História Danse Macabre - Sumiço

    Acordei com o despertador do celular. Olhei ao meu redor, Brian não estava esperando para me acordar ou algo assim, estava mal acostumada. Troquei de roupa e desci. A casa estava silenciosa.
    Desci as escadas, apenas ouvia meus passos. Vi tia Constance sentada na cozinha, encarando o vazio.
    - Bom dia tia!
    - Bom dia querida. Sabe onde está o Brian?
    - A última vez que eu o vi foi ontem de noite. E eu ia perguntar o mesmo.
    - O que o meu garoto vai aprontar? - ela resmungou para si mesma. - Acordou tarde Nicolletta, por quê?
    - Desculpa, acostumei com Brian me acordando e... Apaguei alguns alarmes do meu celular.
    - Claro. - Disse ao tragar um pouco de seu cigarro. Continuou a olhar para o vazio.
    Muitos minutos se passaram nesse silêncio. Pelo jeito o tal sumiço de Brian não era novidade, mas mesmo assim ainda preocuava sua avó.
    - Ah... Uma pessoa tw ligou. Esqueci o nome, sei que ele precisa falar com você urgentemente. Acho que é Ra...
    - Rafael? - Perguntei. Ele era o advogado da família.
     - Isso!
     - Obrigada por avisar. - Me preparei para sair da mesa e ir até meu quarto, precisava ligar para ele. - Com licença.
    Subi as escadas vagarosamente. Fui até meu quarto, o meu celular estava em cima da cama. Peguei e disquei o número.
    "Alô?"
    "Alô, aqui é Rafael Mancini, quem fala?"
    "Sou eu, Nicolletta."
    "Oi Nicolletta, como vai? Tenho algo urgente para te falar."
    "O que seria?"
    "Amanhã eu vou viajar até aí, onde você está, para os papéis da herança."
    "Entendo. Apenas isso?"
    "Não sei se é uma notícia muito boa para você, senhorita, mas Giuseppe vai ir também."
    Fiquei calada por um tempo.
    "Está bem. "
    "Se a senhorita quiser, eu falo para ele que..."
    "Não precisa."
    "Então está combinado, até amanhã."
    "Tchau, até amanhã."
    Ótimo, amanhã eu estaria completamente ferrada.
    Mesmo preocupada com isso, eu estava mais preocupada com Brian. O que será que ele estava fazendo?
(...)
    O dia já tinha virado noite faz tempo, e nada do Brian. Tia Constance já tinha ido dormir até. Estava olhando pela janela de meu quarto. Vi um vulto passar correndo e ir em direção a minha janela.
    Ele começou a escalar a parede, assim como fiz no primeiro dia.
    - Oi. - Era Brian, ele estava passando pela janela. E rapidamente estava em frente a mim, e no chão.
    - Por que você sumiu? - Falei um pouco irritada.
    - Assim que me recebe? Nem um boa noite. - Dise ironicamente.
    - Desculpa, eu estava preocupada com você Brian. - Minha voz tinha saído um pouco chorosa. Ao falar isto, coloquei minha mão direita sobre seu peito.
    Ele passou a mão em meu rosto, acariciando-me.
    - É tão fofo esse seu jeito. Pedir desculpa por sentir minha falta, só você mesmo. - Fiquei vermelha, mas acho que ele não percebeu, nós estávamos no escuro. Desci a mão de seu peito até sua cintura, até tirá-la de seu corpo, quando senti algo molhado em sua camiseta.
    Corri até o interruptor, e acendi a luz. Voltei até ele, e olhei para onde senti. A camiseta estava manchada com um vermelho escuro.
    - Seja sincero Brian. O que você fez?
    - Como assim? - Ele perguntou com uma expressão de dúvida.
    - Eu sei do que é essa mancha Brian! Por favor, não faça que eu perca a confiança em você.
    - Se você confia em mim, e sabe o que é isto,  não pergunte mais nada. - Disse com uma cara de coitado, e colocou seu dedo sobre meus lábios, pedindo silêncio.
    Eu apenas assenti. Não dava para dizer não para ele. Brian colocou a mão em minha cintura, puxando-me para si. Senti sua respiração, o movimento de seu peito. Meu coração acelerou. Ele foi ficando cada vez mais próximos. Ele me olhou em meus olhos de um jeito diferente, passava desejo. Senti seus lábios nos meus, e foi conduzindo um beijo calmo que foi passando para algo mais quente...
    Afastei-o um pouco, pausando nosso beijo. Olhei em seus olhos.
     - Desculpa Brian, eu não posso. - Falei, mas o meu subconsciente falava outra coisa. Olhei para o meu dedo anular.
    - Se você não gosta de mim, é só falar. - Ele disse com um pouco de raiva e indignação.
     - Não é isso Brian. - Eu disse passando a mão em seu rosto. - Eu... - Sinceramente, os meus sentimentos com Brian eram confusos, nunca tinha sentido aquilo. - Não sei o que estou sentindo, é novo para mim, e tem outra coisa...
    - O quê?
    - Amanhã eu te conto...
    - Eu confio em você Nickie. - Disse e foi até a porta. - E... Amanhã não vamos ter aula.
    - Como assim? - Perguntei, mas ele já tinha ido embora.