História Dark Horse - He will beg for Mercy

    Camilla's P.O.V 

Sabe quando seu cérebro acorda, porém seu corpo permanece dormindo?

Acredito que foi dessa forma que acordei hoje, não costumo entrar em pânico ou algo assim nesse tipo de situação, eu apenas permaneci deitada e esperei aquela sensação sufocante simplesmente passar. Porém depois de alguns minutos, quando eu já conseguia movimentar meu corpo, eu continue a sentir essa sensação de algo pesado sobre mim da mesma forma, foi quando abri os olhos. Preferia não ter aberto. Estava tudo uma bagunça no meu quarto, mas eu não pude prestar atenção neste detalhe. 

Senti algo denso em minhas mãos e quando as olhei percebi que era sangue. Apesar de achar muito estranho, não me preocupei a princípio, porém lembrei de algo. 

Me levantei depressa e comecei a correr pela casa, abrindo as portas e checando os quartos. No último a porta estava trancada, “Deus, por favor. Não”.  Minhas mãos tremiam e não sabia como reagir ou o que fazer, eu só conseguia tremer, mas tive afastar esse sentimento e encontrar coragem dentro de mim,então arrombei a porta. 

Dentro do quarto não havia nada, estava tudo escuro “Deus, eu imploro. Não pode ser o que estou pensando.”. Minhas mãos tremiam tanto que pensei muito em não acender as luzes. Não deveria ter acendido as luzes. 

O corpo frágil e pequeno da minha irmã se encontrava no chão, morto, pálido e sem vida. 

Eu estava atônita, não me mexia e quase não respirava. Mas aos poucos lembrei do sorriso dela, da sua pureza, da inocência da minha irmã, das promessas que fiz a ela e nunca poderia cumprir, de como prometi protegê-la até meu último fôlego. 

Tudo isso passou em minha cabeça como um flashback, minha garganta fechou e meus olhos se encheram de lágrimas, não me conti . Chorei. 

Chorei aquela tarde inteira, chorei por dias, não apareci no QG e não dei notícias a ninguém. Eu simplesmente tranquei minha casa inteira e passei 72 horas chorando e perguntando a Deus, porquê ele havia permitido ser tirado de mim a única coisa boa que eu tinha, minha única pureza. 

Não paguei pelos meus pecados, minha irmãzinha pagou. Pagou pela minha irresponsabilidade, pela minha falta de cuidado, pela falta de atenção que deveria ter estado sempre voltada a ela. Pagou pela minha indiferença. 

Ela morreu e parte de mim morreu junto. Eu nunca mais seria a mesma, nunca mais. 

Apenas no terceiro dia, quando me levantei e tomei coragem para enterrar seu corpo pude perceber que minha casa havia sido invadida. Fui até meu escritório e chequei todas as câmeras de segurança. 

Vi, aquele mesmo sorriso que me assombrava quando criança, que havia tirado a minha mãe de mim e agora a única parte boa que me restava. 

Meu pai havia matado a minha irmã, e aquilo era apenas um aviso prévio do que estava por vir. 

 Um aviso de que ele nunca iria desistir de ter meu corpo morto próximo aos seus pés. 

Normani's P.O.V

Estava pela milésima vez falhando na tentativa de me concentrar nos papéis a minha frente, não eram coisas tão “cruciais” no momento. 

Mas ainda sim, precisavam da minha atenção. Após toda a confusão com Niall e seu pessoal ,o conselho ficou satisfeito ao saber que chegamos a um acordo, porém insatisfeito ao saber dos feitos que precederam a chegada a esse acordo. E com isso solicitaram uma reunião. 

 Porém, como eu poderia me concentrar nessa reunião se minha cabeça está a mil? Se não consigo me concentrar em papéis de porcentagem semanal e negócios de dia a dia? E o pior, o motivo de toda essa distração talvez seja um simples vislumbre por meros olhos azuis. Não posso simplesmente aceitar essa atitude vinda da minha parte, é pura falta de profissionalismo. 

Mas não consigo simplesmente evitar, cada vez que me volto para os papéis ,volto ao momento em que finalmente parei frente a frente com meu rival, apertei sua mão e olhei profundamente em seus olhos. E me permiti perder naquela imensidão contida e azul, um azul tão lindo e vivo que não consigo mais tirar da minha cabeça. Por mais que eu tente. 

AH, não aguento mais.- bufei e me levantei. Camila me olhou intrigada. 

Você está bem? Quer conversar?- Ela perguntou. Ela parecia distante, exausta. Como se carregasse o mundo inteiro nos ombros. 

O que aconteceu com a gente? Com todas nós? Quer dizer, você esta me perguntando se podemos conversar e se eu estou bem.-Disse e me joguei na cadeira.- Quando éramos crianças, podíamos simplesmente ler uma a outra e agora, às vezes, vocês me parecem quase estranhas. 

Amadurecemos e mudamos muito.- Ela disse e sentou na cadeira próxima a mim.- Não que isso justifique algo. Pra falar a verdade, sinto muita falta do que tínhamos. Sabe, antes de virarmos líderes. 

Também sinto, era mais fácil. Mesmo com toda a dor por trás de algumas risadas, conseguimos ser felizes juntas.- disse e comecei a me sentir culpada.- Por que isso acabou? 

Também gostaria de saber.- Camila disse e suspirou 

 Me perdoa. De verdade, por ter afastado vocês.- disse e senti meu olho lacrimejar. 

Afastamos umas as outras.- Ela segurou minha mão.- Me perdoa também, principalmente agora. Sei que vocês perceberam que estou sumindo o tempo inteiro e só que.. 

O que? O que aconteceu.- disse 

 Meu pai, foi solto. Ele está por perto.- Ela disse e senti seus músculos tencionarem. 

Ele ameaçou você?- disse.- Ele está aqui? Na Califórnia? Vou colocar alguém atrás dele. 

Não adianta mais Mani. O pior já aconteceu...- Ela disse baixo, sua voz estava chorosa.- Sofia.. 

Não, -Disse e meu coração pesou.- A Sofia... 

Ele tirou ela de mim,-Ela disse e as lágrimas rolaram- Eu segurei o corpo dela, nos meu braços, da forma que eu costumava abraçar ela, ela estava morta. ELA ERA SÓ UMA CRIANÇA E ELE MATOU ELA. POR NADA. POR MINHA CAUSA. 

E assim ela desabou nos meus braços. Não me lembro de alguma vez em que me senti tão impotente e inútil. Ela estava tão fraca, sem forças. Não sei como simplesmente não tinha visto isso antes. Estava bem na minha frente, e o que eu fiz? Apenas me preocupei em ser uma líder perfeita, não uma boa amiga. 

Camila, olha pra mim. Não vou dizer que você precisa ser forte, porque eu sei que você é forte!- disse e enxuguei suas lágrimas.- Eu vou apenas te prometer uma coisa, eu vou trazer o corpo do seu pai pra você. Vou fazê-lo sofrer e implorar por clemência. Mas apenas se você me pedir isso.

Ela me olhou atentamente. Pude ver novamente a menina que conheci a 13 anos atrás, frágil, machucada, humilhada em seu interior. Mas rapidamente essa meninas foi posta de lado e novamente vi a mulher com quem trabalhava. Ela mesma enxugou o resto de suas lágrimas e seu olhar não era mais de uma menina de 7 anos, era de uma líder. 

Quero ele morto .-Ela disse firmemente. Quero que ele grite por misericórdia e implore por perdão. Não quero apenas que ele morra, eu quero que ele sofra por tudo que ele fez.- Ela disse com a voz carregada de ódio e eu acenei. 

Então ele vai se arrepender amargamente do dia em que resolveu voltar das cinzas.- disse.