Sentada sobre as pernas assoprou com cuidado sua xícara fumegante, somente chá quente conseguia ajuda-la a se concentrar e ainda acalmar seus nervos.
Havia vários livros e papeis espalhados pelo assento do sofá, e com o notebook ligado em seu colo ia a fundo em seu projeto de reestruturação da empresa.
Estava elaborando um plano de negócios, e antes de sair da empresa aproveitou que não tinha ninguém e em meio a bagunça conseguiu pegar alguns balancetes do mês passado, para fazer uma rápida avaliação. E de fato concluiu que a situação da empresa estava delicada, no entanto ela não se surpreendeu tanto assim que viu o modelo utilizado para administrar, era o tradicional, burocrático, centralizado apenas nas mãos e interesses de Gray. Os funcionários tinham regras impostas, mas tudo é tão desorganizado e desmotivador que por um momento se sentiu abatida.
Terminou o sumario executivo e assim que foi revisar ouviu sua campainha tocar. Franziu o cenho e olhou para o relmágoapregado a parede de material cinza que marcava pontualmente 23h05, quem poderia ser?
Colocou o notebook aberto sobre o assento do sofá e fechando seu robe de seda preto caminhou até a porta, assim que olhou no olho mágico e viu quem era levou um susto, e na hora suas mãos giraram a chave na fechadura e abriram a porta de madeira branca.
— Você?! — Murmurou emocionada.
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Fechou a porta de sua casa e jogou seus sapatos de qualquer jeito na entrada da porta, Lucy que o esganava depois, mas seu corpo estava esgotado, foi caminhando até a sala estranhando o silencio.
— Lucy? — Chamou jogando sua pasta de couro sobre a poltrona de canto, mas não obteve resposta.
Foi desabotoando seu terno e arrancou a gravata jogando no mesmo lugar da pasta, e abrindo os botões de suas camisa branca se dirigiu a cozinha onde as luzes estavam acesas. A encontrou de costas para o fogão mexendo alguma coisa em uma panela, mesmo ele pagado empregadas ela fazia questão de fazer a comida, a cozinha era algo que Lucy não admitia que outra pessoa a não ser ela usasse.
Abriu um sorriso afável e chegando de fininho por trás a envolveu em um abraço enquanto depositava um beijo no pescoço.
— Chamei você quando cheguei, mas você não respondeu. — Elucidou enquanto se afastava dela e ia até a geladeira pegar uma garrafa de agua, a fim de molhar a garganta.
— Eu estava ocupada. — Logo suas bochechas ficaram em chamas, estava tão envolvida com sua surpresa que ao menos o viu chegar. — Como foi o trabalho?
Ouviu o gemido dele e decidiu desligar o molho da macarronada para dar atenção a ele.
— Estou morto, parece que levei uma surra, sorte que a Erza se juntou a nós. Tenho certeza que agora sim vamos progredir, apenas tenho receio de Gray inferniza-la assim como fez com as outras secretarias e ela acabar pedindo demissão.
Lucy abriu um sorriso e se aproximou dele.
— Fique tranquilo. — em seguida afagou o rosto dele. — Tenho certeza que é mais fácil ela fazer ele pedir demissão. — Em resposta Natsu riu, Lucy estava certa, em se tratando de gênio, Erza, com certeza, ganhava de Gray e qualquer outro.
— Você está certa, o que temos para comer? — Perguntou olhando avidamente para as panelas.
— Macarronada. — Os olhos dele brilharam.
— Está pronto. — Ela assentiu e depois de depositar um breve selinho nele se afastou.
— Err... Natsu. — A hora era agora.
— Sim.
— Dentro do micro-ondas tem um prato pronto, pega para mim fazendo favor.
Ele apenas assentiu e assim que parou a frente do eletrônico apertou seus olhos para ver através do vidro fume.
— Lucy, é nesse botão que abre...
— NÃO!
Ela se desesperou, Natsu no fim acabou ligando o micro-ondas.
— Desliga...Desliga Natsu...
— E como faz isso? — Perguntou nervoso mexendo nos botões.
— NÃO! Nesse você vai...
De repente começou a sair uma fumaça dentro do aparelho e em uma medida desesperada Natsu arrancou o cabo da tomada, acabando com tudo.
— Pronto! — Ele falou ofegante.
Em resposta Lucy bufou de raiva e foi até onde suas luvas estavam e as vestiu e abriu a porta do micro-ondas.
— Segura para mim. — Pediu seca e Natsu apenas obedeceu.
Ela tirou o prato lá de dentro e em seguida jogou em cima da mesa, Natsu era um desastre ambulante.
— O que tem aí dentro? — Perguntou interessado.
— Porque você não abre? — Ela retrucou se afastando. — Mas usa isso ou senão vai se queimar. — em seguida tirou e o entregou a sua luva.
Natsu a pegou e assim que tiro a tampa o vapor saiu arqueou suas sobrancelhas confuso, olhou para Lucy e ela mordia seu lábio inferior apreensiva. Piscou algumas vezes e lentamente tirou do prato um pequeno e delicado sapatinho de bebê branco.
— O significa isso Lucy? — Indagou sério, a fazendo engolir a seco.
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— Por que a surpresa? Por acaso não espera a visita do seu avô menina? — Ele continuava o mesmo rabugento de sempre.
— Claro que esperava. — Revirou seus olhos. — Anda entra. — Deu espaço para ele passar, mas desconfiado deu uma longa espiada para dentro e só depois de entrou.
— Por que não me falou que se mudou para cá e ainda vai trabalhar na empresa? — Foi logo ao ponto enquanto ela fechava a porta.
— Porque eu não queria que você avisasse o meu... — Cerrou seus punhos e respirando fundo e olhou para ele. — Aquele homem.
Makarov soltou um suspiro pesado e resolveu observar o apartamento, era até grande, algumas coisas ainda estavam nas caixas, mas não deixava de ser tudo muito bem limpo e organizado.
— Gostou? — Ela perguntou cruzando seus braços.
Em resposta ele fez uma careta e balançou sua cabeça negativamente.
— Acho que você ficaria melhor lá em casa, sabe lá tem bastante espaço, e tenho certeza de que Porlyusica cuidara muito bem de você.
Porlyusica era a segunda mulher de Makarov, assim que a avó de Erza morreu, ele ficou devastado, mas depois de oito anos a conheceu e foi inevitável não se casar.
— Tenho certeza que sim vovô, mas eu prefiro ter minha independência, o meu próprio canto.
— Você e suas manias de não deixar as pessoas se aproximarem. — Ela apenas revirou os olhos.
— Tem bebida aqui?
— Tem chá, serve? — Ele torceu o nariz.
— Não estava me referindo a esse tipo de bebida Erza. — Ele continuava o mesmo cachaceiro, pensou.
— Mais é o único tipo de bebida que eu tenho na minha casa, se não quiser beba água. — em seguida deu de ombros.
— A cana sim sabe me tratar bem. — Retrucou com uma mágoa aparente na voz.
— Claro, ela herdou o mesmo vicio de levar porre igual a você. — em seguida caminhou até a cozinha, mas ele a seguiu. — Não sei o que vai ser do fígado de vocês daqui uns anos, mas já vou logo avisando que eu não vou doar o meu para vocês, e também vou fazer a cabeça do Natsu para ele não doar.
— Você é má em garota, honestamente não sei a quem puxou. — Ela riu e apoiou seu quadril contra o balcão para observa-lo. — Mas é bom te ter de volta. — A confissão fez seus olhos arderem. — Não vai querer vê-lo?
Essa pergunta fez seu corpo se contrair.
— Não.
— Ok! — Colocou as mãos no bolso de sua calça. — Vem aqui me dar um abraço que já estou atrasado para o bingo da terceira idade.
— Bingo da terceira idade? — Retorquiu confusa. — Desde quando você joga bingo Makarov?
— Desde que um filho da mãe, que eu ainda vou descobrir quem é, falou para Porlyusica que eu jogava poker, o resultado disso foi um cabo de vassoura quebrado e um trauma que vou levar pelo resto da vida.
Erza não conseguiu controlar a crise de risos.
— Você não toma jeito mesmo em. — em seguida se abaixou e o abraçou forte.
— Qual a graça de uma vida sem agitação Erza? — Perguntou assim que ela se separou dele.
— É o senhor tem razão, mas está tomando seus remédios? E o marcapasso como está? — Perguntou preocupada, foi por causa desse motivo que ele teve que vender o seu império para Silver, seu coração não estava aguentando lidar com aquela agitação toda. E isso até hoje o doía, se sentia um verdadeiro invalido.
— Está aqui. — Apontou para o lado esquerdo do peito adquirindo um ar triste. — Quem diria que minha vida depende de um aparelhinho tão pequeno e vagabundo desse.
— Makarov! — Repreendeu possessa. — Não fale desse jeito, é graças a esse aparelho que tem mantém vivo para você tomar os seus porres.
Ele riu e deu de ombros.
— E a empresa, vai como? — Ela engoliu a seco, ela sabia que se contasse a verdadeira situação de sua empresa era arriscado seu avô partir dessa para outra o mais rápido possível, e isso a preocupava, ele era somente o seu único porto seguro, fonte de toda essa força que ela demonstrava.
— Ótima, melhor impossível...vem cá você não está atrasado para o seu Bingo? — Ele arqueou suas sobrancelhas em sinal de desconfiança, porém ela forçou seu melhor sorriso.
— É tem razão, qualquer dia desses eu vou fazer uma visita lá.
Isso a alarmou, se Makarov visse aquela bagunça com certeza seu coração não resistiria.
— Como quiser, mas…me avise primeiro. — Pediu forçando outro sorriso.
Ele levantou suas sobrancelhas e por um momento ela pensou que ele a questionaria do porquê do nervosismo, mas ao invés disso ela abriu um sorriso triste, os ombros caíram em sinal de derrota.
— Tem razão...aquela empresa não é mais minha...bem acho melhor eu ir.
Em seguida ele deu as costas e foi caminhado.
— Vovô espera. — Pediu prendendo o choro na garganta.
Já em frente a porta da saída ele se virou e olhou para ela com um sorriso afável.
— Eu confio em você, sei que fara um belo e competente trabalho, afinal você é meu maior orgulho Erza. — Isso a tocou fundo, assim que a porta se fechou ela colocou as mãos no peito e depois olhou para o trabalho em cima do sofá. Respirou fundo e decidiu voltar ao trabalho, afinal tinha uma empresa para salvar.
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Lucy olhava para o sapato estendido com o coração na mão.
— Natsu. — Tomou folego. — Nós vamos ter um bebê e parabéns... você conseguiu estragar toda a surpresa que eu planejei aos 16 anos e.…Natsu você está bem?
Ele estava branco, o ar se esvaiu e de repente a visão ficou turva, desnorteado puxou uma cadeira e se jogou nela com os olhos ainda fixos no par de sapatos a sua frente, como podia um objeto tão pequeno desses ser tão assustador. Sentiu um ser peludo se esfregando em suas pernas e assim que olhou para baixo viu que era Happy, o gato de estimação deles.
— Natsu você está bem? — Lucy já estava preocupada.
Ele ergueu sua cabeça, mas olhou direto para a barriga dela, ainda lisa e depois observou o rosto angustiado dela.
— Quando....isso aconteceu?
Ela ficou em silencio, refletindo.
— Na nossa última viagem, parece que os duendes deram sorte. — Sorriu.
Ele soltou o ar pela boca e se arrumando na cadeira gesticulou para ela se sentar em seu colo, e receosa ela obedeceu.
— Olha Natsu, eu sei que errei em não ter tomado a pílula, mas a nossa bagagem foi despachada lembra, e elas estavam lá dentro agora é...
Ela foi calada por um beijo.
— Lucy! — Chamou colando a sua testa na dela. — Isso não é um erro...foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, na nossa vida. — Ela segurou o rosto dele entre as mãos e sorriu deixando as lágrimas escorrerem. — Ah me desculpe em ter estragado a surpresa, mas você sabe como eu... — Ela colocou os dedos no lábio dele e olhou para o micro-ondas aberto e esfumaçado.
— Não, na verdade a culpa é minha, devia ter sido mais...criativa.
Ele riu e depois olhou sugestivamente para as panelas.
— Quer comer? — Lucy perguntou divertida, e em resposta ele assentiu avidamente. Esse assunto definitivamente havia ampliado seu apetite.
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Com os saltos deslizando pelo piso ignorou aquela bagunça da recepção, e para não cometer um assassinato em massa, resolveu seguir para o elevador, apertou o botão prata e as grades portas de metal logo se fecharam subindo até o térreo. Assim que saiu arrumando seu vestido executivo preto equilibrou a pasta que segurava e assim que deu o primeiro passo para sair ouviu uma voz conhecida.
— Erza! — Virou sua cabeça e deu de cara com cana, sentada em sua mesa com o celular em mãos enquanto mascando um chiclete.
— Oi. — em seguida se aproximou da mesa dela. — E aí? Como vai.
Ela estourou uma bolha cor de rosa e sorriu.
— Bem. — em seguida digitou algo em seu celular.
— O que você está fazendo. — Erza perguntou com os olhos fixos no celular dela.
— Conversando no Tinder. — Respondeu em uma naturalidade que a deixou abismada.
— Você não devia estar trabalhando? — Ela olhou entediada para Erza.
— Ninguém trabalha aqui nessa empresa Erza.
— Como?!
— Erza, desde que o senhor Silver, pai daquele idiota do Gray, passou a presidência para ele isso aqui virou uma bagunça. Antes aqui era administrado com mãos de ferro, agora. — soltou um riso estrangulado. — Gray fica o dia inteiro enfurnado naquela sala, tem vez que nem dorme na casa. E também desde que assumiu apenas umas três vezes ele saiu para ver o que estava acontecendo no andar de baixo. — Ela digeriu tudo em silencio e depois de bufar deu as costas e foi sedenta para a sala dele, com certeza, acabaria com a raça dele hoje.
— GRAY! Como você... — Suas palavras sumiram assim que o viu sem a camisa, o abdômen malhado fazia um contraste perfeito com a palidez, apertou as articulações dos dedos contra a pasta e em seguida subiu seus olhos até ao rosto amassado que evidenciava claramente as olheiras de uma noite mal dormida.
— Não sabe bater na porta senhorita Scarlet? — Esbravejou enquanto procurava sua camisa, e se perguntava mentalmente porque diabos ela decidiu vir trabalhar de vestido hoje?
— Eu... — ela se virou para fechar a porta, e piscando algumas vezes se virou de novo para observa-lo. — Quero dizer...por que o senhor está sem camisa? Por acaso não sabe que aqui é o seu ambiente de trabalho? — Em resposta ele revirou seus olhos e pegou a camisa estendida em cima do braço do sofá onde tinha passado a noite.
— Acho que isso não lhe diz respeito. — Murmurou a colocando, definitivamente detestava as manhãs, seu humor que já não era bom caia gradativamente ainda mais.
Ela respirou fundo e foi caminhando até parar em frente à mesa onde jogou sua pasta com certa violência e começou a abri-la até tirar uns papeis lá de dentro.
— O que é isso? — Apontou com seu queixo se aproximando curioso enquanto abotoava com certa dificuldade os botões de sua camisa.
— Não sabe ler? — em seguida ela estendeu os papeis que com certa violência ele tomou das mãos dela e começou a ler.
— Plano de Negócios? Reestruturação da empresa...O que significa isso senhorita Scarlet. — Indagou confuso enquanto folheava aqueles papeis de modo exasperado.
Ela abriu um largo sorriso que ele julgou altamente petulante e depois respondeu.
— Isso senhor Fullbuster é a sua salvação….
Continua....
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