História Dark Love - Ele não sabe abraçar

Layla POV

Ainda estou sem entender o que eu havia feito com esse pessoal, porque eles ainda se encaravam e me encaravam, revesando. Mas Nico resolveu cravar o olhar em mim.

— Nico... Não acha que deveríamos conversar — Hazel olhava preocupada pro irmão e logo depois apontou pra mim e em seguida pra ele, continuando a falar: — principalmente vocês dois,

— Não, não acho. — pois é, esse cara realmente estava com raiva e acho que agora todos compartilharam pelo menos uma dúvida comigo. Por quê ele está com tanta raiva? O maxilar dele chega a estar travado.

— Ah, precisam conversar e a gente não sai daqui até vocês conversarem. — Piper olhava pro amigo e tenho certeza que ela estava usando o charme de filha de Afrodite.

— Se vamos fazer isso, tem que ser em um lugar mais calmo. — e de novo sem me consultar nada, todos estavam saindo do anfiteatro, e eu fui arrastada junto, sem saber ainda porquê tantos olhares estranhos pra mim. 

— Onde vão? — agora lascou-se, Quíron estava diante de nós querendo uma resposta, então Nico o puxou pra longe, falando sobre mim, obviamente, já que me encaravam o tempo todo. Quíron assentiu com a cabeça e eu bufei de frustração. 

— Vocês vão ficar de suspense ou vão me contar que porra que é essa? — chamei a atenção dos meus mais novos amigos cheios de segredinhos, que me olharam surpresos. Não sei se pelo palavrão ou por eu ter gritado um pouquinho,

— Layla, só espere. Ok? — eu estava pronta pra discutir com o Jason, se me envolve deveria saber o que é. 

Desisti de bater boca e só balancei a cabeça em confirmação, Quíron voltou com Nico, falando algo sobre esperar por nós por causa das harpias. 

Não dei muita atenção, apenas sorri vi que Akir estava andando lentamente ao meu lado. Ele estava quase se arrastando e o motivo é sono. Acariciava os pelos entre suas orelhas enquanto andávamos em silêncio em direção a praia. 

Chegando na areia todos se sentaram formando um ciclo e quase pensei que faríamos um ritual de pacto. Parei de pensar sobre isso quando vi o reflexo que a Lua minguante fazia na água do mar junto das estrelas. Enquanto as ondas batiam, a Lua e as estrelas se moviam no reflexo da água. 

Poderia ter ficado olhando pra beleza do lugar, mas resolveram acabar com meu momento de transe.

— Layla, a gente sabe que você não está entendendo nada, — Anna me olhava me pedindo calma e eu revirei os olhos — mas só fale, quantas vezes você teve sonhos envolvendo qualquer um daqui? 

— Que eu me lembre, uma. — dei de ombros, sei que não é normal sonhar com pessoas desconhecidas, mas não é como se semideuses fossem normais — Mas eu já falei do sonho, o que isso tem a ver com você me olhando como se tivesse feito alguma coisa errada?

— Então, antes disso você nunca viu a cara desse garoto aqui antes? — Percy falou enquanto apontava pra Nico, que estava ao seu lado na roda.

— Que eu me lembre, não. 

Todos fizeram aquele lance de se olhar de novo e eu jurei pra mim mesma que na próxima eu vou arrancar os olhos de todo mundo ali. Percy olhou pra Anna a sua esquerda, daí ela olhou pra mim ao seu lado, logo depois olhando pra Jason que estava à minha esquerda, que olhou pra Piper, que olhou pro Frank e por último restou Hazel. A garota encarou o irmão, eles aqui gostam de se comunicar com o olhar. 

— Eu sonhei com você, Layla — Nico disse logo após suspirar e agora eu tinha entendido porque tantos olhares, que macumba é essa? — Mais de uma vez, os sonhos vieram por semanas. Alguns sonhos eu mal me lembro como aconteceram, só que você estava nele. — o menino suspirou, parecia ter tirado um enorme peso das costas.

Eu ainda estava processando o que ele tinha falado. Ele sonhou comigo e eu com ele. Não tinha como eu fazer ele ver o que estava acontecendo comigo e acho que o contrário também não aconteceu. 

— Foi você que mandou os sonhos? — Anna parecia impaciente agora, me olhava com desesperada por uma resposta.

— E-Eu... — não tinha percebido o quanto aquilo me impressionou até eu abrir a boca e reparar que estava gaguejando, respirei fundo e continuei — Eu não mandei os sonhos, eu sequer sabia quem era ele até o sonho da caça à bandeira, que foi alguns dias antes de eu vir pra cá. 

— Ok, não tem como ter sido você — Jason passou a mão pelo rosto frustrado — Então quem é o ser doente que está fazendo isso? Isso não é normal, nem um pouco, vocês não iam simplesmente sonhar um com o outro por acaso. 

— Então só sabemos que ninguém sabe como ou por que isso está acontecendo. — Frank falou, e realmente era tudo o que tínhamos. 

Um monte de perguntas sem respostas, muitos becos sem saída, janelas e portas fechadas. Estamos no escuro. 

— Ou quem está por trás dessa coisa toda — Hazel parecia preocupada olhando pro Nico, não sei que tipo de relação eles têm, mas é boa o suficiente pra ela estar desesperada em busca do que está acontecendo.

Todos se olhavam, aparentemente cansados e dados por vencido. Mas acho que ninguém desistiu de saber a verdade. 

Concluímos que ficar durante a madrugada toda sentados aqui não adiantaria em nada, então cada um estava seguindo pro seu Chalé. Quíron havia ficado nos esperando perto dos Chalés, ele nos acompanharia. O pessoal ia na frente e eu e Nico atrás. 

— Queria poder te dar respostas — olhei pra Nico que passou o tempo todo com os olhos vidrados no chão, agora eu tinha a atenção dele. Sorri de lado pra ele, que não retribuiu — Não está com raiva de mim, está? — eu estava parada no meio do caminho com os braços cruzados e ele fez  mesmo, me encarou por longos segundos até que suspirou se aproximando. 

— Não estou com raiva de você e nem pretendo ficar, só que... — ele passou a mão pelos cabelos e olhava pra algum lugar não específico atrás de mim — Eu queria sabe o que é isso e você era minha única esperança, agora eu basicamente não tenho nenhuma. 

— Os sonhos continuam? — descruzei os braços e ele balançou a cabeça negativamente. 

— A última vez foi a um tempo, logo depois pararam. Depois os monstros começaram a cercar o Acampamento e quando me dei conta você estava em um pégaso ao meu lado vindo pra cá. 

Balancei a cabeça afirmando e o puxei pra continuarmos o caminho. Percy já havia entrado em seu Chalé, assim como Jason que havia sido o primeiro. Agora Frank se despedia de nós e entrou no Chalé vermelho com cabeça de javali de Ares. O de Atena era o próximo. 

— Hey, durma antes de quebrar a cabeça pensando nisso. Se acordar depois disso tudo bem. — Anna me abraçou e eu correspondi. — Isso também vale pra você. — ela apontou pra Nico, que balançou a cabeça em concordância. Ela deu um soquinho no ombro dele, que riu. 

— Um raro momento em que Nico di Angelo riu e eu vi. — ele me olhou e balançou a cabeça em negação.

Pipes e Hazel estava a frente conversando com Quíron. Akir estava na frente deles, andando preguiçosamente. 

— Desde quando tem ele? — olhei pro Nico sem entender, e vi que ele olhava pro meu lobo. 

— Ah, sim. Desde os 11 ou 12 anos. Então são uns três ou quatro anos. — falei tentando calcular uma data exata, mas nunca ia conseguir, então desisti e dei de ombros. Nico assentiu e voltou a prestar atenção no chão. 

Piper me abraçou antes de entrar no Chalé florido de Afrodite, e se despediu de Nico sem muito contato físico. 

— Acho que agora sou eu.

Abracei Hazel que me desejou "Boa noite" e me virei pro Nico. E fiz o que ele, pelo que eu percebi, não gosta que ninguém faça. O abracei. 

Ouvi a risadinha de Hazel e Nico arfar em surpresa. Ele deu uns tapinhas desajeitados nas minhas costas e eu ri. 

— Vou ter muito tempo pra te ensinar a abraçar direito. — ele assentiu sem olhar muito pra mim — Hey, sem guardar mágoas, foi só um abraço. Sou uma pessoa expressiva. 

Agora ele olhava pra mim com um sorriso discreto de lado, acho que ele tentou esconder isso. Acenei pra ele me afastando e indo mais pra perto de Quíron. 

— Até amanhã, Quíron, 

— Até! E Layla, leve Akir três vezes ao dia até a casa grande para que ele coma carne. Ele aceitou comer carne de cervo muito bem hoje. 

Assenti rindo enquanto os fllhos de Hades/Plutão se afastavam acompanhados de um homem-cavalo. 

[...]

Entrei em silêncio, mas isso é em vão quando estão te esperando na porta. 

Os Stoll estavam de pé, um em cada lado da porta. Acho que eu acabei atrapalhando uma guerrinha de bolinhas de papel entre os dois. 

— Boa noite pros senhores. — ri quando Travis quase foi acertado dentro do olho.

— Shiu! — os dois pediram silêncio pra mim juntos. — Só estamos aqui porque temos que mostrar onde vai dormir. Você tem muita sorte, já que Matt te cedeu o lugar dele na beliche. — Travis falou enquanto me guiava até o fundo da cabana, onde Matt estava em um colchão no chão e ao seu lado a parte debaixo da beliche estava vazia.

— Quíron pediu pra ninguém mexer na sua mochila, então ela está ali, intacta. — Connor me encarava com um olhar travesso. 

— Claro que ela está, vocês não conseguiram roubar nada dela. — revirei os olhos e Matt percebeu que estávamos ali, acho que ele também não dormiu. 

— Eu perguntaria o que vocês fizeram lá na praia, mas acho que você não vai me responder. — Matt me olhava deitado no chão, eu resolvi sentar na cama, virada de frente pra ele. 

— Boa noite pra vocês! —  Travis disse e saiu acenando, esbarrando no beliche do lado e sendo xingado por um de seus irmãos. 

— Aproveite a estadia no Chalé 11, Layla. E se prepare. — quase senti medo de Connor, mas ele riu no final. O olhava com as sobrancelhas arqueadas enquanto eles se afastavam.

— Só não falo o que fizemos porque você não tem idade pra saber. — ele me olhou com um sorrisinho de lado e eu tapei a boca pra abafar a gargalhada. Logo que me recuperei olhei pra ele limpando as lágrimas nos olhos — Estou brincando, só não sei se posso te contar. — dei de ombros. 

— Vou fingir que acredito, mas vai dormir. Embora você esteja com a mesma roupa que chegou. — arregalei os olhos e olhei pra baixo, me vendo com as roupas que saí do palácio de Hécate. 

— Tive uma ideia. — abri minha mochila e tirei de lá dois panos grandes, não fiquei pensando muito no porquê deles estarem ali, só os amarrei dos dois lados do beliche.

Puxei o pano em em dos cantos, abrindo uma frestinha de onde podia ver Matt mexendo no colar de contas do Acampamento, ele tinha uma, que significa que ele passou um verão aqui. Ele me olhou sorrindo. 

— Você nem ouse abrir essa cortina. Senão faço seus olhos queimarem. — ele pareceu levar a sério, mas apenas assentiu com a cabeça. 

Troquei de roupa e coloquei um moletom. Tirar minha calça foi uma luta. Reparei no quanto estava suja e decidi que tomaria um banho assim que acordasse. Pus uma leggin e deixei minhas roupas debaixo da cama junto com a mochila. Arranquei os panos, peguei minha mochila e os guardei dentro dela a empurrando de volta pra onde estava. 

— Vou fingir também que você tomou um banho e está limpinha, cheirosa, sabe? — bati com meu travesseiro em Matt e ele riu — Boa noite, Layla. 

— Boa noite, Matt. 

Ele virou de lado e fechou os olhos. Eu fiquei de barriga pra cima, olhando pro colchão e pros metais que o seguravam em cima da minha cabeça, impedindo que o colchão e quem estivesse em cima dela caíssem durante a noite. Pensei uns cinco jeitos daquilo cair em cima de mim até pegar no sono.

Eu achei que seria uma noite tranquila, sonhar com unicórnios, talvez? Mas nunca é assim tão simples quando você tem um pouco de DNA dourado dentro de você.