~ P.O.V Narrador ~
Os meses foram passando e nada continuou do mesmo modo.
Violet havia ido para New York por conta de sua bolsa na academia de dança e James pediu transferência para lá também, somente pelo fato de querer estar perto de Violet.
Os dois agora moravam em um apartamento simples e acolhedor, tendo à cada dia a lembrança de como tudo isso, de como todo esse românce começou.
O moreno acabou fazendo as pazes com seu pai, que após ter um momento de clareza, percebeu que de fato estava sendo extremamente injusto com o filho.
Se sentia frustrado pelo casamento que não deu certo e de que não mantinha bem nem uma relação saudável com seu filho, então deu uma trégua e pôs as cartas na mesa.
James se sentiu muito bem ao ter finalmente uma conversa civilizada com seu pai, sem gritos, sem um tom mais alto de voz e nem raiva ocultada nas vozes.
Apenas algo sincero.
Apenas um pai e um filho conversando e resolvendo assuntos pendentes.
(...)
Em San Diego tudo parecia normal.
O sol como sempre aparecendo, os pássaros cantando, pessoas fazendo suas caminhadas perto da praia e surfistas pegando ondas.
Porém quê sentido tem o normal não é?
O normal que digo é aquilo que acontece todo dia de forma - quase - monótona.
Como John e Logan.
(...)
- Isso está doendo. - John se queixa e Logan revira os olhos.
- Eu disse para você me dar cobertura, não foi culpa minha você ter fingido que não ouviu. - É a vez de John revirar os olhos.
- Eu ouvi, mas tinha um cara me derrubando no chão quando disse isso sabe? Acho que eu não podia te dar cobertura no meio de uma luta. - Diz e Logan suspira abrindo a porta da sala de seu tio. - Você também podia ter me ajudado.
- Eu estava cercado e lutando com dois ao mesmo tempo, quando um tentou pegar a minha arma o outro segurou o meu braço e por impulso eu atirei nele. A minha última bala John. ÚLTIMA. - Entram na sala ainda discutindo.
Como eu disse, algo monótono.
- E por que mesmo que não atirou no cara que me deu essa facada Logan? Hã? - John coloca a mão no abdômen e Logan o olha com os olhos semi-cerrados.
- Porque a minha munição extra tinha caído no chão. PERTO DE VOCÊ BOCÓ. - John cruza os braços. - Eu te gritei e você ainda estava lá preso por causa de UM cara. Eu estava cercado por DOIS! Quem estava em desvantagem John? Quem? - Os dois se encaram.
- Eu odeio interromper o ápice de uma discussão tão bem formulada como a de vocês, mas é melhor fazerem isso quando estiverem na sala de vocês garotos. - Diz uma voz atrás dos dois que ao se virarem dão de cada com o tio de Logan. - De preferência sozinhos e desarmados.
~ P.O.V John ~
- Nós... Estávamos discutindo sobre a missão. - Digo e ele olha para seu tio que segura o riso.
- Missão nova? - Se aproxima da mesa tentando ignorar o assunto anterior. Eu não me movo para tentar controlar a dor.
- Qual o motivo da discussão dessa vez? - Ele pergunta estendendo duas fichas para seu sobrinho.
- Ele levou uma facada e está me culpando por não ter conseguido impedir. - Reviro os olhos. - O de sempre. - Ele ri.
- Sobre o que é a missão? - Pergunto e ele me estende uma das fichas e eu a abro olhando seu conteúdo.
- No sábado vai ocorrer um baile beneficente de máscaras. Muita caridade e muito dinheiro envolvidos, mas como nada é realmente bom alguns integrantes da máfia russa foram captados na lista de convidados. - Ele dita e eu levanto a sobrancelha.
- Quer que nos infiltremos? - Pergunto.
- Sim, é muito estranho esse movimento repentino da máfia Russa, saírem do país deles para um evento de caridade... Geralmente eles são discretos até demais. É muito suspeito. - Ele me olha.
- Eu não falo muito bem russo. - Digo e o moreno olha para o teto.
- Bom, alguém terá que conversar com eles. - Diz nosso chefe e Logan passa a mão no cabelo.
- Ótimo, serei tradutor. A profissão dos meus sonhos. - Suspira
e nós rimos. - Aonde é esse baile beneficente?
- New York. - Digo e ele me olha.
- Podemos aproveitar e ir ver a Violet. - Logan dá de ombros.
- Sim, mas como vamos entrar nesse baile? - Olho para o tio de Logan.
- Ah sim, seus disfarces. - Pega dois envelopes e estende um para cada.
- Os mesmos nomes de sempre? - Abro o envelope e ele assente.
- Não gosto muito de Logan Mitchell. - Rio e ele me olha.
- E eu não gosto de John Sanchez. Mas na vida nem sempre temos aquilo que queremos. - Digo e ele me dá um leve soco no estômago que força meu corpo a se curvar em um impulso.
Mas. Que. Dor.
- Você estava dizendo John... - Ri e eu o olho com uma careta de dor. Fui eu que levei uma facada Logan, isso dói!
- Nada Logan. - Rio e ele ri junto.
- Você vão ainda hoje para NY, então façam as malas e peguem o que precisam. - O tio de Logan diz e eu aceno com a cabeça enquanto saímos.
(...)
~ P.O.V Logan ~
- Sabe que é errado ainda estar indo atrás dela não sabe? - Kendall diz enquanto eu observo Meredith na tela do computador.
- Sim eu sei, mas não me importo. - Sorrio. - Desde que ela esteja bem, eu não me importo com nada. - Ele ri.
Uma das piores partes de trabalhar na Interpol é manter em prioridade as pessoas que amamos.
E isso significa que é necessária uma distância para elas não serem ameaçadas.
Isso me obrigou a me afastar de Meredith.
E nada me machucou mais do que ver ela ir embora com lágrimas nos olhos e não poder ir atrás dela.
Havíamos feito dois meses de namoro, o maior relacionamento que já tive e tudo foi por água abaixo por culpa do meu emprego.
- Está tudo pronto. - John diz e eu não me movo. - Precisando ir parceiro, o jato já está pronto. - Sinto sua mão em meu ombro.
- Vou me certificar de que ela esteja bem Logan, se qualquer coisa acontecer vai ser o primeiro a saber. - Kendall sorri solidário.
- Não importa o que for, me avise e eu volto na mesma hora. - Digo e ele assente.
- Agora manda ver Agente. - Diz e batemos as mãos.
Me levanto e sigo para o elevador com John e não trocamos muitas palavras.
Ele sabe que depois do término com Meredith eu fiquei mal, na verdade eu me senti um grande idiota. Prometi que jamais a deixaria e por culpa do meu trabalho a deixei.
Chegamos ao telhado e o jato nos aguarda já pronto para decolar.
New York nos espera.
Vou para o compartimento de armas e pego as minhas já começando a por as munições.
Ouço a porta abrir e percebo que é John quando para ao meu lado para fazer o mesmo que eu.
- Como ela está? - Pergunta sem me olhar.
- Bem, faz sempre o mesmo caminho para os mesmos lugares. - Digo sem desviar a atenção de minha arma.
- Sabe que uma hora ou outra ela vai arranjar alguém não sabe? - Suspiro.
- Sim eu sei, mas até lá a proteção dela é responsabilidade minha. - Coloco minha arma no coldre. - E qualquer um que tentar encostar um dedo nela sem que eu tenha investigado, pode se considerar morto. - Ele ri.
- Você precisa relaxar. - Diz e é a minha vez de rir.
- Eu preciso me concentrar nessa missão. E você também bobalhão. - O olho e ele ri.
- Sim, mas veja só, se eles não tentarem nada o nosso único trabalho vai ser aproveitar o evento. - Dá de ombros. - Seria uma pena se fosse assim não é? - Rimos.
- Sem dúvida parceiro. - Pego minha adaga e a coloco no bolso do smoking. - Vai levar a carga extra da arma ou não é necessária? - Ele segura a arma.
- Acho que não é necessário, mas leva a sua arma, se eu levar a carga pode fazer muito volume. - Balanço a cabeça e coloco o terno do smoking e verifico se as armas aparecem. Perfeito. - Você sabe fazer nó de gravata borboleta? - Eu rio.
- Você não? - Ele ri negando com a cabeça. - Isso é fundamental John. Se aprende quando se vai para o baile da escola. - Tiro o terno.
- Eu fui ao baile com gravata normal. - Ri. - Minha parceira queria ir de jeans e moletom. - Rimos. - Mas foi uma grande surpresa ver ela com um vestido longo. - Suspira. - Muito bonita.
- Okay, pare de babar. - Digo e ele ri. - Quando chegarmos no hotel resolvemos isso. Você precisa aprender a fazer isso cara.
- É eu sei. - Dá de ombros e pega sua arma. - Mas eu sou melhor com armas, não com gravatas. - Rimos.
(...)
~ P.O.V Narrador ~
Os dias foram passando rápido e logo era sábado.
Os dois haviam ficado tão ocupados com o trabalho de localizar os membros da máfia russa na festa que não tiveram tempo de ir ver Violet e James.
Porém isso pode esperar um pouco.
Após estarem devidamente vestidos - com seus smokings - e com suas armas escondidas, foram para o evento.
Pegaram suas máscaras e as colocaram.
John uma máscara de estilo o fantasma da ópera branca.
E Logan uma máscara simples preta já que não tinha outra opção.
Flashes e muitos fotógrafos para lá e para cá, porém tentaram ser o mais discretos que as circunstâncias os permitiram.
Logo que entraram no salão a música clássica encheu seus ouvidos ao mesmo tempo que alguns feixes de luz passavam por seus olhos.
- Vou andar por aí para ver se acho eles. - Logan diz mexendo em sua gravata.
- Vou pegar bebidas. - John diz e Logan o olha incrédulo.
- Sério? - O mesmo dá de ombros. - Estamos aqui à trabalho John.
- E só por isso não podemos agir normalmente? - Logan fecha os olhos e balança a cabeça. - É para não levantar suspeitas Logan, quem vai á um evento beneficente sóbrio? - Levanta as sobrancelhas.
- Pede um whisky para mim então. Te encontro no bar. - Suspira e dá as costas enquanto o outro moreno vai andando no meio das pessoas.
Arruma sua máscara e começa a andar distraidamente pelo lugar, passando pelas pessoas e dando leves sorrisos para quem o olha.
Ouvindo com atenção o que cada voz diz para ver se acha o sotaque certo ou o idioma certo.
Alguém esbarra de leve em seu braço e ele por impulso segura a cintura da garota que quase caía.
- Me desculpe. - A moça diz e ele sorri de leve a soltando. - Esses saltos são um pesadelo.
- Sem problemas, admiro vocês mulheres que usam essas coisas. Parecem instrumentos de tortura. - A garota ri.
- Concordo. Minha irmã me obrigou a usar isso e agora eu não acho ela. - A mesma olha ao redor e faz uma careta. - Não me lembro de ter-lo visto antes, mas você me parece familiar.
- É estranho mas sinto o mesmo. - O mesmo sorri de lado e estende a mão. - Logan Mitchell. - A garota sorri.
- Lilian, mas pode me chamar de Lili. - Aperta a mão de Logan. - Faz parte das corporações beneficentes? - Ele assente.
- Instituto de auxílio ao câncer infantil. - Diz naturalmente e ela levanta as sobrancelhas surpresa. - E você? Faz parte desse mundo beneficente? - Riem.
- Sim, uma pequena empresa de auxílio aos desabrigados, quando ocorrem ataques é a mim que recorrem. - Diz e Logan assente. - Mas é claro, nem se compara à quem tenta ajudar crianças com câncer. - Sorri.
- Estão no mesmo patamar. - Diz e olha ao redor. - Nunca vim à esse evento, é a primeira vez que tenho tempo de vir. - A mesma empurra uma mecha do cabelo para atrás da orelha.
- Bom, basicamente é assim até chegar a hora das premiações e dos discursos. Depois das homenagens e das apresentações das instituições com destaque é aberto o jantar. - Dá de ombros.
- Interessante. - O moreno da de ombros rindo.
- Мы встретим вас на втором этаже в течение пяти минут. Предупредите других настороже." - Diz um homem para outro enquanto passam atrás de Lili.
- Ao que parece vieram pessoas de todo canto. Aquilo era búlgaro? - Ela pergunta e Logan nega com a cabeça olhando para a direção que os homens foram.
- Era Russo. Genuíno. - Diz e ela o olha surpresa. - Quando se viaja muito é preciso aprender vários idiomas. - Dá de ombros e ela ri.
- Então fala Russo? - O moreno assente. - Estou em maus lençóis então, só falo um pouco de espanhol e algumas palavras em francês. - Riem.
- Lili, o Jack quer falar com você, sobre o discurso. - Uma moça aparece e sorri envergonhada por ter se metido na conversa.
- Oh sim, bom, foi um prazer conhecer você Logan e como vê o trabalho chama. - Ri de leve. - Obrigado por ter me segurado. - Dá um leve beijo na bochecha do mesmo e se afasta junto a outra moça.
~ P.O.V Logan ~
A observo enquanto se afasta e sorrio de lado.
Tenho a leve impressão de conhecer ela.
Estranho.
Sigo para o bar e lá encontro John aos beijos com uma loira, desvio o olhar e pego meu copo perto do dele.
Tomo um gole e olho para o gelo no copo me encostando de costas para o balcão.
Pigarreeio e ele se separa da garota.
- Ainda se lembra do motivo para estarmos aqui? - Finalmente no olho e ele tenta limpar o batom de sua boca e arruma sua máscara.
- Eu... Só estava investigando ela. - Diz e eu aceno com a cabeça me sentando na banqueta e coloco meu copo no balcão.
- Acho meio difícil um Russo se esconder na garganta dela e pelo que eu vi você estava investigando muito de perto. - Ele ri.
- Viu eles? - Rio e balanço a cabeça. - Vamos agora? - Nego com a cabeça.
- O cara que eu vi disse "Vamos encontrá-lo no segundo andar em cinco minutos. Avise os outros para ficarem atentos." Apenas não sei o motivo para dizer isso com tanta urgência como disse. - Dou de ombros.
- E então? - Cruza os braços.
- Você tinha razão, temos que aproveitar um pouco. - Pego meu copo e bebo em um gole só o que tinha no copo.
- Okay, você está me assustando. - Rio e olho para as escadas. - O que?
- Cinco minutos no segundo andar John. - Sorrio. - O que acha de irmos dar uma olhada?
- Claro. - Rimos.
- Mais alguma coisa senhor? - O barman pergunta e eu nego com a cabeça e ele pega meu copo se afastando.
Me levanto e arrumo meu terno, subimos às escadas e vamos cada um por um lado.
Vejo algumas portas de um lado só no corredor e ninguém à vista.
Tão vazio...
Vazio... Demais.
Em um impulso seguro o pulso de quem está atrás de mim e o jogo no chão.
Ele me olha e seus olhos azuis frios parecem surpresos.
Logo ele me puxa para o chão e eu acabo batendo a cabeça no chão com força ficando desnorteado.
- Não luta. - Diz com um sotaque forte.
- Seu sotaque é péssimo. - Digo quando ele me puxa para me levantar com os braços para trás. - E seu inglês também. - Murmuro e ele me empurra. - YA znayu, khodit' v poryadke? Net neobkhodimosti tolkat'.- "Eu sei andar okay? Não tem necessidade de empurrar." Digo e ele me segura mais forte. - Idiota.
- YA eto ponyal. - "Eu entendi isso." Diz e eu rio.
- Isso ele entende. - Me empurra até uma das portas e a abre. - Só pode ser brincadeira. - Reviro os olhos.
Não acredito.
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