~ P.O.V Logan ~
Após algum tempo esperando Bruno em minha sala, resolvi ir ver o ensaio Violet com Jason - James.
Entro e vejo James esticado mexendo em algo na parede.
- Se eu fosse você não colocaria uma escuta aí, os ecos da sala vão deixar o áudio literalmente zoado. - Digo e ele dá um pulo antes de me olhar.
- Você é sempre tão silencioso no modo disfarçado? - Pergunta e eu olho para o lado incomodado. Ele não sabe mesmo que não deve falar coisas assim por aqui?
- Sou silencioso quando quero Jason. - Digo sério e ele levanta a sobrancelha. - Você não se toca mesmo? - Pergunto e ele encolhe os ombros.
- Desculpa. É minha primeira vez fazendo... isso. - Diz e eu tenho uma sensação estranha. De novo.
- Só não deixa a Violet descobrir isso. Está se saindo bem Jason, só não dê mancada com essa garota, não vai querer ter ela irritada presa à você. - Digo e ele me olha confuso. Olho para a porta e ele parece entender.
- Não irrito as pessoas com facilidade. Eu acho. - Diz e eu dou um riso sem emitir som.
- Não é de você que eu estou falando, é dela. Eu não a chamei de chata à toa. - Digo e ouço a porta se abrir e ela entrar.
- Falando mal de mim logo cedo Mitchell? Que bonito. - Diz tentando parecer irritada e logo sorri antes de me abraçar.
- Viu Jason? Ela é meio bipolar. - Digo e o ouço rindo.
- Vou indo, Violet, seu pai... - Entorto a boca.
- Deve estar subindo. - Diz me dando um beijo na bochecha.
- Então vou encontrar ele, bom ensaio para os dois. - Aceno com a cabeça e saio dando de cara com David. A pessoa mais desprezível que já conheci.
- Ora ora Logan Mitchell de volta não é? - Pergunta de braços cruzados. -
O que foi? Sentiu saudades? - Debocho e ele revira os olhos. - O que faz aquí para inicio de conversa? Não devia estar fazendo o seu trabalho? - Coloco as mãos nos bolsos.
- E você hein Mitchell? Não devia estar na sua salinha, mexendo em papéis? - Devolve a pergunta.
- Quando eu te dever satisfações sobre meu trabalho eu te respondo com todo o prazer. - Digo. - Cuide do que é seu que eu faço o mesmo David.
- Está meio arrogante para um advogado não acha? - Se aproxima tentando parecer ameaçador e eu permaneço no mesmo lugar.
- E desde quando carreira define caráter? - Pergunto e ele para. - Sou advogado sim, mas nem por isso me sinto ameaçado por você. - Ando um pouco para a frente e ele recua. - Não sou bom apenas com processos judiciais David. Cuidado. - Vejo sua expressão de raiva.
Sem contar que seu rosto está totalmente vermelho.
Vou calmamente até minha sala enquanto ouço os passos pesados e duros de David se afastando e encontro Bruno lá me esperando.
- Finalmente chegou Sr. Mitchell. - Diz impaciente e meio irônico.
- Peço desculpas Sr. Martinez, podemos começar ou está esperando mais alguém? - Pego a pasta em minha gaveta.
- Não, só faltava o senhor mesmo. - Respira fundo. - Acabe logo com isso, sim? - Suspira parecendo cansado.
- Como quiser Sr. Martinez. - Suspiro abrindo a pasta e dobro as mangas de minha camisa.
(...)
- Bom, é isso. - Digo o entregando o contrato. - É só assinar.
- Logan tenho um trabalho para você. - Diz enquanto assina o papel.
- Em que mais posso ser útil. - Pego o papel e o guardo tentando parecer indiferente.
- À respeito do novo parceiro de Violet, quero informações sobre esse sujeito. - Diz.
- Sr. Bruno esse não é meu departamento... - Nego com a cabeça e ele levanta o dedo pedindo silêncio.
- Eu sei que não é seu departamento, mas tente me entender Logan, não quero um desconhecido perto da minha filha. - Diz e eu suspiro.
Por um lado o entendo, mesmo ele sendo um marginal que vive da desgraça alheia entendo sua preocupação com sua filha.
- Vou ver o que posso fazer Senhor. - Respiro fundo.
- Obrigado Logan. - Põe a mão em meu ombro e dá um leve sorriso.
- Não há de quê. - Abaixo a cabeça e ele sai da sala. - Era só o que me faltava. - Passo as mãos em meu rosto. - Detesto meu disfarce. - Susurro.
A sensação estranha não me abandona.
O que será isso? Um sinal? De quê?
~ P.O.V James ~
Violet resolveu testar um passo novo. Mas é... digamos que complexo demais.
Eu devo levantar seu corpo, reto e logo em seguida girar com ela erguida. Mas não está dando certo.
Sempre que a levanto, ela cai logo em seguida. Suas mãos não tomam firmeza em meus ombros e... bom, não há equilíbrio.
- Acho que pensei demais nessa manobra Jason. - Diz ainda no chão. A ajudo a levantar.
- Vamos tentar de novo. É como a minha mãe sempre dizia "É com persistência que se derruba barreiras". - Seguro sua mão.
- Tem certeza? - Pergunta tomando distância.
- Absoluta. Não saio daqui enquanto não conseguirmos fazer isso. - Digo e ela sorri. Respira fundo e assente com a cabeça vindo até mim.
Seguro sua cintura e a levanto, mesmo ela sendo leve, há alguma dificuldade admito.
A seguro más perco a força ao olhar seus olhos. Caímos os dois no chão.
- Desista Jason. Fazemos outra coisa. - Suspira.
- Olha para mim. - Peço e ela olha. - Você confia em mim Violet? - Pergunto.
- Confío. - Diz.
- Quando eu te levantar, mantém os olhos presos nos meus. Se vamos dançar juntos, temos que estar conectados na dança, conectados no olhar. - Seguro sua mão. - Se conseguirmos, será porque estamos juntos e não vamos desistir. - Ela sorri e assente. - Eu não vou te deixar cair mechas azuis. - Sorrio e ela ri.
- Tudo bem. - Se levanta e liga a música.
Fazemos os passos que treinamos ontem, cada giro com precisão e leveza, o toque de sua mão em meus ombros é firme e ao mesmo tempo carinhoso.
A giro e ela se solta de mim tomando certa distância. Me questiona com o olhar e eu aceno com a cabeça. Se aproxima e eu a levanto.
Seus olhos castanhos claríssimos se juntam aos meus. Quase não pisco, fica difícil respirar e não controlo mais meus movimentos. Alívio a sustentação e junto seu pequeno corpo ao meu ainda a mantendo no ar.
Seguro sua cintura e ela põe os pés no chão calmamente, seguindo o compasso - quase que despercebido por mim - da música. Sua respiração bate em meu rosto e alguns fios de seu cabelo caem de seu coque, quase cobrindo seus olhos.
- Viu? Eu disse que conseguíamos. - Digo colocando seu cabelo atrás da orelha. Ela sorri fraco.
- É. Você disse. - Diz baixo sem desviar seus olhos dos meus. Mantendo suas mãos em meus ombros.
- Confia em mim Mechas Azuis? - Pergunto e ela ri.
- Confio Burn. - Diz rindo e eu não controlo meu impulso.
A puxo para mim e junto nossos lábios. Suas mãos que antes estavam em meus ombros, vão até meu pescoço me puxando mais para perto. Abraço sua fina cintura e prendo seu corpo ao meu.
O que eu estou fazendo? Ela é a filha do marginal que eu estou investigando.
Não posso estar realmente gostando dela.
Posso?
Quebro lentamente o beijo e fico com os olhos fechados esperando por um - previsível - tapa no rosto ou talvez um - dolorido - chute em um lugar mais abaixo. P
orém só o que sinto é como uma pétala de rosa, seus labios juntos aos meus em um leve selinho.
- Eu não devia ter feito isso... - Abro os olhos e ela continua com os olhos nos meus. - Eu... Me desculpe Violet. - Solto sua cintura.
- Não tem porque se desculpar Jason. - Tira calmamente as mãos de mim. - Eu... apenas não posso. - Abaixa o rosto.
- Como assim não pode? - Pergunto e ela se vira.
- Não posso gostar de você Jason, nem de ninguém. - Caminha até o aparelho de som e a música se cala. - Não quero que... Se meta em confusão por minha causa.
- Acho que confusão é meu nome do meio. - Sorrio e ela ri pelo nariz. - Você pode sim Violet. Eu sei que pode. - Tento pegar sua mão mas ela desvia de mim.
- Não, não posso. - Se vira para mim e respira fundo ficando séria de repente. - Somos parceiros de dança Jason. Só isso. Vamos agir como tais. Entendeu? - Pergunta e eu aceno que sim. - Ótimo... - Diz em meio à um suspiro.
- Sabe que dizer isso não vai apagar o que acabou de acontecer aquí, não sabe? - Me viro e pego minha mochila. - Nada vai apagar isso.
- É com isso que eu conto. - Susurra e sua voz ecoa para mim. - Uma única lembrança com que eu possa sonhar. - Diz. - Você não iria entender Jason.
- Eu posso tentar. Se quiser me explicar. - A olho e ela nega com a cabeça.
- Essa é a questão. - Abraça o próprio corpo. - Eu não posso te explicar isso. - Ao fim de sua frase eu apenas aceno com a cabeça e saio da sala.
Mas que droga acabou de acontecer aquí?
Eu beijei ela?
Foi um sonho?
O que está acontecendo comigo?
Ela é a minha missão. Não posso me envolver.
Mas acho que já me envolvi. E não tenho volta.
(...)
Observo Logan andando de um lado para o outro na minha frente enquanto esfrega as mãos uma na outra.
- Como você faz uma coisa dessas James?! - Para e põe a mão na cabeça. - Como?!
- Eu não sei, tá legal? - Abaixo a cabeça e cubro meu rosto com as mãos. - Apenas... aconteceu. - Digo ouvindo minha voz abafada.
- Apenas aconteceu. - Ouço Logan repetir minha frase com deboche. - Apenas vai acontecer que o seu disfarce pode estar por um triz. Só isso. - Diz irônico.
- Ei se acalma, não foi tão grave. Eu não disse o meu nome ou coisa assim, só... nos beijamos. - Digo e Logan para e me olha como se pudesse me aniquilar com a dureza do olhar. E eu estou quase acreditando que pode. - Foi ruim? - Ele ri irônico.
- Não, não foi ruim James. - Ri e pega um copo em cima da mesa de centro. - FOI PÉSSIMO ISSO SIM! - Lança o copo na parede e os pedaços de vidro são lançados para todas as direções. - Você não tem noção do que acabou de fazer com a sua vida Maslow. - Aponta o dedo para mim.
- E o quê eu fiz? Posso perguntar? - Encolho os ombros. Ele irritado me assusta um pouco.
- Você acabou de esculpir sua lápide. - Suspira e me olha. - O pai dela não quer ninguém perto dela com segundas intenções, ele já está tentando investigar você.
- Quem vai fazer isso? - Pergunto.
- Eu. - Suspira e põe a mão na testa. Espera, ele? - Hoje ele pediu para eu puxar todo tipo de informação à respeito de Jason Burn para a proteção de Violet. - Me olha. - Tem noção agora do perigo?
- Agora eu tenho. Obrigado por me informar. - Ele continua andando de um lado para o outro. - Dá pra parar de andar? Está me deixando tonto.
- Você já nasceu tonto. - Diz sem parar de andar.
- Okay, não precisa me insultar por mais que eu mereça. - Levanto as mãos. - E o que é isso na sua mão? - Vejo algo escorrendo de sua mão.
- O quê? - Para e olha o local. - Ah, é só sangue. - Diz sem importância e volta a andar.
- Sangue vindo de onde Dr. Eutanásia? - O seguro e ele para. Olho para sua mão e tem um corte bem na palma de sua mão. - Deve ter cortado quando jogou o copo na parede. - Digo e ele revira os olhos.
- Não sei se percebeu, mas o copo praticamente quebrou na minha mão antes de chegar à parede. - Diz e eu o puxo até a cozinha de seu apartamento.
- Eu sei que está irritado comigo e querendo me dar alguns socos. Admito, eu até deixaria você fazer isso. - Digo e percebo que ele me encara como se fosse mesmo me dar um soco. - Nem pense nisso. - Pego uma toalha e a molho com água.
- Você não podia... sei lá, ter jogado ela no chão ou algo assim? - Pergunta pegando a toalha de minha mão e a apertando. - Qualquer coisa James.
- Eu não sei... Eu... travei. - Me encosto no balcão.
- É, mas não travou quando resolveu beijar ela não é? - Pergunta irônico indo até o armário.
- Não precisa jogar meu erro na minha cara okay? - Jogo a cabeça para trás. - Como eu resolvo isso Logan? - Pergunto e o ouço sugar entre dentes. O olho e ele está derrubando algo na mão.
- É álcool, relaxa. - Sacode a mão. - A única coisa que você pode fazer é não continuar isso. Sabe bem o que vai acontecer no final desta investigação, o pai dela vai ser preso e provavelmente ela vai... Odiar todos nós. - Abaixa a cabeça. - Se ela se apaixonar agora por você, descobrir a verdade pode ser impactante e a possível ruína do seu disfarce. - Diz.
- Então eu vou esquecer ela. É o certo a se fazer. - Digo e ele ri.
- Você é certinho demais. - Coloca um curativo da mão. - Você gosta dela, dá para ver como se estivesse escrito da sua testa tamanho família. - Diz e eu jogo uma maçã em sua direção e ele a segura. - Apenas... Não deixe Bruno desconfiar ou descobrir okay?
- Nem precisa disso, Violet me disse a mesma coisa e deixou claro que não pode ter isso comigo. - Cruzo os braços. - Eu não acredito em destino, mas que filho da mãe.
- Deixe as coisas irem em seus rumos James. - Bate em meu ombro. - Quando for a hora, talvez você possa ter seu romance água com açúcar com a Violet. - Ri e eu dou um tapa em sua cabeça.
- Palhaço. - Rio e ele continua rindo.
- Junte-se ao circo. - Dá de ombros ainda rindo. - Trouxe a sua ficha? Preciso pelo menos fingir que estou procurando informações sobre Jason Burn. - Dá uma mordida na maçã que o joguei.
- Estão na mesa. - Voltamos para a sala. - E aquele copo que você jogou na parede era meu. - Reclamo.
- Você mora aqui? Paga as contas? Tem que aguentar o assédio das vizinhas? - Pergunta e eu nego rindo. - Então não reclame cabeludo. - Pega a ficha e começa a ler seu conteúdo.
- Eu não reclamaria de qualquer forma, seu apartamento é gigante e tem as suas vizinhas te dando mole. Como você consegue reclamar? - Me sento novamente no sofá.
- Se tivesse que lidar com essas loucas todos os dias iria entender o motivo de eu ir de madrugada para a Interpol. - Não desvia os olhos da ficha.
- É tão ruim assim? - Pergunto e ele ri.
- Em uma escala de 1 à 10 acho que... 2000 se qualifica. - Se senta na poltrona.
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