Fazia algum tempo que estava naquele avião. Sai da Itália, para ir a Los Angeles, ir morar na casa de minha tia avó (ou apenas tia, como ela preferia). Mas para que se mudar para a casa da tia Constance? Infelizmente, eu fiquei órfã, e quando ela ficou sabendo disso, me convidou para a sua casa.
Mudaria a minha vida por completo por causa disso. Meus amigos... Está bem, não eram tantos assim.
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Tive que me virar sozinha, achar taxi, ir para lá e para cá e achar a casa. Achei a casa, depois de algumas horas. Entrei devagar, a porta estava aberta.
- Quem está aí? – veio uma voz de dentro da casa.
- Sou eu tia, cheguei. – respondi.
- Nicolletta, já chegou minha querida? Entre. Vou te mostrar seu quarto, já vou sair. Então fique à vontade, a casa é sua. – Foi mostrando a casa, tinha um quarto a mais sendo ocupado, mas nem parei para ver. – Pronto, aqui está. Volto daqui a mais ou menos uma hora.
- Está bem, obrigada tia. – ela saiu, e fui em direção ao meu quarto. Comecei a desmanchar minha mala.
Quando estava tirando uma blusa, caiu uma foto no qual estava minha mãe, meu pai e eu, depois de sairmos de uma daquelas “festinhas de negócios”. Nós duas estávamos vestidas a rigor, de vestido comprido. Apesar de eu sempre parecer um pouco patricinha, na escola eu era considerada apenas a nerd.
Troquei a minha roupa e coloquei apenas um moletom cinza com um desenho de panda, uma legging, e um tênis. Percebi que ficaria entediada o resto da tarde, então resolveu conhecer a vizinhança.
(...)
Aquele lugar era muito quieto, pelo jeito não tinha ninguém da minha idade. Apenas algo tinha me chamado a atenção, uma casa vizinha da minha tia, que estava à venda. Mesmo estando vazia, parecia muito arrumada. Existe aquele ditado: a curiosidade matou o gato. Se fosse verdade, estaria morta.
A porta da frente não estava aberta, então fui ver os fundos, lá estava aberto. A casa, como previa, estava vazia. Era muito bonita. Os meus passos era o único barulho que escutava.
- O que você está fazendo aqui? – veio uma voz do nada, era uma garota. Tomei um susto.
- Oh... Desculpe-me, pensei que a casa tivesse vazia.
- Por que você veio aqui?
- Minha tia Constance saiu, e como cheguei hoje, resolvi conhecer o bairro.
- Quem é você?
- Nicolletta, sobrinha neta da sua vizinha, e você?
- Violet, mais uma coisa, não recomendo andar por esta casa sozinha. Existem muitas lendas sobre ela. – Analisei a menina, já tinha visto seu rosto em algum lugar.
- Você não é da família que morou aqui? Desculpa, pesquisei muito antes de vir aqui.
- Sim, mas você não acreditaria em nada...
- O que? Eu sei que quase toda a sua família morreu aqui.
Ouvi sons de passos na escada, era uma mulher. Também a reconheci, era a mãe da garota. Mas... Ela tinha morrido, eu tinha visto as fotos.
- Violet? Olá, quem é você?
- Não era para você estar a sete palmos do chão? – perguntei.
- O que?
- Não era para você estar morta? – traduzi.
Ouvi as duas cochichando sobre mim.
- Tanto faz pelo jeito ela já sabe. Bem vinda à casa dos mortos, porque é o que só tem aqui. – Ela disse com tanta naturalidade, que deu arrepio.
- Então acho melhor eu ir, Constance deve estar achando estranho o meu sumiço. Tchau! – Saí pelo mesmo lugar que saí, vi que ela tinha chegado. Dei a volta na casa, dava para subir pelo lado de fora para o meu quarto. Consegui facilmente: balé e ginástica desde muito pequena.
Ouvi-a conversando com alguém lá embaixo, pensei em algo para fingir que estava fazendo alguma coisa enquanto estava fora. Vi minha sapatilha, não a de ponta, calcei-a rapidamente, coloquei qualquer música (aleatório do celular ajuda muito às vezes). Coloquei baixinho, assim dava para saber quando estava vindo.
Ouvi as vozes conversando.
“Não faça nada para ela, Brian, é a unia coisa que te peço.”
“Está bem, tentarei, mas se ela...”
“Ela parece até um anjo, muito educada e até doce. Por favor, eu estou te avisando.”
“Okay. Não precisa falar mais nada, vou buscá-la para fazer amizades.” Esta última frase falou com tanto desprezo.
Aumentei um pouco o volume do celular, e comecei a dançar os primeiros passos que vinha na cabeça. Quando a porta se abriu quase ai de susto, um menino da minha idade, loiro, estava na porta. Ele me segurou, evitando eu cair.
- Wow! Calma, olha por onde anda. – disse.
- Desculpa.
- Você quase acabou de cair, e pede desculpa para mim? Engraçado. Eu sou Brian, e você deve ser a...?
- Nicolletta. Ah... Já estou descendo, se quiser pode ir indo na frente.
- Então está bem. – disse e fechou a porta com tudo, tirei a sapatilha e coloquei o tênis. Desci correndo até a sala, a porta estava fechada.
- Com licença, posso entrar tia?
- Claro.
- Obrigada. – disse.
- Então está aí você, Nicolletta. Posso chamar de Nickie, é muito comprido. – disse Brian sem tirar seus olhos de mim em nenhum segundo, sério isso estava ficando estranho.
- Claro.
- Eu já consegui matricular você em uma escola, - disse minha tia – na mesma que a dele. Pelo o que eu vi, não tem nenhuma complicação com a escola. Então começa amanhã, se prepare.
- Traduzindo, prepare-se para os retardados, ou como se chamam, populares. É apenas um bando de idiotas de qualquer jeito. – disse Brian. Dei uma risada, um pouco baixa, que senão parecia uma foca sendo eletrocutada. – Oh... Então não sou só eu que acho isto.
- Infelizmente toda escola tem um grupinho de babacas. – disse, mas logo me lembrei da minha mãe, repreendendo-me por falar isto.
- Pelo jeito existe alguém que percebeu que aquelas pessoas não prestam.
- Infelizmente tenho que concordar, a maioria vão atrás deles como um cachorrinho. Dá nojo.
- Eu acho que está na hora dos dois irem para a cama, e pararem de falar sobre babacas vão.
Obedeci e logo levantei, vi que Brian não fez o mesmo, só o fez quando percebeu que eu estava indo. Subi as escadas rapidamente, quando cheguei ao corredor ele me parou.
- Tão certinha assim?
- Desculpa, se eu não fizesse o que meus pais mandavam... Nem me lembre. Então acostumei.
- Então, até amanhã. – deu um sorriso de lado e entrou em seu quarto. Continuei a andar em direção ao meu.
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