História Dark Paradise - Without him

Selena on 

Passei a noite em claro com Hope em meus braços e quando olhei pela janela, vi o sol subir no céu. Eu não havia sequer pregado os olhos porque as lágrimas não me abandonavam. Vi quando mamãe entrou no quarto com um café e umas torradas e deixei minha filha dormindo. 

- Obrigada. - falei pegando o copo. 

- Está tudo bem, minha filha? Está tão tristinha. 

- Tô bem, mãe. 

- Você sabe que não precisa ser forte o tempo todo, não é? Estou aqui por você. 

- Mãe, eu preciso ser forte pela minha filha. Ela precisa de mim e eu tenho que entender que cresci, sou uma mulher agora. No fundo sabíamos que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. 

- Sel, não precisa ter vergonha de pedir minha ajuda. Sou sua mãe e quando o mundo estiver contra você, eu estarei contra o mundo porque você é a pessoa que mais amo. 

- Obrigada, mãe. - a abracei e logo depois a médica me deu alta. Peguei minhas coisas e entrei no carro da minha mãe, ainda com Hope em meu colo. A pequena ainda dormia e eu observava as gotas finas de chuva na janela do carro. Logo paramos na frente da mansão e eu respirei fundo, buscando coragem para entrar naquela casa. 

- Quer que eu vá? - mamãe segurou em minha mão. 

- Não precisa, mãe. Tenho que enfrentar meus problemas de frente. - coloquei Hope na cadeirinha no banco de trás e saí do carro, colocando o capuz. Adentrei a casa e parecia estar tudo normal, tirando as fotos de Lydia que estavam espalhadas pela sala. Subi as escadas e parei na porta do meu antigo quarto. Estava entreaberta e pela brecha, vi uma garrafa de wisky e uns tocos de cigarros espalhados pelo chão. Zayn estava mal outra vez, mas a culpa não era minha. Ele fez sua escolha enquanto eu estava naquele coma horroroso, sem saber se estava viva ou morta. Era só um lugar vazio na minha mente. Abri a porta e encontrei os olhos chorosos do homem. 

- Sel... - falou e sorriu triste. 

- Vim buscar minhas coisas e as da Hope. 

- Então vai mesmo me deixar, né? 

- Pensei que estava claro pra você. 

- Lydia arrumou suas malas e as da Hope ontem. 

- Não é novidade que ela me queira longe daqui. Agora você é todinho dela. 

- Não diz isso, por favor. 

- Não estou aqui pra conversar. - falei pegando as malas no canto do quarto e saí dali sem dizer uma única palavra. Coloquei tudo no porta malas e entrei novamente no carro. 

- Então, como ele está?

- Egoísta... como sempre. - falei sem olhar para a minha mãe. 

- É uma pena que tenha acabado assim. Eu sinto muito, querida. 

- Eu também, mãe... eu também. 

*

Já era noite quando resolvi colocar a Hope para dormir, mas por algum motivo, ela não queria. Estava chorando há mais de meia hora e eu não sabia o que fazer para acalmá-la. 

- O que você tem, meu amor? - a abracei enquanto andava de um lado a outro do quarto. - Por favor, para de chorar. A mamãe tá aqui. - as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto, eu estava angustiada, não sabia o que fazer para acalmar minha pequena. Me sentei na cama e vi minha mãe entrar com uma mamadeira. 

- Ela deve estar com fome. 

- Eu estou tentando alimentá-la desde cedo, mas ela não pega, mãe. 

- Oh querida, é só ir com calma. Ela está assustada, não tá acostumada com esse lugar e ficou muito tempo longe de você. 

- Tá falando que minha filha não me reconhece? 

- Não é isso querida, é que ela ficou sete meses e meio sem te ver. Ela é só um bebê, Selena. - colocou a mamadeira na boca da pequena e por um milagre ela pegou. Depois de tomar a mamadeira, ela finalmente dormiu e eu coloquei vários travesseiros em volta da cama, para que ela não caísse. Me sentei no sofá ao lado da janela e coloquei meus fones de ouvido enquanto observava as gotas de chuva na janela. Quem eu estava tentando enganar? Não daria conta sem ele. Eu não sabia mais como lidar com a Hope, não sabia nem se conseguiria resolver minha própria vida. Minha mente era ocupada por pensamentos negativos, até eu a observar novamente. Respirei fundo mais uma vez e decidi que seria forte por ela. Não seria fácil de jeito nenhum, mas eu tinha uma filha agora e precisava agir como uma mulher. 

O que mais me magoava era o fato de ter sido trocada. Ele dizia com toda convicção que me amava e eu acreditava naquelas palavras. Estava no céu e minha queda foi tão bruta, que os pedaços que sobraram do meu coração não seriam colados tão cedo, talvez nunca mais. De uma coisa eu tinha certeza, nunca mais encontraria alguém como o Zayn. Meu Zayn, que acordava pela manhã e olhava em meus olhos, sorria e me abraçava. O homem que estava ali pra me segurar toda vez que eu caísse, mas que dessa vez, ajudou a me jogar no chão. Talvez se eu tivesse feito tudo diferente, não estaria passando por isso. Se pudesse voltar no tempo, nunca me envolveria com ele. Hoje estaria formada na escola, prestes a ir para a faculdade e namorando um cara legal, que nunca me faria sofrer tanto quanto o Malik fez. 

Mas também pensava nos momentos bons, em todas as lembranças boas que eu tinha dele. De todos os segredos que ele me contou, das risadas que me arrancou, das lágrimas de tristeza ou de alegria. E pela minha filha. Quando eu pensava nela, todos aqueles pensamentos iam embora devagar. Eu faria e viveria tudo novamente só pra te-la aqui nos meus braços, porque eu morreria por aquela garota. Hope era a minha razão pra continuar, pra seguir em frente e ser forte. A madrugada fria me castigava, pois eu sentia falta dos braços quentinhos me aquecendo durante a madrugada e de saber que seria sempre amada por Zayn Malik. Parece que eu estava errada, e pagaria o preço pelo amor imprudente de outra pessoa.