História Dark Dreams. - Capítulo unico.

Um grito alto e carregado de tristeza e dor chamou minha atenção, meus olhos passearam pela orla da floresta à procura do dono ou dona de tal ruído. A escuridão daquele ambiente impedia minha total visão, não conseguia ver nada. Apenas ouvia. Vozes, gritos.

Eu podia sentir a dor deles, eu sentia o cheiro da morte quando aspirava o ar.
No meio do breu então vi um lampejo de luz. Era verde, brilhante, demoníaco. Era a maldição da morte, o Avada Kedavra sendo lançado... Não consegui distinguir quem era o alvo, mas por certo ele foi acertado pois, um grito torturante pode ser ouvido, ele era mil vezes pior do que todos os outros que eu havia escutado desde que pus o pés neste campo de batalha, estranhamente ele me era familiar.

Saí correndo em direção ao castelo, juntando forças para não cair, estava completamente machucado, vários feitiços haviam sido lançados contra mim, apesar de eu não ter atacado ninguém. Naquela guerra porém só haviam dois lados; os bons e os maus.
Os bons eram os que estavam ao lado do Potter, e os maus eram o que estavam ao lado do Lord das Trevas.
Para mim só havia um lado, o da minha família e por mais que eu não quisesse fazer parte daquela guerra, eu simplesmente não tive escolha.

Eu só queria dar o fora dali, sumir para sempre. Meus pais estavam mortos, nada mais importava para mim. Teria tirado minha própria vida, mas eu sempre fui fraco para qualquer coisa e tal feito exigiria coragem a qual eu não tinha.

Em poucos minutos me vi perto do Salgueiro Lutador, e mais uma vez me deparei com corpos. Vários alunos mortos, dentre esses crianças pequenas, seres inocentes. Meu coração apertou. Tamanha crueldade de quem fez isso.

A caminhada era torturante a cada minuto. Tudo ficava gravado em minha memória, era como se tudo viesse para às minhas costas, formando um fardo o qual eu não tinha condições de carregar.

Perto do lago jazia um corpo solitário, era uma mulher, percebi por sua silhueta delicada. Ela estava de bruços e de alguma maneira me era conhecida.

Com receio e talvez até relutância andei até a tal. Com cuidado fui virando-a para que pudesse ver seu rosto. Estava escuro, não pude ver de quem se tratava. Ergui minha varinha para o rosto dela.

— Lumus. - murmurei esperando que a luz se fizesse presente ali -

Vagarosamente a luz foi preenchendo o breu e as feições da garota foram se revelando. Quando eu enfim já conseguia saber quem era meu mundo despencou a meus pés.

— Não! Não! Não! - eu dizia em desespero remexendo no corpo frio da garota - Por favor, você não! Você não!

Ela não se movia, óbvio, estava morta. Puxei-a para os meus braços, deixando que meu rosto fosse inundado por lágrimas. Não podia acreditar nisso. De todos que eu acreditava serem capaz de acabar com aquela guerra ela com certeza era uma deles, não esperava menos que o heroísmo da parte dela. Sua mente sempre tão brilhante. Mas cá está ela em meus braços, sem vida e sem calor.

Toquei seu rosto e fiquei observando-a. Os cabelos estavam em seu habitual volume e eu ainda podia sentir o cheiro amendoado dos cachos que amei tanto.

Ela tinha sido minha por meses, começamos a nos aproximar depois que fomos nomeados monitores chefes, sua insistência em saber dos meus planos tomou rumos tão inesperados.. Começamos um caso escondido de todos é claro. Ninguém jamais nos aceitaria.

Tão preconceituosos.

Logo eu não sabia distinguir meus sentimentos por ela, só sabia que não gostava que outros caras se aproximassem ou sentia que meu dia não era o mesmo quando não a via.

Tão fácil se apaixonar por ela.

Difícil mesmo foi ter que fingir que tudo o que passei ao seu lado não tinha significado nada, que eu não a amava e que ela havia sido só mais uma.. Mas ela acreditou tão facilmente quando eu lhe disse isso, não nego que fiquei decepcionado por ela acreditar rapidamente. Mas confesso que foi melhor assim.. Eu pude ver a mágoa em seus lindos olhos, aqueles o qual eu tanto gostava de observar.

Sempre tão brilhantes..

Fiz, fiz por sua segurança, pois não queria levá-la para a morte que eu sabia que ela teria se continuasse ao meu lado... Fiz ela se afastar de mim, pois sempre soube que ela era boa demais para a merda que era a minha vida. Tudo foi em vão já que ela está aqui, fria. A única mulher fora da minha família que amei. A única que vou amar enquanto viver nesta vida fodida.

Escutei alguém se aproximando, não mexi nenhum músculo sequer. Ela era importante demais para mim, não conseguia me afastar de seu corpo. Apaguei a luz que provinha da minha varinha, apenas esperando quem quer que fosse. Logo outra luz estava sobre mim.

— Draco? - era a voz dele, a voz do santo Potter, era a pessoa que eu julguei capaz de protegê-la - Hermione?! - ele olhou incrédulo -

— Seu imbecil! - avancei contra ele, tomado de total ira -

— Você a matou? - ele perguntou tão irado quanto eu - Você foi covarde o suficiente para fazê-lo? Ela te amava!

Eu sabia que ela me amava, o sentimento era totalmente recíproco. Por isso aquilo doeu tanto.

— Responda-me seu infeliz maldito! - ele exigia - Você foi capaz de matá-la?

Eu fiquei em silêncio, talvez fosse meu bilhete premiado. Eu não tinha coragem de tocar em um fio de cabelo sequer dela, ele devia saber disso... Mas parece ter se esquecido. Eu o agradeci por isso. Não tinha mais motivos para viver. Tudo o que eu mais amava havia sido tirado de mim, eu queria morrer, havia conseguido alguém que fizesse isso.

— Sim, eu matei essa maldita sangue-ruim! - essas palavras saíram amargas em minha boca, mas eu tinha esperança que Potter não percebesse isso -

— Então você merece morrer! - ele disse -

— Mate-me então, se é que tens coragem para tal. - eu precisava que ele fizesse, provocá-lo era o caminho -

Ele empunhou a varinha e eu fingi erguer a minha também. Ele pronunciou as palavras eu vi a luz verde. Ele me lançou o Avada Kedavra.

— Eu te amo, Hermione! - tudo ficou escuro.

****

— Draco! Acorda amor! - escutei uma voz doce me chamando -

Abri meus olhos,  pisquei algumas vezes até me situar onde estava. "Foi só um pesadelo" pensei aliviado ao mirar a dona da doce voz... Percebi que ela me olhava, aquela imensidão castanha me analisando enquanto colocava o pijama e se deitava ao meu lado.

— Hermione? - disse tocando seu rosto  -

— Sim. - ela sorriu - Quem mais seria? - quis saber fazendo um beicinho -

— Ninguém! - afirmei - Eu...

— Você teve pesadelos de novo? - ela questionou, seu olhar estava preocupado -

— Eu sempre tenho pesadelos quando você não está em casa! - falei puxando seu corpo para perto do meu -

— E com o que sonhou desta vez? - ela quis saber aconchegando-se contra meu peito -

— Você morria na guerra. - disse triste e olhei para baixo - Eu não quis viver em um mundo no qual você não fazia mais parte...

— Eu não morri! - ela disse - Você me salvou! - olhou-me amorosa - E estou aqui agora, sempre vou estar...

— Você é que me salvou! - afirmei e dei um beijo em sua testa - E continua me salvando... Eu te amo tanto!

— Eu te amo! - ela disse sorrindo e bocejou - vamos dormir..

Ela apagou a luz e dormiu aconchegada ao meu peito.

De fato foi ela quem me salvou e me mostrou a luz, me devolveu a vida.
Eu a amo, e sei que mesmo tendo pesadelos, quando acordo ela é meu sonho. Minha realidade.

A luz da minha vida.