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História Dark Paradise - Uma pausa


Escrita por: brullf

Notas do Autor


Peço apenas que abram o coração e leiam o que vem a seguir.

Capítulo 39 - Uma pausa


Não quero que vocês vejam isso como um adeus. Menos ainda sintam que eu abandonei a fanfic, porque não é verdade. Mas sinto que preciso explicar os meus motivos de estar ausente e sem conseguir escrever para muito além de notas iniciais ou finais de um capítulo.

O primeiro e maior deles é não querer terminar “Dark Paradise” de qualquer jeito. A história não merece isso. E, sobretudo, vocês não merecem isso. Tentarei aqui o mais sincera e transparente possível porque, por tudo o que já recebi de vocês em carinho e comentários, vocês merecem mais do que tudo a minha verdade, ainda que ela não seja fácil de lidar.

Como já comentei em notas anteriores, eu sofro de depressão e transtorno de ansiedade. E foi justamente para não me perder no mundo turvo e impreciso dessas duas coisas que comecei a escrever esta história. Sou muito grata a ela e a vocês por isso.

Bom, sobre mim, sou uma pessoa que precisa sentar na janela sempre: no ônibus, no trem, em qualquer lugar. Do contrário, minha respiração fica agitada, minhas mãos começam a tremer e dá um trabalhão lidar com isso mentalmente todos os dias, me segurando para não cair ou não ter uma crise de pânico a cada vez que me enfio em um transporte público. Isso me faz sair de casa até horas antes do que seria necessário. E, sim, me sinto sozinha e esquisita lidando com a minha ansiedade. Não posso frequentar lugares muito cheios, desenvolvi pavor de multidão e, às vezes, ir até a padaria da quadra seguinte é um esforço enormemente grande para as minhas forças e fico apenas dentro de casa, quietinha, com meus livros e diálogos com personagens imaginários.

Por dias, até meses da minha vida, desde o ano passado (quando tudo isso se agravou), tudo que consigo fazer é ficar enfiada numa cama um dia inteiro, não tomar nem banho, não comer, não conseguir me distrair com um filme ou uma música que amo. E sim, já desejei inúmeras vezes que eu não existisse mais. E confesso que há dias em que essa parece a única solução definitiva.

Não foi um grande trauma que me levou a isso, mas uma série interminável de pequenas dores que roubaram a minha esperança. A pressão da vida cotidiana tornou-se um assalto implacável: uma mão pesada sobre meu ombro que me esmaga.

Do que me quebra: trago amarelecidas as paredes da espera que me mantêm e sujas as mãos de tanto as estender sem que encontrem pouso. Dói. Num breve encolher de ombros, "tudo passa", já nada é (pois nunca foi algo) e o desespero é o reduto último quando não se tem mais nada. Nenhuma destas palavras atenua a dor em mim. Só a distância. Distância do mundo, da vida, de ser. E poder escrever finalmente Fim.

Às vezes parece que há um excesso de opção pra tudo e o tempo corre rápido demais. E por isso eu não consigo me equilibrar direito com o mundo ao redor. Pode ser que esse seja o cárcere mais desesperador que existe. Isso porque é aquele em que a própria prisioneira prende a si mesma. Ninguém me forçou a entrar, fui eu quem entrou, se trancou por dentro e jogou a chave fora. E, na maioria das vezes, ninguém sabe que estou confinada ali dentro. Parece ser fácil a solução: basta decidir se libertar para sair. Mas não é tão simples assim.

O que resta é um sentimento isento de cor e neutro, como uma falsa calmaria. Eu estou sozinha em uma casa grande e vazia, ouvindo o som oco de um enorme e velho relógio de parede que marca a passagem do tempo e da vida. Apenas observo o avançar do ponteiro envolvendo a emoção em várias camadas de algo parecido a uma fina membrana, mantendo o coração vazio, que envelhece a cada hora.

Além desse mundinho interno, não posso negar minha condição no momento e as preocupações corriqueiras: as contas a pagar; se terei que voltar para a casa dos meus pais (estou desempregada); como fazer para me manter? Isso tem me desgastado muito – tanto que não saberia pôr em palavras pra vocês. O que posso dizer é que depressão é cansativo demais. Mesmo sem fazer quase nada, eu me sinto exausta. Além de me sentir culpada também.

E, assim, não é possível encontrar a poesia necessária a escrever “Dark Paradise”. Não seria capaz de dar à história o final que ela merece. E eu quero isso. Quero muito mesmo. Espero, de todo coração, que vocês não se esqueçam desta fanfic e que não a abandonem. Eu não a esqueci e nem a abandonei. É uma promessa, a vocês e a mim mesma, vou terminá-la. Mas, primeiro, preciso reencontrar a poesia.

Um grande beijo a todas! E àquelas que ficarem, obrigada por permanecerem.



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