Selena on
Respirei fundo mais uma vez enquanto observava as gotas finas de chuva na janela do meu carro e tocava alguma música depressiva na rádio. Já fazia um mês que eu não o via e a expectativa estava me matando. Será que em um mês eu ainda estaria sentindo toda aquela dor e a imensa vontade de correr para os braços daquele homem? Por que eu ainda tinha todos aqueles sentimentos dentro de mim? Olhei para a minha filha que dormia no banco de trás. Ela estava tão parecida com ele. Era impossível eu olhá-la e não lembrar. Ouvi batidas na janela, me tirando do meu pequeno transe, e quando olhei, era ele. Seus cabelos molhados e a barba por fazer o deixavam ainda mais bonito e sexy. Abri a porta e ele entrou... assim que senti ele mais perto e o cheiro do seu perfume amadeirado pairava pelo carro, senti um nó na garganta e minhas mãos ficaram trêmulas.
- Sel... - como eu sentia saudade da maneira como ele pronunciava meu nome.
- Zayn...
- Está tudo bem?
- Sim, e-eu estou ótima.
- Você está linda... como sempre esteve. - falou e vi um sorriso triste se formar em seus lábios. - Te vejo por aí... Selly. - pegou Hope em seus braços e saiu do carro. O vi sumir do meu campo de visão e fiquei ali parada, tentando prender as lágrimas dentro de mim, porque eu sabia que se chorasse, o progresso que fiz e a força que eu estava reconstruindo, desmoronaria. O que eu estava fazendo da minha vida? Por que ainda estava me lamentando por um relacionamento que não tinha dado certo? Por que ficar me castigando e me punindo? Por que ficar chorando dentro do carro em uma sexta feira a noite porque perdi alguém que eu amava? Dirigi até um barzinho que tinha no centro, estacionei meu carro em uma vaga, e saí correndo em direção a entrada do lugar, mas alguns pingos de chuva ainda conseguiram me alcançar. Me sentei numa cadeira e pedi um copo de wisky puro com gelo para o barman. Observei um homem moreno, alto e bonito sentar-se ao meu lado no balcão, e ele me olhava atentamente.
- Boa noite. - sorriu. Me parecia ser o retrato do pecado com aquele sorriso safado nos lábios.
- Boa noite.
- O que faz aqui sozinha a essa hora?
- Tentando me divertir. - dei um gole no meu wisky e fiz uma careta. Como eu odiava aquilo... só bebia porque lembrava de Zayn. Ele adorava.
- Você não gosta muito de Wisky, gosta?
- Na verdade, eu odeio.
- Então me deixe te pagar uma cerveja.
- Nem nos conhecemos.
- Exatamente, podemos nos conhecer. Sou o Tyler. - me estendeu a mão e eu a apertei.
- Selena... - sorri sem mostrar os dentes.
- Nome bonito. Assim como a dona dele.
- Vai ficar mesmo me cortejando?
- Você é solteira?
- Sim.
- Então o que tem de mal em receber elogios?
- Nada é que, eu acabei de sair de um relacionamento e... eu estou sendo uma chata, falando de ex relacionamentos. Me conte sobre você.
- Eu não gosto de falar sobre mim, por que não falamos sobre você?
- Minha vida não é muito interessante. Eu não trabalho, não estudo e passo o meu tempo cuidando da minha filha.
- Você já é mãe? Quantos anos tem?
- Dezenove. Hope é a melhor coisa que aconteceu comigo.
- E onde está o pai? - meu sorriso se desfez ao me lembrar dele. - Me desculpe pela pergunta indelicada, não precisa falar se não quiser.
- Não, tudo bem... nós nos separamos há cerca de um mês.
*
O tempo foi passando, a conversa foi fluindo e eu já estava bêbada, às três da manhã. A conversa estava tão interessante que não vi o tempo passar. Tyler era uma pessoa muito legal, além de ser lindo e sedutor.
- Preciso ir, são três da manhã.
- Não vou te deixar dirigir assim, senhora alegrinha. - apertou meu nariz e eu ri.
- Mas preciso ir embora, não posso ficar aqui esperando o álcool passar.
- Eu tenho uma ideia melhor. Por que não me deixa te levar em casa e amanhã bem cedo voltamos para buscar seu carro?
- Você é muito gentil, Sr. Posey, mas eu consigo dirigir. - me levantei, sentindo minhas pernas ficarem bambas e tudo rodava. Senti seus braços fortes me agarrarem antes que eu caísse no chão e ri da situação.
- Estou vendo... mal consegue ficar de pé. Vamos, eu te ajudo. - me apoiei em seu ombro enquanto ele segurava minha cintura e me ajudava a chegar até a porta. Logo entramos em seu carro e a chuva começou a cair novamente. - Onde você mora?
- Eu não sei. - coloquei as mãos sobre meu rosto e ele riu.
- Tá legal, então vou te levar para a minha casa e amanhã cedo, te levo embora.
- Tudo bem. - eu sabia que estava me arriscando, indo dormir na casa de um estranho, uma pessoa que nunca tinha visto antes, mas eu estava muito bêbada e não me lembrava onde era a minha casa. Logo chegamos em seu sobrado de dois andares, era uma casa muito bonita e eu observava à tudo, todos os móveis, cada coisinha em seu lugar. Era tudo muito bonito. Chegamos no quarto e eu me sentei na cama enorme de casal enquanto ele pegava alguns cobertores para mim.
- Aqui é o quarto de hóspedes, se precisar de alguma coisa estarei em meu quarto que fica no fim do corredor, ok?
- Obrigada. - sorri e tentei tirar minhas botas, mas eu simplesmente não conseguia abaixar o zíper. Então ele veio até mim novamente com aquele sorriso safado e ao mesmo tempo engraçado nos lábios, me ajudou a tirar minhas botinhas e me colocou para dormir. Jogou o cobertor por cima de mim e se sentou ao meu lado, na ponta da cama.
- Tenha uma boa noite, Selena. - beijou minha testa e eu apaguei antes de vê-lo chegar à porta.
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