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História Dar-se Uma Chance - Atração (Parte 6 de 9)


Escrita por: KiiinN

Notas do Autor


Reestruturação dedicada à fran_silva.

Capítulo 6 - Atração (Parte 6 de 9)


Atração – Parte 6/9

 

Entusiasmo (substantivo masculino):
1. Ato ou efeito de entusiasmar (-se);
2. Estado de comoção profunda daqueles que, por inspiração divina, tinham o dom de profecia na Antiguidade;
3. Estado de exaltação criadora;
4. Vigor natural ou místico que leva à criação;
5. Exaltação da alma que inspira o artista;
6. Expressão profunda do sentimento de admiração, amor e paixão;
7. Sentimento de veemência expressada na fala e na escrita;
8. Dedicação ardorosa;
9. Sensação de prazer diante de algo extraordinário;
10. Grande contentamento; júbilo.

 

Sasuke encarou a própria aparência com desgosto. Ele já tinha revirado todo o guarda-roupa e a mala que trouxera, arriscara-se até se aventurar no quarto do irmão mais velho para procurar algo que lhe agradasse, mas parecia que nada ficava bom o bastante, o que o deixava ainda mais nervoso e irritado. Alisando a camiseta preta de algodão simples, para minimizar as rugas imaginárias, ele deu uma última olhada no espelho e decidiu ficar assim mesmo; recusava-se a se trocar de novo.

Com um grunhido de impaciência, pegou a jaqueta de couro que descansava em cima da cama e saiu do quarto para se distrair da ansiedade. Normalmente, ele não era tão paranoico com o que vestia, mas o Uchiha estava apreensivo e, de repente, ele sentiu a necessidade de agradar alguém além de si mesmo. Caminhou pelo corredor amplo do segundo andar da mansão onde seus pais viviam e desceu as escadas que levavam ao térreo.

Ele se sentou no sofá da sala, esperando por certo loiro aparecer, e tamborilou os dedos no braço do estofado, entediado e inquieto.

Uma semana se passou desde que se conheceram e, desde então, os dois se falavam quase diariamente por ligações e mensagens no Line. Nenhum deles tinha muito tempo disponível, devido às aulas da faculdade e as horas de trabalho durante o resto do dia, mas sempre que havia uma pausa, eles conversavam para saber mais sobre o outro. Sasuke se surpreendia com a maneira como eles podiam falar tanto, principalmente porque ele mesmo não era realmente muito comunicativo.

Muitas vezes, Naruto falava pelo Uchiha e, mesmo assim, ele não se afetava. Achava até divertido como o rapaz podia tagarelar tanto e sem parar sobre qualquer assunto. O homem podia até ser um pouco idiota, mas ele era muito inteligente quando se tratava de assuntos sérios e, por mais que fosse duro admitir, muito mais maduro também.

Admirava-o também, a forma como eles se davam bem – claro que, por vezes, os dois discutiam por motivos fúteis, mas o fato, ao invés de irritá-lo, instigava-o – e como o relacionamento não definido estava caminhando tranquilamente. Houve um entendimento mudo e mútuo sobre não apressar as coisas, uma vez que ambos tinham acabado de sair de namoros longos. Eles estavam bem e dispostos a passar um tempo curtindo, se conhecendo e descobrindo o máximo que podiam.

E melhor, o Uzumaki continuava receptivo. No começo, Sasuke ficou receoso de que o loiro, por fim, decidisse que não dariam certo. Ambos estavam ciente de que o relacionamento recente e inusitado trazia muitas inseguranças, afinal, não é todo dia que uma pessoa decide se envolver com alguém do mesmo sexo. Contudo, Naruto era tão natural com tudo, que parecia estar habituado – e essa espontaneidade o relaxava também. Sentia-se à vontade como jamais se sentiu com outros, senão sua família, Karin e Juugo.

- Aonde você vai tão cheiroso e bonito desse jeito, Sasuke-chan? – ouviu a voz da sua mãe perguntar suavemente.

Olhando por cima do ombro, ele encontrou os olhos negros de Mikoto Uchiha o encarando com curiosidade.

- Sair com um amigo. – deu de ombros, fingindo indiferença e se sentindo levemente agitado com o sorriso conspiratório nos lábios da mulher.

- Amigo? – ela se sentou no sofá à frente, cruzando as pernas elegantemente.

Ela usava um tubinho amarelo pastel e sapatilhas de couro caramelo nos pés delicados e pequenos. Mesmo no descanso particular de sua casa, a matriarca Uchiha estava arrumada.

- Hn. – a sobrancelha se contraiu em irritação pela provocação flagrante no tom aparentemente delicado.

- Oh... Eu vejo... – Mikoto sorriu misteriosamente. – E me conte, qual é o nome do seu amigo, Sasuke-chan?

- Naruto Uzumaki. – cruzou os braços com um beicinho.

Sasuke nunca conseguia ignorar a mãe, mesmo que ela estivesse tirando sarro dele descaradamente. Ele odiava quando a mulher usava aquele sufixo familiar e infantil. Fora o timbre dissimulado e divertido às suas custas.

- Uzumaki? Filho de Minato e Kushina? – interesse indisfarçado escorreu pela voz aveludada.

A pergunta atraiu a atenção do mais novo.

- Você o conhece?

- Não. – ela riu baixinho. – Mas, se for quem eu estou pensando, conheço os pais dele. – pausa. – São boas pessoas, fico contente que estejam interagindo. – tentou segurar o sorriso satírico, mas não conseguiu. – E ele é bonitão?

- Mãe! – Sasuke exclamou repreensivo, desviando o olhar envergonhado.

- Eu só quero saber! – ergueu as mãos num falso pedido de desculpas.

A conversa foi interrompida por uma das assistentes da mansão, que entrou na sala para anunciar a chegada de uma visita.

 

(***)

 

- Com licença.

Naruto entrou e olhou em volta do hall da mansão com curiosidade. O cômodo era imaculadamente claro, com pisos brilhantes de mármore marfim. Na parede esquerda, havia um grande armário embutido para colocar casacos e sapatos. O espaço possuía uma grande quantidade de plantas, estátuas pequenas de gesso e quadros com pinturas abstratas para dar vida ao ambiente. Ocidental demais para uma família que parecia transpirar tradição e luxuoso demais para alguém tão simplista como o Uzumaki.

- Você quer que eu guarde a sua jaqueta? – perguntou a mulher, abaixando a cabeça corada e sem o olhar diretamente nos olhos.

- Ah... – estava tão distraído que as palavras dela demoraram a se registrar em seu cérebro. – Não, obrigado! Eu só vim buscar o Sasuke e já estamos de saída.

- Só um minuto que eu irei chamá-lo, então. Com licença! – ela sorriu prestativa, fez uma reverência e saiu apressadamente.

Ele suspirou audivelmente, sentindo-se inquieto.

- Quem é você? – perguntou uma voz suave e profunda do alto da escada no lado oposto do hall de entrada.

Olhando para cima, Naruto viu um rapaz muito parecido com Sasuke, mas com os contornos do rosto mais rígidos e marcados. Apesar dos traços tensos, sua expressão era mais suave, quase simpática. O cabelo era longo e preto puro, diferente do caçulo Uchiha, que possuía um leve reflexo azulado com a luz; e a pele também era menos pálida. A única semelhança entre os dois eram a cor dos olhos escuros.

- Naruto Uzumaki, prazer em conhecê-lo. – ele disse calmamente, embora por dentro estivesse uma pilha de nervos. Nunca era fácil conhecer os familiares da pessoa com quem você está saindo. – Estou procurando pelo Sasuke. – explicou sem necessidade, mais para dizer alguma coisa e puxar conversa.

- Você é amigo dele? – orbes negros analisavam o loiro como os de um falcão.

A pergunta o pegou de surpresa. Naruto não sabia o que dizer para responder. Ele era amigo, mas também não era. “Será que a família dele sabe sobre a sua sexualidade?”, perguntou-se freneticamente, com medo de dizer alguma coisa que comprometesse o outro com sua boca grande.

- Não se preocupe, todos aqui sabem sobre o moleque. – continuou com um sorriso afetado, como se adivinhasse os pensamentos do loiro.

A conversa unilateral, deixava o Uzumaki anda mais nervoso e inseguro. Ele não conseguia adivinhar o que se passava na cabeça do homem e não fazia ideia se a expressão maliciosa era um bom ou mau sinal. Antes que pudesse responder, Sasuke apareceu com uma mulher que ele logo supôs ser a matriarca Uchiha, devido à semelhança gritante com o moreno mais novo.

- Deixe-o, Aniki¹. – o caçulo disse com a voz grave e séria.

- Vocês não vão começar a brigar na frente da visita, não é? – a única figura feminina da sala colocou as mãos na cintura com o cenho franzido. – Oh! Com certeza você é filho de Minato Namikaze, a similaridade entre pai e filho é tão óbvia. – ela deu um sorriso pequeno, abraçando o loiro em um cumprimento.

- Você conhece o meu pai? – olhou para baixo, encontrando um rosto idêntico ao de Sasuke. A mesma pele pálida, o mesmo nariz arrebitado, os lábios finos, o queixo delicado e o formato dos olhos. Olhou entre mãe e filho, comparando-os mentalmente. – Naruto Uzumaki, prazer em conhecê-la, Uchiha-san.

- Já ouvi falar de você. Pode me chamar de Mikoto! – afastou-se. – Conheço Minato, por causa da sua mãe... Nós éramos amigas na época do colégio e, depois, com o casamento e filhos, acabamos nos afastando. – torceu os lábios, formando uma careta pequena. – Diga a ela para vir com você da próxima vez, assim podemos colocar a conversa em dia!

- Você é o novo namorado do meu irmãozinho? – o mais alto deles perguntou.

- Hã...? – a pergunta o pegou desprevenido, fazendo Naruto corar e olhar em dúvida para Sasuke. Ele não sabia o que dizer ao certo.

- Cala a boca, Itachi! – uma sombra rosa tingiu as bochechas pálidas.

O caçulo Uchiha tinha certeza que seu irmão só estava tentando provocá-lo, e estava prestes a se vingar, quando foi impedido por um puxão de orelha.

- Eu não quero esse tipo de linguagem na minha casa, Sasuke-chan! – Mikoto repreendeu com severidade.

- Hn. – cruzou os braços com uma careta para não chiar de dor. Sua mãe podia ser pequena, mas tinha uma força enorme. Quem iria imaginar que o começo do seu encontro sairia assim, tão desastroso?

- Entendi... Ele não é seu namorado ainda. – o primogênito jogou, fingindo uma cara pensativa, embora, seus olhos brilhassem em diversão indisfarçada.

Sasuke teve o suficiente.

- Vamos, Naruto! – pegou o loiro pela mão e o puxou em direção à saída.

- Foi um prazer conhecê-los, Sra. Uchiha e Itachi-san! – curvou-se levemente, enquanto era arrastado para o lado de fora.

- Não acredito no meu irmão e na minha mãe, tenho certeza que estão agindo assim porque o pai não estava por perto. – resmungou. – Nem quando namorei Suigetsu, eles foram tão chatos como agora.

- Isso porque eu sou loiro, lindo e tenho incríveis olhos azuis, Sasuke-chan! – balançou as sobrancelhas sugestivamente, rindo ironicamente e enfatizando o apelido que Mikoto usara mais cedo para repreender o filho.

- Cala a boca, idiota! – brandiu, segurando a vontade de socar o engraçadinho. – Suigetsu também era loiro, bonito e tinha olhos claros. – rebateu, entrando no familiar Mustang 68 vermelho como se o carro lhe pertencesse.

- Você sabia que não se deve elogiar o ex-namorado para o atual? – zombou, sentando no banco do motorista.

- Você não é o meu atual ainda. – Sasuke delimitou com pouco caso.

Os dois trocaram um olhar cúmplice e debochado, sorriram e se aproximaram para unirem os lábios em um beijo repleto de saudade e zelo. Naruto afundou as mãos nas mechas longas de cabelo escuro, segurando o rosto de encontro ao seu para aprofundar o contato. A carícia terminou com um selinho singelo e o Uzumaki sorriu, sentindo vontade de morder a pele pálida e apertar o homem em seus braços até não poder mais.

- Nem pense nisso, dobe. – avisou; a sobrancelha erguida em advertência.

- Pensar no quê? – seu sorriso cresceu com malícia.

- Você fez esta mesma cara quando chupou o meu pescoço na outra noite. – resmungou. – A marca levou mais de três dias para sair e eu tive que aguentar perguntas e comentários maldosos das pessoas na faculdade.

- Sério? – riu sem culpa, ligando o motor do carro.

- Isso não é engraçado, usuratonkachi. – rolou os olhos. – Para onde vamos? – vasculhou o bolso da jaqueta em busca do maço de cigarros.

- Já te disse: estou te levando para comer o melhor lamén de Konoha! – toda a sua postura denotava empolgação, e a emoção era tanta que quase contagiou o Uchiha.

 

(***)

 

Naruto estacionou em frente a um restaurante simples e pequeno, quase em frente à Niigata University. O estabelecimento era tradicional e acolhedor, todo o piso e paredes eram feitos de madeira, assim como as cadeiras, mesas e o balcão de recepção. Havia chouchins² vermelhos e brancos dispostos em pontos estratégicos no teto e cortinas bordô nas janelas grandes. Por ser sábado, o ambiente só tinha alguns alunos da faculdade de medicina, que estagiavam no hospital ao lado do campus.

- Naruto! – um senhor se aproximou vagarosamente, segurando uma concha de metal grande. – Você trouxe um novo amigo, pelo que eu vejo.

- ‘jii-chan³! – abraçou o velho com carinho. – Esse é Sasuke Uchiha, um amigo.

- Prazer, Uchiha-san! – ambos apertaram as mãos.

Sasuke observou com curiosidade, a interação entre os dois. Era perceptível o carinho com que se tratavam. Internamente, ele se perguntou se ambos eram parentes, já que falavam como se conhecessem há muito tempo.

- Sentem-se, sentem-se! – o idoso comandou, empurrando-os para uma mesa perto do balcão de recepção. – Ayame! – gritou. – Venha pegar os pedidos do Naruto-chan e do amigo dele!

Uma mulher de cabelos e olhos castanhos grandes saiu correndo da cozinha para atender a ordem do pai. Ela sorriu em reconhecimento, quando viu o loiro.

- Naruto, há quanto tempo! Faz quase duas semanas que você não aparece! – ela pescou o bloco de notas no bolso do avental branco. – O que posso fazer por você e pelo seu amigo?

Sasuke olhou para o cardápio à sua frente por um tempo, indeciso sobre o que pedir. Por fim, achou melhor esperar pelo Uzumaki, para ter uma dica sobre o que era melhor e, assim, fazer o seu próprio pedido.

- Eu quero um missô⁴ lamén de carne de porco, Ayame-onee-chan⁵!

- Eu quero o mesmo que ele. – o Uchiha logo inteirou.

Ela se afastou para passar as ordens aos cozinheiros, deixando-os sozinhos. O silêncio deu oportunidade para que o moreno analisasse a aparência de Naruto por um tempo. Era impressionante como o rapaz conseguia ficar tão bem em roupas largadas e sem qualquer apego estético. Ele só usava uma camiseta de gola V branca com alguma estampa abstrata laranja, uma calça de sarja bege folgada, uma jaqueta jeans desbotada e tênis casual. O cabelo claro estava tão indomável como sempre e os olhos cerúleos brilhavam como se sorrissem.

- Você está olhando, bastardo. – cutucou a coxa do outro por debaixo da mesa.

- Hn. – desviou o olhar e pegou um dos guardanapos em cima da mesa pra se distrair, enquanto a comida não chegava.

- Sua família sabe sobre você por quanto tempo? – Naruto indagou e lhe deu um aperto suave na perna, para depois deslizar a mão pela extensão dela num afago reconfortante.

O pouco que conhecia sobre Sasuke já era o suficiente para saber o que, quando e como devia empurrar nas conversas e em que momento deveria parar. O moreno era extremamente fechado e, quando se sentia muito exposto, tinha o hábito de se retrair. O loiro tentava ler cada pormenor do homem, a fim de evitar conflitos, o que alegrava o Uchiha, porque ele não se sentia forçado a ser e/ ou agir como não era só para agradar.

O mais velho nunca se sentiu tão confortável com alguém em toda a sua vida, e, por mais que Naruto aparentasse ser bastante intrusivo, ele sabia muito bem quando devia respeitar o espaço alheio. No entanto, esse tópico em especial o deixava um tanto incomodado, era uma parte da sua vida que ele não gostava de lembrar.

- Já faz anos... – respondeu vagamente.

- E eles aceitaram normalmente? – continuou com a série de perguntas.

- Posso saber primeiro o motivo da sua curiosidade? – franziu o cenho, incerto sobre as indagações incessantes e repentinas.

- Eu só acho que terei de contar sobre mim para a minha família um dia, e eu quero ter uma ideia de como foi a reação da sua, porque não sei ao certo sobre o que esperar da minha, entende? – mordeu o lábio inferior, sentindo-se inseguro.

Era inadequado pelo teor da conversa, mas o gesto singelo e o olhar suplicante nos olhos claros fez com que Sasuke tivesse vontade tomar aquela boca para si, em um beijo de tirar o fôlego, e morder aquelas bochechas sem parar.

- Entendi... – murmurou, tentando focar o cérebro no diálogo.

- Estou com um pouco de medo de como vão reagir. E se acontecer o mesmo que aconteceu com Kiba, ou pior? ‘kaa-san⁶ e ‘tou-san⁷ são muito importantes para mim e eu não saberia lidar, caso me virassem as costas... – lambeu os lábios, enquanto pensava em como continuar. – Mas, eu também não quero e nem posso esperar muito, porque quanto mais tempo leva, mais complicado fica, querendo ou não, estarei traindo a confiança que depositam em mim. – passou os dedos na testa, numa tentativa falha de se acalmar. – Em casa, todos têm uma relação muito aberta e eu não quero acabar com isso. – puxou um punhado do próprio cabelo em frustração. – Estou tão confuso!

Sasuke estalou a língua, enquanto pensava em como ajudar.

- Calma. – murmurou, agarrando a mão que segurava os fios claros com força, para relaxar o gesto nervoso. – A minha família aceitou bem melhor do que eu achei que lidariam. – começou, acariciando o polegar na pele bronzeada. – Meu irmão é bi e sempre fez questão de deixar isso claro para quem quisesse ouvir, então, foi meio caminho andado para que a minha revelação não fosse tão surpreendente assim. – essa informação pegou o Uzumaki desprevenido. – Minha mãe é a pessoa mais compreensiva da família, ela só sorriu e disse que me apoiaria em qualquer caminho que construísse a minha felicidade. – ele acenou um agradecimento para Ayame, que trouxe os pedidos, e continuou. – O meu pai foi mais complicado... Ele disse que tanto eu como Itachi o haviam decepcionado e constantemente se perguntava o que havia feito de errado na criação de ambos os filhos. Ele me deu o ombro frio por muito tempo, até que o comportamento dele melhorou com o passar dos meses.

Naruto escutava atentamente, mesmo sob a sedução do cheiro de lamén. Ele sabia que este era um desabafo importante e que Sasuke só estava contanto porque queria minimizar suas incertezas. O moreno continuou:

- Quando contei, tinha acabado de me formar na escola e estava de mudança para Nagano, por causa da faculdade. – murmurou, separando o hashi⁸ para começar a comer. – Achei que seria bom ser sincero, pela gratidão, confiança e apoio que sempre me deram ao longo da vida. – deu de ombros. – Foi a minha forma de colocar todas as cartas na mesa e esclarecer que estava certo do que eu era e do que eu queria, antes de partir para uma vida mais independente. – brincou com a comida distraidamente. – Meu pai cortou a minha pensão e eu tive que me virar para pagar o aluguel do apartamento onde moro com a Karin. Sua prima me ajudou muito, por sinal. – acrescentou com um sorriso – A nossa relação só melhorou depois que resolvi alguns problemas da empresa, porque consegui provar que, independentemente da minha sexualidade, ainda posso orgulhá-lo e ser um bom filho e profissional... – pausa. – Ele ainda não aceita, mas acho que agora entende um pouco mais. Ele nunca implicou efetivamente com Suigetsu, meu ex-namorado, mas eu sei que a relação deles não era das melhores. Fugaku é muito rigoroso. – divagou e lançou um olhar de aviso para o Uzumaki, antes de provar o macarrão.

Sasuke quase gemeu em deleite. O sabor era rico e único, não era à toa que Naruto considerava ser seu restaurante favorito.

- Deve ter sido difícil aguentar todo esse clima com o seu velho. – acariciou a coxa do outro por debaixo da mesa.

Ele deu de ombros.

- Sempre recebi um tratamento rígido do meu pai... Era comparado com o meu irmão e constantemente subestimado, mas mesmo assim era tenso aguentar o olhar acusativo e as indiretas sobre o que era correto e o que não era. – mexeu distraidamente o macarrão. – Mesmo tendo um relacionamento difícil com ele, não tornou tudo mais fácil realmente.

Os dois ficaram em um silêncio confortável enquanto comiam, refletindo sobre a conversa e as revelações que Naruto teve a respeito do Uchiha e sua família.

Sasuke ponderou se foi uma boa ideia ter contado sobre tudo para alguém que mal conhecia. Naturalmente desconfiado, seu estômago apertou com o medo irracional de ter revelado demais sobre sua vida. Ele nunca havia dito algo tão particular para alguém que não conhecesse profundamente e não demorou uma semana para que se abrisse com o Uzumaki. Parecia algum tipo de feitiço que o homem tinha sobre ele. Olhando-o comer de forma tão alheia ao mundo a sua volta, fê-lo entender que precisava fazer isso pelo loiro... Afinal, quando se abriu para a família, ele teve o apoio incondicional de Itachi e Shisui, além do tempo de digerir toda a descoberta, ao contrário do outro, que não tinha ninguém para confiar sobre o assunto, afora Karin, e tudo estava acontecendo tão rápido.

Sentindo o olhar pesado, Naruto desviou a atenção da refeição para encarar os orbes escuros. O moreno parecia perdido em pensamentos e, para acordá-lo, o Uzumaki estalou os dedos em frente ao rosto pálido.

- Um beijo pelo que está pensando. – sussurrou com um sorriso, cutucando a costela do Uchiha e o fazendo contrair o corpo em cócegas.

- Espere mais algum tempo para contar aos seus pais. Vamos ver como essa coisa entre nós anda e, se você decidir por revelar sua bissexualidade, quero estar do seu lado. – deu de ombros, aparentando descaso.

No entanto, Naruto conhecia o significado por trás da postura indiferente e ficou surpreso pela pequena demonstração de afeto. Ele não conseguiu segurar o sorriso enorme e o calor que tomou conta do seu rosto. Sem se importar com os outros clientes presentes no pequeno restaurante, o loiro enlaçou o pescoço do homem em um abraço tão repentino e apertado, que quase derrubou os dois da cadeira.

Sasuke corou violentamente e olhou freneticamente para os lados, procurando por olhares curiosos. Felizmente, não encontrou ninguém interessado na cena que se desenrolava entre o casal, fazendo-o relaxar um pouco os músculos e ser capaz de esfregar as laterais do tronco masculino com carinho. Karin havia dito que Suigetsu e Naruto eram parecidos, por serem idiotas. Em sua opinião, seu ex-namorado nada se parecia com o Uzumaki, pelo contrário. Hozuki era imaturo, gostava de fazer comentários desnecessários sobre tudo e mal sabia conversar assuntos interessantes sem parecer forçado e ignóbil. O loiro ao seu lado era completamente diferente. Possuía uma aura cativante, um sorriso contagiante e palavras sábias e amigas no momento em que você mais precisava, além, de ter um jeito de homem moleque que o encantava.

O mais novo admirava tudo o que era simples e se contentava com mínimas atitudes – qualidades que não conseguia entender ao certo, porque nunca pensou ou enxergou da mesma forma.

Naruto afundou o nariz no pescoço pálido, sentindo o familiar cheiro de frutas cítricas com o leve odor do tabaco e, antes que pudesse agradecer o gesto que o Uchiha oferecera, foram interrompidos por uma voz feminina.

- Naruto?

Reconhecendo o timbre agudo, o Uzumaki saltou de susto e se soltou do outro como se tivesse sido queimado. Olhando para trás com receio, ele pôde ver a familiar cabeleira cor-de-rosa da ex-namorada. Ela carregava um brilho curioso nos orbes verde-esmeralda e, no braço direito, um avental branco; sinal de que ela havia acabado de sair do seu turno no hospital da universidade.

- Sa-Sakura-chan? – balbuciou com os olhos arregalados de surpresa. Havia esquecido completamente que ela tinha estágio hoje.

Se o Uchiha pudesse pulverizar alguém com um raio, ele teria escolhido aquela mulher por ter interrompido o momento. Não era preciso muito para descobrir quem era a recém-chegada, Karin falou da garota vezes o suficiente para ele saber de quem se tratava. Observando a postura insegura e distante do loiro com relação a ele, só o deixou mais irritado. Ciúmes. Sasuke estreitou os olhos para a clara demonstração de afeto do homem para com a antiga companheira.

- Você não toma jeito! – ela começou com as mãos na cintura. – Sua mãe vai ficar louca, quando souber que você está jantando no Ichiraku mais uma vez... – parou o discurso, quando reparou no homem deslumbrante que acompanhava o ex-namorado. – Quem é seu amigo, Naruto?

- Sasuke Uchiha, minha ex-namorada, Sakura Haruno. – apresentou, olhando entre eles com receio indisfarçado, sem saber o que pensar sobre a situação, e evitando explicar quem era realmente Sasuke Uchiha de propósito.

- Prazer, Uchiha-san! – cumprimentou-o educadamente, lançando um olhar de soslaio para o loiro a fim de entender melhor a pose retraída tão incomum. Ela queria evitar supor as coisas sem ter certeza, mas se perguntou internamente se o Uzumaki estava com ciúme da atenção que ela pagou ao seu amigo.

Ele era atraente, mas ela também entendia que precisava respeitar os limites do término recente. Se envolver com um colega ou amigo do seu ex-namorado estava fora de questão. Naruto estava dramatizando as coisas se pensava que ela faria algo do gênero. Sua intenção nunca foi magoá-lo.

Sasuke só meneou a cabeça em reconhecimento e grunhiu, ainda observando atentamente o homem. A atitude quieta do mais novo para a mulher estava lhe coçando um nervo, porque significava que ele ainda sentia algo. Na noite em que se conheceram, o loiro só afirmou que entendia o motivo do término, mas não deixou muito claro se ainda amava Sakura. O detalhe não pareceu ser tão importante daquela vez, mas agora era, porque o moreno não queria que nada atrapalhasse a relação legal que estavam começando a construir.

- O que está fazendo aqui? – inquiriu, colocando o braço esquerdo no encosto da cadeira do Uchiha para aproximá-los casualmente.

Naruto se sentia incomodado, porque ele não estava preparado para revelar à sua ex-namorada que ele estava saindo com um cara, mas, ao mesmo tempo, ele não queria afastar Sasuke e dar a ideia errada. Ele estava nervoso e não sabia o que pensar ao certo. Era como contar aos seus pais, mas um pouco pior, porque a Haruno era como uma bomba relógio, quando contrariada, e não media suas reações. Em questão de minutos, era capaz de o Japão inteiro saber que ele tinha se assumido bissexual. Sua mãe e sua avó o massacrariam assim que ouvissem e seu pai ficaria decepcionado.

Ou ele só estava exagerando as coisas em sua cabeça.

- Se esqueceu que tenho plantão hoje? Precisava comer alguma coisa, porque estou há horas sem nada no estômago. – ela pareceu ponderar um segundo. – Posso fazer companhia para vocês dois?

Naruto não sabia como dizer “não”.

- Claro. – forçou um sorriso, segurando um suspiro frustrado.

Sua ideia de encontro estava saindo desastrosa. Juntar o atual “alguma coisa” com a ex-namorada não era algo realmente muito bom.

Sasuke estava irado. Os olhos negros se estreitaram com um brilho assassino e o Uchiha levou a mão direita – discretamente por debaixo da mesa – para o meio das pernas do loiro e apertou a protuberância com força o suficiente para deixá-lo dolorido, mas sem necessariamente machucar, como forma de retaliá-lo pela decisão errada. O loiro grunhiu e estremeceu com a dor leve e o prazer que percorreu o seu corpo. Inclinando-se, ele bateu a testa na mesa a fim de ocultar o rubor em suas bochechas.

- Algo errado, Naruto? – Sakura perguntou com preocupação, já procurando evidências médicas que pudessem dar uma dica sobre o que o homem estava passando e o vendo abanar a cabeça negativamente.

- Ele está passando por um momento muito duro, não é, Dobe? – respondeu, o sentido duplo passando despercebido pela mulher.

Ele esfregou o membro em endurecimento por cima da calça de sarja, sorrindo sadicamente para o sofrimento do loiro, que só tentava engolir o fôlego pesado, a careta instantânea que contorcia sua feição em agonia e o impulso frenético e automático do seu corpo de encontro à carícia ousada e inconveniente.

- Oh... – ela respondeu por fim, em dúvida, sem saber se ele estava realmente passando mal, se o referido “momento duro” era o término deles e Naruto estava procurando consolo com o amigo, e o que dizer e fazer ao certo para aliviar o sofrimento do loiro. – Você está com dor em algum lugar? Deixe-me examinar você! – ela ficou ainda mais preocupada, quando ele soltou um som angustiado sem querer. – Você estava bem até alguns minutos atrás, isso não é normal. Além disso, só Deus sabe o que sua avó faria comigo se eu deixasse algo acontecer com você!

Ela fez beicinho, sentindo-se responsável por qualquer coisa que o ex-namorado estivesse passando.

Naruto apenas balançou a cabeça negativamente em desespero, porque não confiava na própria garganta e capacidade mental para formular uma resposta decente. Ao mesmo tempo em que ele queria remover a mão que esfregava o seu pênis vagarosamente, seu corpo pedia para que Sasuke friccionasse ainda mais firme e rápido. Ele não queria arriscar se mover, com medo que Sakura suspeitasse da safadeza que acontecia por debaixo da mesa. O rapaz engoliu audivelmente a saliva que se acumulava em sua boca e tentou erguer o olhar para o Uchiha, em um pedido silencioso para que parasse.

- Está com dor, usuratonkachi? – perguntou com um falso tom de preocupação e inocência, sem se preocupar com a carranca que o Uzumaki lhe dirigia. – O que você precisa para melhorar? – indagou com um brilho indecente, antes de descer a mão para onde sabia estarem os testículos e fazer o outro corar ainda mais e morder o lábio inferior com força a fim de conter um gemido.

O problema é que ele não conseguia segurar a respiração que se tornava cada vez mais pesada e Sasuke teve que se segurar duramente para não rir. Apesar de estar se divertindo com a brincadeira, o ponto negativo de tudo era que ele mesmo estava ficando afetado com o olhar aquecido nos orbes azuis, os lábios molhados e vermelhos que imploravam por um beijo e as bochechas marcadas com uma sombra leve de rosa.

- EU-TE-ODEIO! – Naruto rosnou pausadamente, entre dentes cerrados, antes de esconder o rosto nos braços estendidos sobre a mesa.

- Baka⁹! – a Haruno colocou as mãos na cintura, irritada. – Deixe de ser mal-educado. Ele só está perguntando, porque está preocupado, não é, Sasuke? – ela deu um sorriso apologético em nome do ex-namorado.

- Claro. – o moreno sorriu com os olhos brilhando em maldade.

Naruto mordeu uma resposta ainda menos civilizada, sabendo que daria ao Uchiha a oportunidade de ser ainda mais espirituoso, com algum comentário espertinho. Ele zombou em pensamento, e se perguntou como Sakura não via que ele estava sendo abusado descaradamente por debaixo da mesa. Ela o viu excitado incontáveis vezes, por três anos, para saber quando ele estava agindo como um pervertido. Mesmo escondendo o rosto, a Haruno seria capaz de ler os pormenores se prestasse atenção. Ela não era tão ignorante, ou era assim acreditava. Ele não sabia ao certo se ficava chateado ou aliviado que ela não reconhecia suas respostas.

Seus pensamentos foram interrompidos e ele soltou um chiado, quando sentiu as pontas dos dedos pálidos fazerem movimentos circulares em suas bolas.

- Ai, Sakura, me desculpe pelo atraso, eu acabei ficando muito tempo tentando ajeitar a maquiagem! – uma mulher de longos cabelos loiros gritou e chegou repentinamente, abraçando a amiga. – Sasuke? Naruto? O que estão fazendo aqui? Por que você está de cabeça baixa, Naruto?

- Ino? – o rapaz ergueu a cabeça, sentindo o terror dominar o seu corpo acima da excitação. – O que você está fazendo aqui? – o timbre rouco saiu três tons mais grave e baixo, embora ele tivesse tentado a todo custo soar normal.

O pequeno deslize foi crucial para que a Yamanaka suspeitasse dos dois. Ela era sagaz e farejava tensão sexual com a mesma facilidade que um cão sente o cheiro de bife. Os olhos claros e cientes da mulher cintilaram em um misto de realização e crueldade, enquanto jogava os fios platinados por cima do ombro. Lambendo os lábios, ela sorriu ardilosamente:

- O que vocês estão fazendo por debaixo da mesa? – cantarolou, observando com satisfação indisfarçada o modo como o rosto do Uzumaki ficou ainda mais vermelho. – É por isso que você estava com o rosto escondido, danadinho?

- O que você quer dizer? – Sakura franziu as sobrancelhas cor-de-rosa. – Nós estávamos perguntando até agora se ele estava doente, certo, Sasuke-kun? – ela procurou a resposta no rosto pálido.

- Hn. – grunhiu novamente com impaciência e parou a carícia, sabendo que se continuasse, ambos seriam descobertos.

Cruzou os braços para tentar disfarçar.

Naruto não sabia dizer se estava aliviado ou frustrado com o afastamento do moreno. Ambos se remexeram desconfortáveis na cadeira, sentindo a ereção dolorosa dentro da calça.

- Claro... – a loira fez um gesto de descaso com as mãos. – Você nem parece uma futura médica conceituada, aluna favorita da Tsunade Senju, dekorīn¹⁰! – debochou. – Até parece que você não conhece a voz de quem está com tesão. Ele foi seu namorado por três anos, Sakura, o que vocês dois faziam quando sozinhos? Brincavam de papai e mamãe com bonecas Barbie? – zombou.

Se fosse possível, o rosto do Uzumaki teria corado ainda mais, embora, o rubor tenha se espalhado para suas orelhas e seu pescoço. Já o Uchiha engasgou com a própria saliva, fazendo-o ter um ataque de tosses. Ino não se incomodou com o visível desconforto dos dois, seus olhos estavam treinados na mulher sem graça à sua frente.

- Cala a boca, Ino-buta¹¹, e me explica direito o que você quer dizer com isso! – exigiu, encarando os dois com suspeita e ficando ainda mais alarmada com a reação dramática e o fato que nenhum deles disse algo para se defender.

- Kiba e Ino se tornarão o casal mais indiscreto do planeta se um dia chegarem a ficar juntos, tenho certeza! – Naruto murmurou no ouvido de Sasuke, vendo-o concordar com um pequeno aceno, enquanto observava a conversa à sua frente.

O moreno olhou com desconfiança para a atitude descontraída e repentina do Uzumaki. Até alguns minutos atrás, ele parecia apavorado com a perspectiva da sua ex-namorada descobrir que eles estavam juntos. Ele olhou atentamente para Sakura e a Yamanaka discutindo como se não existissem e concluiu, sem ter certeza absoluta, que a confiança veio com a presença da mulher loira. Ele lembrava que Naruto tinha dito algo sobre Ino ser a melhor amiga da Haruno, quem sabe, ele sabia que ela seria um ponto importante naquela conversa.

Era nessas horas que o Uchiha se dava conta que o cara não era tão ignorante quanto aparentava.

- Você não está preocupado que ela descubra? – perguntou por fim.

- Um pouco. – confessou. – Mas, é como da outra vez, eu não tenho escolha, tenho? – franziu os lábios. – Ela vai descobrir de qualquer jeito agora e vai ser melhor se Ino estiver por perto para conversar com a Sakura depois. – divagou com a voz baixa. – Pior seria se ela estivesse sozinha, ela iria querer conversar com a minha mãe e com o meu pai e eu não estou preparado para isso ainda!

Sasuke olhou atentamente para os olhos azuis cintilantes, medindo a seriedade neles. Era claro que Naruto estava assustado, mas era admirável a forma como ele estava encarando a situação toda, sem fugir e de cabeça erguida.

- Vai ficar tudo bem... – o moreno garantiu, apertando a mão do Uzumaki para lhe passar confiança.

- Como assim, “o que eu quero dizer com isso”? – Ino ironizou. – Olhe só para eles! – apontou, assistindo com criticismo e impaciência os globos oculares verdes se arregalarem como pratos.

O casal parecia ter esquecido completamente que estavam em público e muito bem acompanhados. Sasuke capturou o lábio inferior entre os dentes, puxando a carne delicadamente, antes de lhe dar um selinho carinhoso.

E teriam continuado se um grito agudo não os interrompesse.

Os dois homens se separaram bruscamente, olhando atordoados para as duas mulheres. Várias cabeças tinham se virado com o susto para assistir o grupo, inclusive Ayame e o senhor Ichiraku. Naruto se sentiu diante de um relógio que fazia uma contagem regressiva, o problema é que ele não tinha a mínima ideia do que aconteceria caso aquele cálculo zerasse. A única coisa que ele podia garantir a si mesmo era que suas perspectivas não eram muito boas, visto como a expressão de Sakura alternava com uma mistura de emoções que giravam entre nojo, raiva, choque, confusão e relutância. Ela estava lívida e não queria acreditar no que tinha visto.

- Vocês... – engoliu em seco. – Vocês estão juntos? – balbuciou, de repente se sentindo nervosa. – Naruto, você é gay?! – exclamou surpreendida, quando a informação finalmente encontrou um caminho para seu cérebro.

O escândalo estava chamando a atenção dos outros clientes, que os olhavam com irritação, preocupação, curiosidade e impaciência. O loiro se afundou na cadeira, tentando se esconder e encontrar uma maneira de escapar daquela atenção toda ao mesmo tempo. Agora, o Japão inteiro sabia que ele estava em um relacionamento com outro homem.

- Sim. – o timbre do Uchiha soou tão profundo e grave, que pareceu preencher todo o restaurante. – Ele está comigo. – reafirmou, encarando-a com o queixo erguido e a desafiando a fazer algum comentário infeliz e preconceituoso sobre o seu relacionamento.


Notas Finais


Aniki¹ – é comumente usado entre membros parentes da Yakuza (máfia japonesa), porque se refere a um irmão mais velho que também é chefe da família. Nesse caso, como Sasuke cresceu com a visão de que seu irmão mais velho seria o líder do clã, tornou-se um costume se dirigir ao Itachi dessa forma. É um sinal de respeito.

Chouchins² - luminária oriental utilizada, na maioria dos casos, com fins decorativos, seja nas ruas ou dentro dos ambientes. É também muito usada em comemorações tradicionais e diversas outras ocasiões especiais, como casamentos, aniversários, inaugurações de negócios e festivais (matsuris).

'jii-chan³ - no sentido literal, o termo (simples e abreviado no texto) significa "avô", mas nesse caso, pode ser considerado um tratamento carinhoso de alguém mais novo para alguém muito mais velho.

Missô⁴ - é um ingrediente tradicional da culinária japonesa, feito a partir da fermentação de arroz, cevada e soja com sal.

Onee-chan⁵ - no sentido literal, o termo significa "irmã mais velha", mas nesse caso, pode ser considerado um tratamento carinhoso para uma mulher.

‘kaa-san⁶ - forma simples, carinhosa e abreviada de “okaa-san”, mãe.

‘tou-san⁷ - forma simples, carinhosa e abreviada de “otou-san”, pai.

Hashi⁸ - palitos utilizados como talheres nos países do Extremo Oriente.

Baka⁹ - idiota; bobo.

Dekorīn¹⁰ - garota testuda.

Buta¹¹ - porca.


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