História Dangerous Love - Garoto Sinistro

Tensa, envergonhada, mãos suando, tremendo um pouco, tudo isso estava acontecendo comigo desde que bati os olhos naquele menino, pode até parecer bobagem, mas não é sempre que encontramos meninos tão bonitos assim e eles resolvem olhar no fundo dos seus olhos bem na hora que você esta analisando ele, posso até está exagerando, mas o impacto foi muito forte. Depois do ocorrido eu não sabia mas nem o que o Pastor estava falando, eu só conseguia pensar que tinha um garoto lá no fundo provavelmente me encarando, ou não né, vai ver ele nem sentiu nada, eu que sou a bobona, a iludida, a trouxa, ainda bem que não tinha ninguém do meu lado, senão ia perceber o meu nervosismo, minha mãe lá na frente obviamente não sabe de nada. 

O culto se findou, esperei minha mãe conversar com algumas amigas dela, fiquei sentada olhando para minhas mãos, mas na verdade eu queria mesmo era da uma olhada para trás e ver se ele ainda estava lá, tentei me segurar mas não consegui, lá estava eu procurando ele, mas infelizmente não estava mais lá, deve ter ido embora bem rápido, pois estava perto da porta. Minha mãe veio até mim, perguntando se eu tinha gostado do culto, se eu tinha gostado da pregação, infelizmente tive que mentir ( perdão Deus ) e dizer que tinha amado, que tinha entendido tudo, mal sabe ela que meus pensamentos estavam bem longe. Fomos indo em direção a porta, mamãe disse para eu ir logo até o carro, pois ela ainda queria conversar um pouco com uma das mulheres, fui até o estacionamento e fiquei esperando ela, o local era meio escuro, tinha uma luz meio fraca, iluminava pouca coisa, fiquei encostada no veículo fazendo orações internas para minha mãe andar rápido, não estava gostando nem um pouco de ficar ali sozinha naquele lugar. Fiquei mexendo os pés, tentando passar o tempo, estava de cabeça baixa, quando ergui... vi ele, ali estava ele, encostado em um dos carros estacionados, como a luz era baixa eu não conseguia ver muito o seu rosto, até que vi uma fumaça... espera, ELE ESTAVA FUMANDO ? OI ? Naquele momento agradeci pela pouca luz, porque a cara que fiz de espanto deve ter sido muito estranha, não é anormal ver uma pessoa fumando, mas um cristão fumando ?? Ok, tudo bem, se for daqueles que tinha um vicio, tipo, uma pessoa aceita Jesus como seu Salvador mas não consegue se desprender dos vícios, eu até que não vejo problema, ou vejo, na verdade no momento eu não sei dizer ao certo o que estou pensando, nem quais são minhas opiniões sobre jovens da igreja que fumam, eu só sei dizer que esse garoto é muito sinistro, as roupas dele são bem diferentes das que um jovem cristão é acostumado a usar, o olhar dele, não sei distinguir. Enquanto eu estava tentando digerir tudo isso, ele jogou o cigarro no chão, pisou em cima na tentativa de apagar, abriu a porta do carro, mas antes de entrar olhou para mim e deu um sorriso de lado, entrou no carro e deu partida, e lá fiquei, com a maior cara de boba.

- Filha desculpa a demora, a irmã começou a me contar uns testemunhos, fiquei interessada e...- eu estava tão boba ainda que nem me toquei que mamãe já tinha chegado - O que foi ? Viu um pássaro verde ? 

- a-aah, oi mãe, como assim pássaro verde ? - tentei disfarçar a situação me fazendo de sonsa, entrei dentro do carro e estralei os dedos tentando tirar o nervosismo.

- Não se faça de sonsa - disse dando partida no carro - As vezes penso que você vive no mundo da lua, isso é estranho, tenho que te levar em um psicólogo.

- Que papo de psicólogo mãe, para, eu não tenho problema nenhum - bufei - Se você acha que passo por algum problema então ore mais por mim. - falei bem séria.

- O que eu mais faço é orar por você mocinha, meus joelhos estão até roxos de tanta oração - me olhou de canto de olho e voltou a falar - Única pessoa que te ama de verdade sou eu, seu pai não esta nem ai para você

- Chega, não começa com essa história ! - sempre que minha mãe começa a falar do meu pai ela fica 1 ou 2 horas só falando que ele não esta nem ai pra mim, que não me ama e blábláblá, mas eu sei que tudo isso é mentira, meu pai me ama sim, eu acredito nele, quem ele não ama mais é ela, mas agora eu sou a filhinha dele, a mocinha que está ficando grande, soa até meio criança, mas amo ser mimada pelo meu pai. 

Chegamos em casa, fui para meu quarto, vesti um pijama e peguei meu celular, tinha algumas mensagens de Karen perguntando como foi o culto, dizendo que estava com saudades de mim, que queria estar comigo, respondi ela, pensei em falar sobre o garoto que vi, mas se eu falasse ela iria querer mais e mais informações e eu não tinha, eu não sabia nada sobre ele, só sabia que era um garoto bonito que tinha um estilo legal e que fuma quando esta do lado de fora da igreja. Depois de responder Karen, me deitei na cama esperando o sono chegar, demorou um pouco, mas logo já estava sonhando, e o sonho ? Bem, o sonho era sobre aquele menino, e no meu sonho ele estava lá, parado, me olhando, com aqueles olhos negros que me deixaram envergonhada, não sabia quem era ele, nem o nome, nem de onde veio, mas sabia que a partir daquele dia alguma coisa iria mudar na minha vida.