Layla POV
Eu planejei como seria minha próxima hora, até o toque de recolher — falei como se estivesse na época de alguma ditadura militar agora — e envolvia ficar aqui em pé vendo todas as pessoas se divertindo e fazer drama sobre como todos resolveram me abandonar.
Tinha começado com a parte do drama até que tive a impressão de que estavam me chamando.
Uma vez, duas.
— Layla! — olhei pra trás e me assustei com a quantidade de pessoas que vinham com Annabeth em minha direção, ao todo tinham sete pessoas e Anna. Imagina esse pessoal todo andando junto num shopping, parece uma gangue.
Meu plano de me sentir solitária com meu lobo foi por água a baixo. Bem, menos mal!
— Oi, eu acho. Não achei que alguém estivesse mesmo me chamando. Olha, eu nunca reparei que era tanta gente assim andando junta. — passei os olhos por cada um que estava ali e parei em um dos loiros ali, os dois que vi no sonho em que estava acontecendo a caça à bandeira. — Você é o... Will!
Todo mundo ali arregalou os olhos, já ninguém me falou muita coisa sobre ele. Logicamente não tinha como eu saber quem ele era e ele não sabiam dos meu sonho.
—Para, espera aí. A gente só falou o nome dele, como você sabe quem é ele? — Percy pareceu ter falado o que todos estavam pensando, já que assentiram com a cabeça. Will apenas permaneceu de olhos arregalados.
— Jackson, deixa eu te explicar uma coisa... Eu tenho muitos truques e posso usar eles pra saber coisas que ninguém mais sabe sobre qualquer pessoa que eu quiser. — disse olhando dentro dos olhos de Percy, e me aproximei cada vez mais dele, ficando cara a cara. Ele me olhava com as sobrancelhas arqueadas — Inclusive você. Posso descobrir seus segredos, Percy Jackson.
Me afastei e vi que Annabeth estava ao lado de Nico, ambos tentavam não rir dos olhos esbugalhados do Percy. Eles não se aguentaram por muito tempo e logo começaram a rir, seguidos por mim. Todos ali já estavam rindo, menos Will e Percy.
— Qual é a graça de assustar ele assim? Você me assustou!— Will ainda não tinha entendido nada, Percy estava de cara fechada.
Ops! Acho que chateei alguém.
— Não vi a menor graça nisso. Vocês planejaram isso, não foi? — Percy olhava pra Annabeth, que levantou as mão em rendição. Depois pra Nico que deu de ombros como se não soubesse nada e ele realmente não sabia. Quando seu olhar pousou em mim, ele inclinou a cabeça levemente pra direita arqueando as sobrancelhas e eu fiz o mesmo, sorrindo em seguida.
— Toma cuidado, Percy. Muito cuidado. — assim que disse isso ele deu dois passos pra trás.
Anna me puxou pro segundo degrau de bancos (?) no anfiteatro, onde poderíamos ficar perto da fogueira e da música. Os outros vinham logo atrás. Piper, Jason, Frank e Hazel ficaram no degrau em cima de nós. Will foi pra perto de seus irmão, acho que ele ia cantar. Então no segundo degrau ficamos, Nico, Percy, Annabeth e eu na ponta. Akir estava no chão ao lado da arquibancada, de onde estava podia vê-lo.
— Como você sabia? — Anna me olhava com um sorrisinho.
— Foi um sonho, vocês estavam em uma caça à bandeira e eu vi Will, Jason, Nico e Percy. — sussurei perto do seu ouvido, a loira riu e olhou pro Percy ainda rindo e balançou a cabeça negativamente. Ele ainda estava emburrado, coitado.
— Hey, Percy. Peixinho lindo. — o garoto me olhou e eu estava rindo, mandei um beijo no ar pra ele, que revirou os olhos — Depois eu te conto meu truque.
— Duvido, agora vão ficar as duas cheias de brincadeirinhas sem graça. — ele ainda estava em com raiva, ri e revirei os olhos.
— Hey, Layla. — virei meu corpo pra trás e Piper sorria lindamente. Filhas de Afrodite são um porre. São todas lindas, até vestidas de mendigas devem ser maravilhosas.
— Fala, Pipes.
— Você que devia falar, nós falamos um monte de coisa sobre a gente — ela apontou pra todos ali e logo em seguida pra mim, completando sua frase: — Mas você não disse muita coisa sobre você. Só aquilo sobre Hécate aparecer pra você antes de você fugir.
— E o que querem saber? — Jason deu de ombros.
— Tudo, oras. Precisamos te conhecer — o loiro disse simples olhando pra cada um dos seus amigos que concordaram com ele, e eu fiz o mesmo balançando a cabeça. Agora eles estavam todos me olhando, até mesmo o Jackson. Sorri pra ele e ele bufou, mas sorriu pra mim também.
— Ok. Eu morei com meu pai e era tudo uma maravilha, até eu começar a ser expulsa das escolas. Foi assim até os meus dez anos, com um pai incrível e compreensível e com um monte de coisas estranhas acontecendo ao meu redor. — acho que até ali era a parte normal de todos os semideuses. Monstros perseguindo, coisas estranhas acontecendo. — Quando eu tinha dez anos meu pai resolveu me contar sobre minha parte não-humana — fiz uma pausa e respirei fundo, é o que me impede de chorar quando eu penso ou falo sobre o papai — Foi no almoço, assim que eu voltei da escola e contei que fui expulsa de novo. Conversamos sobre minha mãe no caminho de volta e quando voltamos íamos falar mais, talvez ele fosse me contar quem ela era, mas apareceram uns monstros invadindo nossa casa. E essa parte vocês sabem, papai morreu pra tentar me dar tempo de vir pra cá, coisa que nunca aconteceu. Hécate apareceu e me levou pro Mundo Inferior.
Eu pensei que nunca falaria disso pra qualquer pessoa, sempre só pensava e conversava comigo mesma. Depois com Akir, alguma vezes Hécate me ouvia falar sozinha sobre isso, mas nunca chegamos a conversar. Agora eu estava ali com os olhos cheios de lágrimas e com aquele pessoal todo me olhando com afeto.
— Achava que ia ficar lá até morrer de velhice ou de me explodir acidentalmente. No início eu só aprendia coisas normais com Hécate, como em uma escola, mas tudo em grego. Depois de alguns meses vieram os treinos de "defesa pessoal". Com 13 anos eu comecei a praticar magia. Hécate apareceu com Akir na mesma época e foi uma surpresa boa, maravilhosa na verdade, já que minha vida se resumia em treinos e aprendizado. — dei de ombros e olhei pra onde Akir estava — É loucura, mas meu melhor amigo é um lobo. Embora eu quase tenha posto fogo nele algumas vezes.
— Por que você veio pra cá? Nada contra você estar aqui, mas se você estava lá a cinco anos, por quê sair de lá agora? — Hazel falou e acho que não sei uma resposta exata pra isso, então dei meus palpites.
— Ou Hades não me queria por lá, ou os monstros, ou todos os deuses e monstros não me queriam lá. Só sei que eu estava sendo filósofa deitada no chão do meu quarto em um minuto, e no outro eu tive que passar por um portal em direção a NY.
Nico que olhava pra um ponto fixo entre seus pés desde que comecei a falar, se virou pra mim assim que citei o nome de seu pai. Eu pensei que ele não estivesse prestando muita atenção no que eu falava, mas seu gesto confirmou o contrário.
— Mudando aqui só um pouco o foco da conversa. Qual o seu lance com os filhos de Apolo? — Percy resolveu finalmente parar de "ficar com raiva".
— E aí, pessoal? Cheguem pro lado. — Will chegou assim que eu ia começar a falar.
— Você chegou em uma boa hora — Jackson falou enquanto chegava pro lado, eu e Anna fizemos o mesmo. Mas antes me certifiquei que Akir estava por perto, e pelo visto ele resolveu andar por aí. — Layla vai falar qual o problema que ela tem com você e seus irmão, ela perguntou sobre os filhos de Apolo no caminho pra cá e agora sabe tudo sobre sua vida também.
— Não tenho problema com ninguém — revirei os olhos e comecei a falar depois de olhar pro Will sorrindo — Eu só conheci Apolo, em uma vez que fui no Olimpo. Perguntei só por curiosidade, quis saber se os filhos são idênticos ao pai no quesito personalidade.
— Então seu problema é com o próprio Apolo? — Percy falou e me olhou indignado, Will me encarava confuso.
— Deixe a garota falar, Percy — Frank que tinha ouvido tudo em silêncio repreendeu o Jackson — Você não falou que foi no Olimpo.
— É, eu esqueci dessa parte. Foi em um aniversário meu. Não cheguei a conhecer outros deuses no dia, mas fiquei comendo e rindo em uma praça com uns sátiros bem engraçados. Antes disso ele estava lá. — dei de ombros e continuei — Ele me chamou de coisa fofa, apelido que não combina muito comigo, a não ser que seja bem sarcasticamente. E eu não tenho nada contra ele, acho ele bem legal. O cara me ajudou no caminho que eu tive que fazer até aqui.
— Meu pai te ajudou? — Will parecia tão confuso quanto eu fiquei quando vi o deus do sol em pleno metrô de NY e tão confuso quanto todos ali.
— Sim, tinham algumas empousas me perseguindo no caminho pra cá. Logo depois eu estava no metrô com Apolo me dizendo que as fez se afastarem. E também quando eu precisei mandar uma mensagem de Íris pra cá, não tinha sol o suficiente pra fazer um arco-íris e bem, ele é o deus do sol. — dei de ombros e Will assentiu com a cabeça.
— Mas como você sabia quem era o Will? Apolo falou pra você? — Percy agradeceu a Jason por perguntar o que ele tanto queria saber e eu revirei os olhos rindo.
— Foi em um sonho. Vi vocês caçando bandeiras na floresta e quase matando um aos outros — falei rindo e apontando pros que eu vi no sonho e todo mundo fechou a cara, logo depois encarando uns aos outros — Fiz alguma coisa, pessoal?
Todos ainda estavam conversando silenciosamente, apenas com os olhares e agora Nico me encarava. Tenho a sensação que ele vai ler minha alma — ou destruí-la — só com o jeito que ele está me olhando.
Pelos deuses. O que eu fiz de errado?
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