca do sol entrando pela janela de John, o mesmo despertava como se nem tivesse pego no sono.

Meredith pediu para passar a noite com Logan e ele permitiu pois estava exausto e um pouco cansado de dormir no sofá ao lado da cama.

Se dirigiu para o banheiro e tomou uma ducha rápida, se vestindo com uma roupa básica para ele.

Calça jeans, uma camisa branca, seu casaco preto e suas botas.

Apenas jogou os cabelos para o lado e pegou uma touca para que os mesmo não caíssem em seu rosto.

Foi dirigindo calmamente até o hospital, não tinha pressa e sabia que se fosse no compasso que ia, chegaria exatamente no horário de início de visitas.

E ele sempre fora pontual.

~ P.O.V John ~

Entro e logo no saguão vejo Meredith inquieta mexendo em uma caneta - que ao que parece iria estourar em sua mão - indo até ela e tirando o objeto de suas mãos.

- Por quê a inquietação e por que não está com o Logan? - Ela suspira e sai de trás do balcão.

- O Doutor Marcos pediu para eu sair,iria fazer algum procedimento padrão ou algo assim, mas quando estava saindo ouvi ele falando algo sobre as máquinas respiratórias do Logan. - Diz rapidamente e eu seguro seus ombros.

- Se acalma, vou falar com ele para ver o que está acontecendo. - Ela assente e eu sigo o corredor do quarto de Logan.

Tenho acesso irrestrito a essa área, somente para o quarto dele claro, mas é somente esse quarto que me interessa.

Entro e vejo o Doutor anotando algo em sua prancheta enquanto intercala a atenção entra a mesma e a máquina.

- Dr. Marcos? - Ele se vira para mim e sorri de lado. - Podemos conversar?

- Claro, me dêem licença. - Diz para os outros médicos ali presentes e sai junto comigo. - O que deseja John? - Sorri.

- Pode me dizer o que estão fazendo ali para início? - Ele coça a nuca. - Que eu saiba não tinha nenhum exame agendado para hoje e o senhor é muito meticuloso a respeito de exames.

- É apenas o procedimento padrão para o desligamento dos aparelhos John, preciso verificar se não vão parar antes do tempo e essas coisas. - Diz e eu arregalo os olhos.

- D-desligamento dos aparelhos? - Ele assente parecendo triste e confuso ao mesmo tempo.- Como assim? Eu não estou entendendo.

- Solicitaram o desligamento e eu apenas estou fazendo o que mandam John. Eu ainda acho que não é necessário, mas...

- Quem solicitou isso? - O interrompo.

- Eu. - Diz uma voz atrás de mim e eu me viro lentamente torcendo para não ser quem eu imagino que é.

Porém para minha surpresa - nem tanta pelo nível de idiotice dele - É exatamente quem eu pensei que fosse.

- Como pôde fazer isso com o seu melhor amigo James? - Ele suspira.

- Eu não aguento mais ver ele ali deitado naquela cama sem reação alguma. Ele já sofreu o suficiente. Não quero mais ver ele assim. - Diz e eu me irrito já me aproximando bruscamente.

- Você sabe aonde é a saída muito bem. - Rosno e ele engole em seco. - Não é obrigado a ficar aqui, pode ir embora agora mesmo. - Ele trava o maxilar.

- É uma chance dele ir em paz John, sem sentir mais dor, apenas... Dormir e ir. - Diz e tenta por as mãos em meus ombros.

Tenta.

Eu o empurro e ele bate na parede com força.

- John se acalme. - Pede o doutor mas eu o ignoro.

- Acha justo ele morrer sedado? ACHA JAMES? - Me aproximo e ele fecha os olhos. - Você não vai matar o meu parceiro. - Rosno apontando meu dedo para seu rosto. - Não vou permitir essa loucura.

- Ele é meu melhor amigo também... - Rebate. - Como você aguenta ver ele ali? Falar com ele como se ele te ouvisse? ELE NÃO TE ESCUTA JOHN! ELE ESTÁ MORRENDO! - Diz alto e eu fecho forte os olhos segurando no colarinho de sua camisa.

- Se você fosse amigo dele, esperaria como eu estou esperando. Não o mataria como quer fazer. - Ele abaixa a cabeça. - Existe uma grande diferença entre amizade e família. - Ele me olha. - Como acha que a irmã dele reagiria ao saber que alguém autorizou o desligamento dos aparelhos? A mãe dele? - Ele me olha sério. - Acha que a família dele iria querer isso James?

- Eu não aguento mais isso, ninguém mais aguenta. - Choraminga. - Ele não melhora e parece já ter desistido de tentar viver... Dê a chance dele ir sem sentir mais dor. Dê a chance dele ser lembrado como um herói. - Diz e eu o prenso mais à parede agora o suspendendo um pouco.

- Se aproxime novamente do quarto dele e eu te mato com as minhas próprias mãos. - Rosno e ele engole em seco. - Você não vai matar o meu parceiro. Ele ainda tem muito o que viver e não vai ser um idiota como você que o impedirá por medo. - Sinto meus olhos marejados e o solto. - Sai daqui antes que eu compra previamente a minha promessa. - Viro o rosto. - Doutor, não desligue os aparelhos. Se ele autorizou eu estou usando o poder que a mãe dele me deu como responsável para negar isso.

- John não faz isso. - Ele põe a mão em meu ombro e eu volto a olhar para ele.

- Não vou permitir isso James. Desista. - Ele assente. - Você precisa esquecer esse complexo de herói. Não é isso que o Logan precisa agora, ele precisa do melhor amigo dele.

- Eu... Eu vou tentar sim? - Ele gagueja e eu aceno que sim. - Posso continuar vendo ele? - Pergunta e eu suspiro.

- Pode. Mas se eu souber que fez algo como isso de novo, eu te arrebento até todos os seus ossos estarem quebrados. - Digo e ele assente depois de engolir em seco. - Eu fico com ele, amanhã você vem vê-lo.

- Está bem. - Ele sorri de leve e vai andando pelo corredor até sumir de minha vista.

- Doutor? - Ele me olha. - Por favor, se isso ocorrer novamente me informe. Imediatamente.

- John, não fique irritado com ele. - Põe a mão em meu ombro. - Ele entrou em desespero pela situação, não quer que Logan sofra mais do que já sofreu. - Sorri de leve. - Ele sente culpa. Logan me disse sobre isso dá última vez aqui.

- Ele quer dar uma de herói. - Suspiro. - Mas sempre age como um vilão com essas atitudes desesperadas e ideias mirabolantes. - Reviro os olhos. - Isso me irrita como nunca.

- Também irritava o Logan, ele sempre ficava com os batimentos acelerados depois das visitas de James e praticamente fumegava de raiva. - Ri e abre a porta do quarto e entramos os dois. - O procedimento foi cancelado, desculpe o imprevisto pessoal. - Diz e os médicos ali saem.

- E ele? Como está? - Me sento no sofá e ele suspira.

- Lutando. - Olha para Logan. - Não mudou muito o quadro, mas teve uma... pequena melhora. - Sorri fraco. - Os pulmões estão ganhando força, talvez ele consiga respirar sozinho em breve.

- Isso é bom. - Sorrio. - Ele não desistiu.

- É difícil ele desistir. - Me olha. - Ele não desistiu nenhuma vez durante os meses que ficou aqui John, ele não faz isso facilmente. - Sorri. - Vou ver meus outros pacientes, se precisar é só chamar. - Então sai.

Olho para Logan e me parte o coração ver o pequeno tubo no canto de seus lábios pálidos e secos.

Sua pele sempre pálida e a rigidez de seu corpo.

De fato parece estar morto.

- Eu sei que não vai desistir. - Aperto sua mão. - Eu espero mesmo que não desista.

(...)

- John? - Uma voz me desperta e percebo que havia cochilado com a cabeça apoiada na cama de Logan.

- Sim? - Coço os olhos e levanto a cabeça olhando para o loiro.

- Se quiser eu posso ficar com o Logan, estou de folga hoje. - Sorri de leve.

- Pensei que não aguentava ficar aqui... Que tinha remorso. - Digo e ele suspira se sentando ao meu lado.

- Não é remorso, é apenas... Triste ver ele nessa cama. - Olha para o moreno. - Ele sempre foi alguém cheio de vida e ironia, e agora está aí preso em uma cama, entubado e em coma. - Me olha e sorri fraco. - Dá saudade ter ele fazendo suas piadas toscas. - Diz e eu sorrio de lado.

- Acha que James estava certo fazendo o que fez? - Ele me olha e eu olho para o chão. - Você sabe do quê estou falando, hackeou o sistema do hospital e sempre sabe o que acontece do quadro do Logan. - Ele suspira.

- Não acho que ele fez certo, mas talvez seja um meio mais fácil dele partir. - O olho e ele tem os olhos no moreno inerte na cama. - Logan nunca falou nada sobre morte ou como queria ir embora, mas acredito que ele não iria querer ficar um estado vegetativo pelo resto da vida.

- Então acha que esse é o último recurso? - Ele dá de ombros.

- Apenas ele sabe. - Me olha e sorri de lado. - Se ele achar que é a hora de partir, ele irá e não haverá quem o impeça.

- E a família dele? - Ele faz um barulho com a boca em negação.

- Terão que entender que ele quis isso. - Diz e suspira. - Se ele se for por conta própria, sem desligar nada, sem forçar nada... Saberemos que ele quis ir. - Diz e bate em minha perna. - Por que não vai comer alguma coisa, soube que não saiu daqui o dia todo.

- Já é noite? - Ele assente e eu me levanto. - Eu já volto.

- Sem pressa. - Diz e sorri antes de eu sair.

~ P.O.V Kendall ~

Após John fechar a porta fiquei algum tempo tentando arranjar coragem de olhar para o meu amigo.

Meu colega de trabalho.

Meu parceiro em trapalhadas.

Quando o fiz, minha respiração falhou um pouco em surpresa.

Sua pele pálida, mas quente.

O corpo rígido, mas que se mexia conforme respirava.

As mãos paradas em cada lado do tronco.

Os olhos fechados como se não pudessem se abrir.

- Quando for a hora, vou estar aqui como sempre estive Henderson. - Digo e engulo em seco o nó que se forma em minha garganta. - Apenas... Saiba que foi um prazer trabalhar com você. Foi um prazer te conhecer e sempre será um prazer te ter como amigo. - Respiro fundo. - Não pode sair de cena assim sabia? Não sem ver o que ainda não viu. Isso não faz o seu feitio e não aceito que faça isso assim. - Sorrio e rio fraco. - Não faz isso conosco Logan... Por favor... - Peço e as lágrimas que se formavam em meus olhos começam a cair impiedosamente.

Me debruço sob a cama e seguro firme sua mão.

Escondo meu rosto e deixo as lágrimas rolarem com o silêncio do quarto que faz meus soluços ecoarem pelo espaço.