História Dark Blades - Change Will Come

    — Jane

             — Eu não posso fazer isso, Bellamy. — A garota sentia seu coração partido após deixar Dan pra trás e nem ter dito ao menos um adeus. — Ele é meu irmão! Por que eu fiz isso?
  
                   Os dois parceiros ultrapassavam paredes e nem se preocupavam com os guardas, era praticamente impossível de conseguir capturar Bellamy com aqueles poderes esquisitos.

              — Agora é tarde demais, Jane. — O casal parou dentro de uma sala de estar de alguma família pobre e logo Jane começou a se arrepender de tudo que haviam planejado. — Temos que seguir em frente agora, querida.

— Não. Eu sei que ainda posso voltar atrás, Bellamy. — A garota se levantou do chão e lembrou de todo o passado que havia construído com Dante.

Jane vivia indo ao cinema quando ele ainda fazia sucesso, a jovem havia em torno dos sete anos e conquistava todos com seu charme para conseguir ingressos gratuitos de centenas de filmes que estreavam na época.

Fazia meses que a garota via os filmes de graça no lugar, seu gênero preferido era o de terror, a mesma sempre fingia choro nos filmes mais assustadores e sempre ganhara pipoca de graça. Jane sempre fora muito inteligente, porém em uma sexta-feira ela se viu com dois ingressos para a continuação de seu filme favorito e na porta havia um garotinho negro que estava sendo barrado de entrar no cinema.

Aquele dia foi o último em que ela assistiu um filme em um cinema cheio. A menina não resistiu e ofereceu seus ingressos para o garoto, e foi dali que o gerente a-olhou com cara feia e ela nem ao menos se importou, segurou a mão do menino e entrou no cinema. Ambos sentaram nas últimas fileiras.

Descobriu que o nome do garoto era Dante e que ele odiava pipoca, ela quase deu um soco no rosto dele, havia ficado muito brava. Estavam se divertindo muito no dia e nem prestavam atenção no telão, e foi naquele dia em que jogaram os gases nos ares do país.

Os garotos inalaram o gás e simplesmente desmaiaram, ao contrário das outras pessoas que estavam na sala de cinema, todas ficaram desesperadas para sair do local e desde aquele dia ninguém mais visitou o cinema, apenas Dante e Jane que moraram e cresceram juntos no cinema abandonado.

—  Você pode voltar atrás, Jane. Eu não posso e nem irei. — O garoto começou a seguir em frente sem Jane e logo a mesma teve de voltar sozinha.

— Eu não acredito nisso. — Quando a mesma olhou pra trás, viu um casal de idosos com o telefone no ouvido. Era o programa.

— Jane, Peramick. Henball. — A menina ficou com tanta raiva que fechou o punho e saíram mais lâminas de suas mãos, deu um soco na parede e fugiu daquela sala de estar. Chamava suas lâminas de garras, pois as mesmas saíam pelo corpo inteiro.

               
 — Dante

         Quando acordou já sentia seu corpo inteiro sendo mobilizado não só pela fraqueza de seu poder mas como também pelas balas atiradas pelos soldados do programa. Haviam paredes de aço ao seu redor e quando tentou levantar, sua cabeça bateu com tudo na parede pois o carro havia passado por um enorme quebra mola.

Se assustou com uma ruiva que estava na mesma situação dele, porém infelizmente a mesma ainda estava desmaiada das balas. Dante só conseguia pensar em Jane e torceu para a garota não tentar resgatá-lo.

Bailey... pobre Bailey, Jane precisava cuidar da mesma, pois do contrário a mulher acabaria por falecer sozinha naquela casa a qual Jane e Dante viveram por tantos anos. Logo o garoto foi jogado de novo para o outro lado do carro quando algo bateu com força no mesmo.

— Ai meu Deus, quem é você? — A ruiva parecia ser uns dois anos mais nova que Dante.

— Fica quieta, eu acho que o carro parou. — Dante tentou oferecer apoio para a desconhecida levantar, entretanto ela se afastou do mesmo no exato instante.
           

— Que diabos de energia é essa em você? — Se afastou ao máximo até que bateu com as costas na parede de aço do carro.
           

A conversa foi interrompida no mesmo momento quando se ouviram tiros do lado de fora, Dante tinha quase certeza de ser Jane. Ele não podia deixá-la lutando sozinha com os guardas que acabaram com ele.

Não hesitou em jogar toda a sua força contra a porta, contudo o mesmo era empurrado com a mesma intensidade de sua força, aquilo era um tipo de campo feito para pessoas que nem eles.

— Garota, você vai ficar aí parada ou vai tentar me ajudar? — Dan recuperava toda a energia gradativamente.

— Meu nome é Ally e eu não consigo mexer nada da cintura pra baixo. — O garoto havia totalmente se arrependido do que havia falado. — Perdi tudo em um acidente de carro...

— Eu... sinto muito, Ally.
           — É brincadeira, esse é um dos lindos benefícios de meu íncrivel dom. — Replicou ironicamente.
          

Depois de tantas investidas fúteis contra a porta, Dan finalmente abriu um largo sorriso quando Jane abriu a porta com seus braços finos. Tentou abraçá-la, entretando ainda havia risco de perigo e ambos tinham de fugir logo.

Segurou Ally que ficou hesitando para o garoto a largar de seu colo e então perseguiram por túneis, Jane não falava nada, parecia preocupada e Dan percebeu um tom de consciência pesada em seu rosto. Ele iria perguntar, no entanto muitos helicópteros foram ouvidos vindo atrás deles.
        Era como se alguém soubesse aonde estavam.
 
        

— Jane
       

Até mesmo pensou ser Bellamy, o namorado revoltado que buscava vingança, porém acabou hesitando e pensou que seria muito orgulho vindo do mesmo. Aquilo acabaria sendo um esforço desnecessário, pensou a menina. Talvez devessem recuar e todos irem para o programa.

— Alguma ideia? — A ruiva que Jane desconhecia perguntou.

— Quem é você? — Respondeu no impulso, sua cabeça explodia de tensão.

— Talvez possamos ir pelo esgoto, é uma boa ideia. — Dan deu uma sugestão, no principio acharam loucura, porém pensaram mais um pouco e aquela era a única forma de se safarem dos helicópteros.

Conheciam Henball inteira, haviam túneis, portas e outros diversos lugares para o caminho, mas escolheram entrar pelo buero que era o mais próximo do trio. Por pouco não foram pegos por um outro trio de guardas que passaram por eles.

Normalmente eles poderiam acabar com duplas, trios, multidões de guardas, soldados e generais, no entanto dois do grupo estavam debilitados e não poderiam arriscar perder alguém ou muito menos matar alguém, pelo menos era o que pensavam.

A rua do bueiro estava vazia, os três correram silenciosamente com seus passos largos e então primeiro Jane tentou puxar a tampa e infelizmente não conseguiu.

— Só pode ser brincadeira. — Jane resmungava.

— Tenta você, cara. — Ally ainda não sabia o nome de Dan. — Eu já posso me levantar.
        

Dante estava ainda mais cansado e não conseguiu, aquela era a única opção deles, portanto Jane foi e usou suas lâminas para cortar a tampa e felizmente teve sucesso, porém um helicóptero infelizmente os localizou com uma lanterna intensamente forte.

Ao observarem o buraco, o mesmo estava repleto de água e inacessível para o trio. Teriam de fugir ou lutar.

— Ei, você. — A ruiva chamou por Jane e encostou em seu pescoço fino. — Obrigada! — Deu um sorriso e logo as mesmas lâminas da outra saíram pela mão de Allison.

— Você é incrível! — Dante ficou impressionado e deu um sorriso de animação.
    

Os tiros começaram, primeiro vieram de cima e no mesmo instante Dan fez um escudo de sombra que os repeliu de volta na direção do automóvel. Jane investiu contra os guardas que usavam pistolas poderosas e escudos contra eles, Ally seguiu os mesmos passos da outra e correu para os pegarem por cima para suas lâminas não quebrarem nos escudos.

— É, você não é tão ruim. — Jane disse quando deu uma cotovelada em um cara e o desmaiou, Ally fez o mesmo.

— Eu não tô fazendo nada, acredite, pois é tudo você.
      

Dan se esforçou mais um pouco e fez uma bola com seu poder e logo investiu contra os atiradores no helicóptero. Mais guardas chegavam pelas ruas e o trabalho todo estava sendo inútil para o trio.

Jane tentou fazer o mesmo que Dante e acabou jogando uma lâmina no helicóptero, a mesma bateu em uma das hélices e fez com que o automóvel perdesse totalmente o controle e fosse com tudo na frente dos guardas da rua. Tudo terminou com uma explosão intensa, mas ainda vinha uma van do outro lado da rua.

— Jane! Aquelas pessoas morreram. — Dante gritou contra a menina.

— Não foi intenção fazer isso, eu nunca... Droga, Dan! — Ela mesma se culpou no começo e ficou decepcionada consigo mesmo.

— Eles eram inocentes, droga. — Dan replicou e Allison apenas observava, a mesma sentia seu corpo ficando fraco novamente e não conseguiu avisar aos outros que haviam mais vindo da van.

— Ou eles ou você naquela droga de programa! Para de reclamar, eu tô aqui por você. — Empurrou Dante para trás.
       

— Nós não matamos pessoas, aquele Bellamy... Tenho certeza que ele deve estar enchendo sua cabeça de coisas. — Dante fez gestos na briga e aquilo estressou ainda mais Jane.
        — E se estiver? Eu não fui influenciada por ele, eu só estava testando algo novo, para de ser ingrato. — Ela hesitou em chorar, porém seus olhos não.
      

— Muito obrigado, mas eu não pedi pra você vir atrás de mim. — O mesmo rebateu e aquilo foi o ápice para Jane, aquilo a chateou muito e depois de alguns segundos chateou até mesmo Dan. — Não, Jane, eu não quis dizer isso. Me desculpe, por favor.
      

— Não... Você... — Ela começou a chorar na frente do mesmo e aquilo partiu o coração de Dante e foi ainda pior quando avistaram os homens da van mirando em Jane, o garoto tentou fazer algo por ela, todavia a bala já estava direcionada para Jane e a mesma acertou em cheio suas costas. O garoto abraçou sua amiga que havia sido eletrocutada e no momento estava desmaiada ou até morta.
       
       

Dan ergueu braço e abriu a mão e fez um campo de proteção contra as balas vindo do oeste, aonde estavam elas. As sombras foram inúteis, pois o garoto também havia esgotado toda sua energia, o trio estava completamente perdido e logo o menino também foi atingido por uma das balas.
        Sorte de Jane que Bellamy estava observando-a, talvez até mesmo fosse ele que o estivesse os rastreando para o programa, mas foi o mesmo que salvou-a e levou seu corpo para longe dali do campo de guerra.
       
      

    — Dante

Ele havia sido um idiota com sua amiga que apenas tentava salvá-lo e simplesmente arriscado a própria vida, queria se desculpar e se redimir, porém era um pouco tarde pois o mesmo não tinha consciência no momento.

Sonhou com seus pais biológicos, não se lembrava de nada e eram apenas pequenos flashbacks em primeira pessoa. Se situava em uma casa num estado totalmente precário, ao redor da casa existiam terrenos arados prontos para o cultivo, o mesmo havia nascido em Escriaz, uma cidade simples, calma e no interior.

Era filho único de um pai e uma mãe completamente conservadores, não teve irmãos pois o útero de sua mãe era hostil e seu pai sempre a condenou por tal característica. Ambos viviam brigando por assuntos bobos e aquilo os distanciava ainda mais, no entanto não foi isso que afetou a família.
          Com os anos a cidade de Escriaz ficou gradativamente cheia e ao mesmo tempo perigosa, infelizmente os terrenos da fazenda não eram totalmente dos pais de Dan e aquilo os proporcionou a erosão dos mesmos quando pessoas se mudaram para a vizinhança.

A fome e o medo invadiram a casa de Dan como uma enchente qualquer e aquilo infelizmente fez com que o casal se mudasse para em alguma casa disponível em Henball, no entanto a mãe do menino se descobriu grávida no caminho para a cidade e foi impossível de caminhar até a outra cidade com o jegue turbulento que usavam.

Estavam longe de qualquer hospital ou domicílio, então o pai sugeriu que Dan caminhasse sozinho e que buscasse alguma ajuda. O menino não tinha mais que oito anos e encontrou apenas um outro casal que atendeu o pedido de Dante, no entanto o mesmo nunca teve noticias dos pais ou do suposto irmão que o garoto achava que era apenas uma mentira para os pais disfarçarem a fome insuportável que ainda sentiam.

              — Jane

— Pegue algum pano para ela morder, agora! — Jane ouviu a voz grossa de Frank latejando em seus ouvidos finos.

Lembrou que havia tomado um tiro certeiro nas costas, provavelmente próximo á cintura pois era da onde a fonte da dor se localizava. Se sentiu bem equilibrada e mordeu sua própria blusa, expondo parte de sua barriga definida.

Bellamy, Frank e um possível doutor se encontravam em uma sala escura e iluminada por somente uma luz que apontava para o corpo de Jane. A garota sabia que todo o trabalho seria inútil...

— Minhas lâminas estão quebrando, não consigo retirar a bala de dentro do corpo dessa garota. — O próprio médico se sentiu confuso.
          — É inútil... — Jane se contorceu ao dizer.

— Minha mão deve passar por dentro de sua barriga. — Bellamy deu uma ideia.

— Tá maluco? Você não sabe nem o que é o baço do corpo. — Frank replicou.

Os olhos de Jane acompanharam as mãos do doutor e o medo veio á tona, o mesmo pegou o bisturi e esquentou a ponta no fogo. Ao mesmo tempo não hesitou e felizmente conseguiu rasgar a pele de Jane com o bisturi pelando de quente.

— Se a bala entrou, tem que sair. — Ignoraram os gritos imensos da garota que não parava nem por um segundo, até que finalmente encontrou o projétil intacto.

Finalmente se lembrou de Dan, ainda desejava dar um soco no meio da fuça dele, entretanto se preocupava com o mesmo em relação ao programa e aquela ruiva desconfiada.

— Você deve estar pensando nele, mas eu não tive tempo de tentar salvá-lo... — Bellamy apertou a mão de Jane e a mesma soltou a blusa de sua boca.

— Ainda temos tempo... Eu não posso ficar aqui parada! — Explodiu e tentou levantar daquele leito insuportávelmente desconfortável.

— Já é manhã, Jane. — Bellamy passou a mão na testa da garota que suava como um porco no verão. — E além disso...
             — O que?

Bellamy ligou a televisão com um controle remoto e viu que realmente passava o jornal da manhã, no entanto o rosto da menina estava na tela. "Sara Jane, mutante procurada por homicídio." e uma mulher dizendo inúmeras mentiras sobre Jane ou os mutantes.
             — Eles não querem só te levar para o programa, mas também pretendem uma possível prisão.