História Dark Angel - Heartless

Confusão.

Medo.

Não sabia onde estava, estava confusa, não sabia que horas eram ou se era dia ou noite.

A maior parte do tempo fico drogada, tonta. Não sei como estão conseguindo me drogar, quando fuco lúcida a única coisa que consigo fazer é beber a água que eles deixam para mim, mas depois eu começo a ficar tonta de novo e perco a lucidez, caindo em sono profundo.

Abro meus olhos, meio tonta. As frestas são a única iluminação que eu tenho.

Sento-me com muita dificuldade, meu corpo todo dói de ficar do chão duro, minha cabeça dói tanto e eu me sinto gelada. Coloco a cabeça entre os joelhos na esperança da tonteira passar.

Ouço um barulho, olho por entre minhas pernas, uma portinha como as de cachorro se abre e por ela passa uma garrafa e um prato, o cheiro de comida vem até mim. Levanto a cabeça e me aproximo, pego a aguá e com esforço abro a tampa. Não quero a comida.

Antes de beber paro a boca da garrafa na minha boca, uma tonteira muito forte faz minha cabeça doer.

Sinto um cheiro doce vindo da garrafa, cheiro novamente, água não tem cheiro como... A droga está na água. Como não pensei nisso antes?

Afasto a garrafa, mas que droga como fui tão burra? Mas eu tenho que me livrar da água, parecer que eu a bebi.

Minha cabeça dói menos agora, posso pensar melhor e ver também.

Estou em um quarto pequeno, parece caindo aos pedaços. Abro a garrafa, vou até um canto que está com cobertores embolados e derramo a água bem lentamente, um lobisomem me pegou então ele deve ouvir muito bem.

Volto para o meio do quarto e analiso melhor o lugar, nenhum lugar para fugir, que droga. Muita burrice minha também achar que teria um lugar para fugir sendo que um lobisomem que me sequestrou.

Um lobisomem me sequestrou! Será que fui estrupada... Já comecei a pirar, então estou lúcida.

Ouço um barulho, me deito no chão como se estivesse tomado a água com a droga.

A porta se abre e mesmo com os olhos fechados posso ver a luz que entra, ouço passos na minha direção, algo segura meu ombro e me vira, sinto uma respiração encima de mim, me controlo para não me mexer.

A pessoa se afasta, ouço a garrafa sendo apertada e depois a porta se bate tão forte e tão repentinamente que dou um pulo, abro os olhos rápido com medo da pessoa ainda estar ali mas não vejo ninguém, ainda bem.

Vou para um canto, estou com muito frio e tremendo, tenho que aguentar o quanto eu puder sem água e comida.

Encosto minha cabeça na parede, preciso dormir, estou com muitas dores no corpo.

Fecho meus olhos, antes de dormir penso em como deve estar o Zayn.

...

Estou quase bebendo aquela água, não estou aguentando mais.

Acho que estou aqui a três dias, não sei exatamente. Estou contando pela luz que sai das brechas, mas não é muito confiável em uma cidade que a qualquer momento o tempo pode fechar e dar uma nevasca.

Talvez quem me sequestrou sabe que eu não bebo a água, sabe que eu vou precisar dela, e está deixando, esperando, sabendo que eu irei ceder, que não irei aguentar.

Mas eu não vou fazer isso, não irei ceder, não tomarei aquela água com droga.

Ah Zayn, como você está? Por favor não faça nenhuma besteira.

Fecho meu olhos, o melhor a fazer agora é dormir, na verdade é a única coisa que eu posso fazer agora.

Escuridão. Porque está tão escuro aqui?

Olho para cima, na copa das árvores está claro, eu não quero ficar nesse escuro, eu quero ir para a luz.

Seguro-me em uma galho e começo a subir, isso me faz lembrar de minha infância, quando eu ia para o bosque subir em árvores, mas eu não podia ficar muito tempo lá, titio sempre ia me buscar e me levava para a casa dele, eu não entendia no começo mas depois eu descobri que era por causa de mamãe.

Mamãe bebia muito, e na maioria das vezes passava muito mal, e eu ia pra casa do meu tio. Eu não gostava disso, mas a amava mas que tudo, e quando ela adoeceu eu cuidei dela, até a morte.

Antes dela morrer ela me pediu desculpas, e me agradeceu, nem tive tempo de dizer a ela que ela não me devia desculpas a nada, que ela foi uma mãe maravilhosa.

Consigo chegar há copa da árvore, é tão lindo, tudo iluminado e com muitas flores.

Começo a correr, completamente feliz, mas uma mão em meu ombro me faz parar.

- Mamãe!

Abraço forte minha mãe, sinto tanta falta dela.

- Estou muito orgulhosa de você Kathy.

- Mamãe não deu tempo de lhe dizer antes, mas eu te amo muito e você é uma mãe maravilhosa.

- Oh Kathy..

Os olhos de minha mãe lacrimejam, e eu a abraço novamente.

- Mas o que você está fazendo aqui?

- Eu não sei, mas eu quero ficar aqui!

Vamos andando por entre as flores, o cheiro é muito bom.

- Mas você não pode, ainda não terminou.

- Mas eu gosto daqui, quero ficar aqui.

- E como fica o Zayn?

Não respondo, havia me esquecido dele.

- Filha agora você tem que ir, mas saiba que eu te amo.

- Mas eu não quero..

Abro meus olhos com e respiro com dificuldade e tossindo, alguém está acima de mim.

Água desce pela minha garganta e eu engasgo, meu peito dói muito.

Ouço a porta bater e me abaixo no chão, tossindo água.

Me encosto na parede, eu morri.

Eu encontrei minha mãe, eu morri, eu estava feliz, e aquele infeliz me ressuscitou e ainda me fez beber água com droga a força, mas não vai ficar assim, ele me trouxe de volta então eu vou viver, eu vou sair daqui.

A droga está fazendo enfeito, estou tonta.

Dessa vez eu vou dormir, mas quando o efeito passar eu vou sair daqui.