História Dark Love - Cafeína seria ótimo pra mim agora

Layla POV

 

Tentei me mexer. Tenho certeza que consegui, já que a mão que estava segurando a minha, acho que era Annabeth, se soltou. Então a loira saiu chamando Will. 

— Percy, água. 

— O quê? Como assim? 

— Droga, Percy, joga água na cara dela — Will gritou e eu tentei abrir meus olhos, mas eu ainda não conseguia. 

— Foi mal, Layla, mas o médico que mandou. 

Senti um jato no meu rosto. Abri os olhos e tentei respirar. O jato parou. 

— Estou agradecida, Jackson. 

— Will que man... 

— Eu sei, mas eu realmente preciso de água. 

Nico apareceu com um copo de água nas mãos, e cara, de onde ele saiu? 

— Valeu! — fiz um joinha pra ele, que sorriu. 

Ele sorriu, nossa, todo mundo ali estava sorrindo. 

Como todo mundo, quero dizer, Will, Annabeth, Mattew, Percy e um garoto que eu nunca vi. 

Fixei o olhar nele e apertei os olhos, tentando lembrar se eu já vi ele, mas nada. 

— Ah, foi mal. Sou Jacob, filho de Hécate. 

— Ah! Entendi, te ouvi por aqui esses dias — balancei a cabeça em afirmativa. — Olha, seria tão bom se vocês me ajudassem a me sentar agora. 

Falei sorrindo, Nico e Percy, muito cavalheiros, me ajudaram a sentar. Colocaram um travesseiro atrás de mim e tudo. 

— Matt, vem cá, rápido — falei e ele se aproximou em uma velocidade incrível. 

Puxei ele pra um abraço, fingi que ia dar um beijo na bochecha dele. Mas ao invés disso, eu mordi. 

Ele levantou assustado, esfregando o local, ficou bem vermelho onde eu mordi. Sorri pra ele. 

— É que eu jurei pelo Estige que ia morder você. 

— Por que?! —  ele me olhou confuso.

— Porque você estava chorando um dia desses, tão fofo!

Agora Matt estava completamente vermelho.

— Quando eu saio daqui, pessoal?— eles se entreolharam e depois encararam Will. 

— Fisicamente você está bem, o corte da sua perna cicatrizou, mas ainda temos que saber o que aconteceu. Então vamos lá, Annabeth ajuda ela a se trocar e depois vamos falar com Quíron e o pai do Matt —  Will falou checando minha temperatura, olhando minha pupila com uma lanterninha. Que médico fofo, gente.

— Seu o que? — Matt riu e deu de ombros. 

— Ele é mensageiro dos deuses, e bom, eles queriam saber como você está, o que aconteceu — ele disse dando de ombros e se retirou, junto com os outros garotos, me deixando com Anna. 

— Achei que os deuses vissem tudo o que acontece por aqui.

— Sabem, mas nem eles sabem o que foi aquilo na floresta e você foi a única a entrar lá. Talvez achem que você saiba de algo — ela me ajudava a sair da enfermaria, iria tomar um banho antes de falar com Hermes e Quíron. 

Saímos da enfermaria e já estava de tarde, já que o sol não estava tão forte. 

— Que horas são, Anna?

—17h, por que?

— Nada, é que eu acho que não vou conseguir por uma semana, fiquei mais de 72 horas desacordada — ela riu. 

— É, dormiu mesmo. E deixou muita gente sem dormir. Ficamos bem preocupados. Travis, Connor e Matt ficaram loucos quando não te acharam, de acordo com Jason, Nico quase apanhou de Matt. 

— Nico falou disso enquanto eu dormia — falei rindo. 

— Jacob e Lou, do Chalé de Hécate, também ficaram preocupados. Eles se sentem responsáveis por você.

Entramos no banheiro e ela ficou encostada na parede e eu fui, bem devagar, até o último chuveiro. Pendurei minha mochila, que Anna tinha levado pra mim, em um gancho fora do box. 

— Eles parecem ser bem legais, Kayla também. 

— Coitada da Kayla — ela ria,— teve que impedir Jacob, Nico e Mattew de brigar, algumas vezes Connor e Travis também. 

— Por quê? Eu ouvi ela com Nico e Jacob, só — falei enquanto já estava me ensaboando. 

— Pra revesar quem ficaria com você enquanto dormia, à noite. Acabou que os Stoll decidiram que Nico ficaria com você de noite, e durante o dia Matt e Jacob junto com ele dois, para que Kayla e Will não tivessem que ficar indo te olhar. 

— O Nico ficou três dias sem dormir? 

— É, ele tomou mais café que qualquer ser vivo deveria tomar — sorri com isso. 

Droga, odeio essas pessoas fofas.

— Bom, agora devo muitos favores a ele — estava enxaguando meu cabelo, tinha que pintar ele de novo, estava perdendo a cor.

— Você deve um enorme obrigada, isso sim. 

— É, também. 

— Teria feito o mesmo? — e isso me pegou de surpresa, eu faria? 

Refleti um pouco e sorri. 

— É, eu faria. 

— Vou avisar ao cabeça de alga que temos que ir morar debaixo d'água, então — ela falou dando uma risadinha, franzi a testa confusa. 

— Como assim? — questionei enquanto me secava pra colocar as roupas. 

— Porque o amor está no ar, Layla — de novo a risadinha. 

Já tinha colocado as roupas íntimas e uma calça, então saí do box, encarando Anna com uma sobrancelha arqueada. 

— Acho que eu deveria avisar é um psiquiatra que ele tem uma nova paciente — ela revirou os olhos pra mim. 

— Você pode achar que não gosta dele, mas eu sei, todos sabem. Acho que só vocês dois que vão demorar pra perceber isso —eu secava meu cabelo, depois de ter botado a blusa laranja do Acampamento.— Só espero que não seja tarde demais quando perceberem.

Fui até a porta do banheiro, e me sentei no chão, calçando meu vans azul escuro.  

— Ok, Annabeth Chase, chega de paranoias. Vamos lá, tenho um encontro com Hermes — me levantei e Anna veio na minha direção, com a minha mochila pendurada em um ombro. 

— Antes você vai guardar sua mochila, Layla Mitchel — ela me deu a mochila e eu dei língua pra ela. 

A loira balançou a cabeça negativamente e me seguiu até o Chalé 11, eu entrei e ela só ficou encostada na parede ao lado da porta.

Coloquei a roupa que eu estava antes dobrada em cima da cama junto da minha mochila. O Chalé estava vazio, e limpo. Completamente limpo e organizado. 

— Impressão minha ou tem alguma coisa de diferente? — Anna olhava ao redor estreitando os olhos. 

— É. A diferença é que está organizado e com cheiro de produto de limpeza.  

— Nossa, como você fez eles fazerem isso? — ela falou saindo do Chalé, eu saí depois dela, fechando a porta atrás de mim. 

— Sei lá — dei de ombros.— Talvez eu seja filha de Afrodite. 

—Filhas de Afrodite não fazem o que você fez na floresta — ela me encarou e eu tive que concordar. 

— É, pensando por esse lado... Pelos deuses! Eu perdi o caça à bandeira. 

Estávamos paradas no meio do caminho, eu parei porque estava indignada, Anna parou porque eu estava segurando o braço dela. A soltei e ela começou a rir. 

— Não teve caça à bandeira, Quíron não queria nos mandar pra floresta com o que aconteceu com você, e pelo que as ninfas falaram. 

— O que elas falaram? — já estávamos subindo as escadas da varanda da casa grande, nem me lembro se já entrei nela. 

Akir estava ali, e se levantou quando me viu. Ele não sairia do meu lado tão cedo. 

— Você já vai saber. 

— Eu pensei uma vez hoje, não sei que horas, que só faz dias que eu estou aqui. Parecem que foram anos e mal tem uma semana, já que três dias eu passei desacordada.

— Isso é bom, quando o tempo passa rápido. Ele só passa assim quando as coisas estão bem — ri e concordei.

Chegamos numa sala que parecia ser de lazer, já que tinha uma enorme mesa de pingue-pongue em cima, mas ao redor dela tinham cadeiras. É, não vamos jogar hoje. As cadeiras estavam, algumas, ocupadas. Acho que só meus amigos estavam ali, me senti especial. 

Ah, não me esquecendo de Quíron, Sr. D, e a mais ilustre presença da noite, Hermes. 

Não sei qual a relação dele com Travis e Connor, que estavam ali, mas parecia ser boa, já que eles não bufavam ou reclamavam dele a cada segundo do dia, muitos campistas fazem isso por aqui. 

Annabeth pigarreou, atraindo a atenção pra nós duas. Sorri um pouco sem graça. Travis e Connor se levantaram pra me abraçar e eu fiquei mais surpresa que qualquer um ali. E sim, foi um abraço em grupo, Hermes deu uma risadinha. Percy, Jason, Piper, Hazel, Frank, Lou Ellen ( que é uma fofa), Will, Kayla (que também é um amor, ela estava aqui com o irmão caso eu passasse mal). Enfim, todos me abraçaram. Menos um. Ele parecia mais preocupado em não dormir sentado. 

Não satisfeitos com isso, fizeram Nico se levantar do conforto da sua cadeira ao lado da sua irmã, e vir até mim. Ele não sabe direito como abraçar ainda, então apertei ele forte. O soltei sorrindo e ele puxou o ar com força, acho que apertei com força demais.

— Então, estou aqui, já podem ou podemos começar o que vamos fazer. 

— Antes de tudo, você não sofreu de amnésia, nem um pouquinho? — Hermes perguntou e eu neguei rindo — É, então vamos ter um interrogatório. 

— Wow, isso é medonho — Percy, abusado, falou. Mas isso só fez Hermes rir, todos os deuses tem o mesmo bom humor que ele e Apolo? 

Lembrei que não, da vez que conheci Hades, ele não tem o melhor dos humores. E Hécate também não tem.

Me sentei numa cadeira ao lado de Hermes, era a única vaga, Quíron estava na cadeira de rodas ao meu lado, mas entre ele e eu ainda tinha espaço, que foi ocupado por Akir, ele se sentou. Quíron fez um carinho no pescoço dele. 

— Espera, antes de começar, porque Akir não ficou comigo na enfermaria? — Will e Kayla se entreolharam. 

— Os campistas que estavam lá ficaram um pouquinho com medo dele — abri a boca em indignação pra Kayla, fazendo carinho entre as orelhas do Akir.

— Mas ele é inofensivo! 

— Como um lobo pode ser inofensivo? — Hermes franziu a testa confuso. 

— Bom, eu dei bons modos a ele. Então ele só ataca as pessoas más, ou monstros maus, ou quem queira me machucar. 

Alguns riram, outros (Percy) não entenderam na hora e só riram depois. Mas todos se calaram quando Hermes levantou a mão. 

— Ele não estava na floresta com você porque? 

— Queria um tempo sozinha — dei de ombros e o deus assentiu. 

— O ar, como estava no dia? 

— Úmido, mas mesmo assim, quando eu cheguei na parte da floresta que estava ele estava sufocante. 

— As ninfas disseram ter visto névoa, teve névoa ou você fez a névoa aparecer? 

— Quando eu cheguei estava bem fraca, mas sei lá, assim que eu pus os pés lá ela aumentou. Eu quase não conseguia enxergar. 

— Mattew e Percy encontraram uma bússola, quebrada. Que pelo que eu lembro estava no Chalé 11, perguntei pra eles dois — ele apontou pra TRavis e Connor sem tirar os olhos de mim — e eles disseram que emprestaram pra você, mas que ainda estava funcionando. 

— Sim, sim. Ela quebrou na floresta, do nada ela começou a girar loucamente. Eu queria voltar pro acampamento, mas ela apontou pra leste. E garanto que o que tinha a leste não era o acampamento — estremeci, fechei os olhos e me arrependi de ter o feito, a imagem daquela coisa da floresta veio na minha mente — Quíron, tem Coca em algum lugar aqui, cafeína seria ótimo pra mim agora. 

O sr D fez aparecer uma e empurrou por cima da mesa pra mim, sorri em agradecimento. Eu ia abrir ela, mas meus dedos estavam tremendo demais pra isso. Quíron pegou a latinha da minha mão e abriu, sorri pra ele. 

— O que você viu lá? Olha, não posso fingir que você pode falar isso outro dia, quanto antes você falar, mais cedo vamos saber direito que houve — parecia bem importante eu contar tudo que vi pra Hermes.

— Estava bem escondida, ou escondido, não sei. Enfim, estava entre as árvores e a névoa estava tampando, mesmo se não estivesse, se esconder em qualquer sombra seria bem fácil com a capa que estava. Era tudo sombra, tudo, só via um sorriso e não era um dos mais acolhedores — e Nico arfou, olhei pra ele que apenas balançou a cabeça, franzi a testa e continuei — Depois disso eu só corri, quando eu vi que o treco estava flutuando eu tentei correr mais rápido, mas sei lá, eu caí. Daí o machucado na perna. 

— Ok, você se curou do corte na perna na enfermaria. Mas você ficou escondida durante horas numa sombra que estava sugando sua energia. E enquanto não destruíram aquele pedaço de sombra que você se escondeu, você não respondeu ao tratamento na enfermaria — Hermes estava frustrado, eu acho, já que eu não tinha dito nada útil. 

— Desculpe não ter visto mais nada, eu realmente só conseguia correr. 

— Quando essa "coisa" foi embora? — ele franziu a testa, eu não tinha citado esse momento ainda. 

— Quando eu me escondi, eu fiquei um bom tempo lá, daí simplesmente sumiu junto com parte da névoa, eu não sei direito como, mas eu pisquei uma vez e a coisa de capa e capuz já tinha sumido. 

E de novo Nico com suas saídas dramáticas. Hazel saiu atrás dele. 

— Bom, parece que já acabamos. Obrigada pela ajuda, Layla, pra você pode parecer pouco o que falou, mas talvez ajude. 

Ele tentou me tranquilizar, colocando a mão no meu ombro.

— Ah, Apolo e Ártemis desejaram melhoras pra você — Hermes já estava saindo pela porta quando disse isso. 

Saí dali com os meus amigos, indo pra arena, ainda teria um pouco de treino hoje. Como estava recuperada, poderia participar.

 

Nico POV 

 

Saí de lá assim que ela terminou, eu já não queria ficar mais lá.

— Hey, Nico! 

Me virei bruscamente, vendo Hazel, que corria na minha direção. 

— Por que saiu daquele jeito? Não é hora de ninguém fazer drama — ela estava com as duas mãos na cintura. 

— Lembra do que aconteceu noa arco e flecha? Que eu contei pra você e pra eles — apontei na direção da casa grande, com a outra mão eu mexia no cabelo, frustrado. 

— Sim, sim. Acha que é a mesma coisa que você viu? 

— Tenho certeza que é — respirei fundo — Só quero ficar sozinho um pouco, ir por Mundo inferior, talvez. Ou criar coragem pra contar pro Quíron o que eu vi. 

— Você não tem que se sentir culpado, Nico — ri nervoso, era exatamente assim que eu me sentia. 

— É, mas eu sei que sou. Se eu tivesse falado alguma coisa, acha que teria acontecido aquilo com ela? Claro que não, Hazel! 

— Dúvido muito que não tivesse acontecido, mas ir pro Mundo inferior não vai ajudar em nada. 

— Quero saber se tem alguma coisa a ver com o que aconteceu com os monstros, quando eles cercaram a colina.

— Ok, mas não suma do nada, avisa antes. Vá jantar primeiro, pelo menos. Melhor, vá depois de ficar com a gente na fogueira. 

Assenti sem saber exatamente o que ia fazer, não estava no clima de comemorar, ou de explicar porque eu saí daquele jeito da casa grande.

Só precisava ficar sozinho. 

Entendendo o que eu queria, Hazel me abraçou, saindo logo em seguida. E eu segui até o Chalé 13, tentando decidir o que fazer.