História Dark Flame - Capítulo VII

Ele me salvou. Ele me tirou de lá. Ele era como um anjo da guarda, literalmente.

Shawn olhava para mim com os olhos carregados de preocupação. Algumas gotas de água iam até a ponta do queixo e caíam.

— Você está bem? — ele me perguntou com um sussurro ofegante.

Apenas fiz que sim com a cabeça. Mas não adiantou já que o Josh insistiu que Shawn me levasse no colo até a quarto.

Como se eu fosse de vidro.

Meus protestos também não adiantaram, pois quando vi já estava sento levada para um dos quartos daquela casa enorme.

— Gente, está tudo bem, sério. — insisti cruzando os braços.

— Fica quieta. Vou lá dentro pegar gelo para colocar nisso aí. — Josh falou apontando para meu pé.

Ele saiu do quarto, antes que eu disse qualquer coisa, deixando Shawn e eu sozinhos.

Shawn me encarava, ainda com aqueles mesmos olhos carregados.

— Ei, não me olhe com essa cara, ninguém morreu. — encostei a mão no ombro dele tentando consolá-lo.

— Mas poderia. — ele disse tenso e estranho.

Eu ia tirar minha mão do ombro dele, mas quando fui fazer ele segurou de volta.

— Deixa aqui, está me fazendo bem.

Eu apenas obedeci. E agora estávamos novamente nos encarando intensamente.

— Voltei! — Josh disse entrando no quarto.

Eu desviei o olhar e acho que senti minhas bochechas esquentarem.

Eu estou corando? Como assim? Desde quando você faz isso?!

Shawn recuou um pouco hesitante para trás e Josh, aquele cara de merda amassada, apenas nos encarava.

— Eu atrapalhei alguma coisa? Por que se foi eu posso...

— NÃO. — Shawn e eu o interrompemos antes que terminasse.

— Okay. Enfim, eu encontrei gelo e esse spray para passar no seu pé. — disse ele sorridente.

Bom, vou adiantar um pouco essa história para vocês.

Eu acabei passando metade do dia enfurnada naquele quarto evitando contado direto com o Shawn, que por sua vez parecia se divertir bastante, enfiando a língua na boca das outras garotas.

Nojento.

Mas felizmente meu pé nem inchou e eu acabei voltando para a festa.

Eu estava sentada em cima de um balcão perto dos outros meninos.

— E aí, como está esse pé? — Cam perguntou pegando no meu nariz.

— Já esteve melhor. E para com isso! — disse tirando suas mãos do meu nariz.

Quando terminei de falar vi um garoto, claramente bêbado, cair sobre algumas caixas. Ele estava com uma garrafa nas mãos e o rosto intensamente vermelho.

— O que ele tem? — perguntei apontando com o queixo.

— O Taylor terminou com a namorada. Ele está assim desde antes-de-ontem, eu acho. — Matt falou balançando a cabeça.

— E vocês não vão ajudá-lo? — perguntei encarando o garoto.

Os garotos se entreolharam, mas nada disseram. Era como se eles não ligassem muito.

Taylor estava decadente, bêbado e precisava dos amigos, agora mais do que nunca. Será que eles não entendem que a dor do amor é uma das piores?

Eu não conseguia mais olha aquilo.

— Eu vou lá.

Levante ignorando os protestos atrás de mim.

Olhando de perto Taylor estava pior. Ele fedia álcool, estava sujo de vômito e também se via alguns arranhões no rosto.

Quando cheguei um pouco mais perto ele me encarou. Seus olhos estavam vermelhor e inchados.

— Oi. — falei meio hesitante.

— O que você quer? — ele perguntou liberando o cheiro de álcool que vinha da sua boca.

— Nada. Só achei que você precisasse de companhia.

— Ah, você é o que? Solidária? Por favor, não preciso da sua pena. Acha que eu não sei que estou decadente? Acha que não sei que cheguei no fundo do posso?

— Eu sei que você sabe de tudo isso. Mas eu sei que quando a gente está assim não aparece ninguém para estender a mão, e foi isso que eu vim fazer aqui, mas se você não quer, eu já vou indo.

 Taylor me encarou alguns segundos e depois abaixou a cabeça dizendo.

— Senta aí.

Eu me sentei ao lado dele.

O Taylor bêbado tinha um jeito estranho de falar, mas logo consegui convence-lo a tomar um banho e trocar aquela roupa nojenta.

Cameron também ajudou, ele emprestou uma roupa para Taylor. Depois o fizemos beber água de coco e comer alguma coisa que não contenha, de nenhuma maneira, álcool.

                                                                               ***

Logo estava de noite e agora a festa era dentro da casa. As luzes especiais, a música agitada, as pessoas dançando e pulando.

Quando eu chegar em casa vou ter inspiração para dar e vender!

Entrei no meio das pessoas ao som da música deixando meu corpo se balançar, de um lado pro outro, era incrível como a batida da música combinava com a batida do meu coração.

Nesse meio tempo fiquei tão envolvida na música que nem reparei que Hayes se aproximava.

Já estava demorando! Parece praga de satanás!!!

Ele chegou perto, mas eu saí de cena sentando-me na escadaria. O que não adiantou muito já que ele me seguiu.

— É impressão minha ou você está me evitando?

— Sim, eu estou te evitando.

— Por quê? — ele perguntou fazendo uma cara brava.

— Porque você me deixa desconfortável, porque você se atira em cima de mim e porque...

— Porque você gosta do Shawn. — Hayes falou me cortando.

Eu fiquei lá encarando ele, com a boca entreaberta. Eu não ia ficar lá ouvindo aquelas barbaridades então eu simplesmente saí e fui para a cozinha.

Chegando na cozinha encontrei outra encrenca.

Vitória.

Ela estava de pé com os braços cruzados, como se ela me esperasse.

— Oi maluquinha. — falou ironicamente.

— Não começa Vitória.

Ela simplesmente rio e jogou uma mecha de cabelo para trás.

— Como você consegue se divertir depois do que fez? — ela perguntou aproximando-se.

— E o que eu fiz?

— Por sua culpa Luke morreu. Por sua culpa. Porque você estava ocupada demais para perceber que seu melhor amigo estava morrendo aos poucos.