História Dangerously - Yoonseok/sope - Não acredito...

Nós chegamos no hotel onde ficaríamos, como ele era perto do aeroporto não demorou muito a chegar. Nós descemos do carro e um manobrista vem para o levar até o estacionamento, meu pai então se vira na direção do prédio mas eu vou para o sentido contrário.

Min: aonde você vai ?

Yg: dar uma volta...

Min: dar uma volta ?!

Yg: sim...tem lugares que eu quero rever...

Min: ah sim, okay então... Só não volte tarde, sei que você deve ter muitos lugares pra visitar mas não demore muito

Yg: ...Tá bom...

Na verdade eu não tinha tantos lugares para ver, minha infância não foi do tipo cheia de lugares para passear, com muitos amigos para brincar. Eu na verdade era muito caseiro, pra não dizer que eu era um anti-social sem vida. Mas mesmo assim eu tinha lugares para ver, três para ser mais exato, sei que são poucos mas foram os únicos que me marcaram de verdade.

Eu ando por algumas ruas, inclusive fico muito surpreso por lembrar de todas, e em alguns minutos me encontro em frente minha antiga casa. Não demora muito para eu me sentir tomado por uma maré de emoções, eu me sentia muito feliz por estar ali, me fez lembrar de minha mãe.

 "- levanta Yoongi, já são 8:16 da manhã, você vai se atrasar pro colégio... 

 - só mais cinco anos mãe... 

 - mas Suga, daqui a cinco anos não poderemos comemorar ! 

 - para de me chamar assim por quê eu não gosto... E comemorar o que ?! 

 - teu aniversário bobinho... Não acredito que você esqueceu 

 - ah tá... Só isso ?! 

 - só isso nada, é seu aniversário, mais um ano de vida... "

Como eu gostaria de ainda ter ela aqui... Como eu poderia imaginar que aquele realmente seria meu último aniversário com ela ?!

Nesse momento acabo me lembrando de quando eu soube que ela foi atropelada.

"- olha... Sua mãe acabou de fazer uma entrada aqui no hospital, ela foi atropelada, não há nenhum responsável por perto pra poder vir até aqui ? 

- minha mãe o que ?! 

- ela foi atropelada... "

Eu estava perdido em meus pensamentos, quando de repente sinto um forte tapa na minha cabeça, eu dou um pulo e olho para trás assustado, parado atrás de mim vejo um senhorzinho com uma cara bem emburrada.

- MAS VOCÊ JA VOLT... ah não...

Yg: Ai !

- oh... Desculpe... Achei que fosse outra pessoa...

Yg: ... E é assim que você cumprimenta um conhecido ?!

- ah não... Não, não... Ele não é um conhecido meu... É só um moleque que vem todo dia e fica desse jeito aí, parado olhando pra minha casa... Hoje mesmo ele já estava aí, achei que você fosse ele de novo...

Yg: não... Eu só estava dando uma olhadinha na casa dá minha infância

- ah, você é o antigo dono da casa ?! Eu devia ter imaginado... O moleque que vem aqui sempre, é mais alto e tem cabelo laranja

Yg: mas por que ele faz isso ?

- porque ele é louco ! Esses jovens de hoje estão cada vez piores ! Culpa dessa internet que está corroendo o cérebro de vocês... Agora saia dá frente dá minha casa, ela não é mais sua... Saia logo antes que eu me irritei com você também

Eu resolvo sair dali antes que o senhor se irritasse mais e me jogasse um balde de água fria na cabeça, o que não seria muito bom já que o clima já estava bem frio. Após andar alguns quarteirões finalmente chego no segundo lugar que eu queria, minha antiga escola. O prédio estava muito diferente do que eu me lembrava, as paredes estavam todas rachadas e mofadas, o mato encobria quase tudo e as janelas estavam quebradas ou trincadas, combinando tudo ali com a neve e o céu cinzento, dava um cenário perfeito para um filme de terror.

Eu caminho até as grades que separavam a escola dá rua e vejo que o portão está fechado com uma corrente, porém sem o cadeado. Eu tiro a corrente e abro o portão facilmente, o mesmo se abre ruidosamente, a passos cautelosos eu entro e vou a caminho da porta, então vejo minha mente ser tomada por lembranças. Lembro-me de quando chegava e era recebido pelas crianças irritantes e histéricas correndo de um lado pro outro, naquela época eu odiava, mas agora relembrando isso, percebi que até me fazia falta. Eu vou na direção dá porta e entro no prédio, ao fazer isso, me vejo em um corredor parcialmente escuro, iluminado apenas pela luz prata do céu lá fora que entrava pela janela, as portas estavam todas fechadas e o local parecia ter sido abandonado a anos. Mesmo naquele local esquecido pelo tempo, eu consigo imaginar como ele era quando funcionava e novas lembranças voltam a invadir minha mente. Eu começo a ver crianças correndo a minha volta, apressadas para irem para o pátio e aproveitar o recreio, quando todas elas se dispersam, noto que dois meninos ainda estavam parados no meio do corredor vazio, um, um pouco mais alto que o outro, eles então iniciam uma conversa.

"- tá desamarrado

- que ? 

- seu tênis... Tá desamarrado...

- ah... Eu não sei amarrar

- que ?

- eu não sei amarrar

- quantos anos você tem ? 

- fiz seis a pouco tempo... você pode amarrar pra mim hyung ? 

- hyung ??... Olha...Eu não vou amarrar seu tênis... Como um garoto de seis anos não sabe amarrar o próprio tênis ?! 

- amarra aí ... Por favor 

- hobi, onde você tava ?!... Te procurei em todo lugar !... Seu tenis tá desamarrado... deixa que eu amarro pra você...

- eu tava falando com meu novo amigo

- amigo ?? 

- oh, você é amigo do hobi ?? Então é meu amigo também... Quer vir comer com a gente ?? 

- Quero..."

Não consigo conter um sorriso ao lembrar disso, a primeira vez que eu e o Hoseok conversamos, a primeira vez que eu tive contato com a pessoa que faria minha vida mais feliz em tão pouco tempo, apenas pelo fato daquele involuntário "sim" ser dito.

Yg: ah... Como aquele idiota faz falta...

Eu continuo andando pelo colégio abandonado sentindo a nostalgia invadir meu corpo a cada sala, quando de repente ouço uma porta do local se fechar, não vou mentir, meu corpo todo estremeceu, mas concluo que devia ter sido apenas o vento e me viro pra continuar andando, então novamente ouço um barulho, mas dessa vez era um grito bem agudo e depois passos como de alguém correndo. Por um segundo pensei em sair dali o mais rápido possível, mas então criei coragem e falei pra mim mesmo.

Yg: qual é Yoongi... Fantasmas não existem, do que é que você tá com medo ?!

Eu então vou na direção do grito e os passos ficam mais altos, ao abrir a porta que dava acesso ao pátio ouço dois baques, como se alguém tivesse batido na porta e depois no chão. Lentamente eu olho atrás porta e quem eu vejo me deixa perplexo.

Yg: Ji-a ?!

Ji-a: ... Yoongi ! - ela se levanta num salto - ainda bem que você chegou... Eu encontrei uma aranha gigantesca lá trás, tive de sair correndo pra salvar minha vida !

Yg: o que você tá fazendo aqui ?!

Ji-a: vim te fazer companhia...

Yg: porra garota... Até aqui você veio me encher o saco ?!

Ji-a: eu vou te seguir até você me amar !

Yg: vai morrer me seguindo então...

Ela não me responde nada, apenas faz um bico e cruza os braços, eu viro as costas e resolvo ir embora a passos largos.

Ji-a: Yoongi ! C-Calma... Me espera docinho... Uii - ela diz tentando me alcançar enquanto tropeça em escombros das partes caídas das paredes e do teto - aonde você tá indo ?

Yg: tenho mais um lugar pra visitar...

Após mais uma breve caminhada, e dessa vez com Ji-a reclamando de cansaço a cada dez segundos, finalmente eu chego na antiga casa que eu lembro ser de Taehyung e de Hoseok. Após olha-la por alguns segundos resolvo ir até a porta e bater, não demora muito e uma mulher atende. Era a mãe de Taehyung, com algumas marcas de expressões novas e alguns fios grisalhos que ela antes não tinha, mas ainda era possível reconhece-la.

- oh... posso ajuda-los ? - ela diz em meio a um sorriso

Yg: ah... Eu só vim fazer uma visitinha

- visitinha ? - ela parece confusa e eu acabo sorrindo - ... Espera, eu já vi esse sorriso...

Yg: sim... mas faz bastante tempo

- ... - ela parece fazer esforço para lembrar - ... Min Yoongi ?!

Yg: eu mesmo...

- meu Deus ! Como você cresceu !

Yg: é...

- e você é...

Ji-a: Park Ji-a, futura esposa do Yoongi

- oh, sério ?!

Yg: não ! Ela só é uma garota iludida

- ah... Entendi... - ela diz rindo parecendo compreender a situação - vamos entrar, é melhor conversar lá dentro do que aqui nesse frio.

Yg: tá bom

Nós entramos e vamos até a sala, ela estava do mesmo jeito que eu me lembrava, o mesmo papel de parede, a mesma mobília, a única coisa que mudava eram os porta retratos, além de fotos de Taehyung e Hoseok pequenos, também haviam foto deles do tempo de ensino médio e as mais recentes dá faculdade, não consigo deixar de sentir uma pontada de ciúmes ao ver o Hoseok feliz em todas as fotos e eu não ter participado disso.

- como vai a faculdade ? Muito difícil ?

Yg: nem tanto... Um pouco mais difícil do que eu imaginei, mas eu sou um aluno de notas boas...

- ah sim, o Taehyung vive dando dor de cabeça com notas, já o Hoseok é um amor

Ao ouvir ela dizer o nome dele fico sem saber como agir.

Yg: é...

- vocês se reencontraram na faculdade ?

Yg: ...Sim, ele não te contou ?

- não... Ele vive ocupado, são raros os momentos em que conversamos, e quando conversamos é coisa rápida, não sei muito sobre o que acontece na vida daquele menino, o único que conversa bastante comigo é o Tae

Yg: ah... - será que ela realmente não sabe de nada, nem mesmo que Hoseok está desaparecido ?...

- mas no natal eu pretendo ir para Seul visitar eles, você poderia ir passar o natal com a gente, todo mundo junto seria legal...

Eu não estava acreditando, ela realmente não sabia ? Nem que Hoseok estava desaparecido ou que o Taehyung tinha ido embora de Seul ? Se ela e Taehyung sempre conversavam, como ela não sabia de nada ?!

Yg: claro... Seria legal... - digo tentando dispersar meus pensamentos - eu só tenho que falar com meu pai

- ah é verdade... Você foi morar com seu pai... Como ele é ?

Yg: ele muito legal, no começo eu fiquei receoso, mas depois vi que ele era uma ótima pessoa

- que bom ! Acho que o Hoseok vai gostar dele... Meu filho merece um descanso por estudar tanto

Ji-a: ...Pera aí... Você é a mãe do Hoseok ?

- sim... Por que ?

Ji-a: mas ele não...

Yg: sim Ji-a, ele é adotado... - digo a cortando, se a mãe deles ainda não sabia, não cabia a mim lhe dar essa notícia- ...Mas ela o considera como um filho de sangue... Desculpe, ela vive se atrapalhando nesse assunto...

- tudo bem, mas é exatamente como o Yoongi disse, ele é como um filho de sangue pra mim !

Ji-a: ... - ela fica calada tentando entender a nova informação, e lembrar quando foi que ela se atrapalhou antes com isso.

Após conversarmos um pouco decido ir embora. Como já havia escurecido deixei Ji-a onde ela estava hospedada, tá certo que ela era chata, mas ainda era uma garota, se ela andasse sozinha a esse horário e algo lhe acontecesse eu me sentiria culpado. Depois de deixa-la, continuo caminhando para o meu hotel, já que não era tão longe. Enquanto andava distraidamente olho de relance para o ônibus que acabará de parar do lado onde estou na calçada, ao correr os olhos pelo vidro vejo um passageiro que faz meu coração disparar e eu fico paralisado, sem saber como agir. Parado diante de meus olhos estava quem eu menos esperaria ver tão cedo, era Hoseok.